Abordagem
de Conteúdos Transversalizados com o Tema em Estudo
2º.
Trimestre / 2015
Lucas 2.46-49; 3.21,22
Reflexão: Crescer de
forma integral e uniforme, como Jesus cresceu, deve ser o alvo de todo cristão.
O escritor aos Hebreus tem uma frase muito interessante a respeito da
pessoa do Senhor Jesus Cristo: Ele se refere aos “dias da sua carne” (Hb 5.7).
Esta frase não só aponta indiretamente para o fato de ter tido ele uma
existência anterior à encarnação; mas, quando fala dos “dias da sua carne”, ele
está falando diretamente da sua existência entre nós, como ser humano igual a
nós.
O propósito do autor é falar da real humanidade de Jesus Cristo. Além
disso, o evangelista Lucas está pressupondo a historicidade de Jesus Cristo,
que nasceu, viveu e sofreu entre nós.
O processo de vida pelo qual nosso Senhor Jesus passou aqui nos “dias da
sua carne” foi de desenvolvimento e de aperfeiçoamento, para que pudesse
exercer plenamente os seus ofícios mediatoriais.
Ele cresceu e aprendeu como qualquer outro ser humano com as suas
experiências.
Portanto, não é correto pensar que Jesus Cristo tenha vindo ao
mundo com a plenitude de suas capacidades físicas, mentais, sociais e
ministeriais.
É uma insanidade pensar dele como
alguém que não experimentou desenvolvimento, pois tal pensamento retiraria dele
a sua verdadeira humanidade.
Não é sem razão que o evangelista Lucas fala com palavras de forma muito
clara desse desenvolvimento.
“E o menino crescia e se fortalecia em
espírito, cheio de sabedoria; e a graça de Deus estava sobre ele. E crescia
Jesus em sabedoria, e em estatura, e em graça para com Deus e os homens” (Lc 2.40,52).
Os evangelhos inspirados tratam Jesus Cristo como um verdadeiro homem. A
sua informação corresponde à realidade e não é fantasiosa como as narrativas
feitas pelos evangelhos apócrifos.
Estes últimos falam de loucas fábulas a respeito da onipotência
arbitrária do menino Jesus e da sua onisciência mágica.
Os evangelhos apócrifos são fantasiosos e irreais, desumanizando a pessoa de Jesus. As informações dadas em Lc
2.52, são praticamente a última da sua infância.
Então, vêm os anos de silêncio passados na Galileia que devem ser
considerados os anos do seu pleno desenvolvimento humano.
Trinta anos são passados de sua vida, e neles o redentor é preparado em
todas as esferas: física, mental e relacional.
Quando completou trinta anos que é a idade da maturidade na mentalidade
judaica, Jesus já havia se desenvolvido nas várias formas de seu caráter, é
quando ele inicia seu ministério público.
“E crescia Jesus... em estatura.” O desenvolvimento de Jesus e seu
crescimento foi como os dos demais seres humanos.
Ele não veio à manjedoura com todas as suas características humanas
desenvolvidas. Tudo que ele havia recebido de sua mãe (a sua natureza humana) havia
de crescer de acordo com as leis da natureza.
E existe uma máxima de que a natureza não dá salto. Ela obedece as leis
físicas estabelecidas na criação.
O desenvolvimento humano de Jesus
Cristo aconteceu com o passar do tempo; ele veio à existência como vieram os
demais seres humanos.
Jesus nasceu como nasce os outros bebês. Tinha provavelmente a média do
tamanho das outras crianças, assim como o peso delas.
Os seus órgãos físicos se desenvolveram conforme podemos ler no Salmo
139. “Tu me cercaste em volta e puseste
sobre mim a tua mão. Pois, possuíste o meu interior; entreteceste-me no ventre
de minha mãe.
Os meus ossos não te foram encobertos, quando
no oculto fui formado e entretecido como nas profundezas da terra. Os teus olhos viram o meu corpo ainda
informe, e no teu livro todas essas coisas foram escritas, as quais iam sendo
dia a dia formada, quando nem ainda uma delas havia” (Sl 139.5, 13, 15,16).
