Subsídios Teológicos e Bibliológicos
para Estudo sobre:
Salvação – O Amor e a Misericórdia de
Deus - 22.10.17
Texto Bíblico: 1João 4.13-19
Por: Pr. João
Barbosa
A salvação – A
salvação consiste, em essência, no ato ou estado de livramento do dano ou
perigo, físico ou espiritual, temporal ou eterno.
A salvação tem três tempos. A salvação de Deus inclui o passado, o
presente e o futuro. A libertação passada aponta adiante para a libertação
presente e futura, que por sua vez, lembram a libertação passada e se baseia
nela.
Conceito bíblico de
salvação – A palavra salvação em latim é composta por salvare – tornar seguro e por salus
– boa saúde, ajuda.
Salvação, portanto, é um termo muito amplo. Que evoca bem estar físico,
mental, social, espiritual, Isto se junta ao que a Bíblia diz com relação à
cura divina, redenção, remédio e completude, inteireza e integralidade.
Salvação também significa a ação ou resultado de livramento, ser
preservado de algum perigo. A salvação não é uma ideia ou projeto, a salvação é
o próprio Cristo (Rm 10.9; At 16.31; Tt 2.11).
A palavra paz é em hebraico shalom.
Paz é algo que não foi violado. Tudo tem sua raiz na palavra salvação.
“Salvação” tem origem também na palavra grega sóter.
O vocábulo “sotereologia” é um
termo teológico composto por duas palavras gregas:
Soteria que significa salvação, cura, recuperação,
redenção, remédio e bem estar. E do substantivo logia, cujo significado primário é “estudo tratado ou ensino”.
A salvação é exatamente isso que Jesus disse a mulher do fluxo de sangue
que o tocou: “Filha, tua fé te salvou” (Mc 5.34).
Salvação significa que Cristo fez a expiação pelo pecador ocupando seu
lugar na cruz (ação passada). Que o crente foi resgatado e santificado (ação
presente) e espera sua glorificação (ação futura).
A salvação abrange todas as dimensões da vida; por isso basta aceitar a
Cristo como Salvador e Senhor (Rm 10.9,10). A salvação também pode ser
negligenciada (Hb 2.3), por isso, devemos nos apropriarmos de todos os seus
benefícios.
O Amor de Deus – A
atividade do Amor. Esta provém da natureza de Deus, que é amor. “Dizer Deus
é amor subentende que toda sua atividade é amorosa. Se ele cria, cria com amor:
Se ele governa, governa com amor; se ele julga, julga com amor” (1Jo 4.8,16).
O amor dentro da Deidade – Para que
o homem compreenda o amor, deve perceber a atividade dele dentro da Deidade. Muitos
versículos falam do amor do Pai pelo filho; somente João 14.31, no entanto,
declara explicitamente que Jesus amava o Pai. O amor é demonstrado pela obediência
aos mandamentos (Jo 14.31; Jo 14.15, 21,23).
Somente Cristo tem visto o Pai (Jo 3.11,32; 6.46) e o tem conhecido (Mt
11.27; Lc 10.22; Jo 7.29; 8.55; 10.15) estão unidos um ao outro (Jo 10.30,38;
14.10,11,20; 17.21-23). Embora não haja versículos que falem explicitamente
pelo amor que o Espírito Santo tem pelas outras duas pessoas da Trindade, ele
está aqui subentendido, em Jo 16.13-15, onde Jesus disse que o Espírito não
falaria de si mesmo, assim como Jesus não falava de si mesmo (Jo 12.49; 14.10),
mas falaria e revelaria aquilo que ouvisse de Cristo e do Pai.
O amor para com os
homens – No AT, a expressão do amor de Deus aos homens é indicada de quatro
maneiras. Em primeiro lugar, o amor de Deus pelos homens é declarado de modo
simples em alguns lugares (Dt 10.18; 33.3; 1Re 10.9; Is43.4; 63.9; Os 14.4; Sf
3.17.2).
Em segundo lugar há o amor efetivo de Deus pela nação de Israel (Dt 4.37;
7.6-8; 10.15; Os 3.1; 11.1,4; Ml 1.21). Em terceiro lugar, há o amor segundo a
aliança, que é leal ou inabalável (Ex 20.6; Dt 5.10; 7.9,12; 1 Re 8.23; 2Cr
6.14, etc).
Em terceiro lugar, há o amor segundo a aliança que é leal ou inabalável
(Ex 20.6; Dt 5.10; 7.9, 121Re 2.3 etc). Este amor é facilmente percebido no (Sl
106.45). Lembrou-se a favor deles, de sua aliança, e se compadeceu, segundo a
multidão de suas misericórdias. A aliança de Deus com Israel é a garantia do
seu amor pelo seu povo (Is 54.10).
