Subsídios
Teológicos e Bibliológicos para Estudo sobre:
A Obra
Salvífica de Jesus Cristo - 29.10.17
Texto Bíblico: João 4.13-19
Por: Pr. João Barbosa
O
tempo e a hora em que Pilatos apresentou Jesus ao povo – “Era a preparação da Páscoa”, isto é, sexta feira. “Era
cerca da hora terceira” (Mc 15.25). Notemos, primeiramente, que quando Pilatos
sentou-se na tribuna, a hora terceira estava para terminar, isto é, faltavam
alguns minutos para o começo da hora sexta – nove horas da manhã ( Jo 19.14).
Este texto é um parêntese que o Evangelista João
abre, à guisa de informação. Tem havido certa dificuldade em harmonizar esse
texto com o de Mc 15.25, que diz que o Senhor foi crucificado à hora terceira.
A explicação que harmoniza Jo 19.14 com Mc 15.25 se encontra no relato de
Calvino. Ela se baseia no fato de que os judeus dividiam as doze horas de seu
dia em quatro partes:
A hora terceira que começa as seis e ia até às nove
horas; a hora sexta, que começava as nove horas e ia até as doze horas; a hora
nona que começava as doze horas e ia até as quinze horas; e a hora duodécima
que começava as quinze horas e ia até as dezoito horas.
Estas grandes divisões incluem as horas intermediárias,
de modo que qualquer momento das seis às nove da manhã podia ser chamado a hora
terceira, e qualquer momento das nove horas até o meio dia, podia ser chamado a
hora sexta.
Desse modo não se faz violência a hora de João. Assim,
tanto Marcos como João entendem dizer que Jesus foi condenado e crucificado lá
pelas nove horas da manhã. Somente um deles chama aquele momento de hora
terceira, a qual estava para findar; o outro o chama hora sexta que estava a
começar.
Então Pilatos disse aos judeus: “Eis o vosso rei”. Ele
já havia ridicularizado Jesus apresentando-o ao povo como um vencido. Agora o
apresenta como rei dos judeus. Mas eles clamaram: tira-o, crucifica-o. A servís
e o coração dos principais sacerdotes estavam definitivamente empedernidos.
Pilatos perguntou: “Hei de crucificar o vosso rei?”
E a resposta capciosa dos judeus foi: “Não temos rei senão Cesar”. Mas uma vez Pilatos
quis que a responsabilidade final do crime a ser consumado recaísse pesadamente
sobre as autoridades religiosas judaicas, como também sobre o povo e, assim,
teria argumentos para inocentar-se perante a lei romana. Mas as autoridades
judaicas foram extremamente cautelosas e com falsos argumentos disseram não
temos rei senão Cesar.
A
trágica e final decisão de Pilatos –
“Então lho entregou para ser crucificado” (Jo 19.16). Assim consumou-se o
processo mais iniquo e trágico de todos os séculos. O magistrado tombou
vergonhosamente, primeiro diante de si mesmo, e, então, diante dos inimigos de Jesus.
Embora tivesse vontade e desejo de soltar a Jesus,
contudo, o condenou à morte. Deveras, o homem, em seus delitos e pecados, é um
escravo. “E, embora não achasse alguma causa de morte, pediram a Pilatos que
ele fosse morto” (At 13.28).
Pilatos personagem de alta classe e posição, representante
da mais poderosa nação da terra, homem que devia ser o mais imparcial e
defensor da equidade e da justiça, enfim, governador romano, ele oscilante
entre dois juízos opostos em uma causa clara como a luz do meio dia. “Ele sabe
e conhece onde está o direito, e age em sentido contrário: Diz-lhe a consciência
que ele deve soltar o acusado, mas teme desagradar os acusadores e sacrifica,
assim a justiça ao capricho dos maus, sanciona um, crime sem par na história, e
consente a morte de um justo”.
A tradição diz que Pôncio Pilatos, no ano 36dC., foi
acusado pelo governador da Síria, e que foi à Roma par defender-se, porém não
conseguiu: Foi exilado para Gália e ali se suicidou.
