Subsídios para o
Ensino da Lição: Pr. João Barbosa
Texto da Lição: Êxodo 25.1-9
I - OBJETIVOS DE
APRENDIZAGEM:
1. Conhecer as
instruções para a construção do Tabernáculo.
2. Elencar os
utensílios presentes no pátio do Tabernáculo.
3. Compreender que o Tabernáculo representava o lugar de
habitação de Deus em pleno deserto.
II - CONTEXTUALIZAÇÃO
O Tabernáculo domina o livro
de Êxodo do capítulo 25 ao 40. Por várias vezes foram dadas instruções a
respeito dele. O Tabernáculo no deserto constitui o centro de
toda vida pessoal, social, política e religiosa do povo de Deus, durante sua
peregrinação em direção à terra prometida.
Constantemente Moisés foi admoestado a
condicionar a vida religiosa do povo de Deus, de acordo com o que lhe fora
mostrado, através do Tabernáculo. – “Os
quais servem de exemplar e sombra das coisas celestiais, como Moisés
divinamente foi avisado, estando já para acabar o Tabernáculo; porque foi dito:
Olha, faze tudo conforme o modelo que, no monte, se te mostrou” (Hb 8.5).
As instruções divinas para o culto são dadas a
Moisés, que as repassa ao povo; e elas consistem não só de orientação quanto à
confecção de objetos a serem usados na organização dessa adoração, mas também
de orientações voltadas para a liturgia do culto a Deus.
Entretanto, o que chama a atenção nesses
capítulos é que, em meio a essa série de orientações sobre a montagem do
santuário e a liturgia a ser adotada, Moisés também narra a apostasia do povo
no deserto, quando os israelitas tiveram de ser fortemente confrontados e
ocorre a quebra do concerto de Deus com seu povo, o qual se foi restaurando
após o arrependimento dos israelitas e a intercessão de Moisés em favor deles
(Ex 32.1 – 34.35). Essa apostasia envolvia, principalmente, uma adoração
equivocada (Ex 32.1-8).
Deus deu a Moisés toda orientação a respeito
da construção do Tabernáculo quando estava no monte Sinai: “Segundo tudo que eu te mostrar para modelo do Tabernáculo e para
modelo de todos os seu móveis, assim mesmo o fareis” (Ex 25.9). O
Tabernáculo no deserto foi um tipo, uma sombra, uma figura da pessoa e da obra
de nosso Senhor Jesus Cristo (Hb 8.1,2).
Cada detalhe do Tabernáculo apontava aspectos
da pessoa e do ministério do nosso Salvador. Além disso, o Tabernáculo pode ser
considerado uma figura do crente. Nos dias de sua carne, Jesus foi o
Tabernáculo no qual habitava a plenitude da divindade (Hb 1.3; Cl 1.15-19).
O crente “em Cristo” é, também, a habitação de
Deus, conforme se expressa o apóstolo Paulo em sua carta aos corintos: “Não sabeis vós que sois o templo de Deus e
que o Espírito de Deus habita em vós? Se alguém destruir o templo de Deus, Deus
o destruirá; porque o templo de Deus que sois vós é santo (1Co 3.15,16).
III – DESENVOLVIMENTO
1. As instruções para a construção do Tabernáculo – O principal propósito do Tabernáculo é explicado em
Ex. 25.8,21,22. – “Me farão um santuário
e habitarei no meio deles..... e porás o propiciatório em cima da arca, depois
que houveres posto na arca o testemunho, que eu te darei. E ali virei a ti e
falarei contigo de cima do propiciatório, do meio dos dois querubins (que estão
sobre a arca do testemunho), tudo que eu te ordenar para os filhos de Israel”.
Depois da entrega da lei, Deus ordenou que o seu
povo edificasse um lugar de adoração. O objetivo divino era fortalecer os laços
de comunhão com o seu povo Israel, que ele libertara do poder de Faraó no
Egito.
O Tabernáculo, como o templo
posterior, tinha o objetivo de centralizar o culto de Israel, evitando muitos
“oráculos” lá fora, que poderiam corromper os cultos a Yahweh ou permitir que
alguma espécie de sincretismo, se misturassem com influências pagãs, como
construção de altares isolados onde pudessem adorar deuses construídos com suas
próprias mãos, dando assim a mesma autoridade investida no Tabernáculo.
