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terça-feira, 20 de fevereiro de 2018

Lição 08 - Uma Aliança Superior - 25.02.2018

Subsídios Teológicos e Bibliológicos para Estudo sobre:
 Lição 08 - Uma Aliança Superior - 25.02.2018
Texto Bíblico: Hebreus 8.1-10
Por: Pr. João Barbosa

Aliança – É um pacto ou contrato entre duas partes, que as obriga mutuamente a assumir compromissos cada uma em prol da outra.

Teologicamente quando usado a respeito dos relacionamentos entre Deus e o homem denota um compromisso gracioso da parte de Deus no sentido de abençoar e beneficiar o homem e, especificamente, aqueles homens que, pela fé, recebem as promessas e se obrigam a cumprirem os deveres envolvidos nesse compromisso.

Jeremias foi o primeiro homem de Deus a falar de uma nova aliança na sua profecia acerca de uma grande obra de salvação que Deus realizaria em algum tempo no futuro (Jr 31.31-34).

Substancialmente, a profecia de Jeremias a respeito da nova aliança tem fortes afinidades com outros textos proféticos que retratam o triunfo e a consumação do reino de Deus no mundo (Jr 32.36-41; 33.14-26; Is 11.6-9; 54.11-15; 59.20-21; Ez 16.59-63).

O termo é encontrado seis vezes no NT (1Co 11.25; 2Co 3.6; Hb 8.8; 9.15; 12.24). Na teologia cristã de modo geral, a nova aliança tem sido identificada com a dispensação cristã, com a ordem religio-histórica introduzida por Cristo e pelos apóstolos.

Sendo assim, é o cumprimento das promessas da antiga aliança, e é consideravelmente melhor do que a anterior, em virtude de oferecer uma visão mais nítida de Cristo e da redenção, da sua experiência mais rica do Espírito Santo e da maior liberdade que outorga aos crentes.

Especialmente na teologia reformada, como resultado da reflexão cuidadosa sobre a doutrina bíblica das alianças, a nova aliança veio a receber um aspecto duplo.

Levando-se em conta que sempre houve uma só aliança entre Deus e o seu povo, da qual Cristo é o mediador, e o fato de que em Jeremias e no NT o termo “nova aliança” é sinônimo do evangelho de Cristo e a aplicação divina da credenção, a nova aliança foi identificada, de modo rigoroso, com aquela força de aliança da graça manifestada depois da encarnação e, de modo mais amplo, com a aliança da graça no sentido geral.

A profecia de Jeremias a respeito de uma nova aliança fala da consumação final do reino de Deus. No pensamento do apóstolo Paulo e em Hebreus o contraste entre a antiga e a nova aliança tem a ver, não com distinções relativas entre as duas dispensações da aliança da graça de Deus que se sucede uma após outra na sequência do tempo.

Por um lado o formalismo, o legalismo, a descrença e a falta de fé da parte de Israel do AT; por outro lado a experiência genuína da salvação vivida por todos os crentes.

A necessidade do Sacerdócio: É a pecaminosidade universal do homem que torna necessário um sacerdócio que ofereça sacrifícios. Os sacrifícios oferecidos rfealizam ou simbolizam os meios para reconciliação entre o homem pecador e o seu criador santo.

A função do sacerdócio, portanto, é uma função mediadora. A outorga da lei através de Moisés está associada à instituição do sacerdócio araônico ou levítico. A lei e o sacerdócio são simultâneos na sua origem e inseparáveis na sua operação (Hb 7.11).  A razão disso é que os israelitas, assim como o restante da humanidade eram pecadores e, portanto, ao serem confrontados com a lei, que é o padrão divino da retidão, eram violadores desta.

Sem dúvida, a lei dada por Deus é santa, justa, boa e espiritual (Rm 7.12,14) e, como tal, demarca o caminho da vida: Ao guardar fielmente os seus preceitos, o homem viverá (Lv 18.5; Ne 9.29; Mt 19.16,17; Rm 10.5; Gl 3.12).

Mas o problema radical do homem é que ele é pecador. A lei desmascara o homem e revela o que ele é: um violador da lei; e “O salário do pecado é a morte” (Rm 6.23; Ez 18.4,20 ; Gn 2.17).

Consequentemente, Paulo escreve: “E o mandamento que me fora para a vida, vereifiquei que este mesmo se me tornou para a morte” (Rm 7.10).

Não que haja algo errado com a lei; a culpa é do homem que viola a lei (Rm 7.13). Dai a necessidade de a formulação da lei ser acompanhada pela instituição de um sacerdócio para mediar de modo redentor entre Deus e o pecador que violou a sua lei e precisa ser restaurado da morte para a vida.

O sacerdócio no AT: O sacerdócio da antiga aliança não podia efetivar a realidade da reconciliação prenunciada pela sua função sacrificial. Seu caráter era preparatório; retratava o princípio do sacrifício propiciatório, mas não o cumprimento daquele princípio.

Sua imperfeição, que despertou o anseio e a expectativa pela provisão do sacerdócio perpétuo, era aparente pelas seguintes razões:

a) Enquanto ainda estava em atividade, um novo sacerdócio de uma ordem diferente, a de Melquisedeque, foi mencionada profeticamente (Sl 110.4). Se o sacerdócio existente tivesse sido perfeito, naõ teria havido nenhuma razão para se anunciar outra ordem sacerdotal |(Hb 7.11)

b) Durantec o período em que a aliança antiga, ou mosaica, estava em vigor, foi dada a promessa de uma nova aliança, cuja inauguração importaria em colocar a lei de Deus no coração de seu povo, e na remoção de seus pecados para sempre (Jr 31.31).