No
caminho da cruz: antes das nove horas da sexta feira (Mc 15.20-33; Mt 27.31-34; Lc 23. 26-33ª; Jo 19.17) –
Nosso amado Senhor é revestido em suas próprias vestes ensanguentadas, e, lá
fora, no pátio do pretório, uma cruz já estava preparada para ser por ele
carregada até o suplício. “Depois de o terem assim escarnecido, despiram-lhe a
púrpura e lhes puseram as vestes” (Mc 15.20). “Tomaram, pois, a Jesus; e ele carregando
a sua própria cruz, saiu para o lugar chamado Caveira, que em hebraico se chama
Gólgota” (Jo 19.17).
Simão
Cirineu ajuda a levar a cruz (Lc
23.26) – Não se sabe quem era realmente este homem, se algum judeu que em algum
tempo houvesse habitado em Cirene (capital de uma pequena província da Líbia,
na África, e corresponde à moderna Trípole), ou se algum gentio relacionado com
a colônia judaica daquela capital e que estivesse interessado em saber quem era
Jesus, nem podemos saber se ele era crente ou não, a não ser o que nos diz
Marcos: “E obrigaram certo Simão, o cirineu, pai de Alexandre e de Rufo, que
por ali passava, vindo do campo, a carregar-lhe a cruz” (Mc 15.21).
Considerando este texto, notamos que esse cirineu
era conhecido, e, portanto, possivelmente, poderia ser um prosélito que se
tornara cristão. Mas, deste incidente, devemos ter em mente três fatos:
Primeiro, que Jesus não pediu ao cirineu para levar sua cruz, embora não
pudesse impedi-lo de o fazer.
Segundo, que Simão Cirineu foi obrigado pelas autoridades
a levar a cruz do Senhor, portanto, Simão não agiu de forma voluntária; e, terceiro,
Jesus tragou sozinho o cálice do sacrifício da cruz inteiramente e pagou a dívida
dos pecadores totalmente (Mt 26.38-42).
O
lugar da crucificação – “Quando chegaram
ao lugar chamado Gólgota que quer dizer lugar da Caveira, deram-lhe a beber
vinho misturado com fel. Mas ele provando não quis beber” (Mt 27.33-34).
Caveira, que em hebraico se chama Gólgota e em português Calvário, era um lugar
que ficava fora dos muros de Jerusalém, porém perto da cidade.
Os lugares históricos do Calvário, como também os do
sepulcro de Jesus achavam-se situados fora das muralhas da cidade, e não dentro
da mesma, como muitos, que observam ensinos tradicionais, até o dia de hoje,
acreditam, e, quanto às supostas quedas de Jesus sob o peso da cruz, no trajeto
para o Calvário, não existe nenhuma prova bíblica nem histórica. Os evangelhos
nada dizem, portanto, não se deve acrescentar nada ao texto bíblico sob pena de
perder a sua porção (Ap 22.18,19).
Jesus
crucificado: as três primeiras horas na cruz – Das nove às doze horas de sexta feira (Mc 15.24-32; Mt 27.35-44; Lc
23. 33b -48; Jo 19.18-27). O ato da crucificação: Havia três tipos principais
de cruzes: A cruz comissa em forma de T maiúsculo; a cruz decussata em
forma de X maiúsculo e a cruz imissa + no formato popular a qual
conhecemos hoje. O Senhor Jesus foi crucificado numa cruz imissa, porquanto,
puseram no topo da cruz uma inscrição que declarava o motivo porque fora
crucificado.
Esta pena horrível era oriunda dos cartagineses, e
os romanos a usavam para executar os escravos e não os cidadãos romanos. A vítima
dessa cruel pena ficava muitas vezes, em agonia durante até quarenta e oito
horas ou mais, conforme a resistência do crucificado. Puseram o Senhor estendido
sobre o madeiro e cravaram-lhe as mãos e os pés. Quadro sanguinário e
estarrecedor.
E nosso salvador sentiu toda dor física na sua
realidade perfeita e absoluta, como qualquer corpo humano sentiria. Jesus era
perfeitamente homem, em sua natureza física, e perfeitamente Deus em sua
natureza espiritual.
