Abordagem
de Conteúdos Transversalizados com o Tema em Estudo
2º.
Trimestre / 2015
Lucas 2.1-7
Lucas relaciona sua narrativa aos grandes fatos históricos do seu tempo.
Caio Otávio, que era sobrinho-neto e filho adotivo de Júlio César, que havia
designado Otávio como seu sucessor, morreu em 44 a.C.
Roma mergulhou então em um período de grande turbulência e guerra civil,
visto que Marco Antônio se considerava o grande governante de Roma. Mas na
batalha de Ácio, foi derrotado por Caio Otávio, em 31 a.C.
Em 29 a.C., o senado romano declarou Caio Otávio o primeiro imperador de
Roma e em 27 a.C., lhe concedeu o título de “Augusto”, que em latim significa
“exaltado” ou “digno de toda a reverência”.
Este César Augusto morreu aos 76 anos em 14, d.C. Foi este o imperador
que mais ou menos em 8 a.C. ordenou o recenseamento que aconteceu entre os anos
6, ou 5 a.C, considerando que um dos fatos históricos relevantes, é que Herodes
O Grande, morreu em 4 a.C.
Quirino foi um oficial romano que coincidentemente trabalhou neste censo
e em um segundo alistamento geral que ocorreu de 6 a 9 d.C, registrado por
Lucas em At 5.37, o qual se levantou contra o governo romano da época, alegando
que Deus era o único e verdadeiro Rei de Israel.
Portanto, quando César Augusto morreu em 14.a.C., Jesus já tinha mais ou
menos, 18 anos de idade.
Os leitores de Lucas, familiarizado com a história daquela época, com
certeza foram capazes de determinar uma data bastante precisa a partir da
informação por ele fornecida.
Deus se utilizou do decreto do imperador; razão para cumprir o que
falara o profeta em Miqueias (Mq 5.2).
Belém, é a mesma cidade onde nasceu o rei Davi cerca de 1.000 anos antes
destes eventos. (1Sm 17.12; 20.6). Belém fica localizada a uma distância
aproximada de 10km ao Sul de Jerusalém.
José e Maria subiram a Belém em obediência à ordem do imperador César
Augusto para se alistarem. Havia em Israel duas cidades com este nome: Uma na Galileia (Js 9.15),
outra na Judéia (Gn 35.19).
Esta era chamada de Belém da Judéia, exatamente para distingui-la da
outra. E também era chamada de Efrata, a fecunda (Rt 1.2). Belém (casa de pão) está
situada entre Hebrom e Jerusalém a 770m acima do nível do mar.
Waltson e Allen em sua “Harmonia dos Evangelhos” Pág.227, diz que o imperador
do mundo civilizado, César Augusto, inconscientemente, tornou possível que o
Messias, filho de Davi, nascesse em Belém, ainda que o lar da mãe de Jesus,
fosse em Nazaré, na Galileia.
Para que assim, toda história prévia de Roma e de Israel se reunisse em
torno da manjedoura.
Jerusalém, no templo. Em 7 ou 6 a.C. (Lc
1.5-25) – Zacarias servia ao Senhor, no templo, como sacerdote. Fazia parte de
uma das 24 turmas de sacerdotes que, a mais ou menos 900 anos passados, o
grande rei Davi assim dividira, sendo que cada turma de 25 sacerdotes servia
durante sete dias.
Anuncio e promessa do nascimento de João
Batista, pelo anjo Gabriel (Lc
1.5-14) – Este ofício de sacerdote, o de entrar no santuário, era sumamente
honroso; por isso, somente duas vezes por dia, ás 9 e ás 15 horas (Ex 30.7),
era oferecido o incenso santo ao Senhor.
E só era permitido a um dos sacerdotes de cada vez, pertencente ás 24
turmas, e sendo auxiliado por dois outros; um removia as cinzas do serviço do
dia anterior; outro punha sobre o altar de ouro o braseiro cheio de brasas
vivas, tiradas do altar do holocausto.
