Subsídios Teológicos e Bibliológicos
para Estudo sobre:
A Salvação na Páscoa Judaica - 08.10.17
Texto Bíblico: Exodo 12.21-24,29
Por: Pr. João
Barbosa
A Páscoa – O termo “Páscoa”
vem da passagem do anjo de Javé sobre seu povo (Ex 12.13-17).
A última praga é a única na qual Israel tem de ser diferenciado dos egípcios;
isso sugere que Israel não é intrinsecamente diferente do Egito e que o povo
está tão sujeito a ser morto pelo destruidor como os egípcios (Js 24.14; Ez 20.7,8).
No Antigo Testamento, o termo
salvação, frequentemente, diz respeito à libertação da escravidão e à
preservação da vida.
Os aspectos chaves do ritual da Páscoa são a morte do “cordeiro ou
cabrito”, marcar com “sangue” os umbrais das portas e partilhar da carne.
As instruções especiais sobre o animal indicam que a Páscoa representa um
sacrifício de expiação, a marca de sangue com hissopo sugere purificação (Ex
12.22; Lv 14.4-6; Sl 51.7), e os paralelos com as condições dos sacerdotes de
Arão e as exigências de “circuncisão”, dão a entender um ato de consagração (Ex
29.20-34; Lv 8.23-32).
A Páscoa santifica todo o Israel para Deus (Ex 19.6). O fato de os participantes comerem prontos
para partirem ressalta a centralidade da Páscoa para a libertação de Israel (Ex
12.11).
É para lembrar esse acontecimento que a Páscoa deveria ser celebrada todo
ano (Ex 12.14-20; 13.3-10; Dt 16.1-8).
A ênfase no primogênito é notável (Ex 13.2-15; 22.29b-30; 34.19; Nm
3.12,13,40-45; 18.15). Primeiro, a praga contra os egípcios é uma resposta à tentativa
de faraó de destruir o primogênito de Javé, Israel (Ex 4.22).
Em segundo lugar, demonstra que somente Javé é o grande rei que cria e
sustenta a vida. De acordo com as exigências de tributo, não só o primogênito
de Israel, tanto humano quanto animal, pertencia a Javé, mas Israel é também as
primícias da colheita de Javé (Jr 2.3; Gn 4.3,5).
Em terceiro lugar, a ligação com a entrada na terra que simboliza o Éden
lembra a Israel que sua herança depende da lealdade a Javé (Ex 13.5, 11-16). Javé,
ao deserdar o faraó “cainita” e depois os amorreus, em favor de seu primogênito,
Israel, declara que somente como filho fiel Israel herdaria o mundo dele.
O Cordeiro de Deus – Duas vezes,
no NT, Jesus é chamado o Cordeiro de Deus e, em cada ocasião, por João Batista
(Jo 1.29,35). A palavra amnos (“cordeiro”)
é achada também em At 8.32, 1Pe 1.19, e na versão da Lxx de Is 53.7.
Esta última referência sugere Is 53 como o contexto imediato para a
declaração de João Batista a respeito de Cristo, o Messias, como o cordeiro de
Deus que tira o pecado do mundo. A citação que João Batista extraiu de Is 40 no
dia anterior demonstra que tais passagens de Isaias estavam na sua mente.
Antes da polêmica dos comentaristas judaicos contra os cristãos, que os
levou a procurarem outra explicação, o cordeiro em Is 53 era identificado como o
Messias como servo de Deus. Esta identificação de Jesus, o Messias, com o Cordeiro
de Deus era algo certo para João Batista (Jo 1.20, 23, 29).
O uso do genitivo de posse – o Cordeiro de Deus – relaciona Cristo com
Deus de modo específico no ato de carregar os pecados. Ele é, ao mesmo tempo, a
vítima sacrificial apresentada a Deus como também a vítima providenciada por
Deus.
Neste relacionamento, Ele carrega o pecado do mundo e remove-o ao tomá-lo
sobre Si. Assim como em Is 53, vai “sobre ele a iniquidade de nós todos”,
quando “como cordeiro foi levado ao matadouro; e, como ovelha, muda perante os
seus tosquiadores, ele não abriu a sua boca”.
Alguns estudiosos preferem ver o cordeiro pascal de Ex 12 como o pano de
fundo dessas palavras de João Batista, pela razão de não haver implicações
expiatórias, ao passo que outros rejeitam a referência pelos mesmos motivos.
Não fica claro, no entanto, que o sacrifício pascal não tenha um caráter
expiatório levando-se em consideração a declaração de Ex 12.13: “O sangue vos
será por sinal... quando eu vir o sangue, passarei por vós”.
O sacrifício pascal é básico para todo o sistema sacrificial. Há,
portanto, bons motivos para aceitar como certa a identificação pascal, visto
que, quando João Batista falou, a Páscoa não estava longe (Jo 2.12,13), e nosso
Senhor mais tarde foi identificado com ela (Jo 19.36; 1Co 5.7).
