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quinta-feira, 27 de março de 2014

O Legado de Moisés - Lição 13 – 1º. Tri EBD CPAD - 30.03.2014
Subsídios para o Ensino da Lição: Pr. João Barbosa
  Texto da Lição: Dt 34.10-12; Hb 11.23-29     
  
I  - OBJETIVOS DE APRENDIZAGEM:


1. Conhecer a respeito dos últimos dias de Moisés.
2. Explicar as características de Moisés como homem de Deus e pastor de Israel.
3. Aprender à luz do legado de Moisés sobre a comunhão, a piedade e a prudência.

CONTEXTUALIZAÇÃO
Os últimos quatro livros do pentateuco, apresenta Moisés, o homem, providencialmente preparado para um serviço singular: Ser o mediador de Israel diante de Deus. O livro de Josué contém cerca de cinquenta referências a Moisés, o servo de Deus, sendo dez referências no primeiro capítulo. Deus assegurou a Josué que estaria com ele, assim como estivera com Moisés Js 1.5; 3.7).
Josué exaltou Moisés diante dos israelitas, como aquele por meio de quem Deus outorgou a lei (Js 8.1-31-35; 23.1-6), e aquele que fez os preparativos para tomar a Terra Prometida (Js 9.24; 11.12-15,23; 12.6), especialmente a terra à Leste do Jordão (Js 13.8,15,29; 14.3; 18.7), bem como aquele que determinou o estabelecimento de seis cidades de refúgio, três de cada lado do Jordão (Js 20.2).
Josué é a figura chave do livro que tem o seu nome, mas é apresentado como seguindo na força do espírito de Moisés (Js 1.1,2). Ele cumpriu as ordens deixadas por Moisés; insiste em apegar-se aos regulamentos e determinações que Moisés estabelecera.
Os livro históricos que se seguem a Josué estão repletos de referências a Moisés. O livro de Juízes, menciona a parentela de Moisés (Jz 1.16; 4.11), e faz menção da promessa de Moisés a Calebe, com relação a Hebrom (Jz 1.20), e o fato de eles serem testados com relação à sua fidelidade a lei de Moisés (Jz 3.4).
Samuel aponta para os ancestrais do povo do Egito por meio de Moisés e os efeitos disso sobre a herança presente de seus descendentes (1Sm 12.6-8). Enquanto o livro dos Reis cita Moisés como legislador (2Reis 14.6; 21.8), e aquele que os curou por meio da serpente de bronze (2Re 18.4).
O cronista menciona a genealogia de Moisés (1Cr 6.3), e nota sua regulamentação das ofertas dos sacerdotes (!Cr 6.49), a construção do Tabernáculo (1Cr 21.29; 2Cr 1.3) emissão de estatutos e juízos (1Cr 22.13) e a outorga da lei (2Cr 23.18; 33.8) relativa a sacrifício durante as grandes festas (2Cr 8.13; 23.18; 35.11,12), inclusive a Páscoa (2Cr 35.6) e a cobrança de impostos (2Cr 24.6,9).
Muito importante foi a descoberta da lei de Moisés na casa do Senhor (2Cr 34.14). Duas obras pós exílicas contêm referências similares a Moisés: A observância do livro de Moisés (Es 6.18) e a falta de sua observância pelos exilados (Ne 1.7). A lei de Moisés, longamente neglicenciada, foi lida ao povo (Ne 8.13; 9.3; 13.1). Entre os salmos estão incluídas oito citações a respeito de Moisés.
A mais conhecida é o Salmo 90 intitulado oração de Moisés homem de Deus. O Salmo 105 relembra os milagres que Moisés realizou no Egito (vs. 26,27), enquanto que o Sl 106 relembra ao povo sua inveja de Moisés (v.16), e a intercessão de Moisés em favor do povo (v 22), e a rebelião do povo que fez Moisés perder a paciência (v 32).
Os profetas maiores e menores falam de Moisés diretamente. Isaias relembra a libertação de Israel do Egito por meio de Moisés (Is 63.11,12). Jeremias nota a presença intercessória de Moisés diante do Senhor (Jr 15.1), Daniel fala da lei de Moisés (Dn 9.11,13). Miqueías recorda Moisés guiando Israel em sua peregrinação no deserto (Mq 6.4). Como no caso dos Salmos, os escritos proféticos referem-se claramente aos feitos de Moisés. A importância da lei de Moisés é realçada nas palavra finais do último profeta do AT “Lembrai-vos da lei de Moisés, meu servo” (Ml 4.4).
O NT começa onde o AT parou. Entre os quatro evangelistas, Mateus relembra os judeus da lei de Moisés – especialmente das ofertas (Mt 8.4), da controvérsia a respeito do divórcio (Mt 19.7) e do levirato (Mt 22.24) e a aparição do profeta no monte da Transfiguração (Mt 17.3,4;) e seus paralelos (Mc 9.4,5; Lc 9.30).
