Turminha do Berçário recita o texto áureo da EBD - Portugal 2007 |
Lição 04 EBD-CPAD - 2 Coríntios 8.1-9
Pr. João Barbosa
1. Saber que a prosperidade em o Novo Testamento é escatológica.
2. Conscientizar-se de que a prosperidade em o Novo Testamento é mais uma questão de ser que de ter.
3. Compreender que a prosperidade em o Novo Testamento é sempre uma questão filantrópica.
Esboço:
A vivência Novo Testamentária, põe em destaque uma das mais inquietantes questões que perpassa os nossos dias. Estamos tratando da prosperidade como expoente de vida bem sucedida financeiramente, tão bem decantada entre aqueles que não possuem uma experiência de intimidade com Deus o doador e supridor da vida, do existir, do ser e do ter.
Para o homem moderno, ser próspero é ser bem sucedido e galgar os mais altos píncaros da fama, em oposição ao que nos afirma o Senhor Jesus Cristo em o Novo Testamento, que não credencia nenhum valor aos bens materiais, antes incentiva-nos até à perda desses bens. Isto é o que podemos avaliar em Lucas 18.22 com a parábola do jovem rico, cujas riquezas o impedia de seguir a Cristo, haja vista uma das exigências para estar em sintonia perfeita com o senhorio de Cristo; não seja a pobreza nem a riqueza, e sim o desapego dos bens materiais.
O livro de Provérbios no capítulo 30 e versículos 8 e 9 apresenta-nos uma sábia petição feita a deus com respeito à riqueza e á pobreza: “Afasta de mim a vaidade e a palavra mentirosa; não me dê nem a pobreza nem a riqueza; mantêm-me do pão da minha porção acostumada; para que porventura, de farto te não negue e diga: Quem é o Senhor? Ou que, empobrecendo, venha a furtar e lance mão do nome de Deus”.
No versículo 22 do capítulo 18 de Lucas, a orientação dada por Jesus àquele homem que desejava herdar a vida eterna foi: “..... ainda te falta uma coisa: vende tudo quanto tens, reparte-o pelos pobres e terás um tesouro no céu, depois vem e segue-me”.
Não é de espantar que tal ensino deixou aquele homem muito triste porque era muito rico, o que levou Jesus a declarar no versículo 24 “.... quão dificilmente entrarão no Reino de Deus os que têm riquezas”. Note-se que Jesus não disse ser impossível, apenas, difícil.
Mas em continuação a pontuação que Jesus fez em torno da celeuma do jovem rico, transformou-se numa das mais surpreendentes declarações feitas por nosso Senhor Jesus Cristo: “.... é mais fácil entrar um camelo pelo fundo de uma agulha do que entrar um rico no Reino de Deus” (Lc 18.25).
E para Pedro Jesus respondeu: “....Na verdade vos digo que ninguém há, que tenha deixado casa, ou pai, ou irmãos, ou mulher, ou filhos pelo reino de Deus, e não haja de receber muito mais neste mundo e, na idade vindoura, a vida eterna” (Lc 18.
As riquezas, traduzidas em nossos dias por prosperidade material, são, na perspectivas de Jesus, um obstáculo tanto à salvação, quanto ao serviço cristão. Elas transmitem um falso senso de segurança própria (Lc 12.15), enganam (Mt 13.22) e exigem total lealdade do coração. “Porque onde estiver o vosso tesouro, aí estará também o vosso coração” ( Mt 6.21).
“Ninguém pode servir a dois senhores, porque ou há de odiar a um e amar o outro ou se dedicará a um e desprezará o outro. Não podeis servir a Deus e a Mamom” (Mt 6.24).
“Porque o Reino de Deus na é comida nem bebida, mas justiça, e paz, e alegria no Espírito Santo” (Rm 14.7).
Pelo descrito e ainda conforme pontua o comentarista, o conceito de prosperidade em o Novo Testamento, excede a aquisição de bens materiais, terrenos. O conceito está fundamentado nas promessas do Reino de Deus na época vindoura, sendo portanto, uma questão escatológica.
Logo, ser próspero não é ter muitos bens materiais. A Palavra de Deus nos mostra que tal façanha vai muito além do “Ter” e é a verdadeira essência do “Ser”.
O novo Testamento adverte-nos quanto a inversão dos valores eternos e enfatiza que a prosperidade é mais uma questão de SER do que de TER (Lc 12.13-21). O “Ter” está relacionado com aquilo que possuímos, ao passo que o “Ser”, com aquilo que realmente somos. (Lc 12.21).
Nos tempos hodiernos é o “Ter” que vale, e sem ele, o “Ser” é submergido, apagado e desprezado. Porém em o Novo Testamento encontramos de um modo geral, Jesus vivendo e ensinando o estilo do “Ser”. Para ele é o que está por vir – a vida eterna, que deve ter primazia na vida do homem. Em Mt 6.16, ele exortava aos seus discípulos “Pois que aproveita ao homem ganhar o mundo inteiro, se perder a sua alma? Ou que dará o homem em recompensa da sua alma”.
Na doutrina apostólica, os verdadeiros valores são eternos e não só temporais; as verdadeiras riquezas são as espirituais, e não as materiais. A riqueza em si não é má, no entanto, o que fazemos dela pode transformar-se em algo danoso para nós e para os que nos cercam (Sl 62.10).
