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sábado, 3 de fevereiro de 2018

Jesus é Superior a Arão e à Ordem Levítica - 04.02.2018

Subsídios Teológicos e Bibliológicos para Estudo sobre:
  Lição 05 - Jesus é Superior a Arão e à Ordem Levítica - 04.02.2018
Texto Bíblico: Hebreus 4.14-16; 5.1-14
Por: Pr. João Barbosa

Em Hebreus 2.17 e 3.1, o apóstolo já falou de Jesus como “o sumo sacerdote” sem descrever mais detalhadamente o que pretendia expressar com esse título.

Agora ele desenvolve essa afirmação com frases breves e poderosas. Tendo, pois, a Jesus, o Filho de Deus, como grande sumo sacerdote que penetrou os céus, conservemos firmes a nossa confissão.

Na palavra “tendo” exterioriza-se toda certeza do entendimento do autor. Essa é uma característica genuína da fé viva: Filhos de Deus não somente estão no processo
de “tornar-se”, eles também vivem no “ter”.

Temos a redenção por intermédio do sangue de Cristo (Ef 1.7), temos paz com Deus (Rm 5.1), temos um advogado junto do Pai (1Jo 2.1).

Essa certeza do “ter” espera-se também do firme “saber” do qual fala o apóstolo João, quando descreve a experiência de fé dos filhos de Deus (1Jo 3.2,14; 5.15,18-20).

O escritor compara Jesus Cristo e o sumo sacerdote Arão. Ele diz: Jesus é o grande sumo sacerdote, porque realiza o que Arão não foi capaz de fazer. Arão foi sumo sacerdote na terra, Jesus Cristo porém, não apenas ofereceu na terra o sacrifício de sumo sacerdote por meio da entrega de sua vida;  também depois de sua ressurreição ele serve a Deus na eternidade como sumo sacerdote celestial.

Assim como o sumo sacerdote tinha que atravessar o santuário terrestre, a fim de prestar serviço no santíssimo, assim Jesus penetrou os céus, para chegar à presença de Deus.

Com essa expressão o escritor indica a ascensão de Jesus, como já fizera em Hb 1.3. Jesus Cristo vive agora como sumo sacerdote na glória eterna de Deus. Para a igreja, resulta disso um compromisso de confessá-lo diante do mundo.

Na trajetória da história da igreja até os dias atuais nos ensina que cada época de peregrinação para os fiéis é tempo de preparação, porque traz em seu bojo a possibilidade de apostasia.

É próprio de nossa fraqueza humana esquivar-se dos múltiplos sofrimentos pela negação da fé. No entanto, importa que a qualquer custo, mesmo no sofrimento, perseveremos de forma plenamente firme no Senhor Jesus.

“Jesus é Filho de Deus” (At 8.37). Se o escritor menciona aqui, como já fez em Hb 3.1, apenas o nome “Jesus”, sua preocupação é destacar a circunstância extremamente importante para a história da salvação: Jesus de Nazaré, o filho de Maria, ele que era de carne e sangue como nós, o Senhor crucificado e ressuscitado, é realmente o Filho de Deus (Mt 14.33; 16.16).

Para o escritor desta carta as palavras “filho” e “sumo sacerdote” designam a essência e a dignidade, à pessoa e a obra de Jesus, estando indissoluvelmente interligada (Hb 7.28).

 Porque não temos sumo sacerdote que não possa compadecer-se das nossas fraquezas; antes, foi ele tentado em todas as coisas, à nossa semelhança, mas sem pecado.

A “fraqueza” do ser humano designa sua caducidade tanto no aspecto do corpo como da fé. Sua “enfermidade” consiste em que ele repetidamente segue à tentação, torna-se “fraco” (Mt 26.41).

Justamente esse é o mistério incompreensível da vida de Jesus: que ele participou da nossa “fraqueza”, mas que jamais sucumbiu a ela. Jesus venceu a tentação. Ele comprovou “sua condição de filho de Deus confiando, obedecendo e amando plenamente”.

Para poder oferecer de forma apropriada sacrifício por outras pessoas, o sumo sacerdote não apenas precisava das dádivas certas, mas também do coração certo. Ele tinha de ser misericordioso.
Tinha que saber condoer-se dos ignorantes e dos que erram. Durante sua vida na terra Jesus conheceu toda a dimensão de nossa suscetibilidade à tentação e de nossa culpa, embora ele tenha permanecido sem pecado.

Por isso, sua intervenção intercessora em nosso favor perante Deus não resulta de sua condescendência débil, com a qual ele ignoraria generosamente todas as nossas falhas.  Ao contrário, ele vê com maior clareza que jamais uma pessoa na terra seria capaz de reconhecer a ameaça à nossa vida que o pecado representa.