As duas figuras, a de Is 53.7 e a de Ex 12, unem-se, por consequência, na
designação. Não são contraditórias mas complementares. “Todas as declarações no
NT a respeito do cordeiro de Deus são derivadas desta profecia (Is 53.7), em
que a figura silenciosa da Páscoa agora encontra expressão” (A.F.Delitzsch).
Todas as ideias da figura do cordeiro que foram sendo acumuladas no
decurso da revelação progressiva do AT podem realmente fazer parte do conceito
segundo ele ocorre no NT. Em Gênesis há a necessidade do cordeiro – Abel trouxe
as primícias do seu rebanho (Hb 9.22); em Êxodo, há a eficácia do cordeiro – as
ombreiras das portas aspergidas com sangue (Ap 7.14; 1Pe 1.12).
Em Levítico, a pureza do cordeiro – sem mácula (1Pe 1.19); em Isaias, a
personalidade do cordeiro – “Ele”, o Cordeiro, como o Servo do Senhor (Jo 1.29;
Ap 5.12,13). Em nenhum lugar portanto, a figura sugere simplesmente a “mansidão
e benignidade de Cristo” (2Co 10.1); sempre traz consigo um sentido sacrificial
(Ap 5.6;12; 13.8).
No Apocalipse, a simples designação “cordeiro” (amion) ocorre oito vezes numa referência simbólica a Cristo e reúne
as ideias de redenção e dignidade real.
De um lado há declarações como: o cordeiro que foi morto (Ap 5.6,12);
aqueles que “lavaram suas vestiduras, e as alvejaram no sangue do Cordeiro” (Ap
7.14); “eles, pois, o venceram por causa do sangue do Cordeiro e por causa da
palavra do testemunho que deram” (Ap 12.11).
“Somente os inscritos no livro da vida do Cordeiro” (Ap 21.27). A ênfase
aqui recai sobre a obra redentora de Cristo como o Cordeiro de Deus. Por outro
lado, está em ligação com este título a ideia de soberania.
É o Cordeiro que foi morto que tem o poder de tomar o livro e abrir os
seus selos (Ap 5,6,7); há referência a ira do Cordeiro (Ap 6.16); o Cordeiro é
encontrado no meio do trono (Ap 7.17); o trono no céu é o trono de Deus e do Cordeiro
(Ap 22.1-3).
Os ímpios pelejam contra o Cordeiro, mas o Cordeiro é vitorioso (Ap
17.14). No termo geral, “cordeiro”, portanto, duas ideias se unem: poder
vitorioso e sofrimento vicário. No âmago da soberania de Deus está o amor
sacrificial (H. D. McDONALD).
Aspectos
sacrificiais do sangue – Levítico 17.11 é a declaração central do AT com
respeito ao significado do sangue no sistema sacrificial, e aquilo que está
asseverado ali continua sendo verdadeiro em todos os regulamentos para os
sacrifícios individuais.
(1) O sangue do sacrifício é uma provisão divina: “Eu vo-lo tenho dado”. Esta
declaração contraria qualquer teoria de sacrifício que vê nele uma dádiva
humana que tenha o propósito de atrair ou despertar o favor humano.
(2) O uso do sangue no sacrifício é um ato de pagamento: para fazer
expiação. O significado do sangue deve ser apropriado à função que realiza. O
verbo (kipper) deriva o seu
significado do substantivo correlato (koper),
preço da redenção (Ex 21.30; 30.12; Jó 33.24).
Significa pagar qualquer preço que se equipara ao delito (e o cancele). Se
o sangue paga o preço, logo, o seu significado não é, conforme sustentam muitas
pessoas, a vida liberada da carne e tornada disponível para se tornar, de algum
modo, uma dádiva de Deus, mas uma vida confiscada ou entregue como pagamento
pelo pecado.
“A vida da carne está no sangue” no sentido comum de que a carne e o
sangue perfazem um ser vivente ou uma criatura vivente, ao passo que a separação
entre a carne e o sangue significa a morte da criatura. Sendo assim no
uso bíblico secular, derramar o sangue é matar (Gn 9.6).
(3) O derramamento do sangue do sacrifício é um ato vicário de substituição:
a oração final de Lv 17.11 deve ser traduzida ou: o sangue “fará expiação à
custa da vida” (vida do animal), ou fará expiação em lugar da vida (a vida do
pecador).
Consultas:
POMMERENING,
Claiton Ivan. A Obra da Salvação – Jesus Cristo é o Caminho a Verdade e a Vida.
CPAD RJaneiro 2017
ALEXANDER,
T.Desmond. Novo Dicionário de Teologia Bíblica. Editora Vida. SPaulo, 2009
RADMACHER.
Earl D. O Novo Comentário Bíblico Antigo Testamento. Ed Central Gospel,
RJaneiro, 2010
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