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quinta-feira, 26 de setembro de 2013

O Sacrifício que Agrada a Deus - Lição 13 - 3º. Tri. 2013 - EBD CPAD – 29.09.2013

Subsídios para o Ensino da Lição: Pr. João Barbosa
 Texto da Lição: Filipenses 4.14-23              
I  - OBJETIVOS DE APRENDIZAGEM:
1.    Compreender como foi  a participação da igreja de Filipos nas tribulações de Paulo.
2.    Explicar o ato de reminiscência entre Paulo e os filipenses.
3.    Analisar a oblação e a generosidade dos filipenses.

II  - INTRODUÇÃO
A palavra oblação na cultura religiosa judaica, faz parte dos vários tipos de ofertas que existiam em alguns atos rituais e litúrgicos na relação do povo de Israel para com Deus. Cada oferta tinha sua finalidade e a sua importância na liturgia judaica. 
Havia dois tipos de ofertas: As ofertas expiatórias e as ofertas de consagração. As ofertas expiatórias eram identificadas como ofertas pelo pecado (Lv 4. 1-35; 6.24-30) e oferta pela culpa (Lev 5. 14-16; 7.1-7).
 As ofertas de consagração eram identificadas como holocausto “aquilo que sobe” – que significava a entrega total da pessoa a Deus, em que o animal não podia ser partido (Lv 1.3-17; 6.8-13), e as ofertas de manjares – oblação. 
Esse termo no latim é oblato, “algo oferecido”. Designava a oferta oferecida ao Senhor, tanto o que era movido quanto o que era derramado no altar (Lv 2.4; Nm 15.7-10).
Nas Escrituras aparecem as palavras hebraicas: gorban, referindo-se à oferta apresentada (Lv 2.4,7,9,10) e terumah, que significa mover. Refere-se a algo tirado de alguém para ser oferecido a Deus, para manutenção do santuário e dos ministros (Is 40.20; Ez 44.30; 45.1) e massekah – derramamento, uma libação, referindo-se ao azeite, ao leite, a água, ao mel e ao vinho, que eram derramados como ofertas.
III – DESENVOLVIMENTO
1. A participação da igreja nas tribulações de Paulo (Fp 4.14).Paulo disse aos filipenses: “Fizestes bem (v.14). Ele estava não só elogiando, mas interpretando o gesto amoroso dos filipenses como a participação em suas aflições. No texto grego, a expressão é Kalospoiein, que significa “vós agistes bem”. 
A participação dos filipenses nas suas tribulações segundo o sentimento do coração de Paulo era um dos modos ou uma das formas de Deus agir em seu favor a fim de fortalecê-lo. Era, também, uma demonstração da obra regeneradora do Espírito Santo na vida dos irmãos.
O que Paulo queria passar para os irmãos em Filipos era que em sua penúria material ele não se sentia pobre, e na abundância, ele usufruía daquilo que Deus dava de consciência tranquila. 
Paulo não apenas aprendeu a não levar em conta as circunstâncias adversas, os apetites e desejos naturais, porque podia dizer: “Posso todas as coisas naquele que me fortalece”.
No v.15, Paulo declara que, provavelmente, doze anos atrás, no início da obra em Filipos e em toda Ásia Menor, nenhuma igreja da Macedônia o ajudou com qualquer donativo para sustentá-lo. Somente a igreja de Filipos teve a iniciativa de ajudá-lo e, por isso, ele era agradecido a Deus e aos filipenses.
O compartilhamento da igreja no sustento de seus obreiros implica contribuir para a causa de Cristo. Era uma demonstração de maturidade espiritual da igreja, e não uma imposição para que as pessoas o sustentasse. 
Paulo sabia que havia entre os irmãos os recalcitrantes e fracos na fé que sempre interpretavam e julgavam seu ministério de forma maldosa. Entretanto, ele não levava em conta essas oposições, uma vez que tantos outros eram fiéis, leais e entendiam o seu ministério. 
Os filipenses viam o ministério de Paulo como uma santa oblação para suas vidas. Por isso, cooperavam em tudo que podiam. Era, de fato, uma prática demonstrada desde os dias da igreja pós Pentecostes. E, agora, a igreja de Filipos fazia o mesmo com muito amor e consideração ao apóstolo (At 4.42-47).
2. Reminiscência: Ato de dar e receber (Fp 4.15-17). – Em relação à liderança, deve haver todo cuidado com as tentações das dádivas e do dinheiro e, nesse sentido, Paulo era cuidadoso. 
Os servos de Deus que pregam e ensinam nas igrejas, e que dependem das ofertas para o seu sustento, ou mesmo os que pastoreiam igrejas e/ou aqueles que exercem o ministério da Palavra com itinerância, precisam ter cuidado com o amor ao dinheiro. 
O sábio Salomão declarou: “O que amar o dinheiro nunca se fartará dele” (Ec 5.10). E Paulo adverte que o amor ao dinheiro é a raiz de toda a espécie de males; e nessa cobiça alguns se desviaram da fé e se traspassaram a si mesmo com muitas dores (1Tm 6.10).
As igrejas devem respeitar e amar os que vivem apenas do ministério, mas estes  não devem permitir que o dinheiro os escravizem e se tornem senhor de suas vidas. O dar e receber está dentro do contexto da mordomia cristã que une trabalho e recompensa com a finalidade de colocar o Reino de Deus em primeiro lugar.
É preciso haver um total desprendimento material daqueles que servem na obra de Deus. Os crentes filipenses sentiam comunhão com Paulo, em sua aflição comum. Sentiam a tensão da situação do aspóstolo e fizeram o que estava ao seu alcance, como se eles mesmos estivesse afligido.
Essa é a indicação do verbo aqui usado, sunkoinoneo, que quer dizer associar-se com, compartilhar, ser sócio em. Na forma nominal, essa palavra era usada para indicar os colegas obreiros nas lides do evangelho. 
Paulo afirma que os crentes filipenses compartilharam com a sua aflição. Os crentes filipenses haviam demonstrado a regra da preocupação fraternal, a lei do amor, o princípio normativo da família de Deus. 
As ofertas às missões deveriam ser encaradas sob esse prisma; e é uma afirmativa geral verdadeira que quando Deus toma conta de nossos corações, também conquista nosso bolso.
Aqueles que assim contribuem fazem bem; e nenhuma dádiva dessa natureza deixará de ser reconhecida e recompensada por Deus, porquanto até mesmo um copo de água fria e dado em seu nome, não deixará de receber galardão, segundo se apreende em Mt.10.42
 – “E qualquer que tiver dado só que seja um copo de água fria a um destes pequeninos, em nome de discípulo, em verdade vos digo, que de modo algum perderá o seu galardão”.
3. A oblação de amor e saudações finais – Oblação de modo mais explícito já sabemos que se trata de uma palavra típica da vida religiosa dos judeus nos tempos do AT. Vários tipos de ofertas faziam parte do sistema sacrificial dos filhos de Israel em suas peregrinações no deserto e posteriormente em Canaã.
Esta palavra está contida no contexto da expressão “cheiro de suavidade e sacrifício agradável” (v.!8). O sentido da palavra é: “dádiva, oferta” que se oferecia nos atos de entrega a Deus, conforme já mencionamos anteriormente – oferta de consagração. 
Portanto, entre todos os tipos de ofertas do sistema sacrificial, a oblação é a oferta de algo comestível. Fruto da gratidão pelas provisões materiais da parte de Deus ao seu povo.
Essas ofertas não eram queimadas nem podiam ser comidas “aleatoriamente”. Paulo usa a expressões do culto a Deus e diz que a oferta dos filipenses era cheiro suave, como sacrifício agradável a Deus.  
A expressão cheiro suave encontramos repetidamente no AT, a começar pelo sacrifício de Noé depois que a arca pousou num dos montes de Ararat (Gn 8.210,21). O texto de Gênesis diz: O Senhor cheirou o suave cheiro do sacrifício que Noé lhe ofereceu.  
Na mensagem de Paulo, a dádiva dos filipenses exalava um aroma suave, como um sacrifício aceitável e aprazível a Deus (Ex 29.18; Gn 4.4). Ele entendia, como uma prática de justiça e misericórdia, como sendo um sacrifício agradável ao Senhor. No NT, Cristo é o sacrifício pelos pecados do mundo e é a oblação de cheiro suave como oferta a Deus (Ef 5.2).
A atitude dos filipenses era vista por Paulo como se fosse uma oferta de manjares oferecida a Deus que exalava um cheiro suave diante do Senhor. A igreja em Filipos não tinha muitos recursos financeiros. 
Por isso, a sua contribuição envolvia sacrifício e muito amor. Era uma igreja que dava não do que sobrava, mas fazia além do que tinha e o fazia com um sentimento de amor ao Senhor Jesus e ao seu pastor.
O apóstolo Paulo estava feliz pela generosidade dos filipenses e declara que aquela atitude de amor da parte deles lhes seria uma porta aberta para as suas vidas com todas as bênção e riquezas materiais e espirituais.
Paulo lembra aos filipenses de que a sua atitude magnânima para com ele era o fruto do verdadeiro doador de todas as coisas, que é o Senhor por quem somos abençoados e a quem fazemos as coisas por gratidão (v.19) – “O meu Deus, segundo as suas riquezas, suprirá todas as vossdas necessidades em glória por Cristo Jesus”.
IV – CONCLUSÃO
O pensamento de Paulo, de que fora gentilmente auxiliado pelos crentes de Filipos, e que o rico suprimento de Deus visa todos os seus filhos, levou-o a irromper nessa doxologia a Deus, como nosso Pai.
Ora, a nosso Deus e Pai seja dada glória pelos séculos dos séculos. Amém” (Fp 4.20). Em Rm 8.15 o apóstolo Paulo declarou aos irmãos que eles não haviam recebido o espírito de escravidão para que pudessem estar outra vez em temor e afirmava: 
"Mas recebestes o espírito de adoção de filhos pelo qual clamamos: aba, Pai". Na epístola aos Efésios a ideia da paternidade de Deus é constantemente reiterada; pois aquela epístola, acima de qualquer outro livro do NT, mostra-nos as riquezas da glória de Deus como nosso Pai, outorga a seus filhos transformando os remidos segundo a imagem de Cristo.
As doxologias são empregadas nas Escrituras a fim de salientar ou enfatizar as mensagens faladas ou a serem ditas, atribuindo louvor a Deus, em face das bênçãos que foram ou serão descritas. 
O apóstolo Paulo conclue a epístiola com uma saudação a todos os santos em Cristo e encerra a sua carta com a tradicional saudação: “A graça de nosso Senhor Jesus Cristo seja com vós todos”.