Fica claro que “se aquela primeira aliança tivesse sido sem defeito, de maneira alguma uma nova aliança estaria sendo buscado lugar para a segunda” (Hb 8.7).

c) A própria multiplicidade dos sacerdotes da ordem antiga envolvia a necessidade de uma sucessão sacerdotal, porque em sequencia interminável, eram levados a morte, e, portanto, impedidos pela morte de continuar” no cargo (Hb 7.23).

Esse fato indicava a necessidade de um sacerdote cujo sacerdócio fosse perpétuo e eterno, alguém que seria “sacerdote para sempre” (Sl 110.4).

d) Não somente eram mortais os sacerdotes da ordem antiga, como também eram pecadores, e, portanto, eles mesmos necessitavam da redenção e da reconciliação.

Consequentemente, antes de oferecerem sacrifícios pelo povo, eram obrigados a oferecer sacrifícios pelos seus próprios pecados – ação que claramente atestava a imperfeição do seu sacerdócio (Hb 5.32; 7.27).

e) A repetição interminável dos sacrifícios oferecidos pelo sacerdócio da ordem antiga, demontrava, por si só a insuficiência daquele sacrifício para lidar com o pecado de modo completo, satisfatório e final.

Se o sacrifício perfeito para toda a eternidade tivesse sido oferecido, já não se ofereceriam mais sacrifícios: a repetição era uma marca da sua incompetência (Hb 10.1,2).

f) A própria natureza desses sacrifícios deu mais evidência à sua incapacidade de realizar aquilo que prenunciavam. Os animais oferecidos eram sacrificados no lugar do pecador, o que simbolizava a transferência do pecado deste para uma vida inocente e sua expiação pela morte vicária daquela vítima.

Mas um animal irracional e bruto, sem entendimento, nunca poderia ser um substituto apropriado para o homem que foi criado à imagem de Deus. É por isso que “É impossível que sangue de touros e de bodes remova pecados” (Hb 10.4).

Cristo como sumo sacerdote – O propósito da antiga ordem do sacerdócio era ensinar ao povo que a expiação pelos pecados exige a provisão de uma vítima inocente no lugar do pecador, e o derramamento do sangue quando aquela vítima sofre a morte que o pecador merecia.

A ordem levítica não podia efetuar essa expiação, mas conservava viva a expectariva do sacerdote perfeito e do oferecimento do sacerdote perfeito a fim de cumprir as promessas evangélicas contidas nas escrituras do AT.

A nova ordem do sacerdócio é a de Melquisedeque, e consiste na pessoa singular que é nosso Redentor Jesus Cristo (Hb 7). A perfeição do seu sacerdócio é  confirmada pelo fato  de que ele é para sempre (Sl 110.4), que o seu sacrifício foi oferecido de uma vez por todas (Hb 7.27).

E que, ele com sua obra de expiação já completada agora está intronizado na glória (Hb 1.3; 8.1; 10.12; 12.2). A perfeição do seu sacerdócio é estabelecida pela impecabilidade da sua vida terrestre como o filho encarnado, nosso próximo como ser humano.

O significado disso é que, em contraste com o primeiro Adão, que sofreu derrota e, na sua queda, arrastou consigo a raça humana, Jesus, “o último Adão” (1Co 15.45,47), tomou sobre si a nossa humanidade a fim de redimí-la e leva-la em si próprio para uma posição gloriosa que sempre tinha sido o seu destino.

Isto significa que ao ir para a cruz, aquele que estava sem pecado tomou sobre si os nossos pecados e sofreu a rejeição e a morte devida a nós, os pecadores, “O justo pelo injustos” (1Pe 2.22-24; 3.18; Hb 4.15. 7.26,27), como a vítima inocente fornecida pela graça e pela misericórdia de Deus (1Pe 1.18,19).

Isso significa, ainda, que ele não é apenas o nosso sacerdote sacrificador, como também o sacrifício em si mesmo, porque foi a si mesmo que ele ofereceu por nós, e, portanto, nele temos a provisão do substituto perfeito, um equivalente genuíno, nosso próximo (Hb 12.14,15), que verdadeiramente toma o nosso lugar.


Por isso, recebemos a certeza de que, pela vontade de Deus “temos sido santificados, mediante a oferta do corpo de Jesus Cristo, uma vez por todas”, porque ele “com uma única oferta aperfeiçoou para sempre quantos estão sendo santificados” (Hb 10.14).

A nova ordem do sacerdócio cumprida na única pessoa de Cristo substituiu totalmente a ordem antiga. Com Cristo como nosso único grande sumo sacerdote que vive para sempre, agora não há lugar para qualquer sucessão de sacerdotes santificadores, nem necessidade deles. Em Cristo Jesus, tanto o sacerdócio como os sacrifícios foram cumpridos e finalizados.

O sacerdócio dos crentes – Permanece, no entanto, um sacerdócio que pertence àqueles que, pela fé, foram unidos com, Cristo. Costuma-se chamá-lo “o sacerdócio de todos os crentes”.

É por isso que Pedro descreve os cristãos como “sacerdócio santo” cuja função é “oferecer sacrifícios espirituais, agradáveis a Deus por intermédio de Jesus Cristo” (1Pe 2.5).

Esses sacrifícios espirituais, não são, de modo algum, sacrifícios de redenção, mas, sacrifícios de gratidão a Deus pelo sacrifício de Cristo, o único sacrifício redentor totalmente suficiente, quando ele ofereceu no Calvário, por nós pecadores.

