Abordagem de Conteúdos
Transversalizados com o Tema em Estudo
2º. Trimestre 2016
Romanos 13.1-8
Reflexão: Diante da sociedade, o crente tem deveres civis, morais
e espirituais.
Todo homem serve a alguém e deve fazer uma opção a quem
servir, com as respectivas consequências. Uma das questões que destacamos no
ensino de Paulo é a relação dos cristãos com os governantes.
Paulo afirma: Admoesto-os a que se sujeitem aos
principados e potestades, que lhes obedeçam e estejam preparados para toda boa
obra (Tt 3.1).
Em carta aos Romanos, Paulo apela para que os cristãos
vivam em dias com seus compromissos, pagando a todos os credores, inclusive os
impostos e tributos.
Em seguida o apóstolo faz uma ampla consideração sobre as
autoridades:
“Toda alma esteja sujeito às autoridades superiores;
porque não há autoridade que não venha de Deus; e as autoridades que há, foram
ordenadas por Deus.
Por isso, quem resiste à autoridade resiste à ordenação de
Deus; e os que resistem trarão sobre si mesmo a condenação. Porque os
magistrados não são terror para as boas obras, mas para as más.
Queres tu, pois, não temer a autoridade? Faze o bem e terás
louvor dela.
Porque é ministro de Deus para o teu bem. Mas, se fizeres
o mal, teme, pois não traz debalde a espada; porque é ministro de Deus e
vingador para castigar o que faz o mal.
Portanto, é necessário que lhe estejais sujeitos, não
somente pelo castigo, mas também pela consciência. Por essa razão também pagais
tributos, porque são ministros de Deus, atendendo sempre a isto mesmo.
Portanto, dai a cada um o que deveis: a quem tributos,
tributo; a quem impostos, imposto; a quem temor, temor; a quem honra, honra” (Rm
13.1-7).
Vivemos hoje um Ocidente influenciado pelos ideais democráticos,
onde se afirma o primado da lei emanada do povo.
Mesmo aqui tem-se confundido submissão ao Estado e
ordenamento jurídico com submissão a um partido ou pessoa que eventualmente exerce
o governo do Estado.
Confundiu-se oposição legal e legítima com pecado de
insubmissão. É bom que todos saibam que em uma democracia:
- Autoridade inclui os ramos executivo, legislativo e judiciário do
poder político.
Autoridade não é só o Presidente da República e seus
ministros, mas, os magistrados de todas as instâncias do judiciário, os
senadores e os deputados.
- Autoridade inclui, em uma federação, tanto os órgãos da união
federal, como os dos estados e municípios (governadores, secretários,
deputados estaduais, desembargadores, prefeitos, vereadores, juízes e etc).
- Governo é o conjunto desses órgãos, de seus ocupantes, com suas
diretrizes. A competência e as atribuições desses órgãos são delimitadas
pela Constituição Federal, pelas Constituições Estaduais e outras leis
ordinárias e complementares.
Governantes e governados estão sujeitos à lei, que
assegura os direitos dos cidadãos, os quais devem obediência à lei e não aos
governantes, quando eles a afligem. O mesmo se diga de um ramo do poder em
relação a outro.
- Por ser a democracia intrinsecamente pluripartidária, os partidos
de oposição legalmente constituídos integram o governo, ou seja, fazer
oposição é parte da tarefa governativa (na Inglaterra o chefe da oposição
recebe um salário especial).
- Fazer oposição não é insubmissão contra o Estado, mas discordância
dos que eventualmente ocupam a direção da coisa pública. Um deputado de
oposição é uma autoridade que discorda de outra autoridade: O Presidente
da Republica, por exemplo: garantindo a democracia, a alternância partidária,
a oposição de hoje, poderá ser o governo de amanhã e vice versa.
6. Quando algo errado for transformado em lei em uma
democracia, o cristão poderá tomar duas atitudes:
a) Desobedecer, caso a lei atinja o ministério cristão ou à
vida humana.
b) Obedecer protestando e lutando pelos canais legais para
que a lei seja revogada ou alterada, quando estiver relacionada a valores do
reino (liberdade, justiça e paz).
O cristão deve pagar seus impostos. Se discordar, mesmo
pagando pode lutar pela reforma tributária. Por ser o Senhor o Deus da providência
e da história, a elaboração e institucionalização do modelo político cujos
mecanismos são acima descritos (a democracia) podem se inserir em sua economia
e se constituir em modalidade diversa e atualizada de submissão a autoridade
para esse tempo.
Os apóstolos e os
poderes políticos – A vida da igreja em seus
primórdios, foi de constante atrito com os poderes constituídos. Guardas, prisões,
audiências e tribunais faziam parte permanente dos riscos do ministério apostólico.
Logo após os primeiros milagres e as primeiras conversões,
quando Pedro fazia um discurso no templo, eles foram presos por iniciativa dos
sacerdotes, do capitão do templo e dos saduceus. Eles não se conformavam com o
fato de que, em tão pouco tempo, o número de seguidores de Jesus já chegasse a
quase cinco mil.
Os apóstolos ficaram vinte e quatro horas na cadeia e
foram interrogados e ameaçados pelo Sinédrio, que os proibiu de pregar.
Eles foram soltos e não obedeceram, voltando a pregar e a
fazer milagres. Foram novamente para a prisão, de onde à noite, foram
libertados por um anjo.
Livres, voltaram a ensinar no templo. Pela terceira vez
foram presos e interrogados pelo Sinédrio, quando se travou o significativo diálogo:
“E o sumo sacerdote interrogou-os dizendo: expressamente
vos ordenamos que não ensinásseis nesse nome, contudo, enchestes Jerusalém de
vossa doutrina; e quereis lançar sobre nós o sangue desse homem.
