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sexta-feira, 3 de junho de 2016

Lição 10 -Deveres Civis Morais e Espirituais - 05.06.16 - EBD CPAD

Abordagem de Conteúdos Transversalizados com o Tema em Estudo
2º. Trimestre 2016
Romanos 13.1-8
Reflexão: Diante da sociedade, o crente tem deveres civis, morais e espirituais.

Todo homem serve a alguém e deve fazer uma opção a quem servir, com as respectivas consequências. Uma das questões que destacamos no ensino de Paulo é a relação dos cristãos com os governantes.

Paulo afirma: Admoesto-os a que se sujeitem aos principados e potestades, que lhes obedeçam e estejam preparados para toda boa obra (Tt 3.1).
Em carta aos Romanos, Paulo apela para que os cristãos vivam em dias com seus compromissos, pagando a todos os credores, inclusive os impostos e tributos.

Em seguida o apóstolo faz uma ampla consideração sobre as autoridades:
“Toda alma esteja sujeito às autoridades superiores; porque não há autoridade que não venha de Deus; e as autoridades que há, foram ordenadas por Deus.

Por isso, quem resiste à autoridade resiste à ordenação de Deus; e os que resistem trarão sobre si mesmo a condenação. Porque os magistrados não são terror para as boas obras, mas para as más.

Queres tu, pois, não temer a autoridade? Faze o bem e terás louvor dela.
Porque é ministro de Deus para o teu bem. Mas, se fizeres o mal, teme, pois não traz debalde a espada; porque é ministro de Deus e vingador para castigar o que faz o mal.

Portanto, é necessário que lhe estejais sujeitos, não somente pelo castigo, mas também pela consciência. Por essa razão também pagais tributos, porque são ministros de Deus, atendendo sempre a isto mesmo.

Portanto, dai a cada um o que deveis: a quem tributos, tributo; a quem impostos, imposto; a quem temor, temor; a quem honra, honra” (Rm 13.1-7).
Vivemos hoje um Ocidente influenciado pelos ideais democráticos, onde se afirma o primado da lei emanada do povo.

Mesmo aqui tem-se confundido submissão ao Estado e ordenamento jurídico com submissão a um partido ou pessoa que eventualmente exerce o governo do Estado.
Confundiu-se oposição legal e legítima com pecado de insubmissão. É bom que todos saibam que em uma democracia:

  1. Autoridade inclui os ramos executivo, legislativo e judiciário do poder político.
Autoridade não é só o Presidente da República e seus ministros, mas, os magistrados de todas as instâncias do judiciário, os senadores e os deputados.

  1. Autoridade inclui, em uma federação, tanto os órgãos da união federal, como os dos estados e municípios (governadores, secretários, deputados estaduais, desembargadores, prefeitos, vereadores, juízes e etc).

  1. Governo é o conjunto desses órgãos, de seus ocupantes, com suas diretrizes. A competência e as atribuições desses órgãos são delimitadas pela Constituição Federal, pelas Constituições Estaduais e outras leis ordinárias e complementares.

Governantes e governados estão sujeitos à lei, que assegura os direitos dos cidadãos, os quais devem obediência à lei e não aos governantes, quando eles a afligem. O mesmo se diga de um ramo do poder em relação a outro.

  1. Por ser a democracia intrinsecamente pluripartidária, os partidos de oposição legalmente constituídos integram o governo, ou seja, fazer oposição é parte da tarefa governativa (na Inglaterra o chefe da oposição recebe um salário especial).

  1. Fazer oposição não é insubmissão contra o Estado, mas discordância dos que eventualmente ocupam a direção da coisa pública. Um deputado de oposição é uma autoridade que discorda de outra autoridade: O Presidente da Republica, por exemplo: garantindo a democracia, a alternância partidária, a oposição de hoje, poderá ser o governo de amanhã e vice versa.

6. Quando algo errado for transformado em lei em uma democracia, o cristão poderá tomar duas atitudes:
a) Desobedecer, caso a lei atinja o ministério cristão ou à vida humana.
b) Obedecer protestando e lutando pelos canais legais para que a lei seja revogada ou alterada, quando estiver relacionada a valores do reino (liberdade, justiça e paz).