Consultas:
Lições Bíblicas EBD-CPAD - 3º. Trimestre 2013 – (Comentarista: Pr. Elienai Cabral).
 Bíblia de Estudo Pentecostal – CPAD
DAVIS, John. Novo Dicionário da Bíblia – Ampliado e Atualizado. São Paulo 2005 – 1ª Edição. Editora Hagnos.
RICHARDS, Lawrence O. Comentário Histórico-Cultural do Novo Testamento. 1. Ed. Rio de Janeiro: CPAD, 2007   
CABRAL. Elienai, Filipenses: A humildade de Cristo como exemplo para a Igreja. Rio de Janeiro 2013. 1ª. Edição. CPAD
CHAMPLIN. R. N.Enciclopédia de Bíblia Teologia e Filosofia. Editora Hagnos.
CHAMPLIN. R. N. O Novo Testamento Interpretado Versículo por Versículo. V.1 –Uma abordagem científica à crença na alma e em sua sobrevivência ante a morte física e V. 5 – Carta aos filipenses - Editora Hagnos.

LEWIS, Sperry Chafer. Teologia Sistemática – Vl.1,2 –São Paulo 2008.  2ª. Ed. Editora Hagnus

sexta-feira, 20 de setembro de 2013

A Reciprocidade do Amor Cristão - Lição 12 - 3º. Tri. 2013 - EBD CPAD – 22.09.2013

