Texto da Lição: Obadias 1.1-4, 15-18
I - OBJETIVOS DE APRENDIZAGEM:
- Conceituar soberania divina e livre arbítrio.
- Elencar os elementos contextuais do livro de Obadias.
- Saber o princípio da retribuição divina.
II - TEXTO ÁUREO:
“ Porque o dia do SENHOR está perto, sobre todas
as nações;como tu fizeste, assim se fará contigo; a tua maldade cairá sobre a
tua cabeça” (Obadias 1.15).
III – VERDADE PRÁTICA: Obadias mostra que a lei da semeadura e o
princípio da retribuição constituem uma realidade da qual ninguém pode escapar.
IV – PALAVRA CHAVE: Soberania – Qualidade ou condição de Soberano.
Esboço: Escrito por Pr. João Barbosa da Silva
V – COMENTÁRIO –
Apresentação
Deus está no controle de
tudo e toda ação humana está ao alcance de seus olhos.
A lei natural da
semeadura ilustra o princípio da retribuição no campo espiritual, e é justamente essa a mensagem que
encontramos no livro do profeta Obadias, em seus oráculos contra Edom.
Oráculo, palavra derivada do
latim, oraculum, era um vocábulo
usado para indicar um assento de oração; a mensagem dada; uma pessoa, divina ou
humana que apresentasse uma mensagem, uma predição, uma ordem ou comunicação
divina; um templo; um santuário.
Nos seus oráculos Obadias
traz uma mensagem profética contra os descendentes de Esaú, os edomitas. Os “irmãos”
dos israelitas seriam duramente julgados pela forma com que os trataram quando
estavam sendo atacados pelos invasores.
Este tratamento desprezível
dado ao povo de Deus em um momento em que estavam vulneráveis foi motivo
suficiente para que Deus declarasse a queda de Edom.
Relatos nos dizem que a
maldade dos edomitas chegou ao cúmulo de preparar armadilhas para os israelitas
que conseguiram escapar da cidade com vida.
Os muitos pecados de Israel foram o
motivo de seu exílio e da perda temporária de sua nação.
Mas isso não era motivo para
que Edom aproveitasse a situação e colocasse em prática seu desprezo pelos
israelitas tratando-os com malignidade.
Para que possamos entender o
livro de Obadias precisamos ter em mãos um breve resumo da história de Israel. O
profeta trata de duas nações, Israel e Edom, mas refere-se a elas por meio da
citação de seus antepassados, Esaú e Jacó.
Isso ocorre porque era comum
para os hebreus identificar as pessoas utilizando o nome de seus antepassados.
Ao longo da história entre Israel e Edom, houve momentos de animosidade e isso
perdurou por muitos anos, despertando e mantendo acesa uma inimizade entre
esses dois povos descendentes de Abraão.
Apesar da animosidade entre
esses dois grupos, a recomendação divina aos israelitas era que tratassem os
edomitas com respeito, da mesma forma que deveriam tratar os egípcios:
Não abominarás o edomita, pois é teu irmão;
nem abominarás o egípcio, pois estrangeiros fostes na sua terra” (Dt 23.7). Essa recomendação os edomitas não
seguiram com relação a Israel.
O problema foi a atitude de
Edom no momento do juízo de Deus. Os edomitas foram condenados não apenas
porque se mantiveram distantes e alegres quando seus parentes estavam sendo
atacados.
Eles foram condenados
porque, além de observar o que estava acontecendo, participaram dos ataques
contra os sobreviventes.
Mas seu julgamento não tardaria a vir. Quanto aos
israelitas, eles seriam restaurados e teriam suas terras de volta, além de
possuir as terras de seus inimigos também (Ob 18,19).
Os israelitas estavam sendo
julgados por Deus por causa dos seus pecados. Até ai, Edom não tinha qualquer
ingerência a ponto de receber uma dura palavra da parte do Senhor.
Mas quando Edom se propôs a
atacar os israelitas e maltratá-los, e entregá-los aos inimigos, então Edom
caiu na mesma sentença que foi dada aos israelitas; eles seria julgados e
exterminados, e suas terras, dadas aos que antes tinham atacado.