Por esta razão que o apóstolo Paulo exorta a todos: “Apresentai os vossos corpos em sacrifício vivo, santo e agradável a Deus” (Rm 12.1). E, ao nos sacrificarmos de boa vontade, expressamos o nosso sacerdócio espiritual nos atos de louvor e gratidão, e no serviço altruísta ao nosso próximo, quando ministramos as suas necessidades.

O exercício desse sacerdócio é resumido nas palavras de (Hb 13.15,16): “Por meio de Jesus, pois, ofereçamos a Deus, sempre, sacrifício de louvor, que e o fruto dos lábios que confessam o seu nome. Não negligencieis igualmente a prática do bem e a mútua cooperação; pois com tais sacrifícios Deus se compraz”.

Todos os cristãos são igualmente sacerdotes, porém, nos ofícios ministeriais enumerados em (1Co 12.28 e Ef 4.11), há um silêncio total a respeito das funções sacerdotais: Porque o cargo mais exaltado da igreja, o dom mais sublime do Espírito, não transmite nenhum direito sacerdotal que não fosse desfrutado pelo membro mais humilde da comunidade cristã.

Cada membro individual tem comunhão pessoal com a cabeça – Cristo. A pessoa tem responsabilidade imediata diante dele, e diretamente dele ela obtém perdão e adquire força.

Consultas:
GONÇALVES José. Comentarista da Lição Bíblica para Adultos EBD CPAD no 1º Trimestre 2018.  A Supremacia de Cristo: Fé, esperança e ânimo na Carta aos Hebreus
GONÇALVES José. .  A Supremacia de Cristo: Fé, esperança e ânimo na Carta aos Hebreus. Editora CPAD. Rio de Janeiro. Outubro, 2017
HENRICHSEN Walter A. Depois do Sacrifício – Estudo da carta aos Hebreus. Editora Vida. São Paulo 1996
LAUBACH Fritz. Carta aos Hebreus – Comentário Esperança. Editora Esperança. Curitiba, 2013
BOCH Darrell L. e GLASER Mitch. O Servo Sofredor – Editora Cultura Cristã. São Paulo, 2015
CHAFFER. Teologia Sistemática. Vl 7 & 8. Editora Hagnus. São Paulo, 2008
BROWN, Raymond e outros. Novo Comentário Bíblico São Jerônimo – Antigo Testamento. Editora Academia Cristã. São Paulo, 2007
Bíblia do Pregador Pentecostal
ELWELL Walter A. Enciclopédia Histórico-Teológica da Igreja Cristá. Editora Vida Nova. SPaulo 2009
BARNETT. John D. O Tabernáculo, Cristo e o Cristão. Série Antigo Testamento-2. Editora Cristã Evangélica. São Paulo, 2009

CHAMPLIN. Novo Testamento Interpretado Versículo por versículo. Vl 5. Editora  Hagnus. São Paulo, 2012

quinta-feira, 15 de fevereiro de 2018

Lição 07 - Jesus - Sumo Sacerdote de uma Ordem Superior - 18.02.2018

Subsídios Teológicos e Bibliológicos para Estudo sobre:
  Lição 07 - Jesus - Sumo Sacerdote de uma Ordem Superior - 18.02.2018
Texto Bíblico: Hebreus 7.1-19
Por: Pr. João Barbosa

Nesta lição queremos destacar no sacerdócio levítico sua origem, formação e substituição pelo sacerdócio eterno de nosso Senhor Jesus Cristo, o qual não procede da ordem Arônica, mas, da ordem de Melquisedeque (Sl 110.4).

Em Números 8.14, o texto bíblico destaca a ordem do Senhor para que os levitas fossem separados para o serviço sagrado. Levi foi o terceiro filho de Jacó com Léia. Seu nome significa “ungido”, significado que está associado à declaração que sua mãe fez quando ele nasceu:

“Agora, esta vez se ajuntará meu marido comigo... por isso chamou o seu nome Levi” (Gn 29.34). Apesar de Levi ter participado com o seu irmão Simeão da vingança traiçoeira contra os homens de Siquém, Levi se redimiu ao longo de sua trajetória, ao mostrar zelo espiritual pelas coisas de Deus.

Este cuidado lhe rendeu a escolha divina como a tribo sacerdotal. Tanto a vida de Levi como a de seus descendentes traz profundas lições espirituais para os nossos dias.

Levi e Simeão se uniram numa vingança brutal contra homens indefesos e vulneráveis, o que rendeu aqueles dois irmãos duras críticas e reprovação por parte do patriarca Jacó, seu pai, na hora de impetrar-lhes a bênção patriarcal (Gn 49.5-7).

Levi porém, durante a sua vida teve um melhor comportamento do que seu irmão Simeão em todo decorrer da sua história. Em Exodo 32.25,26 lemos que quando Moisés desceu do monte, “vendo que o povo estava despido, porque Arão os havia despidos para vergonha entre os seus inimigos, pôs-se em pé na porta do arraial e disse: Quem é do Senhor venha até mim. Então, se ajuntaram a eles todos os filhos de Levi”.

Após ter pecado contra o Senhor, na idolatria do bezerro de ouro, o povo de Israel perdeu de vez a compostura e a vergonha, levando Moisés a colocá-los no devido lugar.

Para isso, Moisés precisa que os israelitas saíssem de cima do muro e demonstrassem fidelidade e lealdade para com o Senhor. Nesta ocasião, só os levitas se poscionaram ao lado do Senhor, não culpando nem seus parentes envolvidos na idolatria.

