Subsídios para o
Ensino da Lição: Pr. João Barbosa
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Texto da Lição: Êxodo 20.1-5, 7-10, 12-17
I - OBJETIVOS DE
APRENDIZAGEM:
1. Conhecer os
propósitos dos Dez Mandamentos.
2. Compreender o conceito
de cada Mandamento.
3. Saber que os Dez Mandamentos referem-se
relação do homem com Deus e o próximo.
II - CONTEXTUALIZAÇÃO
Muitos milagres tinham
levado Israel até aquela parada prolongada, no Sinai. Naquele lugar, um novo
pacto seria estabelecido que tornaria Israel a nação distintiva em que ela se
tornou. A lei de Moisés era a constituição de Israel, a base do estado
teocrático, sob Yahweh, o Deus único e verdadeiro.
No Sinai os israelitas
permaneceram pelo período de onze meses e seis dias, desde o décimo quinto dia
do terceiro mês de seu primeiro ano de jornada (Ex 12.2-6; 19.1), até o
vigésimo dia do segundo mês do seu segundo ano de jornada (Nm 10.11).
Ao receber a lei de
Moisés, o povo tornou-se uma teocracia ganhando assim a característica
distintiva que fez deles o povo de Israel. Desse modo, o Pacto Abraâmico estava
adquirindo novas dimensões. Israel era agora a nação consagrada à lei, porquanto,
aquilo que o evangelho é para a Igreja, a lei o é para Israel (Gn 15.18).
Somente em Cristo o Pacto
Abraâmico receberia ainda maiores dimensões e espiritualidade do que recebeu
com Moisés (Gl 3.14). A redenção da servidão do Egito tinha sido completa.
III – DESENVOLVIMENTO
1. O Decálogo: (Ex 20.13-17) – Essa palavra vem do grego deka “dez” e logo, “palavra”, ou seja, “dez palavras”. Esse é o título usado
para indicar os Dez Mandamentos. Esses
mandamentos, dados por Deus a Moisés, no monte Sinai, tornaram-se a base da
legislação levítica, uma das mais duradouras legislações de todos os tempos.
A razão para
o número dez aparentemente é que isso
facilitaria a memorização das exigências básicas da modalidade humana. Esses
mandamentos tem sido usado por muitos séculos. A legislação levítica aborda
detalhes, com grande complexidade de pormenores.
Os Dez
Mandamentos passou a figurar como a revelação mais distintiva dentro do Pacto
Mosaico e tinha os seguintes propósitos ou objetivos;
- Tornar Israel uma nação distinta;
- Fazer avançar a causa espiritual em todo Israel
provendo um padrão de justiça e moralidade (Dt 4.7,8; Rm 7.12);
- Codificar os princípios espirituais e a lei nos
mandamentos, julgamentos e ordenanças;
- Trazer um estágio novo, mas não final, de
conhecimento e crescimento espiritual e revelar a santidade de Deus (Lv
19.1,2);
- Ampliar o acesso a Deus, mas não fornecer um
estágio final de acesso;
- Suprir revelações em um período crítico da
história do povo de Deus ao identificar e expor a malignidade do pecado
para que a ofensa pudesse ser devidamente conhecida ((Rm 5.20; 3.20; 7.7);
- Dar uma idéia melhor da conduta humana ideal
para com Deus, para com a sociedade e para com o seu semelhante.
Os Dez Mandamentos
foram o maior elemento do pacto, mas também não representavam uma declaração
final. Com os avanços do Novo Testamento Cristo foi o Segundo Legislador, o
novo Moisés (Mt 5.7).
O pacto de Cristo
fez avançar o conhecimento espiritual e transferiu a base da lei para a graça
(Ef 2.8,9). Em Cristo, o homem é regenerado, passando a compartilhar da
natureza divina, algo que não é previsto no Pacto Mosaico (Jo 6.57; 1Jo 3.2; Cl
2.9,10).