Os edomitas estavam sempre
com ânimo pronto para ajudar qualquer grupo que fosse contrário a Israel. A Bíblia
registra pelo menos quatro ocasiões em que os filhos de Esaú pilharam os
israelitas:
No reinado de Jeorão (2 Cr
21), no reinado de Amazias (2 Cr 25), no reinado de Acaz (2 Cr 28), e no
reinado de Zedequias (2 Cr 36). Essa animosidade nunca foi bem vista por Deus (Ob
10 - 15).
OBJETIVO
1: Conceituar soberania divina e livre arbítrio.
O termo soberania denota uma
situação em que uma pessoa, com base em sua dignidade e autoridade, exerce o
poder supremo, sobre qualquer área, em sua província, que esteja sob a sua
jurisdição.
Quando é aplicado a Deus, o
termo indica o total domínio do Senhor sobre toda a sua vasta criação. Como
Soberano que é Deus exerce de modo absoluto a sua vontade, sem ter de prestar
contas a qualquer ser em cima nos céus, embaixo na terra ou debaixo da terra.
A soberania de Deus consiste
em sua sabedoria, justiça, santidade, onipotência, onipresença e onisciência.
É
portanto, absoluta inquestionável que Deus exerce sobre todas as coisas
criadas, quer na terra, quer nos céus, dispondo de tudo de acordo com os seus
conselhos e desígnios.
Sendo Deus absoluto e necessário,
todos nós somos contingentes: todos precisamos dele para existir; sem Ele, não há
vida nem movimento.
Deus é Senhor Soberano, no entanto reservou
ao homem o livre arbítrio e assim todos nascem livres e são auto-conscientes,
por isso, responsável diante de Deus pelos próprios atos.
Isto não significa
negar a soberania divina, trata-se tão somente da liberdade humana.
O livre-arbítrio é um ensinamento bíblico. A
vontade de Deus é que todos sejam salvos (Ez 18.32; Jo 3.16; 1 Tm 2.4; 2Pe
3.9).
A mensagem cristã diz que Cristo veio para salvar os pecadores, e deles
se espera que correspondam à chamada divina ao arrependimento (At 2.38).
As Escrituras ensinam também, que todos os
homens são donos potenciais da fé conferida por Deus, a fim de que venham realmente
a crer, se assim quiserem fazê-lo. Essa é uma dádiva divina dada aos homens.
O que cada indivíduo fizer com o seu
potencial de crer é questão exclusivamente sua, por ser algo sujeito ao seu
livre arbítrio; portanto, se alguém preferir negar a sua fé em Cristo, tornar-se-á
culpado e responsabilizado por isso, tendo de ser julgado por esse motivo.
O livre-arbítrio é uma experiência humana. O
homem é livre para alterar o curso de sua maneira de pensar e viver, sendo
responsável por fazer tal.
Nunca devemos pensar que isso funciona no vácuo. De
fato, para vir a crer, cada indivíduo humano tem de vencer a si mesmo, além de
ter de vencer muita oposição fora de si mesmo.
Mas Deus tornou isso possível através do que ele
realizou na cruz, em Cristo Jesus. De acordo com o trecho de Rm 1.18, o homem
se afastou de Deus voluntariamente; mas isso pode ser revertido, por mais difícil
que seja tal situação.
A experiência mostra-nos que um homem, com Cristo, ou
sem ele, sabe a diferença entre o bem e o mal, e pode escolher uma coisa ou
outra, ainda que, normalmente, o homem não regenerado prefira sempre o mal.
OBJETIVO 2. Elencar os elementos contextuais do livro de Obadias.
O autor
deste livro é um profeta chamado Obadias. No livro, não é mencionada a sua
genealogia, nem outro pormenor a seu respeito. Obadias é um nome bastante
comum, e significa “servo do Senhor”.
Doze ou
treze pessoas com tal nome são mencionadas na Bíblia (1 Re 18.13-16; 2Cr 17.7;
34.12,13).
Dependemos da data desta profecia para sabermos se o Obadias que
escreveu este livro é o citado noutra parte do Novo Testamento.