O cristão deve pagar seus impostos. Se discordar, mesmo pagando pode lutar pela reforma tributária. Por ser o Senhor o Deus da providência e da história, a elaboração e institucionalização do modelo político cujos mecanismos são acima descritos (a democracia) podem se inserir em sua economia e se constituir em modalidade diversa e atualizada de submissão a autoridade para esse tempo.

Os apóstolos e os poderes políticos – A vida da igreja em seus primórdios, foi de constante atrito com os poderes constituídos. Guardas, prisões, audiências e tribunais faziam parte permanente dos riscos do ministério apostólico.

Logo após os primeiros milagres e as primeiras conversões, quando Pedro fazia um discurso no templo, eles foram presos por iniciativa dos sacerdotes, do capitão do templo e dos saduceus. Eles não se conformavam com o fato de que, em tão pouco tempo, o número de seguidores de Jesus já chegasse a quase cinco mil.

Os apóstolos ficaram vinte e quatro horas na cadeia e foram interrogados e ameaçados pelo Sinédrio, que os proibiu de pregar.
Eles foram soltos e não obedeceram, voltando a pregar e a fazer milagres. Foram novamente para a prisão, de onde à noite, foram libertados por um anjo.

Livres, voltaram a ensinar no templo. Pela terceira vez foram presos e interrogados pelo Sinédrio, quando se travou o significativo diálogo:
“E o sumo sacerdote interrogou-os dizendo: expressamente vos ordenamos que não ensinásseis nesse nome, contudo, enchestes Jerusalém de vossa doutrina; e quereis lançar sobre nós o sangue desse homem.
E
ntão Pedro e os demais apóstolos afirmaram: Antes importa obedecer a Deus do que aos homens” (At 5.27-29). Estava lançado um princípio: o cristão pode – e deve – desobedecer à autoridade política se ela proibir de realizar o ministério: pregar, ensinar, curar e expulsar demônios (At 5.41,42).

Jesus e a política em seu tempo – A sociedade judaica na época de Jesus estava dividida em correntes em que os posicionamentos religiosos estavam intimamente vinculados às opções políticas:

1. Os fariseus: ao lado da defesa da ortodoxia, da observância externa da lei e da esperança messiânica, representavam uma postura nacionalista, contrária á dominação romana e ás influências culturais estrangeiras, notadamente o helenismo.

2. Os saduceus: eram os aristocratas que não levavam muito a serio a vida religiosa e a moralidade, rejeitavam muito das crenças tradicionais do judaísmo, ao mesmo tempo em que se abriam às influências helênicas, mantendo uma atitude de acomodação e colaboração em relação aos invasores romanos. Por isso eram pouco estimados pelo povo.

3. Os herodianos: constituíam um grupo minoritário de políticos, administradores e burocratas ligados ao governo relativamente autônomo.
Eram estreitos colaboradores do império romano. Eram os interlocutores entre as forças de ocupação e a população nativa. Por isso eram extremamente odiados.

4. Os zelotes: Eram remanescentes da revolta dos Macabeus. Exaltados nacionalistas viam na obediência a um imperador pagão, uma traição a Deus.
Defendiam a via violenta para atingir o fim almejado – derrotado nas batalhas do período inter bíblico, mantiveram vivos seus sentimentos durante as primeiras décadas da Era cristã, até a guerra anti romana de 66 a 73 d.C., cujo trágico desfecho seria o fim do que restava de Israel e a Diáspora.

5. Os escênios: Piedosos e místicos optavam por viver em pequenas comunidades rurais, onde cultivavam a agropecuária de subsistência, desenvolvendo um estilo de vida ascético. Procuravam se isolar do resto do povo, pouco se importando com as “coisas do mundo” eram politicamente alienados.

O ministério de Jesus deve ser entendido no contexto político em que seu país se encontrava. Seus interlocutores não eram iguais, neutro ou incolores, mas, seguidores de uma das correntes político-religiosos de então.

