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quarta-feira, 13 de junho de 2018


Subsídios Teológicos e Bibliológicos para Estudo sobre:
Lição 12 - ÉTICA CRISTÃ E POLÍTICA - 17.06.2018
Texto Bíblico: Romanos 13.1-7
Por: Pr. João Barbosa

O QUE É A POLÍTICA?

Política é a ciência ou a arte de governar; arte ou ciência da organização, direção, e administração de nações ou estados.

A aplicação desta arte nos negócios internos da nação é chamada de política interna. Quando é aplicada aos negócios externos da nação é chamada de política externa.

Na política externa temos os intercâmbios comercial, cultural e até mesmo de segurança entre estados. Quando a política é interna ela se divide em vários ramos como:

Uma política ambiental, uma política educacional, uma política habitacional, uma política para água, uma política energética, uma política para o agro negócio, uma política de saúde, uma política para lidar com menores, uma política carcerária e resumindo, uma política social abrangente onde cada cidadão tenha os direitos concedidos pela constituição daquele estado.

A falta de uma política específica para cada situação é o que tem levado a nação brasileira ao caos em todos os ramos em que a sociedade deveria ser atendida com dignidade.

Qual deve ser o comportamento do crente para com a política? Segundo o sábio Salomão, quando o governo é formado de homens justos e honestos o povo vive feliz (Pv 29.2 BV).

Quando os justos se elegem há grande alegria, mas quando os ímpios sobem, os homens se escondem (Pv 28.12).

Considerando que o homem é por natureza político, visto que ele vive em sociedade; desde os tempos do AT muitos homens de Deus exerceram atividades políticas tanto no seu clã como nas regiões ou reinos onde estavam.

Embora Abraão tenha chegado a Palestina atendendo um chamado de Deus, muito cedo se destacou no cenário política do seu tempo entre as tribos cananeias. Tinha uma posição de estadista e era respeitado por todos os povos vizinhos (Gn 14.12-17; 23.3-6)

José foi um político e grande administrador dos negócios de uma das mais prósperas civilizações do vale do Nilo – o Egito. Faraó disse ao seu povo que ninguém levantava a mão ou o pé, senão, por ordem de José. Somente no trono ele tinha uma posição inferior a do rei (Gn 41.28-44).

Que dizer de homens como Daniel que foi profeta, político e estadista nos reinos da Babilônia  e da Pérsia (Dn 6.1-3); Os sacerdotes Esdras e Neemias que exerceram elevados cargos políticos nos reinos e medo persas. O período dos juízes e do reino unido é muito rico em engenharia política.

Jeftá usou a diplomacia antes da guerra (Jz 11.1-14). E que dizer das habilidades políticas do grande rei Davi que mesmo muito doente e acamado, desfez a conspiração de Adonias, seu filho, Joabe comandante do seu exército e o sacerdote Abiatar que tentaram usurpar o trono de Salomão (1Re 1.5-7, 18,19, 32-39).

O crente é um cidadão da terra e do céu, portanto, deve exercer o seu direito de cidadania em toda  sua plenitude. Ainda em nossos dias grande homens de Deus ocuparam cargos políticos como Abraham Kuyper que foi primeiro ministro na Holanda.

Os reformadores protestantes sem exceção, todos eram políticos também. Doutra sorte não teriam conseguido o grande sucesso da Reforma no século XVI sem que tivessem domínio absoluto da política e da geopolítica. Em nossa nação são muitos os homens de Deus desde o século XIX que foram muito influentes na política brasileira.

DIREITOS BÁSICOS DO CIDADÃO

Costuma-se dizer que há três direitos básicos da cidadania: os civis, os políticos e os sociais. O direito civil é um privilégio que os cidadãos possuem diante do estado ou de outros cidadãos, segundo o conteúdo de uma constituição, leis complementares e estatutos sociais.

Os direitos  civis são muito abrangentes mas gerais como os direitos clássicos, à liberdade de expressão, de imprensa, de reuniões e de religião, entre outros.

Estes direitos são comumente chamados de liberdades civis. Mas frequentemente, as pessoas usam a expressão “direitos civis” para designar direitos mais específicos que tem surgido como reivindicações morais dos grupos sociais.

Aqueles que têm se submetido a tratamentos injustos pela maioria e até mesmo por minorias mais poderosas no poder. Quais são os direitos que o cidadão pode legitimamente reinvidicar? Alguns argumenta que esses direitos devem ser limitados à questões de procedimentos tais como um julgamento justo segundo a lei.