Lucas inclui as diretas palavras de Jesus a respeito de Israel possuir “Moisés e os profetas” (Lc 16.29-31) e suas instruções aos dois homens de Emaus (Lc 24.27) e mais tarde, naquela noite, aos onze (Lc 24.44), sobre a mensagem messiânica de Moisés.
A comunidade do NT falou de Moisés. Em sua defesa, Estevão selecionou diversos incidentes da vida de Moisés: Sua aquisição da sabedoria do Egito, sua fuga para o deserto e seu chamamento (At 7.22,29,31). Paulo aponta o valor do Êxodo como o “batismo em Moisés” (1Co 10.12) e a face  radiante de Moisés, a qual deveria ser coberta por um véu para não cegar o povo (2Co 3.7; 13.15).
O autor da carta aos Hebreus fala de Moisés como uma pessoa fiel em toda sua casa (Hb 2.3,5), que foi um instrumento na construção do Tabernáculo (Hb 8.5) e que simbolicamente selou os preceitos divinos (Hb 9.19,20). Na lista dos heróis da fé, Moisés é retratado como quem renunciou a todos os prazeres do Egito e identificou-se com o povo de Deus  na observância da Páscoa e na jornada através do Mar Vermelho (Hb 11.23-29).
As últimas referências no NT acerca de Moisés estão em (Jd v. 9 e Ap 15.3), o “cântico de Moisés”, uma provável alusão ao cântico de Moisés logo depois que Israel escapou de Faraó (Ex 15.21-29). Com base nessa esmagadora comprovação bíblica, sem dúvida, podemos concluir que a Escritura inteira atesta que Deus chamou e usou o homem Moisés.
 III – DESENVOLVIMENTO
1.Os últimos dias de Moisés – A Bíblia diz que quando Moisés faleceu estava com 120 anos, que era uma idade já bem avançada para os padrões da sua época, conforme depoimento do próprio Moisés (Sl 90.10). Não obstante, “os seus olhos nunca se escureceram, nem perdeu ele o seu vigor” (Dt 34.7). O último capítulo de Deuteronômio, que é o único capítulo que não foi escrito por Moisés, registra o reconhecimento e o amor do povo após a morte desse grande legislador de Israel.
Depois que Moisés predisse a cada uma das tribos o que lhes deveria acontecer e desejou-lhes mil bênçãos, toda aquela multidão não pode reter suas lágrimas, inclusive as crianças, o que deixou Moisés deveras comovido. Assim caminhou Moisés para o lugar onde deveria terminar sua vida, e todos seguiram-no gemendo.
 Ele fez sinal com a mão aos que estavam mais afastados para que parassem e rogou aos que estavam mais próximos que não o afligissem mais ainda seguindo-o com tantas demonstrações de afeto. Assim para obedecer, eles pararam e todos juntamente, lamentavam sua infelicidade por tão grande perda. Os anciãos e Eleazar, o Sumo sacerdote, e Josué, o comandante do exército, foram os únicos que o acompanharam.
Quando ele chegou ao monte Nebo, que está em frente a Jericó, tão alto que de lá se vê todo o país de Canaã, despediu-se da comitiva, e abraçando-se com Eleazar e Josué, deu-lhes seu último adeus. Ainda falava Moisés quando uma nuvem o rodeou e ele foi levado a um vale.
O povo chorou-o durante trinta dias e nenhuma outra perda lhe foi jamais tão sensível. Mas ele não foi chorado somente por aqueles que tiveram a felicidade de o conhecer, mas também por aqueles que conheceram as leis admiráveis que ele nos deixou, porque a santidade que nelas se nota não pode permitir dúvidas sobre a eminente virtude do legislador.
Ninguém sabe onde a sepultura de Moisés se encontra, desde aquela época (Dt 34.6b) até hoje. A única informação é que Deus mesmo o sepultou “num vale, na terra de Moabe, defronte de Bete-Peor” (Dt 34.6a). Deus fez com que sua sepultura nunca fosse encontrada para que, provavelmente, não se criasse uma idolatria e romaria em torno do túmulo de seu servo (Jd v.9).
Devido ter desobedecido a Deus quando o Senhor o ordenou no deserto, que ele falasse à rocha visto que anteriormente ele já a havia ferido em Orebe (Ex 17.5-7);  Moisés ao invés de falar a rocha como Deus ordenara, feriu-a duas vezes, desobedecendo ao Senhor, motivo pelo qual o Senhor o disse que ele não entraria na terra (Nm 20.7-13, 22-29).