Isso torna-se o fundamento de sua profunda e cordial misericórdia por nós seres humanos, que, mesmo como crentes, continuamos suscetíveis à tentação e vulneráveis para o pecado.

Quando o autor queria fundamentar a exaltação de Jesus ele recorria repetidamente ao Salmo 110.1 e também ao Salmo 110.4; e Salmo 2 para fundamentar a condição de Filho e a dignidade real de Jesus, mas produzem também a prova do AT para o sumo sacerdócio eterno de Jesus.

“Da posição de Jesus como Filho de Deus origina-se tudo quanto ele pode realizar e realiza em nosso favor como sacerdote”. A condição de filho, o sumo sacerdote e a dignidade de rei estão unificadas de modo inseparável da pessoa de Jesus.

Nesse ponto surge a pergunta sobre a que momento histórica se refere as palavras do AT. Acaso trata-se, na tentação de Jesus no sumo sacerdócio, de um evento prévio à sua vida terrena?

Ela aconteceu no momento da encarnação, no batismo, na ressurreição ou somente na ascensão? Quando começa o sumo sacerdócio eterno de Jesus? Deparamo-nos com um limite da possibilidade de afirmação cristológica: Jesus é o Filho de Deus desde a eternidade (Jo 1.1; Hb 1.1,2; 5.8), vocacionado pelo Pai para ser sumo sacerdote.

A vocação acontece antes da encarnação, contudo, entra em vigor na paixão e morte, obtendo sua confirmação na ressurreição e ascensão. Está sendo ressaltada a dependência voluntária do Filho em relação ao Pai.

Por ocasião de sua encarnação Jesus submete-se inteiramente às ordens de Deus (J0 5.19; Gl 4.4). Assim como o sumo sacerdote do AT, assim também Cristo, enquanto sumo sacerdote do novo povo de Deus, ofereceu sacrifícios.

Todo o tempo de vida, toda a trajetória terrena de Jesus foi um sofrimento, uma caminhada ao sacrifício (Fp 2.5,6). No presente texto, porém, tem-se em mente especialmente o acontecimento do Getsêmani, a luta de oração de Jesus e a sua morte na cruz do Gólgota.

Jesus ofereceu “orações e súplicas”. Na oração Jesus sacrificou sua própria vontade. Ele sabia: Deus era o único em cuja mão estava sua vida e que teria podido mudar a sua via de paixão.

Porém ele ora: “faça-se não a minha, mas a tua vontade” (Mt 26.42). Não obstante, o caminho de sacrifício de Jesus não acaba no Getsemani, ele o conduz até a cruz. Ali ele morre sob “forte clamor” (Mt 27.46, 50; Lc 23.46).

O escritor continua descrevendo a trajetória de sofrimento do Senhor com palavras que destaca a verdadeira natureza humana de Jesus. Ele realmente foi “tentado em todas as maneiras como nós” (Hb 4.15).

Contudo, acima do caminho mais difícil que Jesus teve de andar, o caminho pelo Getsêmani até a cruz, paira o brilho da glória divina. Ele foi ouvido por causa da sua piedade (“foi ouvido por causa do temor a Deus” – grifo do autor).

Os termos gregos apótes eulabeias podem significar “ouvir por temor” ou “por causa do temor de Deus”. Ambas as versões são viáveis por causa da pluralidade de significados da expressão. Considerando, porém, que em Hb 2.15 constam as palavras phóbos thanátou para “temor da morte”, torna-se plausível que aqui se queria dizer “temor a Deus”.

Jesus foi atendido por Deus. Essa certeza paira sobre todas as orações de Jesus. Ele era capaz de orar assim: “Pai, graças te dou porque me ouviste. Aliás, eu sabia que sempre me ouves” (Jo 11.41,42). Contudo, em suas orações Jesus nunca se esquiva do sofrimento (Jo 12.27.28).

Por isso é que Deus pode atender sua oração. Entretanto, por detrás dessas palavras também sentimos o mistério da diferenciação entre atendimento e cumprimento das nossas orações.

O atendimento da oração de Jesus tornou-se visível no fortalecimento através do anjo no Getsêmani (Lc 22.43). Consistiu de força para sofrer, de superação do temor da morte, e não na reversão do caminho para a morte (2Co 12.8,9).

Depois que o escritor expôs a incomparável magnitude do Senhor Jesus Cristo pela contraposição com os homens de Deus no AT, Moisés e Josué, ele compara por fim, em Hb 4.14 – 5.10, Jesus e Arão.

Também aqui ele evidencia a sobrepujante grandeza e glória daquilo que, em contraposição a Israel, foi concedida à igreja na pessoa do Senhor exaltada. Jesus e Arão: são sumo sacerdotes – Arão foi o primeiro sumo sacerdote, Jesus é o último.

