Subsídios
Teológicos e Bibliológicos para Estudo sobre:
Lição 08 - Uma Aliança Superior - 25.02.2018
Texto Bíblico: Hebreus 8.1-10
Por: Pr. João Barbosa
Aliança – É um pacto ou contrato entre duas partes, que as obriga mutuamente a
assumir compromissos cada uma em prol da outra.
Teologicamente
quando usado a respeito dos relacionamentos entre Deus e o homem denota um
compromisso gracioso da parte de Deus no sentido de abençoar e beneficiar o homem
e, especificamente, aqueles homens que, pela fé, recebem as promessas e se
obrigam a cumprirem os deveres envolvidos nesse compromisso.
Jeremias foi
o primeiro homem de Deus a falar de uma nova aliança na sua profecia acerca de
uma grande obra de salvação que Deus realizaria em algum tempo no futuro (Jr
31.31-34).
Substancialmente,
a profecia de Jeremias a respeito da nova aliança tem fortes afinidades com
outros textos proféticos que retratam o triunfo e a consumação do reino de Deus
no mundo (Jr 32.36-41; 33.14-26; Is 11.6-9; 54.11-15; 59.20-21; Ez 16.59-63).
O termo é
encontrado seis vezes no NT (1Co 11.25; 2Co 3.6; Hb 8.8; 9.15; 12.24). Na
teologia cristã de modo geral, a nova aliança tem sido identificada com a
dispensação cristã, com a ordem religio-histórica introduzida por Cristo e
pelos apóstolos.
Sendo
assim, é o cumprimento das promessas da antiga aliança, e é consideravelmente
melhor do que a anterior, em virtude de oferecer uma visão mais nítida de
Cristo e da redenção, da sua experiência mais rica do Espírito Santo e da maior
liberdade que outorga aos crentes.
Especialmente
na teologia reformada, como resultado da reflexão cuidadosa sobre a doutrina bíblica
das alianças, a nova aliança veio a receber um aspecto duplo.
Levando-se
em conta que sempre houve uma só aliança entre Deus e o seu povo, da qual Cristo
é o mediador, e o fato de que em Jeremias e no NT o termo “nova aliança” é sinônimo
do evangelho de Cristo e a aplicação divina da credenção, a nova aliança foi
identificada, de modo rigoroso, com aquela força de aliança da graça
manifestada depois da encarnação e, de modo mais amplo, com a aliança da graça
no sentido geral.
A profecia de
Jeremias a respeito de uma nova aliança fala da consumação final do reino de
Deus. No pensamento do apóstolo Paulo e em Hebreus o contraste entre a antiga e
a nova aliança tem a ver, não com distinções relativas entre as duas dispensações
da aliança da graça de Deus que se sucede uma após outra na sequência do tempo.
Por um lado
o formalismo, o legalismo, a descrença e a falta de fé da parte de Israel do AT;
por outro lado a experiência genuína da salvação vivida por todos os crentes.
A necessidade do Sacerdócio: É a pecaminosidade universal do homem que torna necessário um sacerdócio
que ofereça sacrifícios. Os sacrifícios oferecidos rfealizam ou simbolizam os
meios para reconciliação entre o homem pecador e o seu criador santo.
A função do
sacerdócio, portanto, é uma função mediadora. A outorga da lei através de Moisés
está associada à instituição do sacerdócio araônico ou levítico. A lei e o
sacerdócio são simultâneos na sua origem e inseparáveis na sua operação (Hb 7.11). A razão disso é que os israelitas, assim como
o restante da humanidade eram pecadores e, portanto, ao serem confrontados com
a lei, que é o padrão divino da retidão, eram violadores desta.
Sem dúvida,
a lei dada por Deus é santa, justa, boa e espiritual (Rm 7.12,14) e, como tal,
demarca o caminho da vida: Ao guardar fielmente os seus preceitos, o homem
viverá (Lv 18.5; Ne 9.29; Mt 19.16,17; Rm 10.5; Gl 3.12).
Mas o
problema radical do homem é que ele é pecador. A lei desmascara o homem e
revela o que ele é: um violador da lei; e “O salário do pecado é a morte” (Rm
6.23; Ez 18.4,20 ; Gn 2.17).
Consequentemente,
Paulo escreve: “E o mandamento que me fora para a vida, vereifiquei que este
mesmo se me tornou para a morte” (Rm 7.10).
Não que
haja algo errado com a lei; a culpa é do homem que viola a lei (Rm 7.13). Dai a
necessidade de a formulação da lei ser acompanhada pela instituição de um
sacerdócio para mediar de modo redentor entre Deus e o pecador que violou a sua
lei e precisa ser restaurado da morte para a vida.