A Bíblia condena o “amor do dinheiro” mas não a sua aquisição através do trabalho honesto e responsável (1 Tm 6.10).
Nos dias de Jesus, em o Novo Testamento, predominava entre os judeus a idéia de que as riquezas, ou seja, a prosperidade material, era um sinal do favor especial de Deus, e que a sua ausência denotava falta de fé e do desagrado de Deus. Adotando tal crença escarneciam de Jesus por causa da sua pobreza (Mt 16.14).
Porém essa idéia falsa é firmemente repelida por Cristo (Lc 6.20; 16.13; 18.24,25). A Bíblia aponta a busca insaciável e avarenta da prosperidade material, das riquezas, como idolatria, a qual é demoníaca (Co 10.19,20; Cl 3.5). Por causa da influência demoníaca associada às riquezas, á prosperidade, à fama e ao sucesso; a ambição por ela e a sua busca frequentemente e em geral conflituosa, escravizam as pessoas (Mt 6.24).
Quase sempre os ricos vivem como quem não precisa de Deus. Na sua luta para acumular riquezas, os ricos sufocam sua vida espiritual (L.8.14), caem em tentação e se sucumbem aos desejos nocivos (1 Tm 6.9), e daí abandonam a fé (1 Tm 6.10).
Os cristão não devem ter a ambição de ficar ricos (1 Tm 6.9-11), haja vista ser o amontoar egoísta de bens materiais, uma indicação de que a vida já não é considerada do ponto de vista da eternidade (Cl 3.1). O egoísta é cobiçoso e deixa de centralizar em Deus seu alvo e suas realizações, concentrando-as em si mesmo e em suas possessões. O fato de a esposa de Ló pôr todo o seu coração numa cidade terrena e seus prazeres, e não na cidade celestial, levou-a a tragédia de virar uma estátua de sal (Gn 19.16,26; Lc 17.28-33; Hb 11.8-10).
Para os cristãos a verdadeira prosperidade consiste na fé e no amor que se expressam na abnegação e em seguir fielmente a Jesus Cristo (1 Co 13.4-7: Fp 2.3-5). Quanto à atitude correta em relação aos bens e o seu usufruto, o cristão tem obrigação de ser fiel (Lc 16.11).
Não devemos apegar-nos às riquezas como um tesouro ou garantia pessoal; pelo contrário, devemos abrir mão delas, colocando-as nas mãos de Deus para uso no seu Reino, promoção da causa de Cristo na terra, salvação dos perdidos e atendimento de necessidades do próximo.
Portanto, quem possui riquezas e bens não deve julgar-se rico em si, e sim um administrador dos bens de Deus (Lc 12.31-48). Os tais devem ser generosos, prontos a ajudar o carente, e serem ricos em boas obras (Ef 4.28; 1 Tm 6.17-19).
A prosperidade em o Novo Testamento tem natureza filantrópica até mesmo pelo fato de a igreja primitiva, assim como a hodierna, serem formadas por diferentes classes sociais. Quando a igreja teve início, pessoas de todas as classes sociais, sem exceção, agregaram-se à nova fé (At 6.7). Logo, o cuidado com os menos favorecidos é um dever da igreja. As colunas da igreja primitiva Pedro, Tiago e João, pediam ao apóstolo Paulo que não se esquecesse dos pobres (Gl 2.10).
“Naqueles dias, desceram profetas de Jerusalém para Antioquia. E, levantando-se um deles, por nome Ágabo, dava a entender, pelo Espírito, que haveria uma grande fome em todo o mundo, e isso aconteceu no tempo de Cláudio César. E os discípulos determinaram mandar, cada um conforme o que pudesse, socorro aos irmãos que habitavam na Judéia” (At 11.27-29). Em virtude do relato, Paulo iniciou uma campanha para arrecadar donativos para os crentes pobres de Jerusalém. As igrejas gentias responderam generosamente (Rm 15.26).
A prosperidade legitima-se na generosidade. Embora possamos ser agraciados com bens materiais, nossa vida não deve ser direcionada por uma cultura de consumo que busca desenfreadamente a realização do ego em detrimento dos valores espirituais, é o que nos ensina o Novo testamento.
“Quando somos bem sucedidos, não devemos confiar no sucesso, mas acreditar em Deus, que nos concedeu os talentos; permanecer humildes, honestos e dependentes. Quando Deus nos proporciona algum êxito, a sua intenção é que o usemos a favor dEle.
O nosso sucesso pode ser a ferramenta que ajudará outras pessoas, individual ou coletivamente”.
Fontes:
GONDIM, Ricardo. O Evangelho da Nova Era – Uma análise e refutação bíblica da chamada Teologia da Prosperidade. Press Aba
GONÇALVES, José. Lição EBD-CPAD – 1º. Trimestre 2012. Manual do Mestre
CHAMPLIN, R. N e BENTES, M.J. Ph.D. Enciclopédia de Bíblia Teologia e Filosofia. Editora Hagnos.
OLSON, Roger. História da Teologia Cristã – 2000 Anos de Tradição e Reformas. Vida Acadêmica
HAGIN, E. Kenneth. Como Ser Dirigido Pelo Espírito de Deus. Graça Editorial
Bíblia de Estudo Pentecostal – CPAD
Nenhum comentário:
Postar um comentário