Total de visualizações de página

236,052

segunda-feira, 28 de março de 2016

Lição 01 - A Epístola aos Romanos - 03.04.16 - EBD CPAD

Abordagem de Conteúdos Transversalizados com o Tema em Estudo
2º. Trimestre 2016
Romanos 1.1-17
Reflexão: A Epístola aos Romanos mostra que sem a graça divina todos os nossos esforços são inúteis para a nossa salvação e comunhão com Deus.

Paulo era “hebreu de hebreu”. Isso significa que ele nasceu de uma família comprometida com a tradição dos pais. Seu nascimento ocorreu provavelmente entre os anos I ou II da era cristã, segundo a contagem de Dionísio Exigou; quatro ou cinco anos mais novo de que o Senhor Jesus Cristo, na cidade de Tarso da Cilícia (Fp 3.5; At 21.39; 22.3).

Portanto, Paulo era um judeu da Diáspora e como tal conheceu o mundo helenista desde a mocidade, na medida em que um judeu fiel tem acesso a ela. Seu nome Saulo era a forma grega do nome hebraico Saul. Seu relacionamento com o judaísmo foi através dos estudos teológicos em Jerusalém (At 26.5).

Em sua carta aos Gálatas 1.22, o apóstolo Paulo deixa claro que não era conhecido das igrejas em Jerusalém. Contudo, alguns pensam que ele vivia em Jerusalém antes da sua conversão. Paulo era discípulo rabino de origem farisaica, antes da conversão (Gl 1.14). Era zeloso da lei e perseguia a igreja de Deus e a assolava (Gl 1.13).

Essa era sua posição antes do seu encontro com Jesus na estrada de Damasco (At 9.1-9; 22.3-11, 26.9-18; Fp 3.6). Aquele encontro na estrada de Damasco com Cristo, Paulo passou a considerar tão importante para seu apostolado como as aparições do Cristo ressurreto aos apóstolos (1Co 15.8; 9.1; Gl 1.15).

Essas revelações ele entendeu como vocação a fé e ao apostolado. Como apóstolo, percorreu as seguintes fases: Período preparatório de atividades limitadas entre os nabateus – povos semíticos, ancestrais dos árabes que habitavam a região norte da Arábia ao Sul da Jordânia e Canaã, e na Cilícia, cerca de 32/34 até 40 dc. (Gl 1.15-24; 2Co 11.32; At 9.19-30).

Durante esse período ocorreu o notável encontro com os representantes da igreja primitiva em Jerusalém três anos após sua conversão (Gl 1.18).
Mas sua verdadeira vocação surgiu quando foi chamado por Barnabé para a igreja de Antioquia da Síria, a matriz da igreja cristã gentílica (At 11.19-30).

Foi durante a primavera do ano 57 dc., que o apóstolo Paulo concluiu seu Tratado Doutrinário aos Romanos (Rm 15.25-27; 16.1,2). Nesta ocasião ele estava em Corinto preparando-se para viajar, transportando o dinheiro ofertado por algumas igrejas e vários cristãos aos irmãos empobrecidos da igreja em Jerusalém.

Foi nesse período que o apóstolo esteve em Cencréia, acerca de 9 km de Corinto com Gaio, seu anfitrião e Erasto procurador da cidade e também o irmão Quarto, que eram naturais de Corinto e Febe, discípula fiel e cooperadora, que vivia e ministrava em Cencréia (Rm 16.1,23; 1Co 1.14; 2Tm 4.20).

Está fora de qualquer discussão, a excepcional importância da carta de Paulo aos Romanos, que é o escrito mais longo, mais estruturado, e de inigualável riqueza teológica. Ela exerceu profunda influência na antiguidade cristã.

Marcião, um herege guinóstico, procurou encontrar na carta aos Romanos motivos que justificasse sua concepção herética do desligamento do cristianismo da herança velho-testamentária e judaica. Agostinho bispo de Hipona, encontrou na carta aos Romanos, apoio decisivo em sua polêmica antipelagiana. A reforma protestante do século XVI, fez da carta aos Romanos seu texto sagrado.

Os comentários de Lutero, Calvino e Melantonio, fez também dela seu texto sagrado. Nos tempos modernos a obra de K. Barth, representou em 1919, uma virada histórica na Teologia Protestante Alemã, pondo fim a orientação liberal e inaugurou a Teologia Dialética do século XX, que ressalta o sentido existencial do cristianismo e o reintegra em sua base bíblica de doutrina e revelação da fé.

A igreja Cristã de Roma – A capital do império, então com cerca de aproximadamente um milhão de habitantes, acolhia diversos grupos de minorias éticas vindas do Oriente.

Entre essas, se distinguia uma numerosa colônia judaica. Em 139 ac., já se encontrava a existência de judeus em Roma, mas na época em que o apóstolo Paulo escreve esta carta, havia em Roma aproximadamente cinquenta mil judeus, e inúmeras sinagogas. Havia também um profundo sentimento anti judaico. Os judeus sofriam muitas medidas restritivas.

Mas é no interior da Diáspora judaica, que surge a primeira igreja cristã em Roma. É evidente que a presença de cristãos tinha dado lugar a muitas discussões e tumultos no gueto judaico romano.

Segundo o historiador romano, Cláudio, a briga entre grupos de judeus e cristãos palestinenses, e grupos de cristãos gentios, fez com que o imperador publicasse seu edito no ano de 49, expulsando todos os judeus da cidade de Roma. A essa expulsão se refere Áquila e Priscila quando se encontraram com Paulo em Coríntios (At 18.1-3).