2. Os Dez Mandamentos (Ex 20.1-17) – Os Dez Mandamentos são
recomendados para todos os homens como expressão clara do bem (Dt 4.6; Ec
12.13). O Decálogo é a moldura, não o retrato final. A moldura em si é vazia,
mas ela firma o retrato que carrega. Podemos dizer que o decálogo é o alicerce.
O alicerce serve como base sólida sobre o qual um edifício pode ser construído
(1Co 3.11).
Primeiro Mandamento: “Não terás
outros deuses diante de mim” (Ex 20.3; Dt 5.7) – Representa a singularidade o testemunho da
singularidade e exclusividade de Deus, ou seja, revela o Senhor em seu caráter,
seu Ser e sua ação. O primeiro mandamento atinge diretamente a idolatria.
Quando Deus fez essa proibição, seu povo estava envolvido com o bezerro de ouro
(Ex 32.19-24).
Segundo Mandamento: “Não farás
para ti imagem de escultura, nem alguma semelhança do que há em cima nos céus,
nem embaixo na terra, nem nas águas debaixo da terra...”. (Ex 20.4; Dt 5.8)
– Este mandamento fala de nossa perspectiva de Deus. No diálogo de Jesus com a
mulher samaritana, ele ensinou àquela mulher que Deus é Espírito, e importa que
os que o adoram o adorem em espírito e em verdade (Jo 4.24).
Quem está
adorando a Deus não pode ter diante de si nenhuma representação da divindade
porque Deus é Espírito (1Co 2.10,11). Esta severa advertência do segundo
mandamento foi dada depois que Israel fez a imagem do bezerro de ouro e Deus
renovou a Aliança com o seu povo escolhido.
Terceiro Mandamento: “Não
tomarás o nome do Senhor, teu Deus, em vão; porque o Senhor não terá por
inocente o que tomar o seu nome em vão ” (Ex 20.7; Dt 5.11) – No AT o castigo
para o mau uso do nome de Deus era severo: apedrejamento (Lv 24.16).
Este mandamento não
menciona nem proíbe o uso do nome de Deus de forma ponderada, mas o uso de
forma abusiva em juramentos levianos, cerimônias ocultas ou maldições (Dt
18.10,11). Podemos invocar o nome de Deus nas angústias. Também invocar o seu
nome clamando por socorro e salvação. A Palavra de Deus encoraja-nos a
invocá-lO (Sl 50.15).
Quarto Mandamento: “Lembra-te
do dia de sábado, para o santificar”. (Ex 20.8-11; Dt 5.12-15) – O sábado
originou-se com o término da obra da criação (Gn 2.2,3). Na promulgação da lei
em Ex 20, ele foi parte de um sistema de lei com sábados extras, um ano sabático
e um ano de jubileu. Assim podemos citar: (Ex 16.29,30: Sábado semanal), (Ex
23.10,11: Ano sabático), (Lv 25.8-22: Ano do jubileu).
3. A continuação dos mandamentos divinos (Ex 20.1-17):
Quinto Mandamento: “Honra o
teu pai e a tua mãe, para que se prolonguem os teus dias na terra que o Senhor
teu Deus te dá”. (Ex 20.12; Dt 5.16) – Os primeiros quatro mandamentos
tratam da relação entre o homem e Deus. A partir do quinto mandamento
iniciam-se as leis a respeito do relacionamento entre os homens. O estudo desse
mandamento é de suma importância em nossos dias, devido ao aumento de vida
média do ser humano, fazendo com que haja uma porcentagem cada vez maior de
idosos.
A pirâmide etária
entre 1940 e 1980 mostra que percentualmente a faixa dos idosos (acima de 60
anos) havia crescido mais do que a população jovem. Portanto, o teor do quinto
mandamento é reverência, obediência e reconhecimento em relação a todos os
pais: pais políticos, (magistratura), pais anciãos (os idosos em geral), pais
espirituais, pais educacionais (professores), pais de criação e pais naturais
(Rm 13.1-3; Ef 6.1-3).