Subsídios para o Ensino da Lição: Pr. João Barbosa
 Texto da Lição: Filipenses 4.10-13              
I  - OBJETIVOS DE APRENDIZAGEM:
1.      Saber que as dádivas dos filipenses era resultado da providência divina.
2.      Compreender que o cristão tem contentamento de Cristo em qualquer situação.
3.      Explicar a respeito da principal fonte de contentamento do cristão. 
 II  - INTRODUÇÃO
Reciprocidade é um sentimento de correspondência, de intenções ou ações entre duas pessoas ou entre dois grupos. Neste contexto reciprocidade representa manifestação amorosa dos cristãos filipenses para com o apóstolo Paulo. Essa reciprocidade deve ser típica da vida da igreja cujos interesses são comuns a todos (At 2.42-47).
O apóstolo Paulo inspirado pelo Espírito Santo, escreveu na carta aos Coríntios que; “O amor é sofredor, é benigno; que o amor não é invejoso, o amor não trata com leviandade, o amor não se ensoberbece, o amor não se porta com indecência, o amor não busca os seus interesses, o amor não se irrita, o amor não suspeita mal; o amor não folga com a injustiça, mas o amor folga com a verdade; o amor tudo sofre, tudo crê, tudo espera, tudo suporta” (1Co 13.4-7).
Nesta lição o apóstolo Paulo expressa sua gratidão aos filipenses pela sua generosidade para com ele. Os crentes filipenses se tinham mostrados generosos em seu apoio financeiro, reconhecendo as necessidades de Paulo e as crises de toda a ordem pelas quais ele passava. 
Eles queriam aliviar pelo menos suas dificuldades financeiras, e até onde isso lhe fosse possível, pelo que lhe tinham enviado dinheiro em diversas ocasiões.
Ora, neste ponto o apóstolo Paulo faz uma pausa a fim de agradecer a essas doações. A última ocasião em que os filipenses tinha enviado auxílio financeiro a Paulo foi quando da vinda de Epafrodite, o qual agora retornaria a eles como portador da presente epístola, bem como o seu representante, autorizado a corrigir alguns problemas que afligiam aquela comunidade cristã.
Ordinariamente Paulo não recebia doações das igrejas que fundava, não apenas para dar exemplo de tal parcimônia a outros, mas provavelmente porque não queria que seu serviço prestado à causa de Cristo desse a impressão de ser visto a troco de uma cobrança. 
Estava muito mais interessado em prestar seus serviços gratuitamente, posto que, antes de sua conversão a Cristo havia perseguido à igreja do Senhor.
Por exemplo, no caso da igreja de Corinto, sob hipótese alguma aceitou doações da mesma, visto que alguns de seus membros o tinham criticado concernente a essa questão, ao passo que outros, mui provavelmente, tinham dito que ele trabalhava no evangelho a fim de ter uma vida financeira abastada. Nessas críticas, realmente havia um ataque contra o seu próprio apostolado.
III – DESENVOLVIMENTO
1. As ofertas dos filipenses como providência divina – Muito me regozijei no Senhor, foi a forma como o apóstolo Paulo se dirigiu a igreja de Filipos para demonstrar que ele suportava as privações da prisão em Roma com uma atitude de gratidão a Deus, o qual lhe proporcionava grande alegria no seu espírito. 
O gozo do Senhor na alma e no espírito é o nutriente que fortalece o crente: espiritual, moral e material quando estamos limitados e privados de conforto no nosso cotidiano. 
Todo crente em Cristo deve estar consciente da presença imanente do Espírito Santo em todas as circunstâncias da sua vida. Já haviam se passado alguns anos desde a ultima oferta enviada a Paulo pelos filipenses.
Ele agradecia a Deus pelo suprimento feito pela igreja para ajudá-lo nas suas necessidades. O apóstolo se lembrava da primeira oferta quando esteve em Tessalônica e foi agraciado pelo amor daqueles irmãos (Fp 4.15,16). 
Nessa carta, o apóstolo Paulo agradece pela surpresa agradável da segundo oferta enviada para ele, exatamente quando estava preso em Roma. Ele agradece e se regozija pela lembrança dos irmãos. Foi por esse amor demonstrado para com ele que ele declara: “muito me regozijei no Senhor” (v.10). 
Ele estava declarando que a oferta dos filipenses era o fruto da providência divina e da reciprocidade quando lhes pregou o evangelho em Filipo. Ele coloca a providência de Deus acima de qualquer sentimento porque entendia que era o Senhor quem inspirava esse amor demonstrado para com ele pelos filipenses.
A igreja de Filipos fora fundada por Paulo enfrentando muita oposição, perseguição, prisão e muito sofrimento. Agora a igreja demonstrava sua gratidão ao apóstolo cuidando dele e ajudando-o nas suas necessidades. 
Esse cuidado da igreja tinha um caráter espiritual, pois o que importava nessa ação da igreja era a sua motivação. Essa reciprocidade foi manifesta no reconhecimento da igreja de Filipos e a necessidade do apóstolo. Essa reciprocidade envolvia o dar e receber entre ambos (1Co 9.11; Rm 15.27).
2. O contentamento em Cristo em qualquer situação – O apóstolo Paulo nos dá uma grande lição quando diz: “aprendi a contentar-me com o que tenho” (v.11). O ideal que dominava o coração do apóstolo era pregar o evangelho em toda parte. 
Nada para ele era mais importante do que pregar o evangelho. Nenhuma circunstâncias negativa, nenhuma dificuldade financeira, absolutamente nada, roubaria a visão missionária do apóstolo. 
Ele não se angustiava por causa das condições material e social que estava vivendo. Em tudo isso ele conseguia tirar forças para prosseguir no seu ministério (Hb 11.34). Ele vivia contente com a própria suficiência em Cristo.
Ele sabia que o descontentamento é como uma planta má que faz brotar a avareza e o roubo (Hb 13.5,6; Lc 3.14). E não deixava que as preocupações com as coisas materiais o sufocasse. Por isso o apóstolo afirma: “já aprendi a contentar-me com o que tenho”. 
O foco de sua vida era a pregação do evangelho. Ele não se prendia a nenhuma circunstância externa. Precisava de donativos para poder manter-se, mas contentava-se com o que tinha. 
