Abordagem de Conteúdos Transversalizados com o Tema em
Estudo
2º. Trimestre 2016
Romanos 1.1-17
Reflexão: A Epístola aos Romanos mostra que sem a graça divina
todos os nossos esforços são inúteis para a nossa salvação e comunhão com Deus.
Paulo era “hebreu de hebreu”. Isso significa que ele
nasceu de uma família comprometida com a tradição dos pais. Seu nascimento ocorreu
provavelmente entre os anos I ou II da era cristã, segundo a contagem de
Dionísio Exigou; quatro ou cinco anos mais novo de que o Senhor Jesus Cristo,
na cidade de Tarso da Cilícia (Fp 3.5; At 21.39; 22.3).
Portanto, Paulo era um judeu da Diáspora e como tal
conheceu o mundo helenista desde a mocidade, na medida em que um judeu fiel tem
acesso a ela. Seu nome Saulo era a forma grega do nome hebraico Saul. Seu
relacionamento com o judaísmo foi através dos estudos teológicos em Jerusalém
(At 26.5).
Em sua carta aos Gálatas 1.22, o apóstolo Paulo deixa
claro que não era conhecido das igrejas em Jerusalém. Contudo, alguns pensam
que ele vivia em Jerusalém antes da sua conversão. Paulo era discípulo rabino
de origem farisaica, antes da conversão (Gl 1.14). Era zeloso da lei e
perseguia a igreja de Deus e a assolava (Gl 1.13).
Essa era sua posição antes do seu encontro com Jesus na
estrada de Damasco (At 9.1-9; 22.3-11, 26.9-18; Fp 3.6). Aquele encontro na
estrada de Damasco com Cristo, Paulo passou a considerar tão importante para
seu apostolado como as aparições do Cristo ressurreto aos apóstolos (1Co 15.8;
9.1; Gl 1.15).
Essas revelações ele entendeu como vocação a fé e ao
apostolado. Como apóstolo, percorreu as seguintes fases: Período preparatório de
atividades limitadas entre os nabateus – povos semíticos, ancestrais dos árabes
que habitavam a região norte da Arábia ao Sul da Jordânia e Canaã, e na
Cilícia, cerca de 32/34 até 40 dc. (Gl 1.15-24; 2Co 11.32; At 9.19-30).
Durante esse período ocorreu o notável encontro com os
representantes da igreja primitiva em Jerusalém três anos após sua conversão
(Gl 1.18).
Mas sua verdadeira vocação surgiu quando foi chamado por
Barnabé para a igreja de Antioquia da Síria, a matriz da igreja cristã
gentílica (At 11.19-30).
Foi durante a primavera do ano 57 dc., que o apóstolo
Paulo concluiu seu Tratado Doutrinário aos Romanos (Rm 15.25-27; 16.1,2). Nesta
ocasião ele estava em Corinto preparando-se para viajar, transportando o
dinheiro ofertado por algumas igrejas e vários cristãos aos irmãos empobrecidos
da igreja em Jerusalém.
Foi nesse período que o apóstolo esteve em Cencréia,
acerca de 9 km de Corinto com Gaio, seu anfitrião e Erasto procurador da cidade
e também o irmão Quarto, que eram naturais de Corinto e Febe, discípula fiel e
cooperadora, que vivia e ministrava em Cencréia (Rm 16.1,23; 1Co 1.14; 2Tm
4.20).
Está fora de qualquer discussão, a excepcional importância
da carta de Paulo aos Romanos, que é o escrito mais longo, mais estruturado, e
de inigualável riqueza teológica. Ela exerceu profunda influência na
antiguidade cristã.
Marcião, um herege guinóstico, procurou encontrar na carta
aos Romanos motivos que justificasse sua concepção herética do desligamento do
cristianismo da herança velho-testamentária e judaica. Agostinho bispo de
Hipona, encontrou na carta aos Romanos, apoio decisivo em sua polêmica antipelagiana.
A reforma protestante do século XVI, fez da carta aos Romanos seu texto
sagrado.
Os comentários de Lutero, Calvino e Melantonio, fez também
dela seu texto sagrado. Nos tempos modernos a obra de K. Barth, representou em
1919, uma virada histórica na Teologia Protestante Alemã, pondo fim a
orientação liberal e inaugurou a Teologia Dialética do século XX, que ressalta o sentido
existencial do cristianismo e o reintegra em sua base bíblica de doutrina e
revelação da fé.
A igreja Cristã de Roma – A capital do império, então com cerca de
aproximadamente um milhão de habitantes, acolhia diversos grupos de minorias
éticas vindas do Oriente.
Entre essas, se distinguia uma numerosa colônia judaica.
Em 139 ac., já se encontrava a existência de judeus em Roma, mas na época em
que o apóstolo Paulo escreve esta carta, havia em Roma aproximadamente
cinquenta mil judeus, e inúmeras sinagogas. Havia também um profundo sentimento
anti judaico. Os judeus sofriam muitas medidas restritivas.
Mas é no interior da Diáspora judaica, que surge a
primeira igreja cristã em Roma. É evidente que a presença de cristãos tinha
dado lugar a muitas discussões e tumultos no gueto judaico romano.
Segundo o historiador romano, Cláudio, a briga entre
grupos de judeus e cristãos palestinenses, e grupos de cristãos gentios, fez
com que o imperador publicasse seu edito no ano de 49, expulsando todos os
judeus da cidade de Roma. A essa expulsão se refere Áquila e Priscila quando se
encontraram com Paulo em Coríntios (At 18.1-3).
Na capital do império permaneceu um grupo de cristãos
gentios que procuraram novos lugares de reunião nas casas de irmãos fiéis. O
afastamento dos cristãos gentios das sinagogas não foi um ato meramente físico,
pois deu origem a várias igrejas cristãs locais e autóctones compostas apenas
de cristãos gentios.
