Subsídios
Teológicos e Bibliológicos para Estudo sobre:
Lição
01 - O que é Ética Cristã - 01.04.2018
Texto Bíblico: 1 Coríntios 10.1-13
Por: Pr. João Barbosa
A igreja sempre
teve de confrontar a sua cultura e existir em extensão com o mundo. Ignorar a
cultura é arriscar-se a irrelevância; a
aceitar a cultura sem críticas é arriscar-se ao sincretismo e à infidelidade.
Cada Era
tem tido seus teólogos liberais que buscaram aceitação tentando reinterpretar o
cristianismo conforme o mais recente modismo intelectual e cultural.
Os liberais
do Iluminismo tiveram sua religião nacional e a alta crítica da Bíblia; os
liberais românticos tiveram suas emoções comoventes.
Os liberais
existencialistas tiveram suas crises de significação e salto da fé; existe
agora um liberalismo pós moderno, mas os cristãos ortodoxos também viveram em
cada Era confessando sua fé em Jesus Cristo.
Foram parte
de sua cultura conhecer o estilo distinto dos cristãos dos séculos XVII, XVIII
e XIX, ainda quando dizem as mesmas coisas, contudo, também se opuseram à sua
cultura, proclamando a lei do evangelho de Deus à sociedade, dirigindo as
inadequações e necessidades dela.
A Ética como um sistema da Filosofia: 1. Ética: a conduta ideal do indivíduo; 2. Política: A conduta ideal do
estado; 3. Lógica: o raciocínio que guia o pensamento; 4. Guinosiologia: a
teoria do conhecimento; 5. Estética: a teoria das belas artes; 6. Metafísica: a
teoria sobre a verdadeira natureza da existência.
Definição da palavra Ética: No grego, ethos = costumes,
disposição, hábito. No latim, mos (moris) = vontade, costume, uso, regra.
A Ética é “a
teoria da natureza do bem e como ele pode ser alcançado”. “ A filosofia moral é
a investigação científica e uma filosofia de julgamentos morais que declaram a
conduta boa, má, certa ou errada. Isto é, o que deve ou não deve ser feito. A
definição mais simples a ser feito é: A Ética é a conduta ideal do
indivíduo.
O porquê da Ética: Segundo Aristóteles é uma necessidade da sociedade. O alvo da Ética é a
conduta ideal do homem baseado no desenvolvimento de sua virtude especial (função
dentro da sociedade para o bem do indivíduo dentro da coletividade).
Ética é a
pesquisa da natureza moral do homem com a finalidade de se descobrir quais são
as suas responsabilidades e quais os meios de cumpri-las.
A Ética
compartilha com outros empreendimentos humanos a busca da verdade, mas
distingue-se deles na sua preocupação com aquilo que o homem deve fazer, à luz
da verdade desvendada.
Ela não é
simplesmente descritiva, mas também prescritiva no seu caráter. No campo da
pesquisa, ética pode ser dividida em ética filosófica, teológioca e cristã.
A ética
filosófica aborta a responsabilidade humana a partir daquilo que pode ser
conhecido pela razão natural e no que diz respeito à existência temporal.
A ética
teológica trata daquilo que pode ser aproveitado dos alegados entendimentos de
uma determinada comunidade, no tocante a esta vida ou a do porvir.
A ética
cristã é o formato cristão da ética teológica. Entende que “havendo Deus
outrora falado muitas vezes, e de muitas maneiras, aos pais, pelos profetas,
nesses últimos dia nos falou pelo filho” (Hb 1.1,2). Ela pesa as obrigações
morais do homem à luz desta revelação divina.
A ética
bíblica acha seu lugar num dicionário teológico exatamente porque nem no
pensamento judaico nem no pensamento cristão ela pode ser separado do seu
conceito teológico, a não ser visando o propósito da concentração.
Ética no AT – Deuteronômio enfatiza um espírito humanitário, uma liberalidade,
compaixão e santidade interior (“amarás o Senhor teu Deus,” 6.5) inteiramente
de conformidade com o ensino dos profetas.