Ele satisfazia-se com a convicção de que Cristo lhe era plenamente suficiente, daí ele poder afirmar: “Posso todas as coisas naquele que me fortalece” (Fp 4.13).
A Bíblia nos mostra que o descontentamento gera avareza. E o autor da carta aos Hebreus diz: “Sejam vossos costumes sem avareza, contentando-vos com o que tendes; porque ele disse: não te deixarei, nem te desampararei. E, assim com confiança ousemos dizer: O Senhor é o meu ajudador, e não temerei o que me possa fazer o homem” (Hb 13.5,6). 
Jesus ensinou o risco que corre aqueles que se preocupam com as coisas materiais quando diz: “Não andeis cuidadosos quanto a vossa vida, pelo que haveis de comer ou haveis de beber, nem quanto ao vosso corpo, pelo que haveis de vestir. Não é a vida mais do que o mantimento e o corpo, mais do que a vestimenta?” (Mt 5.26).
Nosso contentamento não deve ser confundido com comodismo, mas deve ser expresso com atitude de reconhecimento pela suficiência que só Cristo pode nos dar. Quando o apóstolo Paulo afirmava que podia contentar-se com o que tinha (Fp.4.11). 
Ele estava refutando a filosofia dos estoicos, que davam valor excessivo à virtude da auto-suficiência, ou de independência externa.
Essa filosofia sustentava que o homem deve se abastar-se a si mesmo e contentar-se inteiramente com todas as coisas que lhe sobrevêm. Mas paulo refuta essa filosofia declarando-se auto dependente da providência divina. 
Seu contentamento baseava-se no fato de que Deus cuida de seus servos e os ensina a viver de forma inteligente e confiante nele. Ao escrever aos Corintos Paulo afirma: “Não que sejamos capazes por nós de pensar alguma coisa como de nós mesmos: mas a nossa capacidade vem de Deus” (2Co 3.5).
3. A principal fonte do contentamento – A vida cristã se baseia em convicções firmes. Quando o apóstolo Paulo declara “sei”, referia-se à certeza absoluta de que Deus lhe provia todas as necessidades, físicas, materiais, emocionais e espirituais. 
Paulo experimentou pobreza várias vezes e aceitava esse estado de vida como privilégio de ser humilhado como Cristo foi humilhado. 
O ter e o não ter, ter abundância e ter falta de coisas de primeira necessidade, não fazia com que o apóstolo perdesse a paciência e o alvo maior de sua vida, que era o de cumprir o desígnio de Cristo no mundo.
O apóstolo Paulo não tinha nenhuma dificuldade para compreender qualquer situação negativa. Sua experiência com Cristo era sufuciente para ter fé absoluta no cuidado de Deus. 
O apóstolo Paulo ilustra o aprendizado a que se submeteu envolvendo todo tipo de sofrimento físico material e até espiritual. Mas sem perder a confiança de que valia a pena sofrer tudo isso por amor ao Senhor Jesus Cristo. 
Como afirma o escritor aos Hebreus “porque ainda que era filho, aprendeu a obediência, por aquilo que padeceu. E, sendo ele consumado, veio a ser a causa da eterna salvação para todos os que lhe obedecem” (Hb 5.8,9).
Depois de abrir o coração e expor à igreja os sofrimentos que ele e outros apóstolos haviam passado, e ainda padeciam privações e sofrimentos físicos, conclui de modo triunfal a principal fonte do seu contentamento: “Posso todas as coisas naquele que me fortalece”. 
Com este versículo Paulo nos ensina que em Cristo está toda a suficiência do crente. Ele não está ensinando que os servos de Cristo precisam sofrer e suportar as viviscitudes da vida. 
Ele está dizendo que essas dificuldades são inevitáveis, mas que o segredo da vitória está na autodisciplina, no autocontrole do cristão e do obreiro na batalha da vida cristã. Aquele que deixa tudo para trás e olha somente para Cristo (Fp 13,14).
IV – CONCLUSÃO
A igreja tem a obrigação de cuidar de seus obreiros. Quando a igreja em Filipos ainda não tinha uma estrutura organizacional nem condições de se autosustentar, não deixou de fazer o que era possível para executar a obra de Deus. 
Em nossos tempos modernos não se justifica que uma igreja local que tenha uma estrutura material e financeira não faça a obra missionária; e deixe seus obreiros sofrendo privações. 
Este é o princípio bíblico que deve nortear a igreja no sentido de sustentar seus ministros. Porque diz as Escrituras: “Não ligarás a boca do boi que debulha. E digno é o obreiro de seu salário” (1Tm 5.18). 
Para isso, a igreja deve organizar um sistema financeiro equilibrado para a manutenção da vida eclesiástica. Nenhum obreiro pode fazer da missão pastoral um modo de ganhar dinheiro.
A igreja deve assumir a responsabilidade de dar o sustento necessário para que seus pastores possam efetuar as atividades eclesiásticas que lhes são confiadas, vivam bem e possam realizar a obra de Deus sem ficarem restritos à falta de recursos para o seu bem estar social e de sua família.
Paulo sofreu com a falta de sensibilidade da igreja de Corintos, que deixou de pagar-lhe o que lhe era devido. Por outro lado a igreja de Filipos não deixou de cuidar do sustento do seu pastor (2Co 8.8,9; 12.13).
Consultas:
Lições Bíblicas EBD-CPAD - 3º. Trimestre 2013 – (Comentarista: Pr. Elienai Cabral).
 Bíblia de Estudo Pentecostal – CPAD
LUTERO. Martinho. Nascido Escravo. São Paulo 2007 – 2ª Edição em Português. Edit. Fiel
RICHARDS, Lawrence O. Comentário Histórico-Cultural do Novo Testamento. 1. Ed. Rio de Janeiro: CPAD, 2007                  
CABRAL. Elienai, Filipenses: A humildade de Cristo como exemplo para a Igreja. Rio de Janeiro 2013. 1ª. Edição. CPAD
CHAMPLIN. R. N.Enciclopédia de Bíblia Teologia e Filosofia. Editora Hagnos.
CHAMPLIN. R. N. O Novo Testamento Interpretado Versículo por Versículo. V.’1 –Uma abordagem científica à crença na alma e em sua sobrevivência ante a morte física e V. 5 – Carta aos filipenses - Editora Hagnos.
STRINE, Hildomar Campostrini. O homem de Adão a cristo. Rio de Janeiro, 1995 –  Edição do Autor. EBAR Editora
CAMPOS, Heber Carlos de. A União das Duas Naturezas do Redentor. São Paulo, 2004 – 1ª. Ed. Edit. Cultura Cristã.
CAMPOS, Heber Carlos de. A Pessoa de Cristo - As Duas Naturezas do Redentor. São Paulo, 2004 – 1ª. Ed. Edit. Cultura Cristã.