Finalmente, há umas poucas referências que falam do amor de Deus para com
os indivíduos. Salomão em 2Sm 12.24 e Ne 13.26; Esdras em Ed 7.28, Ciro [?] em
Is 48.14. Embora no NT as referências ao amor de Deus para com os homens não
sejam muitas, há um número suficiente delas, extraídas de várias partes, para confirma-lo
adequadamente.
O NT está repleto de referências do amor de Deus pelo homem. Uma passagem-chave
que demonstra este fato é 1Jo 4.10. “Nisto consiste o amor, não em que nós
tenhamos amado a Deus, mas em que ele nos amou, e enviou o seu Filho como
propiciação pelos nossos pecados”. A demonstração do amor de Deus é visto em
cada uma das pessoas da Trindade. Concluindo, o amor de Deus pelos homens é
visto em todas as partes da Bíblia. É um amor abnegado e não merecido
O amor dos homens – Com a
entrada do pecado, o homem passou a odiar a Deus e a ser seu inimigo (Rm 1.30;
5.10; Jo 15.18; 24,25). Mas porque Deus tomou a iniciativa do amor, enviando o seu
Filho, os crentes são exortados, com base no amor do próprio Deus, a amarem uns
aos outros (1Jo 4.10,11,19).
A origem deste amor é Deus (1Jo 4.7-9) e não o homem. Este fato é
confirmado em Gl 5.22, onde o amor é visto como fruto do Espírito Santo. As
palavras que vem logo após o amor – “alegria, paz, longanimidade, benignidade,
bondade, fidelidade, mansidão, domínio próprio” – são mais uma descrição
adicional do caráter do amor do que outros frutos do Espírito, visto que o “fruto”
e o verbo estão no singular, e o contexto diz respeito ao amor. Isto é
confirmado ainda mais quando se analisa o capítulo sobre o amor (1Co 13) e se
nota que as palavras usadas para descrever o amor são as mesmas, ou semelhantes
a elas, usadas em Gl 5.22,23. Nestas palavras o amor é descrito como altruísta
e sacrificial, ele não espera o mesmo tratamento em troca.
É o amor que é dado e não merecido. O amor de Deus é assim, e o homem ao
experimenta-lO, deve demonstra-lO em duas direções: para com Deus e para com o
homem. Isto é ordenado na Bíblia (Mt 22.37-40; Mc 12.29-31; Lc 10.26,27).
O amor a Deus – Deus requer
que o homem o ame com a totalidade do seu ser (Dt 6.5; 10.12;13.3; Js 22.5; Sl
31.23); há umas poucas referências explícitas que indicam o amor do homem a Deus
(1Re 3.3; Sl 5.11; 18.1; 91.14; 116.1; Is 56.6).
No NT exceto a citação feita por Jesus do mandamento do AT no sentido de
amar a Deus (Mt 22.37; Mc 12.30; Lc 10.27), não há mandamentos explícitos
exigindo o amor do homem por Deus (possivelmente 1Co 16.22; 2Ts 3.5).
As referências do amor a Deus da
parte do homem são comparativamente poucas, possivelmente porque parecia normal
que o homem amasse a Deus, que tanto fez por ele, e porque o homem teve experiência
do amor de Deus. Mesmo assim, o mandamento no sentido de amar a Deus é
importante porque demonstra que o homem pode se aproximar de Deus, que deseja o
relacionamento dinâmico envolvido no amor.
O amor aos homens – Os dois
principais mandamentos indicam que o homem deve amar a seu próximo, além de
amar a Deus. Embora não haja muitos versículos que falam do amor que o homem
tem por Deus, as Escrituras têm uma abundância de declarações acerca do amor
que o homem tem por seu próximo. Este fato é visto de quatro maneiras:
1. O amor ao próximo – O mandamento
de amar ao próximo é frequentemente declarado – primeiramente em Lv 19.18,
citado várias vezes no NT (Mt 5.43; 19.19; 22.39; Mc 12.31,33; Rm 13.9; Gl
5.14; Tg 2.8). Paulo declara que o amor ao próximo é o cumprimento da lei (Rm
13.8,10) Jesus na parábola do bom samaritano deixou claro que nosso próximo não
é somente um conhecido ou alguém da mesma nacionalidade (Lc 10.27-37).
2. O amor ao irmão
na fé – Em Gl 6.10 Paulo ordena aos crentes que façam o bem a todos, mas
principalmente aos da família de fé. O crente deve amar ao seu próximo, seja
este quem for, mas também deve ter solicitude e amor sincero e profundo pelos
irmãos na fé. Jesus deu um novo mandamento: os crentes deveriam amar uns aos
outros como ele os amara (Jo 13.34, 35; 15.12,17). O mandamento do amor mútuo não
era novo, mas amar uns aos outros conforme Jesus nos amara era um novo
mandamento.