Este ato zeloso dos levitas lhes rendeu o privilégio e a honra de serem escolhidos por Deus como a tribo sacerdotal de Israel. Os levitas se tornaram “a elite espiritual” com respeito ao ministério da casa do Senhor (Nm 1.50,51; 1Cr 15.2).

Em Nm 8.14, foi o Senhor Deus quem confirmou a escolha de Levi para o ministério da casa do Senhor, dizendo: “Separarás os levitas do meio dos filhos de Israel, para que os levitas sejam meus”.

Em Nm 17.1-10, vemos os filhos de Levi mais uma vez mostrando sua liderança espiritual quando foi contestado pelo povo, o próprio Deus confirmou a escolha dos levitas, fazendo a vara de Arão florescer entre as doze varas colocadas diante do Senhor, cada uma com o nome de uma das doze tribos de Israel.

Ainda em Nm 25.1-13, há um novo exemplo do ocorrido com o bezerro de ouro, Israel voltou a pecar contra o senhor, envolvendo-se com mulheres idólatras que adoravam Baal-Peor; então, mais uma vez, um descendente de Levi, chamado Finéias, firmou-se ao lado do Senhor, fazendo expiação pelos filhos de Israel, ao eliminar um homem israelita que praticava orgias sexuais com uma daquelas mulheres pagãs que adorava a Baal-Peor.

Esse zelo de Finéias demonstrado pelas coisas espirituais rendeu a ele e a seus descendentes a promessa de um sacerdócio perpétuo (Nm 25.10-13).

Enquanto Simeão foi esquecido na bènção profética que Moisés proferiu sobre as tribos de Israel, Levi foi destacado por sua atuação sacerdotal.

“E de Levi disse: Teu Tumin e teu Urin são para teu amado que tu provastes emassar, com que contendestes nas águas de Meribá... pois guardaram a tua palavra e observaram o teu concerto. Ensinaram os teus juízos a Jacó e a tua lei a Israel; Levaram incenso ao teu nariz e o holocausto sobre o teu altar” (Dt 33.8-10).

Em 1Cr 15.2 quando em uma tentativa frustrada de Davi de conduzir a arca da aliança para Jerusalém sem a participação dos levitas, o rei Davi teve que se render às ordens de Deus: “Então disse Davi: ninguém pode levar a arca de Deus senão os levitas; porque o Senhor os elegeu, para levarem a arca do Senhor e o servirem eternamente”.

Em Hb 5.4, é dito “Ninguém toma para si esta honra, senão aquele que é chamado por Deus como Arão”. Se a exclusividade do sacerdócio da casa do Senhor foi dado a Arão, o que seria dos ministros de hoje que não são levitas e muito menos descendentes de Arão?

É quando Jesus Cristo entra na história para quebrar este monopólio sacerdotal. O escritor da carta aos Hebreus explica esta questão: “Porque, mudando-se o sacerdócio, necessariamente se faz também  mudança da lei. Porque aquele de quem essas coisas se dizem pertence a outra tribo, da qual ninguém serviu ao altar; visto ser manifesto que nosso Senhor procedeu de Judá, e concernente a essa tribo nunca Moisés falou de sacerdócio” (Hb 7.12-14).

Em Hb 8.6, a respeito de Jesus diz assim o escritor desta carta: “Mas agora alcançou ele ministério tanto mais excelente, quanto é mediador de um melhor concerto, que está confirmado em melhores promessas”.

Com base nisso, Jesus Cristo é aquele que nos ama, e em seu sangue nos lavou dos nossos pecados, e nos fez reis e sacerdotes para Deus seu Pai, a Ele, glória e poder para todo sempre. Amém” (Ap 1.5,6).

Vemos nessa exposição sobre a vida de Levi, que Deus muda a nossa sorte para melhor e escreve uma história de sucesso para todos aqueles que se mostram zelosos para com Ele. E, agora, sobre a nova aliança, somos “os levitas”, separados pelo Senhor para uma grande obra.

Se no passado Israel tinha Arão como sumo sacerdote; agora, nos dias presentes temos Jesus Cristo como nosso sumo sacerdote celestial e eterno.

Duas linhas histórico salvífica do sacerdócio dominam o pensamento do AT: A primeira linha é terrena, e vai de Abraão até Arão e seus descendentes, passando por Levi, e outra celestial, que começa com Melquisedeque. Ela leva a Davi, que nesse contexto torna-se mediador da promessa porque lhe foi confiada a palavra do rei sacerdote messiânico vindouro.

“Quando teus dias se cumprirem e descansarem com teus pais, então, farei levantar depois de ti o teu descendente, que procederá de ti, e estabelecerei o seu reino. A tua casa e o teu reino serão firmados para sempre diante de ti; teu trono será estabelecido para sempre” (2Sm 7.12,16).

A linha sacerdotal celestial desemboca no messias vindouro, ela aponta para Cristo. Apesar de que os sacerdotes, filhos de Levi e Arão, recebem o dízimo da mesma forma como Melquisedeque o recebeu de Abraão, eles nem por isso são equiparados a Melquisedeque enquanto sacerdotes.

Prossegue o escritor da carta aos hebreus: Considerai, pois, como era grande esse a quem Abraão, o patriarca, pagou o dízimo tirado dos despojos. Abraão é o iniciador do povo de Deus no AT e ao mesmo tempo o pai na fé dos crentes do NT, no que possui significado duradouro.

Enquanto no AT Abrão é designado como príncipe de Deus (Gn 23.6) e amigo de Deus (Is 41.8), o escritor está falando de Abraão como patriarca. O que se relata ao seu respeito possui conotação simbólica.