Na capital do império permaneceu um grupo de cristãos gentios que procuraram novos lugares de reunião nas casas de irmãos fiéis. O afastamento dos cristãos gentios das sinagogas não foi um ato meramente físico, pois deu origem a várias igrejas cristãs locais e autóctones compostas apenas de cristãos gentios.

Quando Nero se tornou imperador, revogou o édito de Cláudio e os judeus puderam voltar a Jerusalém, mas passaram a formar igrejas cristãs diferentes, somente com judeus cristãos, onde a hegemonia estava agora com os cristãos gentios, que tinham se emancipado dos laços com a tradição judaica e crescido numericamente.

Quando Paulo ditou a Tércio o seu escrito  (Rm 16.22), já havia há muito tempo uma igreja cristã em Roma (At 2.10). O apóstolo expressa aos seus destinatários que há vários anos tinha o desejo de visitar Roma (At 15.23).

Não existe nenhum personagem de relevo do cristianismo primitivo mencionado na carta aos Romanos. Acredita-se que nem mesmo o apóstolo Pedro tinha ainda chegado a capital do império quando Paulo escreve aos cristãos gentios sobre a graça de ser apóstolo para conduzir a obediência da fé a todos os gentios dos quais eles fazem parte (Rm 1.5-7).

No momento mais crítico da sua vida de apóstolo, ultimada a sua missão no Oriente e prestes a abrir a do Ocidente, odiado pelo judaísmo, contestado pelos cristãos judaizantes, sofrendo a desconfiança da igreja-mãe de Jerusalém, Paulo é chamado a um dramático exame de sua ação missionária e do seu anúncio evangélico.

A carta aos Romanos é quase um balanço, não no sentido de que queira resumir e sistematizar o seu pensamento. Não se trata de uma suma teológica, mas, de uma exposição aprofundada do evangelho, para justificar o alto significado da coleta: a comunhão dos cristãos gentios e dos cristãos judeus na única igreja de Cristo.

A maior fratura do mundo antigo era justamente, o que havia entre circuncisos e incircuncisos: Uma fratura de caráter étnico, histórico cultural e religioso. Ora, Paulo proclama que Cristo é a radical superação de todos esses problemas.

Diante da revelação e da atuação da iniciativa salvífica de Deus em seu eterno
Filho Jesus Cristo morto e ressuscitado (Rm 1.1-17).
Em Cristo desaparece todo o privilégio e toda a desvantagem: Todos estão igualmente necessitados de salvação e libertação “Porque Deus encerrou a todos debaixo da desobediência, para com todos usar de misericórdia” (Rm 11.32).

A carta aos Romanos revela com muita clareza que Deus não faz acepção de pessoas. Porque todos pecaram e estão privados da glória de Deus e são justificados gratuitamente pela sua graça, através da redenção realizada em Cristo Jesus (Rm 3.22-24; 10.12; 15.7-9).

A ação é do Deus de todos, e não só dos circuncisos (Rm 3.39; 10.12). Ele é justo, ou seja, fiel a si mesmo e ao seu projeto de salvação universal. Sua ação é mediada por Cristo, o novo Adão que resgata (Rm 3.24;) a velha humanidade escravizada pela força maléfica do pecado e destinada á morte eterna (Rm 5.12-21; 7.25).
No plano objetivo a participação efetiva da salvação ocorre unicamente pela fé (Rm 1.17; 3.21-31; 4; 5.1; 9;30-32; 10.6).

Paulo destaca alguns aspectos principais na carta aos Romanos; a doutrina da salvação é apresentada dentro de alguns itens especiais: O teológico (Rm 1.18 – 5.11), o antropológico (Rm 5.12 – 8.39), o histórico (Rm 9.1 – 11.36) e o ético (Rm 12. 1 – 15.33).

Esse plano alcança toda a obra e contém verdades incontestáveis e irremovíveis. Na esfera teológica Paulo apresenta a condição perdida dos homens sem nenhuma possibilidade de salvação por méritos próprios, e mostra Cristo como a solução.

Na esfera antropológica ele faz uma ilustração do primeiro e do segundo Adão e coloca o crente de frente a uma nova realidade espiritual. O primeiro Adão foi vencido pelo pecado, mas o segundo, venceu por todos os homens. Em Cristo, o homem assume um novo regime de vida – a orientação do Espírito Santo.

Uma visão panorâmica da carta aos Romanos nos permite vislumbrar a terrível situação espiritual na qual se encontra a humanidade depois da queda. Mas a carta mostra de forma clara, que Deus por intermédio do seu amor gracioso, que ultrapassa todo entendimento, veio ao encontro dos pecadores para oferecer-lhe perdão e restauração através de Cristo, seu bendito Filho.

Aquele que através de seu sacrifício vicário, tirou os homens das trevas do pecado e deu a oportunidade ao pecador de viver uma nova vida no poder do Espírito Santo, a saber: “Se, com a tua boca, confessares ao Senhor Jesus e, em teu coração, creres que Deus o ressuscitou dos mortos, serás salvo. Visto que com o coração se crê para a justiça e com a boca se faz confissão para a salvação” (Rm 10.9,10).

Bibliografia:
Lições Bíblicas EBD CPAD - 2º. Trimestre 2016. Comentarista: Pr.José Gonçalves.
 GONÇALVES. José. Maravilhosa Graça – O Evangelho de Jesus revelado na Carta aos Romanos. CPAD. RJaneiro 2016
GOPPELT. Leonhard – Teologia do Novo Testamento Vls 1 e 2 – Editora Sinodal Vozes. R.Janeiro, 1982.
BARBAGLIO. Giuseppe. As Cartas de Paulo Vl 2. Edit. Loyola. São Paulo, 1991.

Bíblia King James. SBB Íbero Americana. 2012

Nenhum comentário:

Postar um comentário