Subsídios para o
Ensino da Lição: Pr. João Barbosa
Texto da Lição: Tg 4.11-17
I - OBJETIVOS DE APRENDIZAGEM:
1. Analisar os perigos de se colocar como juiz
dos irmãos.
2. Conscientizar-se da
brevidade da vida.
3. Mostrar que a arrogância e a autossuficiência
são pecados.
CONSIDERAÇÕES
O ensinamento sobre o julgamento de outros que foi apresentado por Jesus
no Sermão do Monte, é repetido por Tiago nessa passagem bíblica. “Não julgueis para que não sejais julgados.
Pois com o critério que julgardes, sereis julgados” (Mt 7.1,2).
O perigo de colocar-se como juiz – Tg
4.11,12 – Julgar é uma tarefa
muito difícil, pois envolve não apenas outras pessoas, mas a própria lei. Tiago
coloca nestes termos: Irmãos, não faleis mal uns dos outros.
Quem fala mal de um irmão e julga seu irmão, fala mal da lei e julga a
lei; e, se tu julgas a lei, já não és observador da lei, mas juiz.
Tiago agora se dirige aos judeus da diáspora como “irmãos” e lhes diz
para não falarem mal uns dos outros (1Pe 2.1). Em um de seus salmos, Davi
relaciona o maldizer a falta de humildade e diz:
“Ao que às ocultas calunia o próximo
a esse destruirei; o que tem olhar altivo e coração soberbo, não suportarei” (Sl 101.5).
O maldizer vem do coração da pessoa que não considera os outros maiores
do que si. O cristão humilde, porém, opõe-se a maldizer.
O apóstolo Tiago, exorta seus leitores a não difamarem uns aos outros,
pois isto é obra do Diabo. Tiago está pedindo que ponham um fim nessa prática
perversa à qual têm se dedicado.
Se continuarem a falar mal uns dos outros na igreja acabarão destruindo
a comunhão da comunidade cristã. Tiago vai ainda mais fundo nesse assunto e diz
aos seus leitores que o falar mal de um irmão envolve a lei (Lv 19.16).
Aquele que fala mal de seu irmão ou julga seu irmão fala mal da lei e
julga a lei. A ênfase desse versículo está na palavra irmão, que denota a
relação íntima de comunhão que os crentes têm na igreja.
S e você fala mal de seu irmão pelas costas está deixando de lado a lei
régia: “Amarás ao teu próximo como a ti
mesmo”. (Tg 2.8; Lv 19.18; Mt 22.39; Rm 13.9; Gl 5.14).
E se você deixar de lado a lei tornou-se juiz dessa lei. Num tribunal,
um juiz deve ser imparcial ao avaliar as evidências e ser justo ao aplicar a
lei e pronunciar a sentença.
Tiago expõe a verdadeira natureza do pecado da difamação quando instrui
os leitores de sua epístola com essas palavras:
“Aquele que fala mal do irmão
fala mal da lei e julga a lei”. O difamador deixa de lado a lei criada por Deus
e, assim, coloca-se no mesmo nível de Deus.
Mas o fato é, que o maldizer é um pecado contra a pessoa acusada e
contra Deus, que proíbe esse pecado em sua lei divina.
“Há um só legislador e um juiz que
pode salvar e destruir. Tu, porém, quem és, que julgas a outrem?” (Tg
4.12). Devemos, então, fechar os nossos olhos quando vemos um irmão caindo em
pecado? Certamente que não!
Tiago termina sua epístola aconselhando de maneira objetiva: “Aquele que converte o pecador do seu caminho
errado, salvará da morte a alma dele, e cobrirá multidão de pecados” (Tg
5.20).
A brevidade da vida e a necessidade
de reconhecimento da soberania divina – Tg 4.13-15 – O orgulho cega o ser humano para a
realidade, de modo que ele não vê o ridículo em seus atos. O ser humano faz
planos e fala como se fosse senhor de sua vida e Deus não existisse.
No versículo 13 Tiago se refere à comunidade cristã dizendo: “Agora
prestem atenção, vocês que dizem: Hoje ou amanhã iremos a esta ou àquela
cidade, e passaremos um ano lá, faremos negócios e ganharemos dinheiro”.