O exemplo de Moisés como líder e homem de Deus nunca será esquecido. Sobretudo pelos últimos quarenta anos de sua vida, ele sempre será lembrado como um exemplo de fé, vida de santidade, seriedade, liderança, sabedoria, paciência, fidelidade ao chamado divino, e vida dedicada totalmente ao Senhor.
2. Moisés, Pastor de Israel – Moisés como pastor de Israel era um homem de Deus, de oração, de fé e de obediência.  No capítulo 33 e verso 1 de Deuteronômio, Moisés é chamado “Homem de Deus”, um título que aparece pela primeira vez na Bíblia. Moisés era um homem de Deus em face da grande missão que recebera, de tirar Israel do Egito e levá-lo em segurança até a planície de Moabe – nas fronteiras da Terra Prometida.
Os versículos finais do livro de Deuteronômio (Dt 34. 10-12) diz que nunca mais se levantou em Israel profeta algum como Moisés, a quem o Senhor conhecera face à face. A citação nos leva a observar a avaliação do autor quanto à vida e à missão de Moisés. No tocante a envergadura espiritual, nenhum outro profeta de Israel chegou a comparar-se a Moisés como líder carismático.
Quanto a Moisés como o maior dos profetas de Israel, parte dessa grandeza estava no fato de que ele conhecia Yahweh face a face, e não meramente através de sonhos, visões e visitas angelicais, embora, sem dúvida também tivesse participação dessas coisas (Nm 12.6-8). Com Moisés Yahweh falava boca a boca, ou seja, em diálogo íntimo. De conformidade com as tradições judaicas somente o Messias viria a ser maior do que Moisés.
3. Aprendendo com Moisés – Moisés foi um homem que cultivou uma comunhão profunda e intensa com Deus e muitas das qualidades específicas do seu caráter podem ser citadas: a). Liderança – No tocante à envergadura espiritual, nenhum outro profeta de Israel chegou a comparar-se a Moisés como líder (Dt 18.15-22; Nm 12.6-8).
b) Fé – Conforme destaca o capítulo 11 do livro de Hebeus vs 24-27. “Pela fé, Moisés, sendo já grande, recusou ser chamado filho da filha de Faraó. Escolhendo, antes, ser maltratado com o povo de Deus do que por, um pouco de tempo ter o gozo do pecado; e tendo por maiores riquezas, o vitupério de Cristo do que os tesouros do Egito. Pela fé, deixou o Egito, não temendo a ira do rei, porque ficou firme, como vendo o invisível”.
c) Intensa vida de oração – Isso faz parte indispensável da vida espiritual de qualquer pessoa séria em sua inquirição espiritual. Em qualquer momento de emergência, Moisés apelava imediatamente a Yahweh. Ele não falava então como um estranho, mas antes como um filho que pede algo a seu pai; e foi assim que ele nunca pleiteou em vão. Muito seriamente, vemos Moisés a intervir em favor de Israel em momentos críticos, quando seu povo tornava-se culpado de algum grave pecado ou apostasia (Ex 32.31; 33.11).
d) Humildade – Moisés era suficientemente grande para não ter de fingir que era. A grandeza vinha ao encontro dele, sem que ele tivesse de perseguí-la. A humildade de Moisés é mencionada como uma característica especial de sua personalidade, em Nm 12.3. Ele não cobiçava distinção e nem procurava proeminência.
e) Resistência, persistência – Alguns intérpretes pensam que o vocábulo hebraico ‘anayw’ , em Nm 12.3 – traduzido por ‘manso’ em nossa versão portuguesa, deveria ser entendido como ‘persistente’. Sem importar se assim devemos interpretar ou não aquela palavra hebraica, torna-se óbvio pelo próprio relato bíblico, que a sua persistência, na causa que defendia, nunca sofreu qualquer lapso ou hesitação.
f) Serviço amoroso – Em tempos de crise, quando Moisés rogava em favor do seu povo Israel, há ilustrações especiais do amor que lhes devotava. Ele se aliou aos seus compatriotas, em sua servidão degradante (Ex 2.11; 5.4); ele se esqueceu de vingar-se das afrontas sofridas (Ex 2.14): ele desejou que seu irmão fosse o líder, em vez dele mesmo (Ex 4.13); e quando Yahweh ofereceu-se para destruir o povo, fazendo de Moisés uma grande nação (Ex 32.10), ele orou para que o Senhor os perdoasse, “...ou se não, risca-me, peço-te do livro que escreveste....(Ex 32.32).
CONCLUSÃO
O grande legado de Moisés está expresso em suas obras que atravessaram séculos, chegando até os nossos dias e formando parte significativa e basilar do cânone veterotestamentário. São de Moisés o Pentateuco (Gênesis, Exodo, Levítico, Números e Deuteronômio), o Salmo 90 – que é portanto o mais antigo salmo de Israel, e provavelmente também o belíssimo Livro de Jó.