Seu discurso tinha de levar em conta o conceito atribuído aos vocábulos. As expectativas messiânicas eram inegavelmente ligadas ao desejo de libertação política. Os textos dos quatro evangelistas não podem ser bem entendidos se não se levar em conta o seu tempo.

O evangelho deve exercer influencia nos governos, sem contudo, se comprometer com o poder dominante. A Bíblia traz vários exemplos de homens fiéis a Deus que exerceram influência nos governos seculares em que serviam.

Um deles é Daniel, profeta judeu que exerceu forte influência sobre o governo da Babilônia. Daniel disse a Nabucodonosor: Portanto, aceita o meu conselho, ó Rei: Abandona teus pecados, praticando a justiça e a renúncia às tuas maldades, usando de misericórdia com os pobres, se quiseres prolongar tua tranquilidade (Dn 4.27).

Daniel ocupava um cargo elevado na corte de Nabucodonosor. Era governador de todas as províncias da Babilônia e chefe de todos os sábios (Dn 2.48,49; 4.27).

Neemias era copeiro do rei Artaxerxes (Ne 1.11), cargo de grande responsabilidade. Mordecai era o segundo na hierarquia depois do rei Xerxes (Et 10.3;9.4). Rainha Ester também exerceu influência considerável sobre as decisões do rei Xerxes (Et 5.1-8; 7.1-6; 8.3-13; 9.12-15, 29-33).
Jeremias dava conselho aos exilados judeus na Babilônia (Jr 29.7).

No NT João Batista é um exemplo de influência sobre o governo. Em sua época o governante da Galiléia de 4a.C. a 39 d.C. era Herodes Antipas.
“Tetrarca” nomeado pelo imperador romano e sujeito à autoridade do império romano.

João Batista repreendeu Herodes o “tetrarca” por um pecado específico em sua vida pessoal, mas que se tornara publico, porque João dizia não se te é lícito possuir a mulher do teu irmão.

Além desses exemplos a mera existência de passagens bíblicas que ensinam a respeito do governo é argumento em favor da influência cristã expressiva sobre os governos.

Por motivo muito especial Deus colocou na Bíblia Romanos 13.1-7 e 1Pedro 2.13,14 e outras passagens relacionadas como no livro dos Salmos e em Provérbios. Todas estão ali para os cristãos lerem em suas devoções particulares e dizer aos governantes como Deus vê seus papéis e responsabilidades.

Sem dúvida, Deus colocou essas passagens na Bíblia não apenas para ensinar aos cristãos como eles devem se relacionar com os governos civis, mas também para que pessoas com responsabilidades governamentais saibam o que o próprio Deus espera delas.


Bibliografia:
Lições Bíblicas EBD CPAD - 2º. Trimestre 2016. Comentarista: Pr.José Gonçalves.
GONÇALVES, José. Maravilhosa Graça – O Evangelho de Jesus revelado na Carta aos Romanos. CPAD. RJaneiro 2016
GRUDEM. Wayne. Política Segundo a Bíblia – Princípios que todo Cristão deve Conhecer.  Editora Vida Nova. São Paulo 2014
CALVINO João. As Institutas ou Tratado de Religião Cristã. Vls. I, II.Casa Edit. Presbiteriana. SPaulo 1985.
CAVALCANTI Robson. Cristianismo e Política. –  Teoria Bíblica e Prática Histórica. Editora Ultimato. MGerais 2002
RADMACHER, Earl D. O Novo Comentário Bíblico – Novo Testamento com Recursos Adicionais. Editora Central. RJaneiro, 2010
CHAMPLIN. R.N. O Novo Testamento Interpretado Versículo por Versículo. Editora Hagnus. SPaulo, 2002
CHAMPLIN R. N. Enciclopédia de Bíblia Teologia e Filosofia.
GOPPELT. Leonhard – Teologia do Novo Testamento Vls 1 e 2 – Editora Sinodal Vozes. R.Janeiro, 1982.
BARBAGLIO. Giuseppe. As Cartas de Paulo Vl 2. Edit. Loyola. São Paulo, 1991.

SOUZA Itamir Neves de.  Atos dos Apóstolos – Uma história Singular. Edit.Descoberta. Londrina 1999

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