Abraão entregou o dízimo a Melquisedeque. Este dízimo ele retirou dos despojos. No decurso dos acontecimentos do AT nos é relatado pela primeira vez que o dízimo é oferecido. A entrega do dízimo por Abraão a Melquisedeque (Gn 14.20), não aparece de modo isolado nas sagradas escrituras.

Com a maior naturalidade o escritor da carta aos Hebreus relaciona diretamente no presente texto de Hb 7.4-10. Diz o texto: “Considerai, pois, como era grande esse a quem Abraão, pagou o dízimo tirado dos melhores despojos.

Ora, os que dentre os filhos de Levi recebem o sacerdócio tem mandamento de recolher de acordo com a lei, os dízimos do povo, ou seja, dos seus irmãos, embora tenham esses descendidos de Abraão; entretanto, aquele cuja genealogia não se inclui entre eles recebeu dízimo de Abrão e abençoou o que tinha as promessas.

Evidentemente, é fora de qualquer dúvida que o inferior é abençoado pelo superior. Aliás, aqui são homens mortais que recebem dízimos, porém ali, aqueles de quem se testifica que vive.

E, por assim dizer, também Levi, que recebe dízimos, pagou-os na pessoa de Abraão. Porque aquele ainda não tinha sido gerado por seu pai quando Melquisedeque lhe saiu ao encontro.

Muito antes da legislação do Sinai os patriarcas tinham conhecimento da prática do dízimo (Gn 14.20; 28.22) constituindo, expressão visível de sua gratidão e confissão de sua dependência a Deus.

A importância espiritual também ficou preservada em época posterior. Ao mesmo tempo, a entrega pontual e conscenciosa do dízimo deveria tornar-se um exercício espiritual permanente no temor a Deus (Dt 14.22,23) e um meio para que possamos receber as bênçãos de Deus (Dt 14.28,29).

Para cada israelita deveria ser possível experimentar a confiabilidade das promessas divinas quando se rendesse plenamente na fé em Deus (Ml 3.10; Pv 3.9,10). Toda vez que um israelita entregava o dízimo ele se via colocado por Deus diante de perguntas fundamentais.

De quem obténs as tuas dádivas? Que estás recebendo? A quem deves prestar uma oferta? Que é que deves ofertar? Que significa para ti essa dádiva? Como estás ofertando? São perguntas sobre as quais também o fiel crente do NT deve refletir constantemente. O israelita tinha que dá resposta pessoal a estas perguntas na sua vida prática.

Quando Deus concedia a seu povo tempo de bênçãos especiais e de recomeço espiritual como, por exemplo, sob o rei Ezequias e sob Neemias, a Bíblia informa sobre o cumprimento alegre do dever do dízimo (2Cr 31.5,6,12; Ne 10.38,39; 12.44; 13.5,12).

Deus aceitava a confissão humilde de dependência por parte das pessoas ao entregarem ao dízimo, abençoando-a. Em oposição a isso acontecia a entrega não espiritual do dízimo, na qual o ser humano não vive com a posição apropriada do coração perante Deus. Contra essa atitude profere-se a palavra da condenação (Am 4.4; Mt 23.23; Lc 11.42; 18.12). Todo dízimo que é trazido a casa de Deus, em último análise é entregue a Deus.

No cap. 7 de Hebreus constatamos que o interesse do escritor não se concentra nos pormenores da ordem do dízimo, mas no relacionamento que se encontram Abraão, os levitas e Melquisedeque por ocasião da entrega do dízimo.

Toda ordem do dízimo do AT, está alicerçada, em última análise, sobre Abraão. Ele mesmo pagou o dízimo a Melquisedeque. Agora o escritor da carta ressalta que uma seleção dos descendentes de Abraão, os sacerdotes da tribo de Levi, recolhe o dízimo, de seus irmãos.

Os israelitas entregavam seu dízimo a sacerdotes que eram de origem humana, cuja genealogia pode ser traçada até Abraão. Abraão, porém, pagou o dízimo a um sacerdote que era de procedência celestial.

A existência de Melquisedeque perante Deus, é única e incomparável. Em Melquisedeque, Deus estabeleceu um sacerdócio fora da lei,  um ministério sem base e sem descendência legais.

É por essa razão que a palavra de bênção de Melquisedeque também foi particularmente eficaz na vida de Abraão, proporcionando-lhe participação nas dádivas e na riqueza de Deus.

Isto é entendido na seguinte frase: Evidentemente, é fora de qualquer dúvida que o inferior é abençoado pelo superior. O que o escritor de Hebreus visa é destacar a superioridade de Melquisedeque sobre Abraão e o sacerdócio levítico.

Observamos que agora ele não aborda o dízimo e sim a bênção. A diferença entre os “inferiores” e o “melhor” não reside nos padrões humanos de dignidade e posição social, mas na confirmação de Deus e no preenchimento com autoridade espiritual.

Na bênção sempre se trata da autoridade que é proporcionada ao ser humano sacerdotal pelo convívio pessoal com o Senhor, pela vida em sua proximidade.

Melquisedeque recebeu o dízimo de Abraão. Levi e seus descendentes também recebem o dízimo de seus irmãos. Ambos estão no mesmo nível? É precisamente isso que o escritor aos Hebreus nega. Ele ressalta que também os levitas entregaram o dízimo a Melquisedeque através de Abraão.

Logo, encontram-se numa relação de dependência dele. Somos remetidos a um acontecimento de cunho providencial que excede os limites da existência pessoal de cada um. Como podemos entender isso? No pensamento bíblico, o ancestral e patriarca é a corporificação de toda a sua descendência. Levi foi um bisneto de Abraão e ainda não era nascido quando Abraão encontrou Melquisedeque.