Como
nenhum rei é mencionado, não sabemos com certeza a data em que foi escrito. A
única alusão histórica diz respeito a uma ocasião em que os edomitas
regozijaram-se com a invasão de Jerusalém, e até mesmo tomaram parte na divisão
dos despojos (Ob 11-14).
Não fica
claro, porém, qual invasão Obadias tinha em mente, pois houve cinco grandes
invasões contra a cidade santa durante os tempos do Antigo Testamento.
Primeira:
A invasão de Sisaque rei do Egito, em 926 a.C, durante o reinado de Roboão
filho de Salomão (1 Re 14.25,26).
Segunda: A
invasão dos filisteus e árabes no reinado de Jorão, entre 848 – 841 a.C. (2 Cr
21.16,17).
Terceira: A
invasão de Jeoás rei de Israel no reinado de Amazias rei de Judá em 790 a. C. ( 2Re
14.13,14).
Quarta: A
invasão de Senaqueribe, rei da Assíria, no reinado de Ezequias, em 701 a. C. (2
Re 18.13).
Quinta: A
invasão dos babilonios entre 605 – 587\86 a. C. (2 Re 24.25). Donald C. Stamps,
diz na sua Bíblia de Estudo Pentecostal referindo-se ao livro de Obadias que
Obadias provavelmente profetizou entre a segunda ou a quinta invasão de
Jerusalém.
E a
destruição de Jerusalém por
Nabucodonozor seria a menos provável, porque não há nenhum indício da
destruição completa de Jerusalém nem da deportação de seus habitantes.
Os
profetas que se referem à destruição de Jerusalém identificam sempre o
inimigo como sendo Nabucodonozor, e não
simplemente “forasteiros” e “estranhos” (Ob 11).
Sendo
assim diz Stamps, a ocasião da profecia de Obadias é mais provável durante a
segunda das cinco invasões quando uma coalisão de filisteus e árabes uniram-se
para pilhar a cidade santa.
Por essa
época, os edomitas que haviam estado sob controle de Jerusalém, já haviam
consolidado sua liberdade (2 Cr 21.8-10).
O júbilo dos edomitas motivado pela
queda de Jerusalém, fica bem patente e compreensível, levando-se em conta que o
período do reinado de Jorão vai de 848 – 841 a.C. e que a pilhagem de Jerusalém
já era realidade.
Segundo
Stamps, 840 a. C. seria a data mais provável para a composição da profecia. Parte
do contexto da profecia relembra (Gn 25.19-34; 27.1 – 28.9) a longa rivalidade
entre Esaú, pai dos edomitas e Jacó, pai dos israelitas.
Embora
podemos ler em Gênesis 33 a respeito da reconciliação entre os dois irmãos, o
ódio entre seus descendentes irrompia frequentemente em guerras no decurso da
história bíblica (Nm 20.14-21; 1 Sm 14.47; 2 Sm 8.14; 1 Re 11.14-22).
Em consonância
com suas hostilidades, os edomitas regozijaram-se com as adversidades de
Jerusalém. Além disso, os edomitas estavam sempre com ânimo pronto para ajudar
qualquer grupo que fosse contrário a Israel.
A Bíblia
registra, pelo menos, quatro ocasiões em que os filhos de Esaú pilharam os
israelitas: No reinado de Jeorão (2 Cr 21); no reinado de Amazias (2 Cr 25); no
reinado de Acás (2 Cr 28) e no reinado de Zedequias (2 Cr 36).
Essa animosidade
dos edomitas contra Israel nunca foi aceita por Deus (Ob 10 – 15 NTLH).
OBJETIVO 3: Saber o princípio da
retribuição divina.
A retribuição é própria e inevitável devido a natureza
divina. Deus caracteriza-se pela retidão, pela justiça e pela onipotência. Portanto,
ele que é capaz de punir o mal e recompensar a gratidão.
Por isso, as pessoas recebem de Deus exatamente o eu merecem,
exceto quando sua justiça é acompanhada pela sua misericórdia e graça tendo em
vista o arrependimento e a fé na pessoa bendita do Senhor Jesus Cristo, pois na
pessoa de Jesus o mal foi penalizado e nós fomos salvos (2 Co 5.21).