E, o terceiro, lançava solenemente o incenso santo sobre as brasas
vivas. E enquanto o fumo odorífero do incenso se elevava, este terceiro
sacerdote (que neste dia era Zacarias), fazia intercessão pelo povo.
O incenso oferecido a Deus é emblema de intercessão de Cristo, e era
feito exatamente na hora do sacrifício (Ef 5.2); esta hora era chamada “a hora
de oração”.
O povo todo estava na parte exterior do templo, onde se achava o altar
do holocausto. Foi nesta hora belíssima, em que Zacarias orava intercedendo
pelo povo, e quando o sacrifício e o incenso eram oferecidos a Deus, que o anjo
Gabriel lhe apareceu, “posto em pé, à direita do altar do incenso”.
E Zacarias vendo-o ficou turbado, e o temor o assaltou”. Sim, a presença
do que é santo perturba o coração impuro. Mas o Senhor conhece o homem na sua
imperfeição e, por isso, o anjo o encorajou-o, dizendo-lhe:
“Não temas, Zacarias; porque a tua oração foi ouvida, e Isabel, tua mulher,
te dará à luz um filho, e lhe porás o nome de João”.
O nascimento e missão deste menino que havia de nascer e que se chamaria
João, o Batista, já haviam sido preditos no livro das profecias de Isaias e no
de Malaquias (Is 40.3; Ml 4.5; Mc 1.1-3).
Agora, cumpria-se a palavra do Senhor. João (nome que significa em hebraico, “dádiva de Jeová”, “Jeová gratificou”), deveria ser para os pais, uma constante fonte de alegria, pois as multidões, mais tarde, haveriam de converter-se dos seus maus caminhos e os que se convertessem se tornariam servos do Senhor:
“E terás gozo e alegria, e muitos se regozijarão com o seu nascimento”,
dizia o anjo que, continuando sua mensagem divina, profetiza qual seria a vida
o caráter e a missão de filho de Zacarias (Lc 1.15-17).
Seria grande diante do Senhor, porque seria o Precursor do Filho de
Deus. Seu caráter e sua vida seria de santidade; seria nazireu (Nm 6.3).
Separando-se voluntariamente para o ministério a que Deus o vocacionara
desde a eternidade, e seria cheio do Espírito Santo; e isto seria a coroa de
sua santificação e a plena certeza da vitória de sua missão pelo poder do
Espírito Santo.
A dúvida pecaminosa de Zacarias e o justo
castigo divino (Lc 1.18-25) – Zacarias era crente sincero, mas ficara
perplexo diante da promessa do anjo a ele, que já era tão avançado em idade, e
mais ainda a sua esposa, por isso duvidou.
A incredulidade à semelhança de Tomé (Jo 20.17), é um pecado em que todo
crente que facilitar pode cair. Por isso mesmo que como Zacarias, somos, com justiça,
castigados pelo Senhor.
Zacarias ficou mudo. O povo, entretanto estava à espera da costumeira
bênção sacerdotal, narrada em Números 6.23-27, mas sua boca fora selada pela
mão do Senhor. Não lhe foi permitido este privilégio.
A multidão compreendera que algum evento miraculoso se havia
desenrolado, porque o aspecto e os acenos do velho sacerdote mostravam haver
estado na presença da glória de Deus. “E terminado os dias do seu ministério,
voltou para casa”.
O nascimento de Jesus anunciado à virgem Maria (Nazaré, em 7 ou 6 a.C – Lc 1.26-38) – Maria, a virgem, posto que
descendente da tribo real de Judá, era de origem familiar humilde e pobre.
Nasceu em Nazaré, da Galileia, província esta, desprezada pelo povo de
outras províncias de Israel. “De Nazaré, pode sair coisa boa que seja?”
Assim, falara Natanael, quando Filipe, seu irmão, lhe anunciara que
exatamente daquela pequena Vila era aquele de quem escreveu Moisés, na Lei, e
de quem falara os profetas – Jesus de Nazaré.
Maria, era noiva de José, sendo este, também, da descendência de Davi, o
rei de Israel, e honrado carpinteiro em Nazaré.