LEWIS, Sperry Chafer. Teologia Sistemática – Vl.1,2 –São Paulo 2008.  2ª. Ed. Editora Hagnus

sexta-feira, 13 de setembro de 2013

Uma Vida Cristã Equilibrada - Lição 11 - 3º. Tri. 2013 - EBD CPAD – 15.09.2013

Subsídios para o Ensino da Lição: Pr. João Barbosa
 Texto da Lição: Filipenses 4.5-9              
I  - OBJETIVOS DE APRENDIZAGEM:
1.      Conscientizar-se a respeito da excelência da mente cristã.
2.      Compreender o que deve ocupar a mente do cristão.
3.      Analisar a conduta de Paulo como modelo. 

II  - INTRODUÇÃO
O crente não deve se deixar assaltar por ansiedades e dúvidas a respeito de qualquer coisa e não deve fazer nada em excesso, mas deve exercer a moderação, para que todos os homens percebam o espírito moderado que há nele. “Não estejais inquietos por coisa alguma; antes, as vossas petições sejam em tudo conhecidas diante de Deus, pela oração e súplicas com ações de graças” (Fp 4.6).
No original grego temos para moderação o termo “eiekes”, que significa clemência, gentileza, graciosidade e complacência. Podendo também significar autocontrole ou restrição paciente.
Não devemos ansiar por coisa alguma porque a Vinda do Senhor está próxima, havendo ainda à nossa disposição o recurso da oração, que é um poder criativo, que pode alterar os acontecimentos e conferir-nos forças para enfrentar as adversidades (Ef 6.18).
Por meio da oração, a força espiritual se faz presente, porquanto põe à nossa disposição o mesmo Senhor que em breve voltará. A oração contínua serve de salva guarda contra toda e qualquer ansiedade, e Paulo a descreve em uma sentença comprimida, falando sobre a natureza da oração autêntica.
Antes de tudo, envolve a atitude de esperar em Deus; em seguida, indica que, em nossa debilidade, rogamos a sua ajuda; e finalmente, fica esclarecido que devemos deixar bem claro aquilo que queremos da parte de Deus, confiando que ele nos atenderá os pedidos. A oração serve de elemento disciplinador e de determinador da vontade de Deus.
III – DESENVOLVIMENTO
1. A excelência da mente cristã – A alma possui três funções:
1. A mente – que é a sede do pensamento. É ela que nos dá condições de conhecer, pensar, imaginar, lembrar e entender. O intelecto, a sabedoria, a inteligência e o raciocínio humanos, pertencem a mente. De modo geral a mente é o cérebro. A mente exerce um importante papel na vida humana porque o pensamento influencia a ação.
2. A vontade ou volição – que é a faculdade que permite ao homem tomar decisões; querer ou não querer, escolher ou não escolher, são operações típicas da vontade. Ela é o leme que nos permite navegar pelo mar da vida. Alguém já disse que a vontade é o nosso verdadeiro ego.
A ação da vontade é nossa própria ação. O homem precisa submeter sua vontade à soberania de Deus para que a ação do Espírito Santo em sua vida posso levá-lo ao arrependimento para a vida (At.11.18).
3. A emoção – A nossa emoção produz alegria, felicidade, animação, agitação, júbilo, estímulo, desalento, tristeza, pesar, melancolia, lamento, abatimento, ansiedade, zelo, frieza, afeição, aspirações, ambição, compaixão, bondade, preferência, interesse, expectação, orgulho, temor, remorso, ódio.
A mente é o órgão que nos leva a pensar e relacionar. A vontade é o órgão da nossa escolha e decisões, tudo mais, brota da emoção. O sentimento abrange uma área tão vasta da nossa existência, que a maior parte das ações carnais pertence a área da emoção. A vida emocional do homem é bastante ampla e por isso altamente complicada. A Palavra de Deus exorta-nos a preenchermos a nossa mente com aquilo que gera vida e maturidade espiritual, pois nós temos a mente de Cristo (1Co 2.16).
Alguns especialistas resumem todas as expressões da emoção em três grupos: afeição, desejo e sentimento. Esses três grupos cobrem os três aspectos da emoção. Andar no caminho espiritual significa vencer os três aspectos da emoção. (Gl 5.16,17; Rm 8.1-17).
2. O que deve ocupar a mente do cristão – (Fp 4.7,8). A fim de que tenhamos uma melhor compreensão do v.8 precisamos conhecer a ideia de segurança e estímulo do v.7 que diz: “E a paz de Deus que excede todo entendimento, guardará os vossos corações e os vossos sentimentos em Cristo Jesus”.
Essa afirmação do apóstolo Paulo une coração e mente. O coração, nessa passagem, é apresentado de forma metafórica porque o coração é entendido como o centro das motivações da mente, da vontade e das emoções de uma pessoa (Pv 4.23) – “Sobre tudo que se deve guardar, guarda o teu coração porque dele procede as saídas da vida”.
Jesus repreendendo aos fariseus sobre a tradição dos anciãos deixa registrado em Mc 7.21.22 – “Porque do interior do coração dos homens saem os maus pensamentos, os adultérios, as prostituições, os homicídios, os furtos, a avareza, as maldades, o engano, a dissolução, a inveja, a blasfêmia, a soberba, a loucura”.
A mente é a sede do raciocínio e do entendimento. Da vontade da pessoa advém as decisões e dos sentimentos, todas as emoções da vida pessoal. Paulo ensinou aos filipenses que Deus guardará nossos corações e nossos sentimentos para que sejam motivados por coisas boas. A paz de Deus é como um muro de proteção e como uma torre de vigia que avisa à nossa mente contra inimigos externos que são os maus pensamentos.
Mas, os pensamentos alimentados por uma mente cristã tem coisas boas. Essas coisas boas se manifestam pelo menos em seis qualidades ou virtudes relacionadas em Fp 4.8, as quais devem ocupar a mente do crente e ser praticadas em seu viver diário a fim de que ele tenha paz com Deus.