Outros asseveram que se devem incluir as exigências dos recursos materiais iguais ou pelo menos o acesso aquelas condições que garantem o bem estar social da pessoa.

Este último conceito é refletido no pacto internacional das Nações Unidas sobre direitos econômicos, sociais e culturais de 1966, que declara que os cidadãos de todas as nações têm direito a um padrão de vida adequado e em melhoria contínua.

Isto inclui os direitos ao alimento, ao emprego digno, a cuidados médicos adequados e a férias periódicas remuneradas. Esses direitos civis das pessoas estão presentes em boa parte da consciência cívica em todo mundo moderno.

NO PENSAMENTO POLÍTICO OCIDENTAL

Os direitos civis dependem de princípios fundamentais morais desenvolvidos na tradição da lei natural. A ideia da lei natural remonta aos escritores antigos gregos, romanos e cristãos, que afirmaram que certas “leis” eram eternas e que todo ser humano era capaz de reconhece-los.

Um dos corolários relevantes do conceito da lei natural era a insistência na igualdade humana. Esta fornecia um critério pronto  que os críticos sociais antigos usavam para ajudar e derrubar as instituições estabelecidas que tratavam de modo injusto certos grupos de pessoas.

A jurisprudência romana, que formou a prática jurídica ocidental foi grandemente influenciada por este desenvolvimento.

DIREITOS SOCIAIS ENTRE OS ANTIGOS HEBREUS

As leis hebraicas excediam em qualidade outros códigos contemporâneos por afirmarem o tratamento igualitário a todos os cidadãos, independente de sua condição social. Algumas leis do NT até mesmo sobrepujam muitos estatutos progressivos contemporâneos, ao afirmarem os direitos civis. Visto que as leis que protegiam os cidadãos eram estabelecidas por Deus e eram totalmente seguras.

O rei Acabe e a rainha Jezabel foram castigados por sua ação maligna, ao matarem Nabote a fim de obterem sua vinha (1Re 21). Esses estatutos estabeleciam garantia de processos justos diante da lei como também outorgavam aos indefesos certas reinvidicações econômicas contra os ricos.

Assim, os famintos tinham o direito de respingar alimentos entre as colheitas alheias (Lv 19.9,10; Dt 23.24; 24.19-22; Mt 12.1).

Os devedores podiam esperar que seus empréstimos fossem cancelados depois de sete anos (Dt 15.7-11). Estrangeiros, viúvas e órfãos recebiam direitos especiais sobre os alimentos que eram trazidos ao templo como dízimo (Dt 14.28,29).

Os escritos de Paulo e as práticas comunitárias da igreja primitiva (At 2.44.45; 4.34,35), mediavam o mesmo fundamento moral e teológico para os direitos civis achados no NT e nos ensinos de Jesus. As afirmações teológicas de Paulo sobre a igualdade eram inequívocas (Gl 3.28; 1Co 7.3,4; 2Co 8.13-15).

DIREITOS POLÍTICOS

Estão relacionados aos direitos que os cidadão têm de participar no governo da nação. Pelos direitos políticos aqui no Brasil, todas as pessoas têm o direito de votar e ser votado, isto é, concorrer nas eleições desde Presidente da República até Vereador do mais humilde município da federação.

Devemos agradecer a Deus, pois vivemos em um país democrático e podemos e devemos exercer nosso direito de cidadãos ocupando os espaços concedidos constitucionalmente.

DIREITOS SOCIAIS

Os direitos sociais permitem diminuir as desigualdades sociais e garantir a todo cidadão um mínimo de bem estar. Como cidadãos terrenos, precisamos exercer estes três direitos básicos da cidadania: direitos civis, direitos políticos e direitos sociais. Então como cristãos seremos cidadãos plenos do céu e da terra.

Os patriarcas embora vivessem em uma terra que por juramento de Deus lhes pertencia, se consideravam como peregrinos e forasteiros, porque esperavam uma cidade que tem fundamento cujo artífice e construtor é Deus (Hb 11.13-17).

Este é o exemplo dos patriarcas que buscavam a cidadania celeste. Paulo ao escrever aos filipenses faz uma alusão a cidadania espiritual e celeste dos membros da igreja, onde Cristo é o Senhor absoluto. Isso subtende um novo e elevado destino (Fp 3.20).