Amós tornou
a ética essencial ao relacionamento entre Israel e Deus, e sua moralidade era
pura, auto disciplina, apaixonadamente defensora dos pobres e oprimidos, oposta
à crueldade, ao dolo, ao luxo e ao egoísmo.
Isaias e
Miqueias exigiam uma religião de conformidade com o caráter do santo de Israel.
Jeremias, Ezequiel e Isaias 40 – 66 aplicam as lições amargas do exílio da
Babilônia de modos éticos inexoráveis, embora sempre dentro do contexto do
propósito inabalável de Deus pelo seu povo.
O Deus de
Israel é enfaticamente o guardião da lei moral, exigindo acima de tudo que os
homens pratiquem a justiça, amem a misericórdia e andem humildemente com o seu
Deus (Mq 6.8).
Ética no NT – Uma longa tradição ética foi resumida, quando João Batista apareceu
exigindo pureza, retidão, honestidade e solicitude social (Lc 3.10-14).
Mas
especialmente iluminadora é a discriminação de Jesus, ao retomar do judaísmo
seu monoteísmo ético, sua consciência social e o relacionamento entre a religião
e a moralidade.
Enquanto
rejeitava a tendência ao farisaísmo, o legalismo duro e externo, o
nacionalismo, o cultivo de mérito e a não diferenciação entre o ritual e a
moralidade.
Por outro
lado, Jesus levou a exigência da retidão ainda mais longe do que a lei tinha
feito, penetrando na mentalidade e no motivo por trás do comportamento (Mt
5.17-48).
Voltando
aos propósitos originais de Deus (Mc 2.27; M7 19.3-9) ou ao mandamento suficiente
e subpujante do amor a Deus e ao próximo (Mt 22.35-40).
Neste resumo
de todo o dever, religioso e social em torno do amor acha-se a contribuição mais
característica de Jesus ao pensamento ético, e seu exemplo do significado do
Amor e sua morte por amor aos homens perfazem sua contribuição mais poderosa à
realização ética.
Outro tema
comum em todo ensino ético do NT é a imitação de Cristo. Os evangelhos
sinóticos apresentam o tema como simplesmente seguir a Jesus. João expõe o
ideal de Cristo, como amar (Jo 13.34; 15.12), obedecer (Jo 9.4;15.10), ficar
firme (Jo 15.20), servir humildemente (Jo 13.14,15) conforme Jesus fez por nós.
1João a liga com a experança cristã (1Jo 3.2). Pedro associa a imitação
especialmente com a cruz (1Pe 2.21-25; 3.17-18; 4.1-13).
Paulo faz
dela o alvo da adoração (2Co 3.18), do ministério (Ef 4.11-13), da exortação
(1Co 11.1) e da providência divina (Rm 8.28-29), definindo seu significado mais
interno como ter “a mente de Cristo” (1Co 2.16; Fp 2.5) o “Espírito de Deus”
(1Co 7.40).
Fomos
chamados para viver eticamente. As Escrituras alertam sobre o perigo de não
vivermos de modo ético. Os israelitas no deserto foram abençoados e sustentados
pelo maná (Ex 16.4) e pela água potável (Ex 17.6) que Deus lhes concedia de
modo sobrenatural, mas a maior parte deles foi reprovada por não viver a lei
moral outorgada por Deus (1Co 10.5).
Somente
dois israelitas daquela geração de seiscentos mil homens de vinte anos para
cima, Josué e Calebe, puderam herdar a Terra Prometida (Nm 14.30).
No capítulo
10 da primeira carta do apóstolo Paulo aos Coríntios, versículo de 1-10, o
apóstolo seleciona cinco pecados cometidos pelos israelitas, que ficaram
registrados em forma de negação para nossa advertência: “Porque tudo que dantes
foi escrito, para nosso ensino foi escrito” (Rm 15.4a).
Em seguida
ele seleciona as cinco coisas más para que não caiamos em suas armadilhas: A
cobiça (1Co 10.6; Nm 11.4-6; 1Co 15.33; Jo 6.35; 48.51; Ex 20.17); a idolatria,
(1Co 10.7; Ex 24.18; 31.18; 32.1-6; Mt 23.15; Rm 1.23).