Contudo, assim como Levi representava em sua pessoa o sacerdócio israelita de todos os séculos subsequentes, assim também pode ser dito a respeito dele que na pessoa de seu ancestral Abraão ele pagou o dízimo a Melquisedeque.

Em outras palavras; com a entrega do dízimo a Melquisedeque, Abraão tomou uma decisão cujas consequências se estendem sobre todas as gerações futuras. Para essa correlação também existe um paralelo no NT.

Sem que tivéssemos contribuído pessoalmente para essa situação  todos nós nos encontramos numa ligação providencial com o primeiro homem Adão, com sua culpa original e com a fatalidade da morte.

Do mesmo modo, porém, estamos também em ligação providencial com Cristo, uma vez que sua ressurreição tornou-se o fundamento do fato de que um dia todas as pessoas ressuscitarão (Rm 5.12; 1Co 5.21).

O escritor também comprova uma ligação de destinos desse tipo de Abraão, Levi e os sacerdotes levitas. Levi, o ancestral dos sacerdotes israelitas, “ainda estava nos lombos de seu pai, quando Melquisedeque llhe saiu ao encontro”.

Nos vs. 4-10 do cap. 7 de Hebreus, o escritor fala do sacerdócio e do recebimento do dízimo. Agora ele enfoca mais de perto a relação entre sacerdócio e lei (vs. 11 e 17).

Que necessidade haveria ainda que se levantasse outro sacerdote, segundo a ordem de Melquisedeque, e não fosse contado segundo a ordem de Arão? Afinal, o próprio Deus havia concedido a seu povo, por ocasião da celebração no pacto do Sinai, uma ordem sacerdotal válida.

Lei e sacerdócio estavam ancorados conjuntamente na aliança que Deus havia firmado com o seu povo. Israel tinha consciência do compromisso que significavam os estatutos legais dessa aliança.

“Cumpriremos todos os mandamentos que o Senhor ordenou” foi esta a confissão de todos os israelitas (Ex 24.3-8). Porque Deus queria estabelecer a vigência de outra ordem sacerdotal:

“De sorte que, se a perfeição fosse pelo sacerdócio levítico (porque sobre ele o povo recebeu a lei), que necessidade havia logo de que outro sacerdote se levantasse, segundo as ordem de Melquisedeque, e não fosse chamado segundo a ordem de Arão? Porque, mudando-se o sacerdócio, necessariamente se faz também mudança da lei”.

Pois é evidente que nosso Senhor procedeu de Judá, tribo a qual Moisés nunca atribuiu sacerdotes. A promessa messiânica que Jacó emitira sobre a tribo de Judá (Gn 49.8-12), e que Deus renovou no auge do profetismo (Is 11.11), é confirmada na nova aliança em Jesus Cristo (Mt 6.2; Ap 5.5).

É nele, o “leão da tribo de Judá”, que o reinado e sacerdócio estarão unificados (Sl 110.1,4; Zc 6.11). Contudo, não é somente no fato de que o sumo sacerdote do povo de Deus é oriundo da tribo de Judá que se torna claro que Deus quebrou a ordem sacerdotal da antiga aliança.

Por sua natureza, o novo sumo sacerdote está numa relação imediata com Melquisedeque. Seu sacerdócio está fundamentado sobre uma ordem sacerdotal original de Deus.


Consultas:
GONÇALVES José. Comentarista da Lição Bíblica para Adultos EBD CPAD no 1º Trimestre 2018.  A Supremacia de Cristo: Fé, esperança e ânimo na Carta aos Hebreus
GONÇALVES José. .  A Supremacia de Cristo: Fé, esperança e ânimo na Carta aos Hebreus. Editora CPAD. Rio de Janeiro. Outubro, 2017
HENRICHSEN Walter A. Depois do Sacrifício – Estudo da carta aos Hebreus. Editora Vida. São Paulo 1996
LAUBACH Fritz. Carta aos Hebreus – Comentário Esperança. Editora Esperança. Curitiba, 2013
BOCH Darrell L. e GLASER Mitch. O Servo Sofredor – Editora Cultura Cristã. São Paulo, 2015
CHAFFER. Teologia Sistemática. Vl 7 & 8. Editora Hagnus. São Paulo, 2008
BROWN, Raymond e outros. Novo Comentário Bíblico São Jerônimo – Antigo Testamento. Editora Academia Cristã. São Paulo, 2007
Bíblia do Pregador Pentecostal

CHAMPLIN. Novo Testamento Interpretado Versículo por versículo. Vl 5. Editora  Hagnus. São Paulo, 2012

sexta-feira, 9 de fevereiro de 2018

Lição 06 - Perseverança e Fé em Tempo de Apostasia - 11.02.2018

Subsídios Teológicos e Bibliológicos para Estudo sobre:
  Lição 06 - Perseverança e Fé em Tempo de Apostasia - 11.02.2018
Texto Bíblico: Hebreus 6.1-15
Por: Pr. João Barbosa

Prosseguindo progressivamente no estudo da carta aos Hebreus chegamos ao que alguns teólogos chamam de problemático capítulo 6.

Se quisermos entender os problemas desta passagem particularmente dos versículos 4 a 6, devemos primeiramente procurar compreender o contexto em que o capítulo 6 está colocado.

No capítulo 3 encontramos Israel em Cades-Barnéia, no limiar da terra prometida. Um encontro com os gigantes fez os israelitas perderem o ânimo e duvidarem da promessa de Deus.