Segundo ele, estas, são pessoas
que fazem todo o seu planejamento e trabalham sem pensar em Deus.
Ao ignorar Deus, elas mostram tanta arrogância como aquele que difama
seu irmão. O pecado de não se dirigir a Deus em oração é uma das ofensas mais
comuns que um cristão comete.
Tiago se dirige a uma parte da igreja, a saber, os negociantes. Ele
chama sua atenção com a expressão idiomática “prestem atenção”. Outras
traduções trazem a expressão “dai ouvidos”.
Então, ele cita as próprias palavras dessas pessoas que falam sobre ir
de um lugar para outro, passando algum tempo lá, a fim de negociar e ganhar
dinheiro.
Na verdade não podemos culpar um vendedor viajante por ir de um lugar
para outro fazendo negócios. Faz parte de sua vida. Há um certo paralelo com o
discurso de Jesus sobre o fim dos tempos, quando se refere aos dias de Noé:
“Porquanto assim como nos dias anteriores ao dilúvio, comiam e bebiam,
casavam-se e davam-se em casamento, até o dia em que Noé entrou na arca, e não
o perceberam, senão quando veio o dilúvio e os levou a todos (Mt 24,38,39; Lc
17.26-29).
Apesar de ninguém culpar uma pessoa por comer, beber e casar-se, a
questão é que, na vida dos contemporâneos de Noé, não havia lugar para Deus.
Essas pessoas viviam como se Deus não existisse, e o mesmo aplica-se aos
negociantes aos quais Tiago se dirige.
Observe que Tiago não tem nada contra a ocupação dos negociantes, nem
tampouco escreve sobre as questões éticas de vender e comprar.
Ele apenas afirma que os comerciantes negociam e têm lucros, e é isso
que esperamos quando os negócios estão indo bem.
Tiago usa esses homens como exemplo por causa de sua falta de
consideração para com Deus. Para eles o dinheiro é muito mais importante do que
servir ao Senhor. Eles vivem como o homem descrito na parábola do rico louco
(Lc 12.16-21).
Não percebem que não podem acrescentar à sua vida um minuto sequer. São
completamente dependentes de Deus.
“Ora, vocês nem sequer sabem o que
vai acontecer amanhã. O que é sua vida? Vocês são uma névoa que aparece por um
pouco e depois some” (v.14). Se não temos nenhuma ideia daquilo que o
futuro próximo nos reserva, então qual é o propósito da vida?
O autor de Eclesiastes menciona várias vezes a brevidade da vida e, de
modo característico, diz como não faz sentido o homem buscar os bens materiais.
Ainda assim, na conclusão de seu livro, ele afirma o propósito da vida:
“Teme a Deus e guarda os seus
mandamentos, porque isso é o dever de todo homem” (Ec 12.13).
Os mercadores aos quais Tiago se dirige não se preocupavam com o sentido
e a duração da vida. Eles negligenciavam o conselho de Salomão. “Não te glories do dia de amanhã, porque não
sabes o que trará à luz” (Pv 27.1).
Eles falavam sobre o futuro com absoluta certeza. Apesar disso eles não
tinham controle sobre o futuro. Eles tinham sua vida, mas falhavam em não
procurar seu propósito. Eles eram cegos e ignorantes.
Tiago compara a vida humana a uma neblina, que rapidamente aparece e
desaparece. O que é uma neblina? Nada além de vapor que se esvai antes do
nascer do sol.
Tiago ensina que Deus é soberano sobre nossa vida. Em nossos planos,
ações e realizações devemos reconhecer nossa submissão a Deus.
Portanto, ao invés de ignorar Deus em nossas atividades diárias, devemos
colocá-lo em primeiro lugar e dizer: “Se for da vontade do Senhor, viveremos e
faremos isto ou aquilo”.
Os pecados da arrogância e da
autossuficiência do ser humano – Tg 4.16,17 – “O
que você tem feito é vangloriar-se e gabar-se. Toda essa jactância é maligna”
.
Esse versículo serve para nos lembrar da advertência seria feita por
Tiago quando citou o AT: “Deus se opõe ao
soberbo, mas dá graça ao humilde” (Pv 3.34).
Alguns dos negociantes haviam se aventurado; tinham corrido riscos e
alcançado lucro. Como sempre acontece, o sucesso gera mais sucesso, e junto com
a prosperidade, vem o orgulho e a auto suficiência.