Os filósofos costumam dizer que o homem é aquilo que ele pensa. Devemos fechar a nossa mente para tudo que é vil e pernicioso e devemos abrir os portais da nossa mente para tudo o que é justo – “Quanto ao mais, irmãos, tudo que é verdadeiro, tudo o que é honesto, tudo o que é justo, tudo o que é puro, tudo o que é amável, tudo o que é de boa fama, se há alguma virtude, e se há algum louvor, nisso pensai” (Fp 4.8).
A expressão verdadeiro conforme está escrito no grego bíblico como “alethe”, que significa verdade e se opõe a tudo que é falso, e que é irreal e ao que não contém substância. Vivemos em um mundo de mentiras que influencia a vida da humanidade. O papel do cristão é não só proclamar a verdade, mas viver a verdade no seu cotidiano.
A palavra honestidade da língua grega do NT tem três termos: “Kalos” que significa aquilo que é excelente e nesse sentido, bom.  “Semnos” que significa aquilo que é venerável e honrável. O terceiro termo grego é “euschemonos” que significa decente, decoroso. Na língua grega a palavra justo é “dikaios” que significa praticar as coisas certas e retas e também fazer tudo aquilo que não prejudique o seu irmão ou o seu próximo. 
Pureza – implica limpeza, algo não contaminado ou poluído. No grego do NT a palavra puro advém de “hagnus”. Essa palavra grega sugere e descreve aquilo que é moralmente puro e livre de sujeiras ou de manchas. Amável é tudo aquilo que se pode amar para sermos dignos de sermos amados por aquele que nos amou com amor profundo (Jo 3.16).
As coisas amáveis são coisas que atraem e causam prazer a todas as pessoas. Significa pensar naquilo que promove amor fraternal e amizade. O termo boa fama, aparece no grego bíblico como “euphemos”, um adjetivo que sugere um sentido ativo de falar bem de. Virtude refere-se à excelência, bondade moral e ética, que rejeite qualquer inversão de valores. As coisas excelentes são coisas elevadas e deve permear a mente do cristão. No mundo em que vivemos percebe-se a falta de virtudes que empobrecem a vida moral e espiritual. O cristão tem por obrigação demonstrar para o mundo a excelência de seu modo de viver e pensar.
3. A conduta de Paulo como modelo – “O que também aprendestes, e  recebestes, e ouviste, e vistes em mim, isso praticai, e o Deus de paz seja convosco (Fp 4.9). Nesse versículo de maneira enfática, Paulo se apresenta uma vez mais como exemplo a ser seguido (Fp 3.17; 1Co 11.1).
Quando alguém se torna seguidor do exemplo de Paulo torna-se também seguidor do exemplo de Jesus Cristo. Isso porque o apóstolo dos gentios ensinava preceitos verazes, vivendo-os pessoalmente, de modo que ninguém podia culpar-se de não haver compreendido as exigências cristãs de ordem moral em contraste com aquilo que os cristãos primitivos estavam acostumados a ver no paganismo.
A expressão “paz com Deus” não está em foco apenas a calma e a tranquilidade, mas também a paz interior devido a reconciliação com Deus e com os outros homens que também foram assim reconciliados com o Senhor. Esse senso de bem estar, baseado na realidade do bem estar da alma, vem da parte de Deus.
IV – CONCLUSÃO
Na batalha da mente o ser humano recebe muitas impressões exteriores, tanto no campo científico quanto no campo espiritual. O cristão, na sua conversão, recebe uma limpeza total dos antigos pensamentos do homem natural e carnal. Mas o cristão regenerado não está imune aos ataques do mundo espiritual na sua mente (2Co 5.17) “Assim que, se alguém está em Cristo, nova criatura é: as coisas velhas já passaram; eis que tudo se fez novo”.
Satanás procura romper a proteção de nossas mentes com pensamentos fúteis e carnais para que não pensemos nas coisas que são de cima, isto é, do céu.
Paulo exortou aos colossenses: “Pensai nas coisas que são de cima e não nas que são da terra” (Cl 3.2). Nossa mente absorve muitas coisas do que se vê e ouve, e do que se faz no dia a dia. Por isso, precisamos ter controle sobre a nossa mente. Mentes ocupadas por pensamentos maus produzem coisas más. Porém, mentes ocupadas com coisas boas produzem coisas boas.

Consultas:
Lições Bíblicas EBD-CPAD - 3º. Trimestre 2013 – (Comentarista: Pr. Elienai Cabral).
 Bíblia de Estudo Pentecostal – CPAD
LUTERO. Martinho. Nascido Escravo. São Paulo 2007 – 2ª Edição em Português. Edit. Fiel
RICHARDS, Lawrence O. Comentário Histórico-Cultural do Novo Testamento. 1. Ed. Rio de Janeiro: CPAD, 2007                    
CABRAL. Elienai, Filipenses: A humildade de Cristo como exemplo para a Igreja. Rio de Janeiro 2013. 1ª. Edição. CPAD
CHAMPLIN. R. N.Enciclopédia de Bíblia Teologia e Filosofia. Editora Hagnos.
CHAMPLIN. R. N. O Novo Testamento Interpretado Versículo por Versículo. V.’1 –Uma abordagem científica à crença na alma e em sua sobrevivência ante a morte física e V. 5 – Carta aos filipenses - Editora Hagnos.
STRINE, Hildomar Campostrini. O homem de Adão a cristo. Rio de Janeiro, 1995 –  Edição do Autor. EBAR Editora
CAMPOS, Heber Carlos de. A União das Duas Naturezas do Redentor. São Paulo, 2004 – 1ª. Ed. Edit. Cultura Cristã.
CAMPOS, Heber Carlos de. A Pessoa de Cristo - As Duas Naturezas do Redentor. São Paulo, 2004 – 1ª. Ed. Edit. Cultura Cristã.
LEWIS, Sperry Chafer. Teologia Sistemática – Vl.1,2 –São Paulo 2008.  2ª. Ed. Editora Hagnus




sábado, 7 de setembro de 2013

A ALEGRIA DO SALVO EM CRISTO - Lição 10 - 3º. Trimestre – EBD CPAD – 08.09.2013

Subsídios para o Ensino da Lição: Pr. João Barbosa da Silva
Texto da Lição: Filipenses 4.1-7