Sexto Mandamento: “Não
matarás”. (Ex 20.13; Dt 5.17) – Jesus Cristo, o Deus vivo, é o autor e
doador da vida (Gn 1.27-30; Jo 1.3,4) e ele deseja que o homem a tenha em
abundância (Jo 10.10) Na moral tradicional três são as razões que apòiam o
valor da vida. Primeiro – A vida é um dom de Deus (Jó 1.21; 33.4; Sl 31.15).
Segundo: A vida é um bem pessoal inalienável.
Tirar a vida
própria ou alheia é ofender a Deus e depreciar o Criador. Terceiro: A vida é um
bem da comunidade – Atentar contra a vida do próximo é uma ofensa à comunidade
cujo núcleo é a família. Por isso, preservar, proteger e valorizar a vida
humana numa convivência pacífica são os equivalentes positivos do sexto
mandamento.
Sétimo Mandamento: “Não
adulterarás”. (Ex 20.14; Dt 5.18) – O teor do sétimo mandamento é a
proteção e santificação do matrimônio instituído por Deus. Em termos bem mais
amplos e específicos este mandamento condena qualquer tipo de envolvimento
sexual a não ser através do matrimônio e entre um homem e uma mulher. (Lv
20.10-21). Tiago aprendeu que nossas tentações têm origem na própria cobiça,
que atrai e seduz o homem.
A cobiça, por sua
vez, dá a luz ao pecado, e o pecado gera a morte (Tg 1.14,15). A impureza
sexual começa nos pensamentos, evolui nas palavras e culmina em ações erradas
(pecado), que geram a morte. Para reverter este ciclo é preciso vigiar para
manter puro os pensamentos. É evidente que na medida em que nos inclinarmos
para a carne cogitaremos da carne, e na medida em que nos inclinarmos para o
Espírito cogitaremos das coisas do espírito (Rm 8.5).
Oitavo Mandamento: “Não
furtarás” (Ex 20.15; Dt 5.19; Lv 19.11) – Este mandamento apresenta nossa
obrigação moral para com o próximo no tocante ao dinheiro e à propriedade. “Não
furtar” significa não possuir coisa alguma que não tenha sido obtida por meios
lícitos e honestos.
Existem muitas
modalidades de furto: uso de violência para adquirir bens alheios, fraude
comercial, medidas comerciais indevidas, exploração de preços e impostos,
adulteração de produtos e preços, suborno, desvio de verbas públicas, ágio e
qualquer forma de desonestidade pessoal, comercial ou governamental.
Nono Mandamento: “Não dirás
falso testemunho contra o teu próximo”. (Ex 20.16; 23.1; Dt 5.20; Lv
19.11,16) – A Bíblia coloca a verdade entre os valores humanos mais elevados.
Satanás é visto como o grande mentiroso, o pai da mentira, que jamais se firmou
na verdade (Jo 8.44). É o apóstolo João quem especifica que o mentiroso não
fica impune e não escapa (Ap 21.8).
O AT condena a
mentira na medida em que ela contradiz e destrói a comunhão baseada na
fidelidade que o homem deve a Deus e a seus semelhantes. A proteção da honra
humana é fundamental para a convivência social de qualquer comunidade ou nação.
Nenhum homem deseja que sua reputação ou o bom nome de sua família sejam
atingidos. A honra talvez seja a parte mais sensível do ser humano. O nono
mandamento trata da proteção desta área pessoal.
Décimo Mandamento: “Não
cobiçarás a casa do teu próximo; não cobiçarás a mulher do teu próximo, nem o
seu servo, nem a sua serva, nem o seu boi, nem o seu jumento, nem coisa alguma
que pertença a teu próximo”. (Ex 20.17; Dt 5.21) – Este mandamento inibe a
cobiça em geral. Jesus advertiu repetidas vezes contra a cobiça, haja vista que
o homem não vive só de bens materiais (Mt 5.28; 16.25; Mc 7.22; Lc 12.15).