O sacerdócio no AT: O sacerdócio da antiga aliança não podia efetivar a realidade da reconciliação
prenunciada pela sua função sacrificial. Seu caráter era preparatório;
retratava o princípio do sacrifício propiciatório, mas não o cumprimento daquele
princípio.
Sua
imperfeição, que despertou o anseio e a expectativa pela provisão do sacerdócio
perpétuo, era aparente pelas seguintes razões:
a) Enquanto ainda
estava em atividade, um novo sacerdócio de uma ordem diferente, a de
Melquisedeque, foi mencionada profeticamente (Sl 110.4). Se o sacerdócio
existente tivesse sido perfeito, naõ teria havido nenhuma razão para se
anunciar outra ordem sacerdotal |(Hb 7.11)
b) Durantec o
período em que a aliança antiga, ou mosaica, estava em vigor, foi dada a
promessa de uma nova aliança, cuja inauguração importaria em colocar a lei de
Deus no coração de seu povo, e na remoção de seus pecados para sempre (Jr
31.31).
Fica claro
que “se aquela primeira aliança tivesse sido sem defeito, de maneira alguma uma
nova aliança estaria sendo buscado lugar para a segunda” (Hb 8.7).
c) A própria
multiplicidade dos sacerdotes da ordem antiga envolvia a necessidade de uma
sucessão sacerdotal, porque em sequencia interminável, eram levados a morte, e,
portanto, impedidos pela morte de continuar” no cargo (Hb 7.23).
Esse fato
indicava a necessidade de um sacerdote cujo sacerdócio fosse perpétuo e eterno,
alguém que seria “sacerdote para sempre” (Sl 110.4).
d) Não
somente eram mortais os sacerdotes da ordem antiga, como também eram pecadores,
e, portanto, eles mesmos necessitavam da redenção e da reconciliação.
Consequentemente,
antes de oferecerem sacrifícios pelo povo, eram obrigados a oferecer sacrifícios
pelos seus próprios pecados – ação que claramente atestava a imperfeição do seu
sacerdócio (Hb 5.32; 7.27).
e) A repetição
interminável dos sacrifícios oferecidos pelo sacerdócio da ordem antiga,
demontrava, por si só a insuficiência daquele sacrifício para lidar com o pecado
de modo completo, satisfatório e final.
Se o sacrifício
perfeito para toda a eternidade tivesse sido oferecido, já não se ofereceriam
mais sacrifícios: a repetição era uma marca da sua incompetência (Hb 10.1,2).
f) A própria
natureza desses sacrifícios deu mais evidência à sua incapacidade de realizar
aquilo que prenunciavam. Os animais oferecidos eram sacrificados no lugar do
pecador, o que simbolizava a transferência do pecado deste para uma vida
inocente e sua expiação pela morte vicária daquela vítima.
Mas um
animal irracional e bruto, sem entendimento, nunca poderia ser um substituto
apropriado para o homem que foi criado à imagem de Deus. É por isso que “É
impossível que sangue de touros e de bodes remova pecados” (Hb 10.4).
Cristo como sumo sacerdote – O propósito da antiga ordem do sacerdócio era ensinar ao povo que a
expiação pelos pecados exige a provisão de uma vítima inocente no lugar do
pecador, e o derramamento do sangue quando aquela vítima sofre a morte que o
pecador merecia.
A ordem levítica
não podia efetuar essa expiação, mas conservava viva a expectariva do sacerdote
perfeito e do oferecimento do sacerdote perfeito a fim de cumprir as promessas
evangélicas contidas nas escrituras do AT.
A nova
ordem do sacerdócio é a de Melquisedeque, e consiste na pessoa singular que é
nosso Redentor Jesus Cristo (Hb 7). A perfeição do seu sacerdócio é confirmada pelo fato de que ele é para sempre (Sl 110.4), que o
seu sacrifício foi oferecido de uma vez por todas (Hb 7.27).
E que, ele
com sua obra de expiação já completada agora está intronizado na glória (Hb
1.3; 8.1; 10.12; 12.2). A perfeição do seu sacerdócio é estabelecida pela impecabilidade
da sua vida terrestre como o filho encarnado, nosso próximo como ser humano.
O
significado disso é que, em contraste com o primeiro Adão, que sofreu derrota
e, na sua queda, arrastou consigo a raça humana, Jesus, “o último Adão” (1Co
15.45,47), tomou sobre si a nossa humanidade a fim de redimí-la e leva-la em si
próprio para uma posição gloriosa que sempre tinha sido o seu destino.
Isto
significa que ao ir para a cruz, aquele que estava sem pecado tomou sobre si os
nossos pecados e sofreu a rejeição e a morte devida a nós, os pecadores, “O
justo pelo injustos” (1Pe 2.22-24; 3.18; Hb 4.15. 7.26,27), como a vítima
inocente fornecida pela graça e pela misericórdia de Deus (1Pe 1.18,19).