I    -  OBJETIVOS DE APRENDIZAGEM
1.    Exortar a respeito da alegria e firmeza da fé.
2.     Compreender que a alegria divina sustenta a vida cristã.
3.    Conscientizar-se a respeito da singularidade da paz de Deus.

II  - INTRODUÇÃO
O contentamento do apóstolo Paulo era demonstrado na aceitação das coisas boas e más que estava acontecendo com ele próprio e a igreja em Filipos, e via esses acontecimentos como providência amorosa de Deus que é aquele que sabe o que é melhor para o nosso bem.

O apóstolo estimula os crentes da igreja em Filipos para que sejam firmes na fé que é a força motora das nossas convicções no evangelho de Cristo Jesus. E tinha certeza que era esta força motora que impulsionava os filipenses a se manterem firmes em Cristo.

Em uma visão panorâmica dessa carta que o apóstolo Paulo escreveu aos filipenses vimos que ela pode ser dividida em três seções:
a) A seção do amor (Fp 1.1-11).
b) A seção da alegria ou gozo espiritual (Fp 1.12 – 3.21).
c) A seção da paz (Fp 4.1-23).
 
O capítulo 4 faz a fusão dessas três virtudes, para mostrar aos filipenses que não havia ressentimento no coração de Paulo; pelo contrário, o apóstolo entendia que continuava a ser o pastor deles, e, por isso, preocupava-se com o seu bem estar espiritual.

O apóstolo Paulo faz com essa confissão em seu coração as admoestações finais de sua carta. E revela nos vs.7 e 8 do cap. 4, o verdadeiro sentimento que movia o seu ser com relação aos crentes de filipos. “E a paz de Deus que excede todo entendimento, guardará os vossos corações e os vossos sentimentos em Cristo Jesus.

Quanto ao mais, irmãos, tudo que é verdadeiro, tudo que é honesto, tudo que é justo, tudo que é puro, tudo que é amável, tudo que é de boa fama, se há alguma virtude, se há algum louvor, nisto pensai”. Nisto o apóstolo revela esse sentimento de paz. Não uma paz comum, mas a paz que provém pelo Espírito Santo mediante a obra de Cristo no Calvário.   

III  - DESENVOLVIMENTO
1.   Exortação à alegria e firmeza da fé (Fp 4.1-3). Essa afirmação do apóstolo demonstra o contínuo cuidado de Paulo pela vida espiritual dos filipenses. Era, na realidade, uma atitude imperativa de que os filipenses não se deixassem dominar pelos falsos ensinos que estavam procurando roubar-lhes a esperança da salvação em Cristo Jesus. O apóstolo mostra aos filipenses que eles eram antes de tudo cidadão dos céus (Fp 3.20,21). Por isso, deviam permanecer firmes no Senhor.

O apóstolo se preocupava com as heresias doutrinárias que podiam corroer a esperança e provocar divisão e desarmonia no seio da igreja. “....Estais assim firmes (stekete)”. No grego bíblico a palavra em destaque fala de firmeza. Essa palavra era aplicada ao soldado no campo de batalha que ardorosamente tinha que ficar firme quando se deparasse com um inimigo.

De igual modo o crente em Cristo precisa ficar firme na fé quando se depara com falsas doutrinas ensinadas por falsos mestres, ou quaisquer outros problemas que possam afetar a vida espiritual. A igreja deve “ficar firme” porque possui uma herança que deve ser preservada mediante a fidelidade ao Senhor até a sua vinda.

“Mas a nossa cidade está nos céus, donde também esperamos o Salvador, o Senhor Jesus Cristo. Que transformará o nosso corpo abatido, para ser como o seu corpo glorioso, segundo o seu eficaz poder de sujeitar também a si todas as coisas”.

O apóstolo Paulo chama os crentes filipenses de “minha alegria e coroa”. Aqui o apóstolo lança mão de uma metáfora, ao se referir a uma competição olímpica. Naqueles tempos no mundo grego romano, havia dois tipos de coroas.

No grego do NT deparamo-nos com “diadema” e “stefanos”. Um tipo se referia à coroa do atleta (stefanos), premiação máxima dos atletas, especialmente, dos corredores nas maratonas gregas e romanas. O outro tipo referia-se a coroa da realeza, símbolo de soberania (diadema).

Naturalmente, Paulo se referia à coroa do atleta, que era o laurel concedido ao vencedor dos famosos jogos grego romano. O sentimento que dominava o coração do apóstolo era algo presente e ao mesmo tempo futuro. Ele se referia ao que sentia naquele momento com a notícia dos irmãos em Filipos.

Mas também se referia ao sentimento de que seu tempo de ministério estava chegando ao fim e tudo quanto esperava naquele momento era a vitória final na presença de Cristo. Isso constituía gozo e alegria na vida do apóstolo –“Porque qual é a nossa esperança, ou gozo, ou coroa de glória? Porventura, não o sois vós também diante de nosso Senhor Jesus Cristo em sua vinda? Na verdade, vós sois a nossa glória e gozo (1Ts 2.19,20).

2. A alegria divina sustenta a vida cristã ( 4.4-6). A alegria é experiência constante na carta aos filipenses, que na linguagem de Paulo é destacada como uma virtude de sustentação da vida cristã e que esta alegria não deveria ser um sentimento passageiro, ou emocional. Mas uma alegria gerada pelo Espírito Santo na vida interior do crente que o faz superar as adversidades da vida. O apóstolo fala de sua alegria apesar de preso e perseguido (Fp 1.4; 2.17).