Depois de nascer o corpo de Jesus cresceu e se fortaleceu. É o que o
evangelista Lucas fala no seu evangelho.
O fortalecimento gera o crescimento em estatura, que é o que diz o nosso
texto sob análise.
O menino Jesus teve um desenvolvimento em sua natureza imaterial “e
crescia jesus em sabedoria” (Lc 2.52).
É de grande importância perceber que o menino Jesus teve sua
potencialidade intelectual desenvolvida num tempo de pobreza e de ignorância em
que vivia o seu povo e a sociedade em geral.
Todo o contexto educacional de sua vida foi contra o desenvolvimento de
sua natureza intelectual, pois a grande maioria dos de sua época não puderam
desenvolver normalmente o seu intelecto, devido a pobreza predominante.
Ele mesmo nasceu num estábulo e viveu os seus primeiros meses como um
refugiado o Egito (Mt 2. 13, 20-23).
Foi criado num lar de um carpinteiro, numa cidade de reputação muito
ruim como era Nazaré da Galileia.
Não é sem razão que Natanael perguntou a
Filipe anos mais tarde a respeito de Jesus: “De Nazaré, pode sair alguma coisa boa?” (Jo 1.46).
Tornou-se um carpinteiro, aprendendo a profissão do pai, José. Não teve,
portanto, nenhuma educação formal de um nível mais alto. Apenas foi treinado
como era a maioria das crianças do seu tempo, um treinamento-padrão de todo
judeu.
Aprendeu a ler, para conhecer as Escrituras, como um bom judeu deveria
fazer. Não havia nenhum aparato que tornasse mais rápido o seu desenvolvimento
mental e intelectual.
Todavia, ele “crescia em sabedoria”.
E certamente nisso ele sobrepujou a todos os homens de seu tempo. A
sabedoria da qual ele se desenvolveu (embora tenha vindo de Deus, como a de
Salomão veio de Deus) não era a sabedoria da divindade, porque esta não se
desenvolve. O que se desenvolve é o que pertence a esfera da humanidade.
E Jesus tinha mente e comportamento humanos, e nessas coisas ele
crescia, certamente com a ajuda do Espírito Santo.
Samuel Costa, em seu livro “Capelania Cristã”, conta que de acordo com
fonte oral, na época em que Jesus esteve no mundo dos viventes e em forma
corpórea, todas as crianças israelenses, com seis anos de idade eram
matriculadas em uma sinagoga e lá permaneciam em tempo integral até os dez anos
de idade, aprendendo a Torá.
Cremos que Jesus, tendo sido uma dessas crianças, foi matriculado em uma
sinagoga, e com os ensinamentos que recebera dos rabinos, cresceu em sabedoria,
estatura e graça, diante de Deus e dos homens, conforme documentou o médico
Lucas que foi um dos biógrafos de Jesus.
A sabedoria com que ele dava resposta às perguntas mais difíceis que os
adversários lhes fizeram, é produto de um crescimento que levou anos e se aperfeiçoou
à medida que tinha experiência com Deus e com os homens, somando-se a isso, a
ação do Espírito de Deus em sua vida.
Não é sem razão que o seu desenvolvimento intelectual causou espanto e
admiração aos que ouviam Jesus responder coisas de modo tão sábio e inteligente
(Lc 2.47). ”E todos que o ouviam
admiravam a sua inteligência e respostas”.
Jesus teve um desenvolvimento em sua natureza relacional “e crescia
Jesus... em graça”. Todo crescimento relacional de Jesus Cristo pode resumir-se
nessas palavras: “em graça”.
Crescer em graça significa crescer na simpatia daqueles com os quais
convivia. Por outro lado, lemos em Lucas 2.40 que a graça de Deus era com ele.
Foi pela graça de Deus que, nos anos de silêncio, ele aprendeu a
relacionar-se com as pessoas com as quais vivia constantemente.
O menino aprendeu a viver em submissão aos seus pais. Essa informação
também é dada nos últimos registros de sua infância (Lc 2.51). Não é um
aprendizado de rebeldia para submissão, mas, um desenvolvimento no aprendizado
da obediência.
Os anos da obscuridade foram anos de obediência aos seus pais.O menino aprendeu a relacionar-se com Deus.