Quando, em Israel era anunciado um noivado, tal era a força do
significado deste ato social, que os nubentes se consideravam e eram
considerados pelo povo como se fossem já casados.
Maria recebe a visita e a mensagem do
anjo Gabriel (Lc 1.28-33) – Inesperadamente, Maria recebe
a visita do anjo Gabriel, enviado por Deus, lá no aconchego do seu lar: “Salve,
agraciada, o Senhor é contigo” – é a saudação do mensageiro divino.
Maria recebeu graciosamente de Deus, o Criador e Doador de todas as
coisas, e de todas as bênçãos, a graça de ser a mãe de Jesus – favor este que
nenhuma outra virgem, poderá jamais receber. Por isso, Maria, a virgem de
Nazaré, é “bendita entre as mulheres”, conforme o anjo proclamou.
Diálogo de Maria e o anjo Gabriel (Lc 1.34-38) – “E disse Maria ao anjo: como
se fará isto, uma vez que não conheço varão? Logo, foi necessário que o anjo
lhe explicasse o mistério: “Virá sobre ti o Espírito Santo, e o poder do
Altíssimo te cobrirá com a sua sombra; por isso, o que há de nascer, será
chamado santo, Filho de Deus (Is 7.14).
Continuando, o anjo anuncia à virgem, outro evento que aos homens parece
impossível: “Eis que também Izabel, tua parenta, conceberá um filho em sua
velhice; e é este o sexto mês, para aquela que era chamada estéril”.
E o anjo termina sua divina mensagem com estas palavras, que apagaram
completamente qualquer sombra de dúvida que, porventura, lhe perturbasse o
coração: “Porque para Deus nada será impossível”.
“Disse então Maria: “Eis aqui a serva do Senhor, cumpra-se em mim,
segundo a tua palavra”. Maria de fato, creu e compreendeu o anúncio.
Maria visita Izabel (Lcv 1.39-40) – Após haver o anjo anunciado
a Maria que ela estava para conceber e dar à luz um filho pela virtude do
Espírito Santo, e que seria chamado Filho do Altíssimo, todo o seu ser
transvasou de infinda alegria e enfrentou uma caminhada de quatro dias, de
Nazaré às montanhas da Judéia, a uma pequena cidade onde residiam o sacerdote
Zacarias e sua esposa Izabel.
O Cântico de Izabel (Lc 1.41-45) – Izabel, ao ouvir a saudação
de Maria, ficou possuída do Espírito Santo, e a criança que depois seria
chamada João, o Batista, estremeceu em seu seio, e ela exclamou em alta voz:
“Bendita és tu entre as mulheres, e bendito é o fruto do teu ventre”.
Estas eram mais duas provas divinas que fortaleceriam tanto a Izabel,
quanto a Maria, do cumprimento das promessas de Deus.
O “Magnificat”, o cântico de Maria (Lc 1.46-55) – No seu cântico, Maria
expressa as impressões próprias do seu espírito, e Maria chama Deus de seu
Senhor e Salvador.
O nascimento de Jesus proclamado pelos anjos
aos pastores de Belém (Lc 2.8-20)
– Cremos que não era inverno na Palestina, porquanto o texto nos diz: “Ora, havia
naquela mesma região, pastores que estavam no campo, e guardavam durante as
vigílias da noite o seu rebanho”.
Um sinal foi dado aos pastores de Belém para terem a certeza de que
havia nascido o Salvador “um menino envolto em faixas e deitado em uma manjedoura.
O recém-nascido Rei divino enfaixado em simples panos... Tudo
representava profunda e verdadeira humildade. Mas eis que, nesta humildade, o
Deus eterno, o Criador do universo, se glorifica!
Os exércitos celestiais entoam o glorioso coro das boas novas de
salvação: “Glória a Deus nas maiores alturas, e paz na terra entre os homens a
quem ele quer bem” (Lc 2.8-18).