O apóstolo usa duas palavras, gozo e alegria, para enriquecer a gloriosa experiência que motivava a sua fé (Fp 1.25). Ele fala da alegria dos irmãos em Filipos (Fp 2.28) e em Fp 4.4 Paulo transforma a alegria numa ordenança pastoral, não meramente uma recomendação.

Manter essa alegria requiria uma atitude de cuidado da parte do crente, porque temos um inimigo invisível e espiritual que procura roubar a alegria do crente, que é um fruto do Espírito (Gl 5.22). A versão Almeida – revista e corrigida, usa a palavra regozijar e diz: “regozijai-vos”.

A exortação contém o advérbio “sempre”. Aqui o apóstolo chama a atenção que não se tratava de uma despedida, ou de uma experiência momentânea. Mas trata-se de algo permanente e contínuo.

 Nenhuma outra fonte de alegria efêmera possui esse caráter, porque todas as fontes externas do mundo secam-se. A expressão usada novamente pelo apóstolo “outra vez digo”, é uma repetição que tinha por objetivo reforçar a exortação de que nada é mais precioso e consolador de que o gozo, a alegria ou o regozijo cuja fonte é o Senhor.

Se no AT a presença do Espírito de Deus era manifestada de tempos em tempos de acordo com as necessidades dos servos de Deus, agora, no NT, na Nova Aliança, a presença do Espírito Santo é permanente e imanente, porque Jesus o enviou da parte do Pai, para habitar no espírito do crente, isto é, no interior do crente, e produzir essa alegria (Jo 16.7; Tm 14.17; 15.13).

Nada comparável no mundo será capaz de superar a tristeza e as vivissitudes da vida como só a alegria do Senhor pode produzir (Tg 1.2-4; Rm 5.3). Paulo sabia que os filipenses estavam sendo ameaçados por falsos mestres com heresias capazes de criar dúvidas quanto à fé. Ele, então, fez uma exortação com caráter de ordenança apostólica aos filipenses e o fez de modo imperativo: “regozijai-vos sempre no Senhor; outra vez digo: regozijai-vos”.

3. A singularidade da paz de Deus ( 4.6,7). Em sua vida terrena, Jesus falou da ansiedade como um mal que precisa ser extirpado da vida do crente no seu cotidiano. No famoso Sermão do Monte, Jesus aconselhou: “Por isso, vos digo: não andeis ansiosos quanto à vossa vida, pelo que haveis de comer ou que haveis de beber; nem quanto ao vosso corpo pelo que haveis de vestir.

Não é a vida mais que o mantimento? E o corpo mais do que a vestimenta?” (Mt 6.25). A ansiedade pela vida, o medo do futuro, a preocupação pelo que pode acontecer não são atitude positivas de quem confia no Senhor. O que aprendemos com o Senhor Jesus Cristo é que a ansiedade desfaz a confiança em Deus e que o dia de amanhã não deve anteceder o dia de hoje.

Por isso ele disse: “Não vos inquieteis, pois, pelo dia de amanhã, porque o dia de amanhã cuidará de si mesmo. Basta a cada dia o seu mal”. A ansiedade é a falta de paz, a paz de Deus. Por isso, o apóstolo declara com segurança que a paz de Deus guardará os fiéis. Todos os sentimentos do crente estão guardados por aquele que pode dar a paz verdadeira (Fp 4.7).

IV   - CONCLUSÃO
Há certa reciprocidade entre alegria e paz. Não haverá alegria sem paz interior. Não se trata de uma simples paz, mas de uma paz que vem de Deus. Os discípulos de Jesus experimentaram essa paz especial quando Jesus disse: “Deixo-vos a paz, a minha paz vos dou; não vo-la dou como o mundo a dá” (Jo 14.27).

Em síntese, essa paz é algo que transcende qualquer compreensão. Não tem como discuti-la filosoficamente, nem no campo da psicologia. Os adeptos do gnosticismo que defendiam a idéia de possuírem algo superior em termo de inteligência, conhecimento e entendimento são confrontados por Paulo quando sugere algo mais alto e mais profundo que o entendimento humano.

É a paz de Deus que excede todo entendimento. A paz de Deus torna-se guarda de proteção para o crente fiel. O texto fala de “coração e mente” que são cidadelas dos pensamentos e emoções que experimentamos na nossa vida cotidiana. A proteção é feita por Jesus Cristo, Salvador e Senhor nosso. Portanto, a alegria do Senhor alimenta nossa alma e produz paz e segurança, porque “essa paz é como uma sentinela celestial que nos protege de todo mal.
Consultas:”
Lições Bíblicas EBD-CPAD - 3º. Trimestre 2013 – (Comentarista: Pr. Elienai Cabral).
 Bíblia de Estudo Pentecostal –  CPAD
LUTERO. Martinho. Nascido Escravo. São Paulo 2007 – 2ª Edição em Português. Edit. Fiel
RICHARDS, Lawrence O. Comentário Histórico-Cultural do Novo Testamento. 1. Ed. Rio de Janeiro: CPAD, 2007                    
CABRAL. Elienai, Filipenses: A humildade de Cristo como exemplo para a Igreja. Rio de Janeiro 2013. 1ª. Edição. CPAD
CHAMPLIN. R. N.Enciclopédia de Bíblia Teologia e Filosofia. Editora Hagnos.
CHAMPLIN. R. N. O Novo Testamento Interpretado Versículo por Versículo. Editora Hagnos.
CAMPOS, Heber Carlos de. A União das Duas Naturezas do Redentor. São Paulo, 2004 – 1ª. Ed. Edit. Cultura Cristã.
CAMPOS, Heber Carlos de. A Pessoa de Cristo - As Duas Naturezas do Redentor. São Paulo, 2004 – 1ª. Ed. Edit. Cultura Cristã.

LEWIS, Sperry Chafer. Teologia Sistemática – Vl.1,2 –São Paulo 2008.  2ª. Ed. Editora Hagnus