O PROJETO ORIGINAL DO REINO DE DEUS
Mc 4.1-3, 10-12; Lc17.20,21
APRESENTAÇÃO
No Evangelho de Mateus o Reino é designado de modo geral como o Reino dos Céus, enquanto o Reino de Deus é mencionado poucas vezes. A maioria dos eruditos concorda que Mateus escreveu para os judeus que tinham reverência especial pelo nome DEUS; embora, em sua evidente falta de entender a verdadeira natureza do Reino, entenderiam facilmente o significado de Reino dos Céus (Mt 3.2; 12.28).
Já o evangelista Marcos e Lucas, ao escreverem para os gentios usaram a expressão “Reino de Deus”; portanto queremos dizer que não há diferença entre Reino de Deus e Reino dos Céus. Em Mt 3.2 João Batista pregou o Reino dos Céus. Porém na passagem paralela em Mc 1.14, ele usa a expressão Reino de Deus.
Entendemos que o Batista não veio pregando dois reinos diferentes. Marcos e Lucas não usam as palavras Reino dos Céus, mas descrevem as mesmas realidades mediante a expressão Reino de Deus.
Quando Mateus usava a expressão Reino dos Céus os judeus entendiam que ele fazia alusão ao governo do Messias sobre o Trono de Davi.
Esse foi o reino que Deus prometeu a Davi (2 Sm 7.7-10). Este reino foi descrito pelos profetas (Zc 12.8) e confirmado a Jesus Cristo pelo anjo Gabriel (Lc 1.32,33). Mateus afirma que esse reino está próximo (Mt 3.2)
DESENVOLVIMENTO
No hebraico há cinco palavras que descrevem reino, (Melukah, Maleku, Malekuth, Mamlakah, Mamlakuth, no grego temos uma palavra – “Basiléia”. Essa palavra era usada no Antigo Testamento em sentido geral para especificar algum país ou países sujeitos a um monarca (Dt 3.4), ou então a fim de designar o poder e o reino de algum soberano. (1 Sm 18.8; 20.31). O reino sobre o qual Deus governa tem dois aspectos distintos: o eterno e o temporal, o universal e o local, o imediato e o mediato.
a) Aspecto atemporal – As Escrituras nos mostra que Deus é sempre soberano e governa como rei. O Senhor é rei eterno (Sl 10.16). Como rei, o Senhor presidirá para sempre (Sl 29.10b). Deus é verdade: Ele mesmo é o Deus vivo e o rei eterno (Jr 10;10). “Tu, senhor reinas eternamente, o teu trono subsiste de geração em geração” (Lm 5.19).
Deus é chamado rei porque tem uma soberania reconhecida e um reino no qual exerce essa soberania.
b) Aspecto universal – A abrangência ilimitada da soberania. “Teu, Senhor, é o poder, a grandeza, a honra, a vitória e a majestade; porque teu é tudo quanto há nos Céus e na Terra; Teu Senhor é o reino e tu te exaltaste por chefe sobre todos. Riquezas e glórias vêm de ti, tu dominas sobre tudo e na tua mão há força e poder; e na tua mão está o engrandecer e dá força a tudo. Agora, pois, ó Deus nosso, graças te damos e louvamos o nome da tua glória” (1 Cr.29.11-13); “.....O altíssimo tem domínio sobre o reino dos homens; e o dá a quem quer” (Dn 4.17, 25, 32).
Em sentido bem amplo poderíamos definir esse reino, como composto, por aqueles que reconhecem, adoram, amam e obedecem a Deus como único Deus vivo e verdadeiro. Por isso, este reino pode ser concebido como existente no Céu ou no coração dos redimidos (1 Co 3.16,17; 6.19 e 20).
O significado básico da palavra neotestamentária traduzido por reino, Basiléia, é “reinado”, e não “reino” ou “povo”. No uso linguístico geral deve-se observar que a palavra Basiléia que geralmente traduzimos por domínio, reino, designa antes de tudo, a existência, o caráter e a posição do rei. Já que ela é relativa a um rei devermos falar sobre sua majestade e sua autoridade.
O REINO DE DEUS NOS EVANGELHOS – O Reino de Deus é o centro da mensagem no Novo Testamento. Ele foi anunciado por João Batista. (Mc 1.14)
Era a essência do ensino de Jesus (Mt 6.33). O Reino de Deus não é comida nem bebida, mas, justiça e paz e alegria no Espírito Santo, assim diz Paulo (Rm 14.17).
Foi a mensagem evangelística dos primeiros pregadores na igreja primitiva (At 8.12, 14 22; 19.8). Um dia ele englobará tudo; quando os Reinos deste mundo se tornar o Reino de nosso Deus e do seu Cristo, que reinará para todo sempre (Ap 1.15; 1 Co 15.23-28). O Reino de Deus é o âmbito em que a vontade de Deus que salva, é conhecida e experimentada.
É onde a vontade de Deus se cumpre; alguns são atraídos por ele e outros estão à sua margem, e outros estão realmente nele (Mt 13.24-30, 36-40, 47-50). O Reino é ao mesmo tempo, presente (Mt 11.11,12; 12.28; 18.1-5; Lc 17.21). O Reino é também futuro (Mt 6.10; 26.29; Lc 19.11-27; 21.29-31).
EXIGÊNCIAS PARA ENTRAR NO REINO – Arrepender-se e crer no Evangelho; fazer a vontade de nosso Pai Celestial (Mt 7.21).
Nossa justiça precisa exceder a dos escribas e fariseus (Mt 5.20), A vida do reino é oposta aos valores do mundo (Mt.18,36). Devemos ter espírito de perdão (Mt 18.23-35). Ser humilde (Mt 18.4); Ser generoso (Mt 20.1-16); Ser discreto e não como a mãe dos filhos de Zebedeu (Mt 20.20-28). Ser comprometido (Lc 9.57-62).
O PROJETO ORIGINAL DO REINO DE DEUS – É o plano que Deus estabeleceu na eternidade e que os profetas, e o apóstolo Paulo chamam de “eterno propósito de Deus” que foi estabelecido gradativamente desde o Éden quando Deus delegou ao homem, o poder de governar, sendo assim, a primeira teocracia manifesta (Gn 2.15-17; Sl 8.6-8;).
A nação hebreia é o Reino de Deus. Por essa razão, aquela nação tornou-se um Reino de Sacerdotes (Ex 19.6ª).
NO PRESENTE – o Reino de Deus pode ser visto nos corações e nas vidas de todos aqueles que se arrependem, creem e vivem o evangelho (Jo 3.3-5; Cl 1.13).
NO FUTURO – Durante o Reino Milenial predito pelos profetas do Antigo Testamento (Sl 89.36,37; Is 11.1-9; Dn 7.13,14). Jesus Cristo reinará literalmente na terra durante o milênio (Ap 20.4-6) E a igreja reinará com ele sobre as nações (Mt 25.34; Ap 5.10; 20.6; Dn 7.22). Este Reino Milenial de Cristo dará lugar ao Reino Eterno de Deus (Ap 21.1-4; 22.3-5).
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