Esta demonstração de incredulidade e revolta contra Moisés, Josué e Arão, rompeu a comunhão com Deus e resultou na trágica peregrinação pelo deserto durante quarenta anos.

Fora da terra prometida, incapaz de reclamar a promessa de Deus, com uma posição indefinida, e falta de certeza, a nação hebraica perambulou sem rumo até que tivesse morrido todas as pessoas culpadas de incredulidade.

O que aconteceu a Israel pode acontecer a qualquer crente nos dias de hoje. Este foi o tema do capítulo 4. O descanso de Deus, no qual se entra mediante a fé nas promessas divinas, tem estado disponível aos filhos de Deus em todas as gerações.

É verdade que nem todos que foram sepultados no deserto perderam a salvação; por exemplo, Moisés, Arão, Miriã. O que perderam foi a benção de Deus. Isto é, sua entrada no descanso prometido – Canaã.

Depois de dar atenção especial à eternidade do descanso de Deus, o escritor desta carta prossegue no capítulo 4, discutindo um dos obstáculos mais comuns que o cristão enfrenta ao entrar neste descanso, a saber, o reconhecimento de que é total e incondicionalmente aceito por Deus.

Jesus Cristo nos aceita pelo que somos, e não por quem ele deseja que sejamos. A aceitação da presença de nosso Senhor Jesus Cristo não é a base do que fazemnos por ele, mas em virtude do que ele fez e continua a fazer por nós.

Todos nós sabemos que espécie de cristãos somos, pecador, vulgar, vil, e plenamente capaz de cometer toda sorte de pecado que a Bíblia menciona. Por isso, quando Deus contraria nossos sentimentos , dizemos: “Eu o conheço bem; não obstante, eu o aceito”.

Se permitirmos que esta grande verdade divina nos escape das mãos por duvidar da veracidade de Deus, devemos reverter à incredulidade e acompanhar Israel numa experiência pelo deserto. 

Dai a admoestação do escritor: “Temamos portanto, que, sendo-nos deixado a promessa de entrar no descanso de Deus, suceda parecer que alguns de vós tenha falhado” (Hb 4.1). Ignorar esta admoestação é tornar-se um “cristão vacilante”.

Jesus Cristo possibilita nossa aceitação por Deus. esta é sua função como nosso sumo sacerdote. O autor de Hebreus continua examinando essa obra sumo sacerdotal de nosso Senhor Jesus Cristo.

No capítulo 2, verso 14 da carta aos Hebreus ele nos informa que foi Jesus que nos libertou das obras do Diabo e livrou-nos da escravidão (Hb 2.15), reconciliou-nos com Deus, e permitindo-nos com isso livre acesso à sua presença.

Os capítulos 3 a 10 retratam várias fases desta verdade. É o cristão estável que reconheceu suas implicações e passou, da certeza para a maturidade.

No capítulo 5 observamos que o escritor desta carta expressa sua frustração por causa da imaturidade de seus leitores. Vejamos o argumento com o qual ele começa a terceira advertência Em Hebreus 5.11-14, quando ele menciona as condições em que se encontravam aqueles irmãos.

Mesmo com o tempo que tinham de fé eram como crianças que espiritualmente ainda precisavam de leite e não de alimento sólido, e que alguns deles já podiam até ser mestres pelo tempo de fé, ainda precisavam conhecer os primeiros rudimentos do cristianismo.

Em Hebreus 6.1-6, a oração inicial dá-nos uma vista quanto ao que está errado. Aqueles cristãos em questão estavam “lançando a base de um novo arrependimento de obras mortas, e fé em Deus” (v.6.1).

A pessoa arrepende-se de “obras mortas” quando em desespero admite sua falência espiritual e declara haver colocado toda a sua fé em Deus. Isto constitui a experiência da conversão do crente.

Deus faz uma promessa: “Todo aquele que invocar o nome do Senhor, será salvo” (Rm 10.3). Aquele que busca crêr nas promessas de Deus e invoca o nome do Senhor, e desta maneira é salvo. Uma vez salvo, o crente se encontra na longa estrada que conduz à maturidade cristã.

Cheio de certeza, ele começa a estudar e a aplicar em sua vida as Escrituras. Mas depois de algum tempo descobre que as coisas não vão tão bem como esperava.

Alguma frustração na igreja, às vezes proveniente de um pecado que ele se julga incapaz de vencer, como um estudante universitário cai sobre si uma sombra de dúvida lançada por um professor ateu que crê que a ciência refuta a Bíblia ou de qualquer uma de dezenas de outras coisas no seu viver diário.

Mas, seja qual for a causa, o resultado é sempre o mesmo: culpa. A culpa, por sua vez, leva à introspecção. O cristão vacilante se vê pensando: “Se eu fosse realmente cristão, não teria feito isto. Talvez eu nunca tenha sido um cristão de verdade”.

Aquele crente em vez de crê nas promessas imutáveis de Deus, prefere admitir os sentimentos gerados por suas lamentáveis experiências. Começa a vacilar e entrega os pontos e mergulha em um deserto de incredulidade.

Sejam quais forem os motivos aparentes, o problema fundamental é sempre o mesmo: “Pode Deus realmente aceitar-me, considerando que sou tão cheio de pecados?” Sim, claro que pode, e é o que Deus faz.

Muitas vezes o crente se esquece que sua aceitação por parte de Deus está basseada no que Cristo fez e não no que ele está a fazer. A falha em compreender isto resulta em voltar o cristão à cruz.

Numa desesperada busca em outra experiência de conversão, ou, como diz o escritor: “Lançando de novo as bases do arrependimento de obras mortas, e de fé em Deus”.
Todo crente vacilante, quando topa com uma pedra de tropeço da auto aceitação, começa andar de um lado para o outro, dando voltas, afastando-se da maturidade, retornando, assim, a uma posição em que não há nenhuma certeza.