3. O amor à família – As Escrituras
têm poucos mandamentos e muitas ilustrações do amor dentro da família. Aos
maridos é ordenado que amem suas respectivas esposas (Cl 3.19) assim como Cristo
ama a igreja (Ef 5.25-33). O amor do marido à esposa é visto em várias narrativas
(Gn 24.67; 29.18,20, 30; 2Cr 11.21; Ct 4.10; 7.6). Apenas uma vez ordena-se que
a esposa ame o marido (Tt 2.4) e somente em Cantares este amor é mencionado (Ct
1.7; 3.1-4; 7.12). Sem dúvida a submissão da esposa ao marido é evidência do
seu amor por ele (Ef 5.22-24; 1Pe 3.1-6).
Além disso, só uma vez há um mandamento aos pais para que amem seus
filhos, especificamente para as jovens esposas amarem seus filhos (Tt 2.4). É
interessante que não há nenhum mandamento nem exemplo de filhos amando seus
pais. Há no entanto, o mandamento frequentemente
repetido no sentido de os filhos
honrarem e obedecerem a seus pais, que seria evidência do seu amor por eles (Ex
20.12; Dt 5.16; Pv 1.8; Mt 19.19; Mc 10.19).
Embora não muita coisa seja falada a respeito do amor dentro da família natural,
pode ser tomado por certo que este amor era esperado; quem não cuida de sua família
é considerado como quem negou a fé; e pior do que o descrente (1Tm 5.8).
4. O amor aos
inimigos – Jesus ordenou que seus seguidores amassem os seus inimigos (Mt
5.43-48; Lc 6.27-35). Este amor é demonstrado por meio do ato de abençoar
aqueles que os maldizem, de orar por aqueles que os perseguem, e de dar a eles
com generosidade. As epístolas do NT reiteram que ao invés de procurarem
vingança, os crentes devem amar aqueles que os odeiam e perseguem (Rm 12.14,
17-21; 1Ts 5.15; 1Pe 3.9).
Deus na sua própria essência é amor; por isso o amor é demonstrado àqueles
que nada merecem. João 3.16 declara este fato de modo inesquecível; embora o
homem O tenha repudiado, Deus ama o mundo, e o alcance deste amor foi o sacrifício
do seu próprio Filho, Jesus Cristo, que Se dispôs a entregar a sua vida.
Misericórdia – O termo
pode designar tanto o caráter quanto as ações que surgem como consequência do
caráter. Como parte do caráter, a misericórdia é demonstrada mais claramente
por qualidade como compaixão e clemência.
No que diz respeito à ação, um ato de misericórdia provém da compaixão e
da clemência, num sentido jurídico, a misericórdia pode envolver atos como o
perdão, a absolvição ou a diminuição de penas. Em cada caso a misericórdia é
experimentada e exercida por uma pessoa que tem outra sob o seu poder, ou
debaixo de sua autoridade, ou de quem nenhuma bondade pode ser reivindicada.
Desta forma, Deus pode mostrar misericórdia para com os seres humanos que
estão todos debaixo do Seu poder, em última análise, embora não possam fazer
qualquer reivindicação direta, em termos de seu comportamento, de atitudes ou
ações de misericórdia. E um ser humano pode ser misericordioso para com outro,
a quem nem compaixão nem clemência são devidas, mediante ação ou pensamento
gracioso para com aquela pessoa.
No AT a misericórdia no sentido de amorosa bondade, é um tema central; a
própria existência da aliança entre Deus e Israel era um exemplo de misericórdia
sendo outorgada livremente a Israel e sem obrigação prévia da parte de Deus (Is
63.7; Sl 79.8,9).
Com a nova aliança a misericórdia de Deus é vista na morte de Jesus Cristo;
a morte sacrificial é, em si mesma, um ato de misericórdia que demonstra a
compaixão divina e possibilita o perdão dos pecados. Segue-se deste evangelho
fundamental a exigência de que todos os cristãos, que por serem cristãos foram
alvo de misericórdia, exerçam misericórdia para com seu próximo (Mt 5.17; Tg
2.13).
Consultas:
POMMERENING,
Claiton Ivan. A Obra da Salvação – Jesus Cristo é o Caminho a Verdade e a Vida.
CPAD RJaneiro 2017
ELWELL
Walter A. Enciclopédia Histórico-teológica da Igreja Cristã. Ed. Vida Nova.
SPaulo, 2009
ALEXANDER,
T.Desmond. Novo Dicionário de Teologia Bíblica. Editora Vida. SPaulo, 2009
GIOIA
Egídio. Notas e Comentários à harmonia dos Evangelhos. JUERP. RJaneiro, 1981
RADMACHER.
Earl D. O Novo Comentário Bíblico Antigo Testamento. Ed Central Gospel,
RJaneiro, 2010
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