A riqueza e a importância histórica, social, espiritual e literária dessas obras para o mundo revelam a grandeza do ministério desse grande homem de Deus para o seu povo e para toda a humanidade.
Moisés, foi esse emissário de Deus encarregado de executar tarefas tão importantes e definitivas para a humanidade do seu tempo e para nós hoje, também. Podemos destacar alguns dos muitos aspectos revolucionários da legislação hebraica para a história do Direito no mundo.
Ela foi revolucionária para a sua época e tempos depois, serviria de inspiração para muitos avanços legais saudáveis com os quais já estamos muito habituados em nossos dias, mas que, na época de Moisés, se constituíam em uma grande inovação.
Dentre seus muitos aspectos revolucionários, a legislação hebraica, por exemplo, atribuía um grande valor à vida humana, exigia um grande respeito para com a honra da mulher e conferia mais dignidade à posição de escravo do que poderíamos encontrar em qualquer um dos códigos legais das outras nações do Oriente Próximo.
Não àtoa, costuma-se chamar os valores tradicionais do Ocidente, que foram responsáveis pela sua formação e se constituem a base de todas as suas conquistas, de valores judaicos-cristãos. Os princípios do Decálogo (Ex 20.1-17), por exemplo, ajudaram a moldar todos os valores do Ocidente, juntamente com o cristianismo.
Para a igreja Moisés deixou um legado que metaforicamente pode-se chamar de herança para os nossos dias através do seu exemplo de liderança, paciência, intercessão, integridade, persistência, comunhão com Deus e sobretudo, exemplo de fé como registrou com destaque o escritor do Livro de Hebreus na “Galeria dos Heróis da Fé” (Hb 11.23-29).
Somente um homem que ama e serve a Deus com uma fé robusta rejeita as riquezas e a glória do mundo, preferindo sofrer fazendo a obra do Senhor. Moisés não tomava as suas decisões baseado simplesmente no que a lógica humana e os seus cinco sentidos lhe diziam, mas tinha em vista a importância histórica e espiritual do que estava fazendo e a “recompensa” que receberia do seu Senhor pela sua fidelidade ao seu chamado. Ele via além do que poderia perceber a maioria das pessoas do seu tempo, porque via “o invisível’.
Ademais, somente um homem que ama e serve a Deus com uma fé robusta não empalidece diante das adversidades mais intensas, não esmorece diante dos poderosos e das circunstâncias prementes que o pressionam a abandonar a vontade divina. A Bíblia diz que Moisés desprezou completamente “a ira do rei” a oposição dos grandes e poderosos deste mundo, e ficou firme, como quem está “vendo o invisível”.


Consultas:
Lições Bíblicas EBD-CPAD - 1º. Trimestre 2014 – (Comentarista: Pr. Antônio Gilberto).
REIFLER, Hans Ulrick. A Ética dos Dez Mandamentos. São Paulo, 1992. Sociedade Religiosa Edições Vida Nova.
COELHO, Alexandre e DANIEL, Silas Moisés, o Êxodo e o Caminho à Terra Prometida. Rio de Janeiro, 2013. Editora CPAD.
GEISLER. Norman L. Ética cristã – Opções e Questões Contemporâneas. São Paulo, 2010. Edit. vida Nova
CHAFER. Lewis Sperry. Teologia Sistemática – Vl  7 e 8. São Paulo,2003. Editora Hagnus
BROADMAN. Comentário Bíblico –Vol.1 Gênesis-Êxodo. Rio de Janeiro, 1986 – 2ª.Edição. JUERP
SOARES, Antonio Ribeiro. A Santa Ceia. São Paulo, 2005 – 1ª. dição - Editora SOCEP
ANGUS, Joseph. História, Doutrina e Interpretação da Bíblia. São Paulo, 2003. Editora Hagnus
O Catecismo Maior de Westminster. São Paulo, 2002 – 12ª. Edição – Editora Cultura Cristã
VOS, Geehardus. Teologia Bíblica do Antigo e Novo Testamentos. – São Paulo 2010. Editora Cultura Cristã.
READMACHER. Early D. O Novo Comentário do Antigo Testamento. Rio de Janeiro, 2010. 1ª. Edição
DAVIS, John. Novo Dicionário da Bíblia – Ampliado e Atualizado. São Paulo 2005 – 1ª Edição. Editora Hagnos.
CHAMPLIN. R. N. O Antigo Testamento Interpretado Versículo por Versículo – Vol.1 Editora Hagnus
CHAMPLIN. R. N .Enciclopédia de Bíblia e Teologia – Vol.1 Editora Hagnus





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