Assim aquele crente passa meses e anos sem nenhum progresso espiritual. Todo edifício precisa de um alicerce, mas somente um. Lance-o uma vez e lance-o bem. Havendo lançado o fundamento, não tente relança-lo periodicamente.

Vá em frente com a construção da estrutura. O fundamento de sua vida cristã agiuentará quaisquer vendaval; ele foi edificado sobre a promessa de Deus e não sobre a experiência pessoal. “Por isso”, diz o escritor, “deixemo-nos levar para o que é perfeito” (Hb 6.1).

De que maneira, como crente, tenho certeza confiando na verdade objetiva das palavras de Deus, em vez de confiar nos sentimentos subjetivos que procedem de minhas próprias experiências.

Quando a culpa e a dúvida começam a solapar a fé do crente e suas experiências ele deve por de lado seus sentimentos e aceitar o conselho da palavra de Deus.

Se o crente experimentou as doutrinas fundamentais, as que ensinam a tornar-se cristão, então ele é um salvo. Combinando o v. 4 com o v. 6 deste capítulo lemos: “É impossível, pois, que aqueles que experimentaram a salvação e caíram, sim, é impossível outra vez renová-los para arrependimento”.

A palavra grega para caíram v.6, tem o mesmo significado do verbo afastar, de Hb 3.12, a saber, “ofender”, “cair”, e “pecar”. Em resumo, a ideia do cap.6 é a mesma do cap. 3. Refere-se ao filho de Deus que deixa de crê nas promessas divinas e obedecer aos seus mandamentos.

De tais pessoas diz o escritor: “É impossível para elas renová-los para o arrependimento”. A palavra arrependimento é a mesma do verso 6.1, que traz a ideia de mover-se primeiro em uma direção, depois em outra; é sinônimo de conversão.

Em resumo, o escritor está dizendo que quando o cristão cai em pecados é impossível que ele seja renovado por meio de outra experiência de conversão. “É impossível outra vez renová-los para arrependimento, visto que, de novo, estão crucificando para si mesmo o Filho de Deus e espondo-o à ignomínia” (Hb 6.6).

Quando nos tornamos crentes em Cristo, fomos buscar a nossa experiência de conversão “na cruz de Cristo”. Como cristãos, ainda pecamos. O processo de santificação libertar-nos-á pouco a pouco do poder do pecado, mas nunca seremos libertos da presença do pecado.

Em uma de suas últimas cartas, Paulo referiu-se a si próprio como o principal dos pecadores (1Tm 1.15). Por isto, os que querem o perdão, o escritor aconselha: “Acheguemo-nos, portanto, confiadamente, junto ao trono da graça, a fim de recebermos misericórdia e acharmos graça para socorro em ocasião oportuna” (Hb 4.6).

Quando pecamos e entristecemos a Deus, temos o perdão garantido se tão somente recorrermos ao trono da graça. Não existem duas experiência de conversão. Jesus morreu uma única vez pelos nossos pecados.

A regeneração e a santificação ao longo de nossa vida espiritual é que nos conduz à plena comunhção com Deus.

Existe uma linha divisória entre o pecado voluntário e a misericórdia de Deus. Isto porque o pecado voluntário pode tornar-se uma blasfêmia contra o Espírito Santo.

“Porque todo pecado e blasfêmia serão perdoado aos homens; mas a blasfêmioa contra o Espírito santo não será perdoada. Se alguém proferir alguma blasfêmia contra o filho do homem ser-lhe-á perdoado; mas, se alguém falar contra o Espírito Santo, não lhe será isso perdoado, nem neste mundo nem no porvir.”

No AT, todo pecado podia ser perdoado através de um sacrifício oferecido no altar, mas para o pecado voluntário não havia perdão. Portanto, ninguém abuse da paciência de Deus, conforme diz Salomão: “Visto como se não executa logo a sentença sobre a má obra, o coração dos filhos dos homens está inteiramente disposto a praticar o mal”. Todo cristão deve ser um seguidor; devemos imitar as obras dos que se tornaram herdeiros das promessas de Deus (Hb 6.12). É o que devemos imitrar: a fé e a longanimidade.

Fé e longânimidade de quem você está imitando é a sua fé e longânimidade. É sua fé e longânimidade de tal qualidade que o Espírito Santo pode incentivar outros a imitá-lo.




Consultas:
GONÇALVES José. Comentarista da Lição Bíblica para Adultos EBD CPAD no 1º Trimestre 2018.  A Supremacia de Cristo: Fé, esperança e ânimo na Carta aos Hebreus
GONÇALVES José. .  A Supremacia de Cristo: Fé, esperança e ânimo na Carta aos Hebreus. Editora CPAD. Rio de Janeiro. Outubro, 2017
HENRICHSEN Walter A. Depois do Sacrifício – Estudo da carta aos Hebreus. Editora Vida. São Paulo 1996
LAUBACH Fritz. Carta aos Hebreus – Comentário Esperança. Editora Esperança. Curitiba, 2013
BOCH Darrell L. e GLASER Mitch. O Servo Sofredor – Editora Cultura Cristã. São Paulo, 2015
CHAFFER. Teologia Sistemática. Vl 7 & 8. Editora Hagnus. São Paulo, 2008
Bíblia do Pregador Pentecostal

CHAMPLIN. Novo Testamento Interpretado Versículo por versículo. Vl 5. Editora  Hagnus. São Paulo, 2012