A prostituição (1Co 10.8; Nm 22.1-30; 23.8;
31.16; 2Pe 2.15; Jd 1.11; Ap 2.14; Nm 25.1-15; Gl 5.19; 1Co 6.18; 1Ts 5.23); tentar
ao Senhor (1Co 10.9; Nm 21.9; Rm 2.8,9); pecado da murmuração (1Co 10.10; Nm
14.2.36,37; 16.1-35, 41,42,49; 1Co 10.11,12,13; Sl 37.5).
Os
evangelhos são mais do que uma simples biografia de Jesus, e o livro dos Atos
dos apóstolos é muito mais que uma simples história das igrejas.
A narrativa
desses livros serve a um propósito teológico: Ele nos apresenta os ensino de
Jesus, diretamente ou por meio dos apóstolos, como parte da “boa vontade de
Deus para os homens” (Lc 2.14).
Isto prova
que os evangelhos são as boas novas do evangelho de nosso Senhor Jesus Cristo
(Mt 9.35). A mensagem registrada nos quatro evangelhos contêm apelo ao
arrependimento, renúncia, ao pecado, oferta de perdão, esperança de salvação e
santidade de vida (Mt 3.2; Lc 1.77; 9.62).
Os
seguidores de Cristo são convocados a viver as doutrinas do evangelho e
adotarem a ética moral do reino de Deus (Mt 126.24; Mc 10.42-45).
Por meio do
evangelho, o homem pode compartilhar a natureza moral de Deus (Mt 5.48). O
genuíno evangelho produz mudança no caráter do cristão (Tt 2.11-14), e quem
pauta a sua vida no evangelho recebe o dom do Espírito Santo (At 2.38,39).
A principal
fundamentação para a ética cristã encontra-se na revelação divina. Desse modo
os princípios adotados pela Ética Cristã são bíblicos e, portanto, imutáveis.
Em
consequência, os princípios bíblicos têm aplicação hoje, assim como tiveram no
passado. Aquilo que a revelação bíblica no passado considerava como pecado,
permanece sendo pecado.
A lei
divina não pode ser revogada para ser ajustada aos interesses humanos. Esses
princípios são universais e por isso não se admite uma ética cristã diferente de
uma cultura para outra cultura.
Os padrões
da ética e da moral cristã não sofrem mutações com o passar dos tempos e de
cultura para cultura. A verdade bíblica não pode ser relativizada ou
flexibilizada para atender o egoísmo e o hedonismo da raça humana.
O texto
bíblico permanece inalterado e imexível. Por isso, os valores cristãos são
permanentes, pois a fonte de autoridade é permanente.
Jesus
Cristo afirmou “O céu e a terra passarão, mas as minhas palavras não hão de
passar” (Mt 24.35). “Jesus Cristo é o mesmo ontem, e hoje, e eternamente” (Hb 13.8).
Consultas:
BAPTISTA,
Douglas. Comentarista da Lição Bíblica para Adultos EBD CPAD no 2º. Trimestre 2018 Valores Cristãos: Enfrentando as
questões morais de nosso tempo
BAPTISTA,
Douglas. Valores Cristãos: Enfrentando as
questões morais de nosso tempo. Editora CPAD. Rio de Janeiro, 2018
CHAMPLIN Norman Russell. Enciclopédia
de Bíblia Teologia e Filosofia. Vl 2.
VEITH. Gene Edward, Jr. Tempos
pós-Modernos – Uma avaliação cristã do
pensamento e da cultura da nossa época. Edit. Cultura Cristã. SPaulo, 1999
KAISER. Walter C. Jr. O Cristão
e as Questões Éticas da Atualidade. Editora Vida. SPaulo 2015
ELWELL, Walter A. Enciclopédia
Histórico-Teológica da Igreja cristã. Edit. Vida Nova. SPaulo 2009
FRAME. John M. Doutrina da Vida
Cristã. Edit. Cultura Cristã. SPaulo, 2013
REIFLER. Hans Ulrich. A Ética
dos Dez Mandamentos. SPaulo, 1992