A
primeira palavra de Jesus na cruz –
Cremos que foi nessa hora cruciante que Jesus proferiu a primeira palavra, ou dito
na cruz, que é uma oração de profundíssima dor e angústia: “Pai perdoa-lhes
porque não sabem o que fazem” (Lc 23.34). Uma das maiores e misericordiosas
bênçãos que o pecador pode receber de Deus é o perdão de seus pecados.
Nos evangelhos, temos sete expressões proferidas por
Jesus na cruz, que são chamadas abreviadamente, as sete palavras da cruz.
A
segunda palavra de Jesus na cruz: “Em
verdade te digo que hoje estarás comigo no paraíso” (Lc 23.43). Esta
segunda palavra de Jesus na cruz foi palavra de salvação a um grande pecador: o
ladrão que estava na cruz a sua direita, que reconheceu que Cristo era Deus.
A terceira palavra de Jesus na cruz: “Ora, Jesus
vendo ali sua mãe e ao lado dela o discípulo a quem ela amava disse a sua mãe: Mulher,
eis ai o teu filho. Depois disse ao discípulo: eis ai tua mãe” (Jo 19.26,27a).
A
quarta palavra de Jesus na cruz: “Eloi,
Eloi, lamá sabactani, que traduzido é: Deus meu, Deus meu, porque m e
desamparaste?” (Mc 15.34; Sl 22.1). “Foi em meio da natureza enlutada pelas
trevas que Jesus proferiu estas palavras de inescrutável mistério, que a
habilidade e o conhecimento humano não pode discernir. Essas palavras de
suprema expressão de sofrimento moral e espiritual não é porque causa, mas
porque fim, porém não se deve insistir na distinção.
A
quinta palavra de Jesus na cruz: “Tenho
sede” (Jo 19.28,29). O filho eterno de Deus, por quem e para quem todas as
coisas foram criadas, agora, limitado à natureza humana, tem sede.
A
sexta palavra de Jesus na cruz: “Está
consumado” (Jo 19.30). Jesus estava na fase final e aguda de sua gloriosa
obra expiatória da redenção do mundo perdido. Este foi o grito triunfal da vitória
sob o pecado e Satanás. Nesta hora estava consumada a profecia do sacrifício vicário
e redentor da cruz e a dispensação do VT e de todas as exigências da lei.
Os grilhões do pecado foram quebrados e as exigências
justas da lei foram superadas pela soberana graça. Graça de Deus manifestada no
sacrifício da cruz. Deus exigia justiça perfeita, absoluta ausência de pecado, no
sacrifício oferecido para purificação do pecado. Jesus o consumou. Jesus
consumou na cruz a obra total da salvação do pecador pela graça de Deus,
mediante a fé em Cristo crucificado, de vez e jamais se repetirá (Hb 10).
A
sétima palavra de Jesus na cruz: Jesus,
clamando com grande voz disse: “Pai, nas tuas mãos entrego o meu espírito,
e, havendo dito isto expirou” (Lc 23.46). Este último clamor do alto da
cruz ecoará até à consumação dos séculos. Este último clamor de Jesus proclamou
que ele é o unigênito filho de Deus: E foi por ter declarar que era filho de
Deus que fora condenado a morte de cruz.
REFLEXÕES:
É do alto da cruz que nos vem a mensagem do amor de Deus
para com o mundo perdido (Jo 3.16).
È do alto da cruz que nos vem a graciosa mensagem do
perdão dos pecados: “Pai, perdoa-lhes”
É do alto da cruz que vem o sublime exemplo do
sacrifício da vida imaculada do filho de Deus. “E eu”, disse Jesus, “Quando for
levantado da terra, atrairei todos a mim” (Jo 12.30).
É do alto da cruz que nos vem a mensagem de que
Jesus Cristo, o filho eterno de Deus, consumou completamente a obra redentora
da salvação de no alma crente em Cristo: “Está consumado” (Jo 19.30).
É do alto da cruz que è proclamada a imortalidade da
alma, que a vida eterna, para a glória eterna do crente em Cristo Jesus, o
autor e consumados da fé: “Vou preparar-vos lugar para que onde eu estiver
estejais vós também. Amém.
Fonte:
Este estudo foi baseado nas Notas e Comentários À
Harmonia dos Evangelhos de Egídio Gióia. Editora Juerpe. 2ª edição. Rio de Janeiro,
1981