Subsídios
Teológicos e Bibliológicos para Estudo sobre:
Lição
12 - ÉTICA CRISTÃ E POLÍTICA - 17.06.2018
Texto Bíblico: Romanos 13.1-7
Por: Pr. João Barbosa
O QUE É A POLÍTICA?
Política é a ciência ou a arte de governar; arte ou ciência da
organização, direção, e administração de nações ou estados.
A aplicação desta arte nos negócios internos da nação é chamada de
política interna. Quando é aplicada aos negócios externos da nação é chamada de
política externa.
Na política externa temos os intercâmbios comercial, cultural e até
mesmo de segurança entre estados. Quando a política é interna ela se divide em
vários ramos como:
Uma política ambiental, uma política educacional, uma política
habitacional, uma política para água, uma política energética, uma política
para o agro negócio, uma política de saúde, uma política para lidar com
menores, uma política carcerária e resumindo, uma política social abrangente
onde cada cidadão tenha os direitos concedidos pela constituição daquele
estado.
A falta de uma política específica para cada situação é o que tem levado
a nação brasileira ao caos em todos os ramos em que a sociedade deveria ser
atendida com dignidade.
Qual deve ser o comportamento do
crente para com a política? Segundo o sábio Salomão, quando o governo é
formado de homens justos e honestos o povo vive feliz (Pv 29.2 BV).
Quando os justos se elegem há grande alegria, mas quando os ímpios
sobem, os homens se escondem (Pv 28.12).
Considerando que o homem é por natureza político, visto que ele vive em
sociedade; desde os tempos do AT muitos homens de Deus exerceram atividades
políticas tanto no seu clã como nas regiões ou reinos onde estavam.
Embora Abraão tenha chegado a Palestina atendendo um chamado de Deus,
muito cedo se destacou no cenário política do seu tempo entre as tribos
cananeias. Tinha uma posição de estadista e era respeitado por todos os povos
vizinhos (Gn 14.12-17; 23.3-6)
José foi um político e grande administrador dos negócios de uma das mais
prósperas civilizações do vale do Nilo – o Egito. Faraó disse ao seu povo que
ninguém levantava a mão ou o pé, senão, por ordem de José. Somente no trono ele
tinha uma posição inferior a do rei (Gn 41.28-44).
Que dizer de homens como Daniel que foi profeta, político e estadista
nos reinos da Babilônia e da Pérsia
(Dn 6.1-3); Os sacerdotes Esdras e Neemias que exerceram elevados cargos
políticos nos reinos e medo persas. O período dos juízes e do reino
unido é muito rico em engenharia política.
Jeftá usou a diplomacia antes da guerra (Jz 11.1-14). E que dizer das
habilidades políticas do grande rei Davi que mesmo muito doente e acamado,
desfez a conspiração de Adonias, seu filho, Joabe comandante do seu exército e
o sacerdote Abiatar que tentaram usurpar o trono de Salomão (1Re 1.5-7, 18,19,
32-39).
O crente é um cidadão da terra e do céu, portanto, deve exercer o seu
direito de cidadania em toda sua
plenitude. Ainda em nossos dias grande homens de Deus ocuparam cargos políticos
como Abraham Kuyper que foi primeiro
ministro na Holanda.
Os reformadores protestantes sem exceção, todos eram políticos também.
Doutra sorte não teriam conseguido o grande sucesso da Reforma no século XVI
sem que tivessem domínio absoluto da política e da geopolítica. Em nossa nação
são muitos os homens de Deus desde o século XIX que foram muito influentes na
política brasileira.
DIREITOS BÁSICOS DO CIDADÃO
Costuma-se dizer que há três direitos básicos da cidadania: os civis, os
políticos e os sociais. O direito civil
é um privilégio que os cidadãos possuem diante do estado ou de outros cidadãos,
segundo o conteúdo de uma constituição, leis complementares e estatutos
sociais.
Os direitos civis são muito
abrangentes mas gerais como os direitos clássicos, à liberdade de expressão, de
imprensa, de reuniões e de religião, entre outros.
Estes direitos são comumente chamados de liberdades civis. Mas frequentemente,
as pessoas usam a expressão “direitos civis” para designar direitos mais
específicos que tem surgido como reivindicações morais dos grupos sociais.
Aqueles que têm se submetido a tratamentos injustos pela maioria e até
mesmo por minorias mais poderosas no poder. Quais são os direitos que o cidadão
pode legitimamente reinvidicar? Alguns argumenta que esses direitos devem ser
limitados à questões de procedimentos tais como um julgamento justo segundo a
lei.