Os irmão filipenses que tinha direito à cidadania romana, sem dúvida compreenderam bem a metáfora usada pelo apóstolo. Dirigindo-se aos colossenses o apóstolo Paulo não usa a palavra cidadania, mas fala aos os crentes como pertencentes ao reino do amado Filho de Deus (Cl 1.13).

Para os crentes efésios ele diz: “Agora já não sois estrangeiros, nem forasteiros, mas concidadãos dos santos e da família de Deus” (Ef 2.19).

No início do século XIX os líderes da igreja evangélica no Brasil tinham uma grande consciência política e amor pelo Brasil. Só haviam duas traduções de toda a Bíblia para a língua portuguesa: a de João Ferreira de Almeida, feita na Indonésia, e a de Antonio Pereira de Figueiredo, feita em Portugal.

Em 1902, entre os líderes evangélicos brasileiros surgiu um Movimento Nacionalista com o objetivo de fazer uma tradução da Bíblia no Brasil para o português falado no Brasil.

As duas Sociedades Bíblicas que atuavam no Brasil, a Britânica e a Amereicana, concordaram em patrocinar o projeto. Para isso foram convidados especialistas em hebraico, grego e português. E alguns daqueles senhores não eram evangélicos.

A comissão de tradução foi formada por missionários, pastores brasileiros e escritores brasileiros famosos, dentre os quais podemos destacar Machado de Assis, membro da Academia Brasileira de Letras e revisor da tradução brasileira da Bíblia; e Rui Barbosa, redator do decreto que estabeleceu a liberdade religiosa no Brasil e consultor da tradução brasileira da Bíblia de 1903 a 1914.

O Ver. Hugh Clarence Tucker, um dos fundadores da Igreja Metodista do Brasil e secretário da Sociedade Bíblica Americana no país durante 47 anos, trabalhou com Rui Barbosa no projeto da tradução brasileira da Bíblia de 1903 a 1914.

Ao ser lançado pelas Sociedades Bíblicas em 1903, o projeto da tradução brasileira da Bíblia teve uma grande repercussão no Brasil. Em primeiro lugar, porque era a primeira tradução da Bíblia completa feita no país e também a primeira feita no português do Brasil.

Em segundo lugar, porque a Comissão de Consultores era composta de ilustres escritores e gramáticos brasileiros, como: José Veríssimo, Hipólito de Campos, Machado de Assis e Rui Barbosa.

Os jornais do Rio de Janeiro deram destaque especial à participação de Rui Barbosa, a figura mais famosa do Brasil, na época. Um dos efeitos positivos desse projeto promovida pelas Sociedades Bíblicas foi chamar a atenção para a Bíblia e despertar os brasileiros para conhecerem esse santo livro e se dedicarem à sua leitura.

Como podemos observar, a primeira tradução da Bíblia feita no Brasil foi um Movimento Nacionalista pelos líderes evangélicos da época, portanto, um movimento também, de cunho político nacionalista.

De tanto ver triunfar as nulidades, de tanto ver prosperar a desonra, de tanto ver crescer a injustiça, de tanto ver agigantarem-se os poderes nas mãos dos maus, o homem chega a desanimar das virtudes, e rir-se da honra, e ter vergonha de ser honestos” (Rui Barbosa).


 Consultas:
BAPTISTA Douglas.Comentarista da Lição Bíblica do 2º. Trimestre.  Valores Cristãos – Enfrentando as questões morais de nosso tempo.
BAPTISTA Douglas. Valores cristãos – Enfrentando as questões morais de nosso tempo. CPAD. Rio de Janeiro 2018
ELWELL, Walter A. Enciclopédia Histórico-Teológica da Igreja Cristã. Vida Nova. SPaulo 2009
SILVA, João Barbosa. Subsídio Teológico da Lição O Cristão e a Política. Lição 13 EBD CPAD. 3º. Trimestre 2002
DOCKERY, David S. Manual Bíblico Vida Nova. Editora Vida Nova. São Paulo 2001
KUYPER, Abraham.  A Obra do Espírito Santo. Editora Cultura Cristã. São Paulo, 2010
GIRALDI, Luiz Antonio. A Bíblia nop Brasil República. Editora SBB. São Paulo, 2013
KENNEDY Paul. Ascenção e Queda das Grandes Potências. Editora Campos. Rio de Janeiro 1989
ADMACHER. Early D.O Novo Comentário Bíblico – Novo Testamento. com recursos adicionais. Editora C Gospel. Rio de Janeiro 2010



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