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quinta-feira, 15 de fevereiro de 2018

Lição 07 - Jesus - Sumo Sacerdote de uma Ordem Superior - 18.02.2018

Subsídios Teológicos e Bibliológicos para Estudo sobre:
  Lição 07 - Jesus - Sumo Sacerdote de uma Ordem Superior - 18.02.2018
Texto Bíblico: Hebreus 7.1-19
Por: Pr. João Barbosa

Nesta lição queremos destacar no sacerdócio levítico sua origem, formação e substituição pelo sacerdócio eterno de nosso Senhor Jesus Cristo, o qual não procede da ordem Arônica, mas, da ordem de Melquisedeque (Sl 110.4).

Em Números 8.14, o texto bíblico destaca a ordem do Senhor para que os levitas fossem separados para o serviço sagrado. Levi foi o terceiro filho de Jacó com Léia. Seu nome significa “ungido”, significado que está associado à declaração que sua mãe fez quando ele nasceu:

“Agora, esta vez se ajuntará meu marido comigo... por isso chamou o seu nome Levi” (Gn 29.34). Apesar de Levi ter participado com o seu irmão Simeão da vingança traiçoeira contra os homens de Siquém, Levi se redimiu ao longo de sua trajetória, ao mostrar zelo espiritual pelas coisas de Deus.

Este cuidado lhe rendeu a escolha divina como a tribo sacerdotal. Tanto a vida de Levi como a de seus descendentes traz profundas lições espirituais para os nossos dias.

Levi e Simeão se uniram numa vingança brutal contra homens indefesos e vulneráveis, o que rendeu aqueles dois irmãos duras críticas e reprovação por parte do patriarca Jacó, seu pai, na hora de impetrar-lhes a bênção patriarcal (Gn 49.5-7).

Levi porém, durante a sua vida teve um melhor comportamento do que seu irmão Simeão em todo decorrer da sua história. Em Exodo 32.25,26 lemos que quando Moisés desceu do monte, “vendo que o povo estava despido, porque Arão os havia despidos para vergonha entre os seus inimigos, pôs-se em pé na porta do arraial e disse: Quem é do Senhor venha até mim. Então, se ajuntaram a eles todos os filhos de Levi”.

Após ter pecado contra o Senhor, na idolatria do bezerro de ouro, o povo de Israel perdeu de vez a compostura e a vergonha, levando Moisés a colocá-los no devido lugar.

Para isso, Moisés precisa que os israelitas saíssem de cima do muro e demonstrassem fidelidade e lealdade para com o Senhor. Nesta ocasião, só os levitas se poscionaram ao lado do Senhor, não culpando nem seus parentes envolvidos na idolatria.

Este ato zeloso dos levitas lhes rendeu o privilégio e a honra de serem escolhidos por Deus como a tribo sacerdotal de Israel. Os levitas se tornaram “a elite espiritual” com respeito ao ministério da casa do Senhor (Nm 1.50,51; 1Cr 15.2).

Em Nm 8.14, foi o Senhor Deus quem confirmou a escolha de Levi para o ministério da casa do Senhor, dizendo: “Separarás os levitas do meio dos filhos de Israel, para que os levitas sejam meus”.

Em Nm 17.1-10, vemos os filhos de Levi mais uma vez mostrando sua liderança espiritual quando foi contestado pelo povo, o próprio Deus confirmou a escolha dos levitas, fazendo a vara de Arão florescer entre as doze varas colocadas diante do Senhor, cada uma com o nome de uma das doze tribos de Israel.

Ainda em Nm 25.1-13, há um novo exemplo do ocorrido com o bezerro de ouro, Israel voltou a pecar contra o senhor, envolvendo-se com mulheres idólatras que adoravam Baal-Peor; então, mais uma vez, um descendente de Levi, chamado Finéias, firmou-se ao lado do Senhor, fazendo expiação pelos filhos de Israel, ao eliminar um homem israelita que praticava orgias sexuais com uma daquelas mulheres pagãs que adorava a Baal-Peor.

Esse zelo de Finéias demonstrado pelas coisas espirituais rendeu a ele e a seus descendentes a promessa de um sacerdócio perpétuo (Nm 25.10-13).

Enquanto Simeão foi esquecido na bènção profética que Moisés proferiu sobre as tribos de Israel, Levi foi destacado por sua atuação sacerdotal.

“E de Levi disse: Teu Tumin e teu Urin são para teu amado que tu provastes emassar, com que contendestes nas águas de Meribá... pois guardaram a tua palavra e observaram o teu concerto. Ensinaram os teus juízos a Jacó e a tua lei a Israel; Levaram incenso ao teu nariz e o holocausto sobre o teu altar” (Dt 33.8-10).