Outros asseveram que se devem incluir as exigências dos recursos
materiais iguais ou pelo menos o acesso aquelas condições que garantem o bem
estar social da pessoa.
Este último conceito é refletido no pacto internacional das Nações
Unidas sobre direitos econômicos, sociais e culturais de 1966, que declara que
os cidadãos de todas as nações têm direito a um padrão de vida adequado e em
melhoria contínua.
Isto inclui os direitos ao alimento, ao emprego digno, a cuidados
médicos adequados e a férias periódicas remuneradas. Esses direitos civis das
pessoas estão presentes em boa parte da consciência cívica em todo mundo
moderno.
NO PENSAMENTO POLÍTICO OCIDENTAL
Os direitos civis dependem de princípios fundamentais morais
desenvolvidos na tradição da lei natural. A ideia da lei natural remonta aos
escritores antigos gregos, romanos e cristãos, que afirmaram que certas “leis”
eram eternas e que todo ser humano era capaz de reconhece-los.
Um dos corolários relevantes do conceito da lei natural era a
insistência na igualdade humana. Esta fornecia um critério pronto que os críticos sociais antigos usavam para
ajudar e derrubar as instituições estabelecidas que tratavam de modo injusto
certos grupos de pessoas.
A jurisprudência romana, que formou a prática jurídica ocidental foi
grandemente influenciada por este desenvolvimento.
DIREITOS SOCIAIS ENTRE OS ANTIGOS HEBREUS
As leis hebraicas excediam em qualidade outros códigos contemporâneos
por afirmarem o tratamento igualitário a todos os cidadãos, independente de sua
condição social. Algumas leis do NT até mesmo sobrepujam muitos estatutos
progressivos contemporâneos, ao afirmarem os direitos civis. Visto que as leis
que protegiam os cidadãos eram estabelecidas por Deus e eram totalmente
seguras.
O rei Acabe e a rainha Jezabel foram castigados por sua ação maligna, ao
matarem Nabote a fim de obterem sua vinha (1Re 21). Esses estatutos
estabeleciam garantia de processos justos diante da lei como também outorgavam
aos indefesos certas reinvidicações econômicas contra os ricos.
Assim, os famintos tinham o direito de respingar alimentos entre as
colheitas alheias (Lv 19.9,10; Dt 23.24; 24.19-22; Mt 12.1).
Os devedores podiam esperar que seus empréstimos fossem cancelados
depois de sete anos (Dt 15.7-11). Estrangeiros, viúvas e órfãos recebiam
direitos especiais sobre os alimentos que eram trazidos ao templo como dízimo
(Dt 14.28,29).
Os escritos de Paulo e as práticas comunitárias da igreja primitiva (At
2.44.45; 4.34,35), mediavam o mesmo fundamento moral e teológico para os
direitos civis achados no NT e nos ensinos de Jesus. As afirmações teológicas
de Paulo sobre a igualdade eram inequívocas (Gl 3.28; 1Co 7.3,4; 2Co 8.13-15).
DIREITOS POLÍTICOS
Estão relacionados aos direitos que os cidadão têm de participar no
governo da nação. Pelos direitos
políticos aqui no Brasil, todas as pessoas têm o direito de votar e ser
votado, isto é, concorrer nas eleições desde Presidente da República até
Vereador do mais humilde município da federação.
Devemos agradecer a Deus, pois vivemos em um país democrático e podemos
e devemos exercer nosso direito de cidadãos ocupando os espaços concedidos
constitucionalmente.
DIREITOS SOCIAIS
Os direitos sociais permitem
diminuir as desigualdades sociais e garantir a todo cidadão um mínimo de bem
estar. Como cidadãos terrenos, precisamos exercer estes três direitos básicos
da cidadania: direitos civis,
direitos políticos e direitos sociais. Então como cristãos seremos
cidadãos plenos do céu e da terra.
Os patriarcas embora vivessem em uma terra que por juramento de Deus
lhes pertencia, se consideravam como peregrinos e forasteiros, porque esperavam
uma cidade que tem fundamento cujo artífice e construtor é Deus (Hb 11.13-17).
Este é o exemplo dos patriarcas que buscavam a cidadania celeste. Paulo
ao escrever aos filipenses faz uma alusão a cidadania espiritual e celeste dos
membros da igreja, onde Cristo é o Senhor absoluto. Isso subtende um novo e
elevado destino (Fp 3.20).