Quando Nero se tornou imperador, revogou o édito de
Cláudio e os judeus puderam voltar a Jerusalém, mas passaram a formar igrejas
cristãs diferentes, somente com judeus cristãos, onde a hegemonia estava agora
com os cristãos gentios, que tinham se emancipado dos laços com a tradição
judaica e crescido numericamente.
Quando Paulo ditou a Tércio o seu escrito (Rm 16.22), já havia há muito tempo uma igreja
cristã em Roma (At 2.10). O apóstolo expressa aos seus destinatários que há
vários anos tinha o desejo de visitar Roma (At 15.23).
Não existe nenhum personagem de relevo do cristianismo
primitivo mencionado na carta aos Romanos. Acredita-se que nem mesmo o apóstolo
Pedro tinha ainda chegado a capital do império quando Paulo escreve aos
cristãos gentios sobre a graça de ser apóstolo para conduzir a obediência da fé
a todos os gentios dos quais eles fazem parte (Rm 1.5-7).
No momento mais crítico da sua vida de apóstolo, ultimada
a sua missão no Oriente e prestes a abrir a do Ocidente, odiado pelo judaísmo,
contestado pelos cristãos judaizantes, sofrendo a desconfiança da igreja-mãe de
Jerusalém, Paulo é chamado a um dramático exame de sua ação missionária e do
seu anúncio evangélico.
A carta aos Romanos é quase um balanço, não no sentido de
que queira resumir e sistematizar o seu pensamento. Não se trata de uma suma
teológica, mas, de uma exposição aprofundada do evangelho, para justificar o
alto significado da coleta: a comunhão dos cristãos gentios e dos cristãos
judeus na única igreja de Cristo.
A maior fratura do mundo antigo era justamente, o que
havia entre circuncisos e incircuncisos: Uma fratura de caráter étnico, histórico
cultural e religioso. Ora, Paulo proclama que Cristo é a radical superação de
todos esses problemas.
Diante da revelação e da atuação da iniciativa salvífica
de Deus em seu eterno
Filho Jesus Cristo morto e ressuscitado (Rm 1.1-17).
Em Cristo desaparece todo o privilégio e toda a
desvantagem: Todos estão igualmente necessitados de salvação e libertação “Porque
Deus encerrou a todos debaixo da desobediência, para com todos usar de misericórdia”
(Rm 11.32).
A carta aos Romanos revela com muita clareza que Deus não
faz acepção de pessoas. Porque todos pecaram e estão privados da glória de Deus
e são justificados gratuitamente pela sua graça, através da redenção realizada
em Cristo Jesus (Rm 3.22-24; 10.12; 15.7-9).
A ação é do Deus de todos, e não só dos circuncisos (Rm
3.39; 10.12). Ele é justo, ou seja, fiel a si mesmo e ao seu projeto de salvação
universal. Sua ação é mediada por Cristo, o novo Adão que resgata (Rm 3.24;) a
velha humanidade escravizada pela força maléfica do pecado e destinada á morte
eterna (Rm 5.12-21; 7.25).
No plano objetivo a participação efetiva da salvação
ocorre unicamente pela fé (Rm 1.17; 3.21-31; 4; 5.1; 9;30-32; 10.6).
Paulo destaca alguns aspectos principais na carta aos
Romanos; a doutrina da salvação é apresentada dentro de alguns itens especiais:
O teológico (Rm 1.18 – 5.11), o antropológico (Rm 5.12 – 8.39), o histórico (Rm 9.1 – 11.36) e o ético (Rm 12. 1 – 15.33).
Esse plano alcança toda a obra e contém verdades incontestáveis
e irremovíveis. Na esfera teológica Paulo
apresenta a condição perdida dos homens sem nenhuma possibilidade de salvação
por méritos próprios, e mostra Cristo como a solução.
Na esfera antropológica
ele faz uma ilustração do primeiro e do segundo Adão e coloca o crente de
frente a uma nova realidade espiritual. O primeiro Adão foi vencido pelo
pecado, mas o segundo, venceu por todos os homens. Em Cristo, o homem assume um
novo regime de vida – a orientação do Espírito Santo.
Uma visão panorâmica da carta aos Romanos nos permite
vislumbrar a terrível situação espiritual na qual se encontra a humanidade
depois da queda. Mas a carta mostra de forma clara, que Deus por intermédio do
seu amor gracioso, que ultrapassa todo entendimento, veio ao encontro dos
pecadores para oferecer-lhe perdão e restauração através de Cristo, seu bendito
Filho.
Aquele que através de seu sacrifício vicário, tirou os
homens das trevas do pecado e deu a oportunidade ao pecador de viver uma nova
vida no poder do Espírito Santo, a saber: “Se, com a tua boca, confessares ao Senhor
Jesus e, em teu coração, creres que Deus o ressuscitou dos mortos, serás salvo.
Visto que com o coração se crê para a justiça e com a boca se faz confissão
para a salvação” (Rm 10.9,10).
Bibliografia:
Lições Bíblicas EBD
CPAD - 2º. Trimestre 2016. Comentarista: Pr.José Gonçalves.
GONÇALVES. José. Maravilhosa Graça – O
Evangelho de Jesus revelado na Carta aos Romanos. CPAD. RJaneiro 2016
GOPPELT. Leonhard – Teologia do Novo Testamento Vls 1 e 2 – Editora Sinodal
Vozes. R.Janeiro, 1982.
BARBAGLIO. Giuseppe. As Cartas de Paulo Vl 2. Edit. Loyola. São Paulo, 1991.
Bíblia King James. SBB Íbero Americana. 2012
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