A retribuição é própria e inevitável devido à natureza
divina. Isso é destacado em Gálatas 6.7,8, onde lemos:
“Não vos enganeis: de Deus não se zomba, pois aquilo que o homem
semear, isso também ceifará. Porque o que semeia para sua própria carne da
carne colherá corrupção, mas o que semeia para o Espírito, do Espírito colherá
vida eterna”.
Isto apenas reitera o ensino veterotestamentário: “Lavraste
a malícia, colheste a perversidade (Os 10.13). Esse ensino mostra que a
retribuição além de ser um ato de Deus é também o resultado inevitável das ações
humanas, boas ou más.
É significativo que a palavra hebraica por detrás da idéia
signifique tanto pecado quanto punição. Tal como no mundo físico, onde cada ato
produz resultados inevitáveis, o mesmo se dá no campo espiritual e moral.
“Pois com o critério com que julgardes,
sereis julgados e com a medida com que tiveres medido vos medirão também”
(Mt 7.2).
Provérbios 26 e 27 diz:
“Quem abre uma cova nela cairá e a
pedra rolará sobre quem a revolve”. Apocalipse ainda esclarece: “Derramaram sangue de santos e de profetas,
também sangue lhes tem dado a beber; são dignos disso” (Ap 16.6; Rm 1.27;
Ap 18.6,7).
A retribuição divina só começa neste mundo,
completando-se apenas na futura existência, (eternidade). Muitos crimes atrozes
jamais serão castigados nesta vida.
Mas a Bíblia assegura que haverá um dia de
prestações de contas (2Co 5.10; 2Pe 2.9; 3.7), quando todos aqueles que não
aceitaram a Cristo como Salvador e Senhor serão ressuscitados para serem
julgados (Jo 5.29; Ap 20.11-15).
CONCLUSÃO:
A
retribuição é inevitável, pois “tudo que
o homem semear, isso também ceifará” (Gl 6.7). Só o arrependimento e a fé
em Jesus podem levar o homem a experimentar o amor e a misericórdia de Deus (2
Co 5.17).
Assim
como ninguém pode desafiar as leis naturais sem as devidas conseqüências, não é
possível ignorar as leis espirituais e sair ileso. O princípio da retribuição já se encontrava na lei de Moisés (Ex
21.23-25; Lv 24.16-22; Dt 19.21).
Os edomitas
beberam e alegraram-se com a desgraça de seus irmãos. Mas, agora, chegou a hora
de eles receberem a sua paga na mesma moeda. Os descendentes de Esaú provarão cálice
da ira divina par sempre (Ob 16).
É bom lembrar
que esse princípio vale também para indivíduos (Jz 1.6,7; Hb 2.2). É o princípio
da semeadura (Os 8.7; Gl 6.7).
Consultas:
Lições Bíblicas EBD-CPAD
- 4º. Trimestre 2012 – (Comentarista: Esequias Soares).
COELHO, Alexandre e
DANIEL, Silas. Os Doze Profetas Menores. CPAD – Rio de Janeiro, 2012.
Bíblia de Estudo
Pentecostal – CPAD
Bíblia de Estudo
Cronológico – Editora Vida
ANDRADE, Claudionor
Corrêa. Dicionário Teológico. 8ª. ed. Rio de Janeiro: CPAD, 1999.
CHAMPLIN. R. N. O Antigo
Testamento Interpretado Versículo por Versículo.. Editora Hagnos.
CHAMPLIN. R. N. Dicionário
do Antigo Testamento Interpretado Versículo por Versículo.. Editora Hagnos.
DOCKERY, David S. Manual Bíblico Vida Nova –
1ª. ed. São Paulo, Editora Vida, 2001.
RICHARDS Lawrence. Comentário Bíblico do
Professor. 3ª. Imp. São Paulo: Editora Vida, 2004.
DAVIDSON, F. O Novo Comentário da Bíblia. 3ª.
ed. São Paulo: Editora Vida Nova, 1997.
RADMARCHER, Earl
D.; ALLEN, Ronald B; HOUSE, H. Wayne. O Novo Comentário Bíblico do
Antigo Testamento com Recursos Adicionais. 1ª. ed. Rio de Janeiro. Editora
Central Gospel, 2010