Em 1Cr 15.2 quando em uma tentativa frustrada de Davi de conduzir a arca da aliança para Jerusalém sem a participação dos levitas, o rei Davi teve que se render às ordens de Deus: “Então disse Davi: ninguém pode levar a arca de Deus senão os levitas; porque o Senhor os elegeu, para levarem a arca do Senhor e o servirem eternamente”.

Em Hb 5.4, é dito “Ninguém toma para si esta honra, senão aquele que é chamado por Deus como Arão”. Se a exclusividade do sacerdócio da casa do Senhor foi dado a Arão, o que seria dos ministros de hoje que não são levitas e muito menos descendentes de Arão?

É quando Jesus Cristo entra na história para quebrar este monopólio sacerdotal. O escritor da carta aos Hebreus explica esta questão: “Porque, mudando-se o sacerdócio, necessariamente se faz também  mudança da lei. Porque aquele de quem essas coisas se dizem pertence a outra tribo, da qual ninguém serviu ao altar; visto ser manifesto que nosso Senhor procedeu de Judá, e concernente a essa tribo nunca Moisés falou de sacerdócio” (Hb 7.12-14).

Em Hb 8.6, a respeito de Jesus diz assim o escritor desta carta: “Mas agora alcançou ele ministério tanto mais excelente, quanto é mediador de um melhor concerto, que está confirmado em melhores promessas”.

Com base nisso, Jesus Cristo é aquele que nos ama, e em seu sangue nos lavou dos nossos pecados, e nos fez reis e sacerdotes para Deus seu Pai, a Ele, glória e poder para todo sempre. Amém” (Ap 1.5,6).

Vemos nessa exposição sobre a vida de Levi, que Deus muda a nossa sorte para melhor e escreve uma história de sucesso para todos aqueles que se mostram zelosos para com Ele. E, agora, sobre a nova aliança, somos “os levitas”, separados pelo Senhor para uma grande obra.

Se no passado Israel tinha Arão como sumo sacerdote; agora, nos dias presentes temos Jesus Cristo como nosso sumo sacerdote celestial e eterno.

Duas linhas histórico salvífica do sacerdócio dominam o pensamento do AT: A primeira linha é terrena, e vai de Abraão até Arão e seus descendentes, passando por Levi, e outra celestial, que começa com Melquisedeque. Ela leva a Davi, que nesse contexto torna-se mediador da promessa porque lhe foi confiada a palavra do rei sacerdote messiânico vindouro.

“Quando teus dias se cumprirem e descansarem com teus pais, então, farei levantar depois de ti o teu descendente, que procederá de ti, e estabelecerei o seu reino. A tua casa e o teu reino serão firmados para sempre diante de ti; teu trono será estabelecido para sempre” (2Sm 7.12,16).

A linha sacerdotal celestial desemboca no messias vindouro, ela aponta para Cristo. Apesar de que os sacerdotes, filhos de Levi e Arão, recebem o dízimo da mesma forma como Melquisedeque o recebeu de Abraão, eles nem por isso são equiparados a Melquisedeque enquanto sacerdotes.

Prossegue o escritor da carta aos hebreus: Considerai, pois, como era grande esse a quem Abraão, o patriarca, pagou o dízimo tirado dos despojos. Abraão é o iniciador do povo de Deus no AT e ao mesmo tempo o pai na fé dos crentes do NT, no que possui significado duradouro.

Enquanto no AT Abrão é designado como príncipe de Deus (Gn 23.6) e amigo de Deus (Is 41.8), o escritor está falando de Abraão como patriarca. O que se relata ao seu respeito possui conotação simbólica.

Abraão entregou o dízimo a Melquisedeque. Este dízimo ele retirou dos despojos. No decurso dos acontecimentos do AT nos é relatado pela primeira vez que o dízimo é oferecido. A entrega do dízimo por Abraão a Melquisedeque (Gn 14.20), não aparece de modo isolado nas sagradas escrituras.

Com a maior naturalidade o escritor da carta aos Hebreus relaciona diretamente no presente texto de Hb 7.4-10. Diz o texto: “Considerai, pois, como era grande esse a quem Abraão, pagou o dízimo tirado dos melhores despojos.

Ora, os que dentre os filhos de Levi recebem o sacerdócio tem mandamento de recolher de acordo com a lei, os dízimos do povo, ou seja, dos seus irmãos, embora tenham esses descendidos de Abraão; entretanto, aquele cuja genealogia não se inclui entre eles recebeu dízimo de Abrão e abençoou o que tinha as promessas.