O conhecimento que ele veio
a ter de Deus não foi dado de maneira imediata, mas foi o produto do seu
aprendizado com seus pais e através da leitura das Escrituras na sinagoga.
O desenvolvimento foi tão grande, que já aos doze anos, ele sabia mais
que alguns doutores da lei, e, “todos que o ouviam muito se admiravam da sua
inteligência e das suas respostas” (Lc 2.47).
O relacionamento do menino de Nazaré com Deus, passou por um processo de
desenvolvimento, e à medida que estudava a lei de Deus passava a ter um maior
conhecimento daquele a quem, no desenvolvimento da sua messianidade somado à
sua divindade, veio a chamar Deus, de meu Pai (Lc 12.49).
“E ele lhes disse: porque é que me procuráveis? Não sabeis que me convém
tratar dos negócios de meu Pai?
Os anos de obscuridade foram anos em que ele aprendeu obedecer a Deus,
para que os propósitos de Deus fossem cumpridos na sua vida, pois, desde a
infância, fazer a vontade de Deus era a sua comida e a sua bebida (Jo 4.32,34).
O menino aprendeu a relacionar-se em todas as esferas de sua vida
terrena. Com toda probabilidade, ele foi tentado já na sua infância. As
tentações eram enfrentadas dia após dia, e vencidas.
Porque haveremos de crer que ele
só foi tentado depois do batismo. Aquele foi o teste maior, mas, certamente ele
foi tentado a quebrar princípios divinos desde a sua infância.
Todavia, os anos de silêncio lhes foram certamente de aprendizado e de
desenvolvimento a fim de que pudesse exercer com perfeição anos mais tarde, seu
ministério público, à vista de todos.
É também significativo que todo desenvolvimento pelo qual Jesus passou
foi sem riqueza. Foi um homem que trabalhou duro, com seu pai, legal (Mt
13.55,56; Mc 6.3,4).
Ele possuiu o suficiente para o seu desenvolvimento: amor, apoio da
comunidade, oportunidades mínimas de aprender e um material básico. Com poucas
coisas à disposição, ele realizou os propósitos do Pai celestial em sua vida
terrena.
As providências naturais para a vida humana de Jesus Cristo, podem
também serem as mesmas para nós.
Devemos aprender a aplicar algumas leis básicas em nossas vidas. Se
forem analisados textos como Pv 30.8,9; 2Co 8.13-15 e Hb 13. 5,6, perceber-se-á
quão significativo pode ser nossa vida quando realizarmos plenamente a obra de
Deus com os recursos básicos que ele nos dá.
Muitos que ignoram esses princípios bíblicos perdem a grande
oportunidade de se desenvolver, para chegarem à estatura da varonilidade de
Jesus Cristo, para o qual fomos chamados (Ef 4.3).
Fonte de pesquisa:
GONÇALVES, José – Comentarista da
Revista do Mestre – EBD CPAD – 2 Trimestre 2015
GONÇALVES. José. Lucas. O Evangelho
de Jesus, o Homem Perfeito. CPAD. 1ª. Edição. RJaneiro, Janeiro de 2015.
GIOIA, Egídio .Notas e Comentários À
Harmonia dos Evangelhos. Editora JUERP. 2ª. Edição. RJaneiro, 1981
COSTA Samuel. Capelania Cristã.
Edit.Silvacosta. RioJaneiro, 2013
CAMPOS, Heber Carlos de. As Duas
Naturezasdo Redentos – A Pessoa de Cristo. Edit. Cultura Cristã. SPaulo, 2004
MACARTHUR, John. Uma Vida Perfeita –
Tudo que a Bíblia revela de Jesus, de Gênesis a Apocalipse. Edit. Thomas
Nelson. RJaneiro, 2014.
Bíblia Sagrada Tradução King James –
Atualizada.
Bíblia de Estudo Macarthur
Bíblia Em Ordem Cronológica – A Nova
Versão Internacional – Edit. Vida
LADD, George Eldon. Teologia do Novo
Testamento. Editora Hagnus. SPaulo, 2003
STERN, David H. Comentário Judaico do
Novo Testamento. Editora Atos. SPaulo, 2008
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