Os irmão filipenses que tinha direito à cidadania romana, sem dúvida
compreenderam bem a metáfora usada pelo apóstolo. Dirigindo-se aos colossenses
o apóstolo Paulo não usa a palavra cidadania, mas fala aos os crentes como pertencentes
ao reino do amado Filho de Deus (Cl 1.13).
Para os crentes efésios ele diz: “Agora já não sois estrangeiros, nem
forasteiros, mas concidadãos dos santos e da família de Deus” (Ef 2.19).
No início do século XIX os líderes da igreja evangélica no Brasil tinham
uma grande consciência política e amor pelo Brasil. Só haviam duas traduções de
toda a Bíblia para a língua portuguesa: a de João Ferreira de Almeida, feita na
Indonésia, e a de Antonio Pereira de Figueiredo, feita em Portugal.
Em 1902, entre os líderes evangélicos brasileiros surgiu um Movimento
Nacionalista com o objetivo de fazer uma tradução da Bíblia no Brasil para
o português falado no Brasil.
As duas Sociedades Bíblicas que atuavam no Brasil, a Britânica e a
Amereicana, concordaram em patrocinar o projeto. Para isso foram convidados
especialistas em hebraico, grego e português. E alguns daqueles senhores não
eram evangélicos.
A comissão de tradução foi formada por missionários, pastores
brasileiros e escritores brasileiros famosos, dentre os quais podemos destacar
Machado de Assis, membro da Academia Brasileira de Letras e revisor da tradução
brasileira da Bíblia; e Rui Barbosa, redator do decreto que estabeleceu a
liberdade religiosa no Brasil e consultor da tradução brasileira da Bíblia de
1903 a 1914.
O Ver. Hugh Clarence Tucker, um dos fundadores da Igreja Metodista do
Brasil e secretário da Sociedade Bíblica Americana no país durante 47 anos,
trabalhou com Rui Barbosa no projeto da tradução brasileira da Bíblia de 1903 a
1914.
Ao ser lançado pelas Sociedades Bíblicas em 1903, o projeto da tradução
brasileira da Bíblia teve uma grande repercussão no Brasil. Em primeiro lugar,
porque era a primeira tradução da Bíblia completa feita no país e também a
primeira feita no português do Brasil.
Em segundo lugar, porque a Comissão de Consultores era composta de
ilustres escritores e gramáticos brasileiros, como: José Veríssimo, Hipólito de
Campos, Machado de Assis e Rui Barbosa.
Os jornais do Rio de Janeiro deram destaque especial à participação de
Rui Barbosa, a figura mais famosa do Brasil, na época. Um dos efeitos positivos
desse projeto promovida pelas Sociedades Bíblicas foi chamar a atenção para a
Bíblia e despertar os brasileiros para conhecerem esse santo livro e se
dedicarem à sua leitura.
Como podemos observar, a primeira tradução da Bíblia feita no Brasil foi
um Movimento Nacionalista pelos líderes evangélicos da época, portanto,
um movimento também, de cunho político nacionalista.
“De tanto ver triunfar as
nulidades, de tanto ver prosperar a desonra, de tanto ver crescer a injustiça,
de tanto ver agigantarem-se os poderes nas mãos dos maus, o homem chega a
desanimar das virtudes, e rir-se da honra, e ter vergonha de ser honestos” (Rui
Barbosa).
Consultas:
BAPTISTA
Douglas.Comentarista da Lição Bíblica do 2º. Trimestre. Valores Cristãos – Enfrentando as questões
morais de nosso tempo.
BAPTISTA
Douglas. Valores cristãos – Enfrentando as questões morais de nosso tempo.
CPAD. Rio de Janeiro 2018
ELWELL,
Walter A. Enciclopédia Histórico-Teológica da Igreja Cristã. Vida Nova. SPaulo
2009
SILVA,
João Barbosa. Subsídio Teológico da Lição O Cristão e a Política. Lição 13 EBD
CPAD. 3º. Trimestre 2002
DOCKERY,
David S. Manual Bíblico Vida Nova. Editora Vida Nova. São Paulo 2001
KUYPER,
Abraham. A Obra do Espírito Santo.
Editora Cultura Cristã. São Paulo, 2010
GIRALDI,
Luiz Antonio. A Bíblia nop Brasil República. Editora SBB. São Paulo, 2013
KENNEDY
Paul. Ascenção e Queda das Grandes Potências. Editora Campos. Rio de Janeiro
1989
ADMACHER. Early D.O Novo Comentário
Bíblico – Novo Testamento. com recursos adicionais. Editora C Gospel. Rio de
Janeiro 2010
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