Ambos foram convocados por Deus, ambos foram “tomados dentre os homens”. Mas também Jesus foi, como Arão, verdadeiro homem (Hb 2.14). Ambos, Arão e Jesus, foram constituídos “a favor dos homens”.

Também Jesus veio por amor das pessoas (Hb 12.16). Ambos foram tentados, motivo pelo qual ambos podem “compadecer-se das nossas fraquezas”. A tarefa de ambos no Antigo e NT é representar as pessoas diante de Deus a fim de alcançar a expiação (Hb 2.17; 5.1-3), e ambos oferecem sacrifícios.

Não obstante, Jesus é maior que Arão. Arão foi sumo sacerdote, Jesus é o grande sumo sacerdote. Arão foi somente um ser humano. Jesus foi também verdadeiro ser humano, mas ele é o Filho de Deus. Ele é da eternidade. Arão foi constituído sumo sacerdote por Moisés, Jesus foi chamado por Deus, seu Pai, para esse serviço.

Arão teve de oferecer primeiramente sacrifícios por si próprio, porque estava maculado de pecado. Jesus era limpo de todo pecado. Arão oferecia dádivas e sacrifícios que ele recebia anteriormente dos israelitas (Hb 8.3).

Ele entrava no santuário com sangue “alheio” (Hb 9.25). Mas Jesus ofertou orações, súplicas e lágrimas, ele sacrificou sua vontade a Deus, sacrificou sua própria vida. Apesar de todos os sacrifícios Arão continuou sendo um ser humano imperfeito. Jesus tornou-se pelo sacrifício de sua vida o sumo sacerdote perfeito (Hb 7.28).

O sacrifício de Arão precisava ser repetido: uma vez por ano ele entrava no santíssimo dessa terra (Hb 9.7,25). O sacrifício único de Jesus vale para todos os tempos, ele atravessou os céus de uma vez por todas, para comparecer agora eternamente perante a face de Deus em nosso favor (Hb 4.14; 8.1,2; 9.24).

Arão descarregou os pecados de Israel sobre um animal (Lv 16.21,22), seu sacrifício tinha somente significado simbólico, não era eficaz por si mesmo (Hb 10.4,11). Jesus assumiu sobre si os pecados de todo o mundo (Jo 1.29; 1Pe 2.24), seu sacrifício é eficaz para todos os tempos.

Arão tinha de administrar somente um sumo sacerdócio transitório, cuja ordem havia sido dada ao povo de Israel no Sinai. Mas Jesus recebeu um sumo sacerdócio perpétuo, cuja validade está fundada na ordem eterna de Melquisedeque.

No caminho da obediência, que conduziu por sofrimentos, Jesus tornou-se o sumo sacerdote perfeito e ao mesmo tempo causa da salvação eterna. Assim como Jesus foi obediente ao Pai e entrou na glória, assim também o caminho dos fiéis leva à glória unicamente pela obediência e pelo sofrimento (At 14.22. Tm 3.12).

As linhas divinas de salvação da antiga aliança valem igualmente para a igreja da nova aliança. Ao mesmo tempo, porém, o serviço e a glória dos mensageiros de Deus do AT foram cumpridos e superados por intermédio de Jesus Cristo. A imensurável magnitude da dádiva de Deus em Jesus Cristo reluz do fundo histórico do povo de Israel do AT e de seu sumo sacerdócio.

Jesus Cristo é a grande dádiva de Deus. É dela que jorra para nós a força de que precisamos para perseverar na trajetória do discipulado, ainda que sob graves dificuldades internas e externas.
 Consultas:
GONÇALVES José. Comentarista da Lição Bíblica para Adultos EBD CPAD no 1º Trimestre 2018.  A Supremacia de Cristo: Fé, esperança e ânimo na Carta aos Hebreus
GONÇALVES José. .  A Supremacia de Cristo: Fé, esperança e ânimo na Carta aos Hebreus. Editora CPAD. Rio de Janeiro. Outubro, 2017
HENRICHSEN Walter A. Depois do Sacrifício – Estudo da carta aos Hebreus. Editora Vida. São Paulo 1996
LAUBACH Fritz. Carta aos Hebreus – Comentário Esperança. Editora Esperança. Curitiba, 2013
BOCH Darrell L. e GLASER Mitch. O Servo Sofredor – Editora Cultura Cristã. São Paulo, 2015
CHAFFER. Teologia Sistemática. Vl 7 & 8. Editora Hagnus. São Paulo, 2008
Bíblia do Pregador Pentecostal

CHAMPLIN. Novo Testamento Interpretado Versículo por versículo. Vl 5. Editora  Hagnus. São Paulo, 2012

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