Evidentemente, é fora de qualquer dúvida que o inferior é abençoado pelo superior. Aliás, aqui são homens mortais que recebem dízimos, porém ali, aqueles de quem se testifica que vive.

E, por assim dizer, também Levi, que recebe dízimos, pagou-os na pessoa de Abraão. Porque aquele ainda não tinha sido gerado por seu pai quando Melquisedeque lhe saiu ao encontro.

Muito antes da legislação do Sinai os patriarcas tinham conhecimento da prática do dízimo (Gn 14.20; 28.22) constituindo, expressão visível de sua gratidão e confissão de sua dependência a Deus.

A importância espiritual também ficou preservada em época posterior. Ao mesmo tempo, a entrega pontual e conscenciosa do dízimo deveria tornar-se um exercício espiritual permanente no temor a Deus (Dt 14.22,23) e um meio para que possamos receber as bênçãos de Deus (Dt 14.28,29).

Para cada israelita deveria ser possível experimentar a confiabilidade das promessas divinas quando se rendesse plenamente na fé em Deus (Ml 3.10; Pv 3.9,10). Toda vez que um israelita entregava o dízimo ele se via colocado por Deus diante de perguntas fundamentais.

De quem obténs as tuas dádivas? Que estás recebendo? A quem deves prestar uma oferta? Que é que deves ofertar? Que significa para ti essa dádiva? Como estás ofertando? São perguntas sobre as quais também o fiel crente do NT deve refletir constantemente. O israelita tinha que dá resposta pessoal a estas perguntas na sua vida prática.

Quando Deus concedia a seu povo tempo de bênçãos especiais e de recomeço espiritual como, por exemplo, sob o rei Ezequias e sob Neemias, a Bíblia informa sobre o cumprimento alegre do dever do dízimo (2Cr 31.5,6,12; Ne 10.38,39; 12.44; 13.5,12).

Deus aceitava a confissão humilde de dependência por parte das pessoas ao entregarem ao dízimo, abençoando-a. Em oposição a isso acontecia a entrega não espiritual do dízimo, na qual o ser humano não vive com a posição apropriada do coração perante Deus. Contra essa atitude profere-se a palavra da condenação (Am 4.4; Mt 23.23; Lc 11.42; 18.12). Todo dízimo que é trazido a casa de Deus, em último análise é entregue a Deus.

No cap. 7 de Hebreus constatamos que o interesse do escritor não se concentra nos pormenores da ordem do dízimo, mas no relacionamento que se encontram Abraão, os levitas e Melquisedeque por ocasião da entrega do dízimo.

Toda ordem do dízimo do AT, está alicerçada, em última análise, sobre Abraão. Ele mesmo pagou o dízimo a Melquisedeque. Agora o escritor da carta ressalta que uma seleção dos descendentes de Abraão, os sacerdotes da tribo de Levi, recolhe o dízimo, de seus irmãos.

Os israelitas entregavam seu dízimo a sacerdotes que eram de origem humana, cuja genealogia pode ser traçada até Abraão. Abraão, porém, pagou o dízimo a um sacerdote que era de procedência celestial.

A existência de Melquisedeque perante Deus, é única e incomparável. Em Melquisedeque, Deus estabeleceu um sacerdócio fora da lei,  um ministério sem base e sem descendência legais.

É por essa razão que a palavra de bênção de Melquisedeque também foi particularmente eficaz na vida de Abraão, proporcionando-lhe participação nas dádivas e na riqueza de Deus.

Isto é entendido na seguinte frase: Evidentemente, é fora de qualquer dúvida que o inferior é abençoado pelo superior. O que o escritor de Hebreus visa é destacar a superioridade de Melquisedeque sobre Abraão e o sacerdócio levítico.

Observamos que agora ele não aborda o dízimo e sim a bênção. A diferença entre os “inferiores” e o “melhor” não reside nos padrões humanos de dignidade e posição social, mas na confirmação de Deus e no preenchimento com autoridade espiritual.

Na bênção sempre se trata da autoridade que é proporcionada ao ser humano sacerdotal pelo convívio pessoal com o Senhor, pela vida em sua proximidade.

Melquisedeque recebeu o dízimo de Abraão. Levi e seus descendentes também recebem o dízimo de seus irmãos. Ambos estão no mesmo nível? É precisamente isso que o escritor aos Hebreus nega. Ele ressalta que também os levitas entregaram o dízimo a Melquisedeque através de Abraão.

Logo, encontram-se numa relação de dependência dele. Somos remetidos a um acontecimento de cunho providencial que excede os limites da existência pessoal de cada um. Como podemos entender isso? No pensamento bíblico, o ancestral e patriarca é a corporificação de toda a sua descendência. Levi foi um bisneto de Abraão e ainda não era nascido quando Abraão encontrou Melquisedeque.