Esses comerciantes apoiavam-se em suas próprias ideias e orgulhavam-se
das suas realizações.
A jactância humana não vale nada, pois dá glória ao homem, e não a Deus.
Essa jactância inclui gloriar-se em suas realizações. Não só isso é
injustificável, como também é totalmente inaceitável diante de Deus. É mau.
Por meio da experiência pessoal com um espinho na carne, Paulo é capaz
de ensinar que a única coisa da qual podemos nos gloriar é nossa fraqueza;
nessa fraqueza, o poder de Cristo torna-se evidente (2Co 11.30; 12.5,9).
Um cristão, portanto, pode gloriar-se apenas “de que sua vida é vivida
na dependência de Deus e em responsabilidade para com ele”.
Tiago termina esta seção de sua carta com um provérbio que talvez fosse
comum no mundo judaico de sua época. O provérbio transmite uma advertência
muito séria contra o pecado da negligência.
Não o pecado de ação, mas o pecado de omissão. Esse pecado particular
mostra seu semblante horrível quando o ser humano ignora Deus, faz planos,
alcança o sucesso e gloria-se de suas realizações (Tg 4.13-16).
O ser humano repete o pecado de
omissão ao não praticar o bem, quando sabe que deve fazê-lo. Jesus deixou claro
esse pecado quando falou do sacerdote e do levita na parábola do bom samaritano
(Lc 10.30-35) e do homem rico que desprezou Lázaro (Lc 16.19.31).
Tiago se dirige à pessoa que sabe que
deve fazer o bem. Ele não está falando para pessoas que cometem o pecado na
ignorância. Assim diz Paulo para os filósofos atenienses no Areópago:
“Ora,
não levou Deus em conta os tempos da ignorância; agora, porém, notifica aos
homens que todos em toda parte se arrependam” (At 17.30).
Pecado é transgressão da lei, diz
João em uma de suas epístolas (1Jo 3.4). Quer seja este o pecado de ação ou
omissão, é uma afronta a Deus, especialmente quando o pecador conhece os mandamentos
de Deus.
O pecado nunca deve ser atenuado.
Isso vale especialmente para o pecado de omissão, que muitas vezes tem, à
primeira vista uma aparência inofensiva. Mas esse não é o caso. Tome por
exemplo, o discurso de despedida de Samuel.
Ele diz aos israelitas: “Quanto a mim, longe de mim que eu peque
contra o Senhor, deixando de orar por vós” (1Sm 12.2,3).
Samuel reprovou o pecado da
negligência. A negligência é equivalente a ignorar Deus e o próximo e,
portanto, é um pecado contra a lei de Deus.
Consultas: Lições Bíblicas
EBD-CPAD - 3º. Trimestre 2014 – (Comentarista: Pr. Eliezer de Lira e Silva).
COELHO. Alexandre e DANIEL Silas. Fé e Obras – Ensinos de Tiago
para uma Vida Cristã Autêntica. RJaneiro, 2014. CPAD
Bíblia de Estudo Pentecostal – Editora CPAD
Bíblia de Estudo Palavras Chave: Hebraico/Grego – Editora CPAD
Bíblia King James – Atualizada. São Paulo 2012, Editora Abba e SBA
RICHARDS, Laurence O.Comentário Histórico Cultural do NT. RJaneiro 2012,
CPAD
KISTEMAKER, Simon. Comentário do NT: Tiago e Epístola de João. SPaulo,
2006,, Editora Cultura Cristã.
ARCHER, Gleason. Enciclopédia de Temas Bíblicos
FERREIRA Franklin. A Igreja Cristã na História. Das Origens aos dias
Atuais. São Paulo: Editora Vida Nova, 2013
M CHAMPLIN. R. N. O Novo Testamento Interpretado Versículo por Versículo –
Vol.4 Editora Hagnus –
M CHAMPLIN. Enciclopédia de Bíblia e Teologia – Vol.6 Editora
Hagnus –
BARROS, Arami C. de. Doze homens e uma Missão. São Paulo, 200, Agnus
GEISLER, Norman e... Manual Popular de dúvidas, enigmas e contradições
da Bíblia. SPaulo, 1999. Editora Mundo Cristão
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