A palavra
hebraica que traduzimos por cobiça compreende o ato de possuir no coração uma
intenção oculta que mais tarde se manifesta em situações concretas de furto e
roubo. Refere-se também aos desejos íntimos que se revelam como intrigas para
se apoderar dos bens do próximo. (2Sm 11.1; 1Re 21.1-7; Dt 7.25).
IV – CONCLUSÃO
A observância do decálogo abre
o caminho para a vida abundante. Ele mesmo contém a promessa de bênção: ”... faço misericórdia até mil gerações
daqueles que me amam e guardam os meus mandamentos” (Ex 20.6; Dt 5.10). O
decálogo não é apenas um modelo para o exercício de boas obras e um meio para a
vida abundante, é também um modelo exemplar para a transformação da sociedade.
Na época de Moisés (1400 a.C.)
Deus já havia afirmado que Seus mandamentos seria um catalisador de
transformação reconhecido pelos gentios (Dt 4.6). A obediência simples ao
decálogo transforma as atitudes do homem para com seu próximo.
Em vez de assassinar um inimigo
pessoal, ele o abençoa; em vez de furtar, trabalha e ajuda ao necessitado; em
vez de dizer falso testemunho, pratica e diz a verdade; em vez de roubar a
mulher do próximo, vive na pureza sexual e apóia o matrimônio monogâmico; em
vez de cobiçar, faz atos de misericórdia.
Em vez de guardar para si a fé
e a experiência do senhorio de Cristo, brilha como luz e penetra como sol neste
mundo (Mt 5.14-16); não conserva este mundo na situação em que se encontra, mas
transforma-o com a paz e a esperança de Deus.
É um exemplo de devoção e
fidelidade a Cristo em seu lar, no trato com seus vizinhos, no exercício de boas obras, na profissão e nos
deveres e responsabilidades civis, para que o reino do Senhor venha e Sua
vontade seja feita tanto nos céus como na terra. Almeja glorificar a Deus em
suas palavras, pensamentos e ações para que o mundo creia em Cristo Jesus.
Consultas:
Lições Bíblicas EBD-CPAD - 1º. Trimestre 2014 –
(Comentarista: Pr. Antônio Gilberto).
REIFLER, Hans Ulrick. A Ética dos Dez Mandamentos.
São Paulo, 1992. Sociedade Religiosa Edições Vida Nova.
COELHO, Alexandre e DANIEL, Silas Moisés, o Êxodo e
o Caminho à Terra Prometida. Rio de Janeiro, 2013. Editora CPAD.
GEISLER. Norman L. Ética cristã – Opções e Questões
Contemporâneas. São Paulo, 2010. Edit. vida Nova
CHAFER. Lewis Sperry. Teologia Sistemática – Vl 7 e
8. São Paulo,2003. Editora Hagnus
BROADMAN. Comentário Bíblico –Vol.1 Gênesis-Êxodo. Rio de Janeiro, 1986
– 2ª.Edição. JUERP
SOARES, Antonio Ribeiro. A Santa Ceia. São Paulo, 2005 – 1ª. dição -
Editora SOCEP
O Catecismo Maior de Westminster. São Paulo, 2002 – 12ª. Edição –
Editora Cultura Cristã
VOS, Geehardus. Teologia Bíblica do Antigo e Novo
Testamentos. – São Paulo 2010. Editora Cultura Cristã.
READMACHER. Early D. O Novo Comentário do Antigo
Testamento. Rio de Janeiro, 2010. 1ª. Edição
DAVIS, John. Novo Dicionário da Bíblia – Ampliado e
Atualizado. São Paulo 2005 – 1ª Edição. Editora Hagnos.
CHAMPLIN. R. N. O Antigo Testamento Interpretado
Versículo por Versículo – Vol.1 Editora Hagnus
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