Contudo, assim como Levi representava em sua pessoa o sacerdócio israelita de todos os séculos subsequentes, assim também pode ser dito a respeito dele que na pessoa de seu ancestral Abraão ele pagou o dízimo a Melquisedeque.

Em outras palavras; com a entrega do dízimo a Melquisedeque, Abraão tomou uma decisão cujas consequências se estendem sobre todas as gerações futuras. Para essa correlação também existe um paralelo no NT.

Sem que tivéssemos contribuído pessoalmente para essa situação  todos nós nos encontramos numa ligação providencial com o primeiro homem Adão, com sua culpa original e com a fatalidade da morte.

Do mesmo modo, porém, estamos também em ligação providencial com Cristo, uma vez que sua ressurreição tornou-se o fundamento do fato de que um dia todas as pessoas ressuscitarão (Rm 5.12; 1Co 5.21).

O escritor também comprova uma ligação de destinos desse tipo de Abraão, Levi e os sacerdotes levitas. Levi, o ancestral dos sacerdotes israelitas, “ainda estava nos lombos de seu pai, quando Melquisedeque llhe saiu ao encontro”.

Nos vs. 4-10 do cap. 7 de Hebreus, o escritor fala do sacerdócio e do recebimento do dízimo. Agora ele enfoca mais de perto a relação entre sacerdócio e lei (vs. 11 e 17).

Que necessidade haveria ainda que se levantasse outro sacerdote, segundo a ordem de Melquisedeque, e não fosse contado segundo a ordem de Arão? Afinal, o próprio Deus havia concedido a seu povo, por ocasião da celebração no pacto do Sinai, uma ordem sacerdotal válida.

Lei e sacerdócio estavam ancorados conjuntamente na aliança que Deus havia firmado com o seu povo. Israel tinha consciência do compromisso que significavam os estatutos legais dessa aliança.

“Cumpriremos todos os mandamentos que o Senhor ordenou” foi esta a confissão de todos os israelitas (Ex 24.3-8). Porque Deus queria estabelecer a vigência de outra ordem sacerdotal:

“De sorte que, se a perfeição fosse pelo sacerdócio levítico (porque sobre ele o povo recebeu a lei), que necessidade havia logo de que outro sacerdote se levantasse, segundo as ordem de Melquisedeque, e não fosse chamado segundo a ordem de Arão? Porque, mudando-se o sacerdócio, necessariamente se faz também mudança da lei”.

Pois é evidente que nosso Senhor procedeu de Judá, tribo a qual Moisés nunca atribuiu sacerdotes. A promessa messiânica que Jacó emitira sobre a tribo de Judá (Gn 49.8-12), e que Deus renovou no auge do profetismo (Is 11.11), é confirmada na nova aliança em Jesus Cristo (Mt 6.2; Ap 5.5).

É nele, o “leão da tribo de Judá”, que o reinado e sacerdócio estarão unificados (Sl 110.1,4; Zc 6.11). Contudo, não é somente no fato de que o sumo sacerdote do povo de Deus é oriundo da tribo de Judá que se torna claro que Deus quebrou a ordem sacerdotal da antiga aliança.

Por sua natureza, o novo sumo sacerdote está numa relação imediata com Melquisedeque. Seu sacerdócio está fundamentado sobre uma ordem sacerdotal original de Deus.


Consultas:
GONÇALVES José. Comentarista da Lição Bíblica para Adultos EBD CPAD no 1º Trimestre 2018.  A Supremacia de Cristo: Fé, esperança e ânimo na Carta aos Hebreus
GONÇALVES José. .  A Supremacia de Cristo: Fé, esperança e ânimo na Carta aos Hebreus. Editora CPAD. Rio de Janeiro. Outubro, 2017
HENRICHSEN Walter A. Depois do Sacrifício – Estudo da carta aos Hebreus. Editora Vida. São Paulo 1996
LAUBACH Fritz. Carta aos Hebreus – Comentário Esperança. Editora Esperança. Curitiba, 2013
BOCH Darrell L. e GLASER Mitch. O Servo Sofredor – Editora Cultura Cristã. São Paulo, 2015
CHAFFER. Teologia Sistemática. Vl 7 & 8. Editora Hagnus. São Paulo, 2008
BROWN, Raymond e outros. Novo Comentário Bíblico São Jerônimo – Antigo Testamento. Editora Academia Cristã. São Paulo, 2007
Bíblia do Pregador Pentecostal

CHAMPLIN. Novo Testamento Interpretado Versículo por versículo. Vl 5. Editora  Hagnus. São Paulo, 2012

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