Subsídios
Teológicos e Bibliológicos para Estudo sobre:
Salvação
e Livre-Arbítrio - 19.11.17
Texto Bíblico: João 3.14-21
Por: Pr. João Barbosa
Eleição
é a escolha que Deus faz para com uma nação, uma tribo, uma família ou um
indivíduo com fins específicos e determinados por ele. Cabe ao homem lutar com
todas as suas forças afim de que a eleição de Deus na sua vida permaneça para
sempre e jamais ele venha a tropeçar.
“Portanto, irmãos, procurai
fazer cada vez mais firme a vossa vocação e eleição, porque, fazendo isto,
nunca jamais tropeçareis. Porque assim vos será amplamente concedida a entrada
no reino eterno de nosso Senhor e Salvador Jesus Cristo (2Pe 1.10,11).
Exemplo disso é a escolha de
Abraão e sua descendência, que, depois, viera a formar a nação de Israel. Deus
chamou o patriarca e fez-lhe promessa, e este livremente respondeu ao chamado
de Deus; porém, diante dele, estava a possibilidade de não atender ao convite.
A eleição de Israel (Is 51.2;
Os 11.1) e alguns indivíduos de maneira
específica, é pontual na história, porque Deus tinha o propósito de através
desta nação, trazer o Salvador.
Por ser uma eleição pontual,
ela não pode servir de base, em se tratando de salvação, para estabelecer uma
eleição absoluta e específica apenas para determinadas pessoas e outras não.
A liberdade de escolha para
obedecer que Deus deu para Israel e a desobediência e rebeldia do povo fizeram
eles perderem algumas das bênçãos prometidas (Jr 6.30; 7.29). E, assim
servisse-nos de exemplos para não repetir os mesmos erros (1Co 10.6,11).
Por mais que pareça a eleição
não trouxe privilégios para a nação de Israel, mas, sim, responsabilidades. No
entanto, por não conseguir cumprir sua parte na eleição, Israel nunca deixou de
ser alvo do amor de Deus, embora sofresse as consequências por não agirem como
povo de Deus.
A eleição divina é o ato pelo
qual Deus chama os pecadores para salvação de Cristo Jesus e torna-os santos
(2Pe 1.10; Rm 8.29,30). Essa eleição é proclamada através da pregação do
evangelho (Jo 1.11; At 13.46; 1Co 1.9), e Deus deseja que todos sejam salvos e
respondam afirmativamente ao chamado para a salvação (At 2.37; 1Tm 2.4; 2Pe
3.9).
Os que crerem serão salvos; os
que não crerem, porém, serão condenados (Mc 16.16). Alguns, ao ouvirem o
evangelho, se endurecem ainda mais em seus pecados (Jo 1.11; At 17.32) e perdem
a oportunidade de salvação.
A eleição é uma decisão de
Deus desde a eternidade, mas é condicionada a vontade humana. Entretanto, essa
vontade não prejudica em nada a vontade de Deus. Ele não é pego de surpresa
diante da livre vontade humana, pois ele previu essa vontade.
Podemos com toda certeza
afirmar que o que Deus predestinou foi, de fato, a vontade humana, no sentido
de ela ser completamente livre, ou seja, ele criou o homem determinando que
este teria liberdade de escolha.
“Mas devemos sempre dar graças
a Deus, por vós, irmãos amados do Senhor, por vos ter Deus elegido desde o
princípio para salvação, em santificação e fé da verdade” (2 Ts 2.13).
Pr. Antonio Gilberto ensina
que “na Bíblia, menciona-se a eleição divina coletiva, como a de Israel (Is
45.4; 41.8,9) e a da igreja (Ef 1.4) e a individual, como a de Abraão (Ne 7.9)
e a de cada crente” (Rm 8.29).
O Pr. Severino Pedro propõe
outra forma. Ele classifica a eleição de quatro maneiras: 1. Preventiva, quando
Deus usa de vários meios para impedir o mal na vida dos que são chamados e
atendem a sua salvação (Gn 20.6).
2. Permissiva, que diz
respeito às coisas que Deus não proibe nem restringe, mas fica na vontade do
homem (Dt 8.2).
3. Diretiva, que se baseia na
vontade perfeita de Deus dirigida à vontade humana (Gn 50.20).
4. Determinativa, que é quando
Deus decide e executa conforme a sua soberana vontade (Jó 42.2).
O
Livre-Arbítrio – Foi uma doutrina
desenvolvida pelos pais da igreja durante os primeiros quatrocentos anos de sua
história. Só no quinto século o bispo Agostinho de Hipona depois de sua polêmica
com o monge inglês Pelágio, ensinou sobre a graça irresistível, isto porque com
a queda o homem perdera o direito de escolha e que agora Deus destina uns para
a salvação e outros para a condenação.