A circuncisão de Jesus (Lc 2.21) – Aos 8 dias de idade, o menino
foi circuncidado. Deste modo, José e Maria observam zelosamente a lei do Senhor
(Gn 17.22; Lv 12.3). Esta lei foi estabelecida por Deus, como sinal do pacto
que Deus fizera com Abraão (Gn 17.9-14) e o preceito foi renovado a Moisés.
Pela circuncisão, Jesus tornou-se “filho da Lei” (Gl 4.4), tendo o
privilégio de ter o seu nome escrito no rol dos que faziam parte do Concerto
entre Deus e Abraão.
Outrossim, se algum hebreu não fosse circuncidado, não poderia
participar do sacrifício pascal; e o escopo da circuncisão era o de assinalar
indelevelmente, os descendentes machos dos hebreus, sendo assim, separados dos
outros povos do mundo.
A apresentação de Jesus no templo (Lc 2.22-38) – Aos 40 dias de idade, jesus
foi levado por José e Maria a Jerusalém, para ser apresentado a Deus, no
templo. Era mais uma observância do preceito da lei cerimonial de Deus e que
significava a purificação dos pais e a remissão do filho primogênito.
Após a cerimônia, os pais apresentavam seu filho primogênito,
reconhecendo que seu filho era propriedade do Senhor.
Os pobres podiam oferecer apenas um par de rolas ou dois pombinhos. E,
então, o sacerdote, tomando o menino nos seus braços proferia duas bênçãos: Uma
de ação de graças, pela lei da redenção, e outra, pela oferta do primogênito ao
Senhor.
O cântico de Simeão (Lc 2.29-32) – Nesse dia memorável, fora ao
templo, um venerável e piedoso homem, chamado Simeão. Era justo e aguardava a
vinda do Messias. Na sua avançada idade, o Espírito Santo lhe revelara que não
morreria sem ver o Messias, o ungido do Senhor.
E quando José e Maria apresentaram seu filho, Jesus, o Espírito lhe
revelou claramente que aquele menino era o Messias.
Tomando-o em seus braços, inspirado pelo Espírito, proferiu em poética
profecia, um solene cântico.
Simeão viu com seus olhos espirituais, o sofrimento do Redentor, o poder
real do Rei Messiânico, o Salvador do mundo, e Luz para todos os povos e nações
e a glória do povo escolhido, Israel, terminando com a sua bênção sobre a
família escolhida.
E então, Simeão após haver abençoado a José e Maria, profere dupla
profecia: uma em relação a seu filho: “Eis que é posto para queda e para
levantamento de muitos em Israel, e para ser alvo de contradição.
A outra profecia de Simeão é a respeito de Maria: “Uma espada
transpassará a tua própria alma, para que se manifestem os pensamentos de
muitos corações”.
Esta espada é a figura do sofrimento profundíssimo de Maria, em
consequência do sofrimento e morte de seu Filho, suportando as injustiças, o
ódio, as perseguições e a morte na cruz.
Fonte de pesquisa:
GONÇALVES, José – Comentarista da
Revista do Mestre – EBD CPAD – 2 Trimestre 2015
GONÇALVES. José. Lucas. O Evangelho
de Jesus, o Homem Perfeito. CPAD. 1ª. Edição. RJaneiro, Janeiro de 2015.
GIOIA, Egídio .Notas e Comentários À
Harmonia dos Evangelhos. Editora JUERP. 2ª. Edição. RJaneiro, 1981
MACARTHUR, John. Uma Vida Perfeita –
Tudo que a Bíblia revela de Jesus, de Gênesis a Apocalipse. Edit. Thomas
Nelson. RJaneiro, 2014.
Bíblia Sagrada Tradução King James –
Atualizada.
Bíblia de Estudo Macarthur
Bíblia Em Ordem Cronológica – A Nova
Versão Internacional – Edit. Vida
LADD, George Eldon. Teologia do Novo
Testamento. Editora Hagnus. SPaulo, 2003
STERN, David H. Comentário Judaico do
Novo Testamento. Editora Atos. SPaulo, 2008
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