E
ntão Pedro e os demais apóstolos afirmaram: Antes importa
obedecer a Deus do que aos homens” (At 5.27-29). Estava lançado um princípio: o
cristão pode – e deve – desobedecer à autoridade política se ela proibir de realizar
o ministério: pregar, ensinar, curar e expulsar demônios (At 5.41,42).
Jesus e a política em
seu tempo – A sociedade judaica na época de Jesus
estava dividida em correntes em que os posicionamentos religiosos estavam intimamente
vinculados às opções políticas:
1. Os fariseus: ao lado da defesa da ortodoxia, da observância externa
da lei e da esperança messiânica, representavam uma postura nacionalista, contrária
á dominação romana e ás influências culturais estrangeiras, notadamente o
helenismo.
2. Os saduceus: eram os aristocratas que não levavam muito a serio a
vida religiosa e a moralidade, rejeitavam muito das crenças tradicionais do
judaísmo, ao mesmo tempo em que se abriam às influências helênicas, mantendo
uma atitude de acomodação e colaboração em relação aos invasores romanos. Por
isso eram pouco estimados pelo povo.
3. Os herodianos:
constituíam um grupo minoritário de políticos, administradores e burocratas
ligados ao governo relativamente autônomo.
Eram estreitos colaboradores do império romano. Eram os
interlocutores entre as forças de ocupação e a população nativa. Por isso eram
extremamente odiados.
4. Os zelotes: Eram remanescentes da revolta dos Macabeus. Exaltados nacionalistas
viam na obediência a um imperador pagão, uma traição a Deus.
Defendiam a via violenta para atingir o fim almejado – derrotado
nas batalhas do período inter bíblico, mantiveram vivos seus sentimentos
durante as primeiras décadas da Era cristã, até a guerra anti romana de 66 a 73
d.C., cujo trágico desfecho seria o fim do que restava de Israel e a Diáspora.
5. Os escênios: Piedosos e místicos optavam por viver em
pequenas comunidades rurais, onde cultivavam a agropecuária de subsistência,
desenvolvendo um estilo de vida ascético. Procuravam se isolar do resto do
povo, pouco se importando com as “coisas do mundo” eram politicamente
alienados.
O ministério de Jesus deve ser entendido no contexto político
em que seu país se encontrava. Seus interlocutores não eram iguais, neutro ou
incolores, mas, seguidores de uma das correntes político-religiosos de então.
Seu discurso tinha de levar em conta o conceito atribuído aos
vocábulos. As expectativas messiânicas eram inegavelmente ligadas ao desejo de
libertação política. Os textos dos quatro evangelistas não podem ser bem
entendidos se não se levar em conta o seu tempo.
O evangelho deve exercer
influencia nos governos, sem contudo, se comprometer com o poder dominante. A Bíblia traz vários exemplos de homens fiéis a Deus que
exerceram influência nos governos seculares em que serviam.
Um deles é Daniel, profeta judeu que exerceu forte influência
sobre o governo da Babilônia. Daniel disse a Nabucodonosor: Portanto, aceita o
meu conselho, ó Rei: Abandona teus pecados, praticando a justiça e a renúncia às
tuas maldades, usando de misericórdia com os pobres, se quiseres prolongar tua
tranquilidade (Dn 4.27).
Daniel ocupava um cargo elevado na corte de Nabucodonosor.
Era governador de todas as províncias da Babilônia e chefe de todos os sábios
(Dn 2.48,49; 4.27).
Neemias era copeiro do rei Artaxerxes (Ne 1.11), cargo de grande
responsabilidade. Mordecai era o segundo na hierarquia depois do rei Xerxes (Et
10.3;9.4). Rainha Ester também exerceu influência considerável sobre as decisões
do rei Xerxes (Et 5.1-8; 7.1-6; 8.3-13; 9.12-15, 29-33).
Jeremias dava conselho aos exilados judeus na Babilônia
(Jr 29.7).
No NT João Batista é um exemplo de influência sobre o
governo. Em sua época o governante da Galiléia de 4a.C. a 39 d.C. era Herodes
Antipas.
“Tetrarca” nomeado pelo imperador romano e sujeito à
autoridade do império romano.
João Batista repreendeu Herodes o “tetrarca” por um pecado
específico em sua vida pessoal, mas que se tornara publico, porque João dizia não
se te é lícito possuir a mulher do teu irmão.
Além desses exemplos a mera existência de passagens bíblicas
que ensinam a respeito do governo é argumento em favor da influência cristã
expressiva sobre os governos.
Por motivo muito especial Deus colocou na Bíblia Romanos
13.1-7 e 1Pedro 2.13,14 e outras passagens relacionadas como no livro dos
Salmos e em Provérbios. Todas estão ali para os cristãos lerem em suas devoções
particulares e dizer aos governantes como Deus vê seus papéis e
responsabilidades.
Sem dúvida, Deus colocou essas passagens na Bíblia não
apenas para ensinar aos cristãos como eles devem se relacionar com os governos
civis, mas também para que pessoas com responsabilidades governamentais saibam
o que o próprio Deus espera delas.
Bibliografia:
Lições Bíblicas EBD
CPAD - 2º. Trimestre 2016. Comentarista: Pr.José Gonçalves.
GONÇALVES, José. Maravilhosa
Graça – O Evangelho de Jesus revelado na Carta aos Romanos. CPAD. RJaneiro 2016
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