Isso significa,
ainda, que ele não é apenas o nosso sacerdote sacrificador, como também o
sacrifício em si mesmo, porque foi a si mesmo que ele ofereceu por nós, e,
portanto, nele temos a provisão do substituto perfeito, um equivalente genuíno,
nosso próximo (Hb 12.14,15), que verdadeiramente toma o nosso lugar.
Por isso, recebemos
a certeza de que, pela vontade de Deus “temos sido santificados, mediante a oferta
do corpo de Jesus Cristo, uma vez por todas”, porque ele “com uma única oferta
aperfeiçoou para sempre quantos estão sendo santificados” (Hb 10.14).
A nova
ordem do sacerdócio cumprida na única pessoa de Cristo substituiu totalmente a
ordem antiga. Com Cristo como nosso único grande sumo sacerdote que vive para
sempre, agora não há lugar para qualquer sucessão de sacerdotes santificadores,
nem necessidade deles. Em Cristo Jesus, tanto o sacerdócio como os sacrifícios
foram cumpridos e finalizados.
O sacerdócio dos crentes – Permanece, no entanto, um sacerdócio que pertence àqueles que, pela fé,
foram unidos com, Cristo. Costuma-se chamá-lo “o sacerdócio de todos os crentes”.
É por isso
que Pedro descreve os cristãos como “sacerdócio santo” cuja função é “oferecer
sacrifícios espirituais, agradáveis a Deus por intermédio de Jesus Cristo” (1Pe
2.5).
Esses
sacrifícios espirituais, não são, de modo algum, sacrifícios de redenção, mas,
sacrifícios de gratidão a Deus pelo sacrifício de Cristo, o único sacrifício
redentor totalmente suficiente, quando ele ofereceu no Calvário, por nós
pecadores.
Por esta
razão que o apóstolo Paulo exorta a todos: “Apresentai os vossos corpos em
sacrifício vivo, santo e agradável a Deus” (Rm 12.1). E, ao nos sacrificarmos
de boa vontade, expressamos o nosso sacerdócio espiritual nos atos de louvor e
gratidão, e no serviço altruísta ao nosso próximo, quando ministramos as suas
necessidades.
O exercício
desse sacerdócio é resumido nas palavras de (Hb 13.15,16): “Por meio de Jesus,
pois, ofereçamos a Deus, sempre, sacrifício de louvor, que e o fruto dos lábios
que confessam o seu nome. Não negligencieis igualmente a prática do bem e a mútua
cooperação; pois com tais sacrifícios Deus se compraz”.
Todos os
cristãos são igualmente sacerdotes, porém, nos ofícios ministeriais enumerados
em (1Co 12.28 e Ef 4.11), há um silêncio total a respeito das funções
sacerdotais: Porque o cargo mais exaltado da igreja, o dom mais sublime do Espírito,
não transmite nenhum direito sacerdotal que não fosse desfrutado pelo membro
mais humilde da comunidade cristã.
Cada membro
individual tem comunhão pessoal com a cabeça – Cristo. A pessoa tem
responsabilidade imediata diante dele, e diretamente dele ela obtém perdão e
adquire força.
Consultas:
GONÇALVES
José. Comentarista da Lição Bíblica para Adultos EBD CPAD no 1º Trimestre
2018. A Supremacia de Cristo: Fé,
esperança e ânimo na Carta aos Hebreus
GONÇALVES
José. . A Supremacia de Cristo: Fé,
esperança e ânimo na Carta aos Hebreus. Editora CPAD. Rio de Janeiro. Outubro,
2017
HENRICHSEN
Walter A. Depois do Sacrifício – Estudo da carta aos Hebreus. Editora Vida. São
Paulo 1996
LAUBACH
Fritz. Carta aos Hebreus – Comentário Esperança. Editora Esperança. Curitiba,
2013
BOCH Darrell L. e GLASER Mitch. O Servo
Sofredor – Editora Cultura Cristã. São Paulo, 2015
CHAFFER.
Teologia Sistemática. Vl 7 & 8. Editora Hagnus. São Paulo, 2008
BROWN,
Raymond e outros. Novo Comentário Bíblico São Jerônimo – Antigo Testamento.
Editora Academia Cristã. São Paulo, 2007
Bíblia
do Pregador Pentecostal
ELWELL
Walter A. Enciclopédia Histórico-Teológica da Igreja Cristá. Editora Vida Nova.
SPaulo 2009
BARNETT.
John D. O Tabernáculo, Cristo e o Cristão. Série Antigo Testamento-2. Editora
Cristã Evangélica. São Paulo, 2009
CHAMPLIN.
Novo Testamento Interpretado Versículo por versículo. Vl 5. Editora Hagnus. São Paulo, 2012