Doutrina essa ensinada pelos
reformadores principalmente Calvino, mas refutada por Armínio. A divergência
entre o ensino de Armínio e o de Calvino é com relação à atuação da graça para
salvação do homem no sentido de a decisão ser humana ou divina para isso.
A doutrina Arminiana desse
ponto afirma que não apenas, portanto, a cruz de Cristo é necessária para
solicitar e obter a redenção, como a fé do sacrifício de Cristo na cruz também é
necessária para obter a posse dessa salvação.
Armínio escreveu inúmeras
obras que foram traduzidas para o português que defendem o sinergismo na salvação
(crença na cooperação divino-humana) onde existe a vontade humana amalgamada ao
propósito divino.
Contra o momegismo de Calvino
que ensina que Deus é quem determina a salvação e quem se salvará, excluindo a
participação humana (a graça irresistível).
O livre-arbítrio é a
possibilidade que os seres humanos têm de fazer escolhas e tomar decisões que
afetam seu destino eterno, especificamente quando se trata de sua salvação, ou
seja, cabe a cada um deixar-se convencer pelo Espírito Santo e ser salvo por
Jesus ou não, embora, Deus dê para todos a oportunidade da salvação (1Tm 2.3,4).
Eleição
divina e Livre-Arbítrio – A graça de Deus
opera sinergicamente com o livre-arbítrio. Isto é, a graça deve ser recebida
para ser eficaz. Não há quaisquer condições para que a graça seja dada, mas há
uma condição para que ela seja recebida – a fé.
Em outras palavras, a graça
justificadora de Deus trabalha cooperativamente, não operativamente. A fé é pré-condição
para se receber o dom da salvação (Rm 10.8-10). A fé logicamente é anterior à
regeneração, visto que somos salvos “por meio da fé” (Ef 2.8,9), e “justificados
pela fé” (Rm 5.1).
Deus fez somente boas
criaturas. Ao final de quase todos os dias da criação ele diz: “Deus viu que
era bom” (Gn 1.4,10,12,18,21,25) e, quanto ao último dia declara:
“Deus viu tudo que havia
feito, e tudo havia ficado muito bom” (Gn 1.31). Salomão acrescenta: “Assim,
cheguei a esta conclusão: Deus fez os homens justos” (Ec 7.29). As escrituras
nos dizem explicitamente que “Tudo o que Deus criou é bom” (1Tm 4.4).
É um Deus absolutamente bom. Não
pode fazer uma coisa má. Somente uma criatura perfeita pode vir das mãos de um
criador perfeito. Uma das coisas que Deus deu as suas criaturas boas foi um bom
poder chamado livre-arbítrio.
A graça humana intrinsecamente
reconhece a liberdade como um bem; somente aqueles que usurpam e abusam desse
poder a negam e, todavia, a valorizam e buscam para si mesmos.
As pessoas nunca marcham
contra a liberdade. Ninguém vê uma multidão nas ruas carregando cartazes
dizendo: “Abaixo a liberdade” ou “queremos a escravidão de novo”! Mesmo que
alguém fale contra a liberdade, ainda assim, está falando a favor dela, visto
que valoriza a liberdade de expressar ideias.
Em resumo, a livre escolha é um
bem inegável, visto que afirma o próprio bem, mesmo quando existe a tentativa
de negá-la. “E conhecereis a verdade e a verdade vos libertará. E se o filho
vos libertar, então, verdadeiramente sereis livres” (Jo 8.32,36).
Uma conclusão oportuna para este
breve estudo da resposta necessária de fé da parte do ser humano é ler as
palavras dinâmicas de Ap.22.17. Aqui, o apóstolo João claramente estende o
convite gracioso de Deus a todos:
“O Espírito e a noiva dizem:
vem! E todo aquele que ouvir diga: vem! Quem tiver sede, venha; e quem quiser,
beba de graça da água da vida”.
Consultas:
POMMERENING,
Claiton Ivan. A Obra da Salvação – Jesus Cristo é o Caminho a Verdade e a Vida.
CPAD RJaneiro 2017
ELWELL
Walter A. Enciclopédia Histórico-teológica da Igreja Cristã. Ed. Vida Nova.
SPaulo, 2009
DR. LLOYDE-JONES
Martyn. Grandes Doutrinas Bíblicas Vl 1. Edit. PES – São Paulo, 1996
Bíblia
de Estudo Almeida. SBB – Revista e Atualizada
GEISLER,
Norman. Eleitos mas livres. Editora Vida. São Paulo, 2016
DANIEL Silas.
Arminianismo – A mecânica da salvação. CPAD. Rio de Janeiro, 2017
HUNT Dave. Que amor é, este? Editora Reflexão. São Paulo, 2015
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