O que terminou não acontecendo de forma absoluta
como aconteceu com Jeroboão que construiu dois bezerros um em Dã e outro em
Betel para que o povo pudesse ali adorar outros deuses e não subir para adorar
a Deus no templo em Jerusalém. E a idolatria de Mica nos dias dos juízes, que
construiu uma casa de deuses e separou um jovem levita de Belém de Judá para
ser o seu próprio sacerdote (1Re 12.26-29; Jz 17.1-13).
Segundo orientação de Deus, o próprio povo
construiria o Tabernáculo com os recursos que receberam ao deixar o Egito (Ex 3.21,22; 11.2,3;
12.35.36; Gn 15.13,14). Tudo foi ofertado voluntariamente e com muita alegria e
assim o Tabernáculo foi feito conforme determinação do próprio Deus,
não sendo portanto uma invenção humana. (Ex 25.8,9,40).
“Ouro, prata e bronze – três metais preciosos,
alistados segundo a ordem do seu valor. Todos os três metais mencionados, do
mais dispendioso ao mais barato, serviriam mais tarde para a construção do
templo de Salomão. O apóstolo Paulo faz uma metáfora sobre esses materiais na edificação
da vida espiritual (1Co 3.11-15).
Os homens mais pobres, que não pudessem doar nem
ouro nem prata, podiam doar cobre ou bronze. Cada oferta teria sua utilidade; e
cada doador seria abençoado por dar o que pudesse. Israel tinha recursos
próprios suficientes para a construção do Tabernáculo.
Aquilo que eles tinham tomado dos egípcios (Ex
3.22;11.2), também devemos pensar no que eles tinham acumulado durante o
exílio, e também o que haviam tomado dos amalequitas no deserto (Ex 17). E,
assim, vieram homens e mulheres, todos dispostos de coração; trouxeram fivelas,
e pendentes, e anéis, e braceletes, e todo vaso de ouro; e todo homem oferecia
oferta de ouro ao Senhor; e todo homem que se achou com pano azul, e púrpura, e
carmesim, e linho fino, e pelos de cabra, e peles de carneiro tintas de
vermelho, e peles de texugos, os trazia; (Ex 35.22,23).
Deus deu todos os materiais preciosos a Israel
na saída do Egito, e agora ele pede de forma voluntária, parte daquilo para
construção do Tabernáculo. Os críticos acreditam
que Israel ao sair do Egito não tinham o conhecimento nem os materiais
necessários para construir uma estrutura religiosa como o Tabernáculo
mencionado em Êxodo capítulos: a) 25 a 29; b) 30 – 31; c) 35 – 40; junto com
Números 3.25; 4.4 e 7.1.
Até mesmo Salomão, dizem os críticos, na era
dourada de Israel, dependeu de habilidades e materiais estrangeiros para
construir o seu templo (1Re 5.1-6). As estatísticas enfatizam os argumentos. Ao
avaliar aquilo que é dito no relato, estima-se que Israel precisou ter disposto
de mil quilos de ouro, três mil quilos de prata e dois mil e quinhentos quilos
de bronze. Ao responder a tais argumentos, os conservadores supõem que o
desagrupamento dos egípcios poderiam ter fornecido tal riqueza de materiais
conforme Gn 13.15.14; Ex 3.22.23; 11.2; 12.35,36. Conclui-se que para a
construção do Tabernáculo existia tanto os materiais necessários quanto a mão
de obra especializada. Homens e mulheres que foram capacitados pelo Espírito de
Deus para efetuar tão grandiosa obra, que era modelo em miniatura do Tabernáculo
celestial (Ex 35.20-35), onde alguns homens artífices são mencionados por nome
(Ex 35.30-35).
2. O Pátio do Tabernáculo – Deus ordenara que o Tabernáculo deveria ter um pátio (Ex 27.9).
Esse pátio tinha formato retangular e media cerca de 23 metros de largura por 46
metros de comprimento (Ex 27.18). Ele era cercado por cortinas e havia uma
única entrada para ele.
O pátio cercado por cortinas simbolizava a
separação que deve haver para a adoração a Deus. A primeira coisa que era vista
pela pessoa que adentrava o pátio era o Altar dos Holocaustos, que era feito de
madeira de cetim (acácia) coberta de bronze e seu formato era de um quadrado
com 2.5 metros de cada lado por 1.35 metros de altura (Ex 27.1,2). Era ali que
os animais eram imolados em sacrifício pela expiação dos pecados.
O sangue das vítimas era colocado nas pontas
do altar e o restante dele, derramado na sua base (Lv 4.7). Varas colocadas em
argolas na estrutura do altar tinham a finalidade de propiciar o seu transporte
pelos levitas (Ex 27.6,7). Assim como acontecia com toda a mobília do
Tabernáculo, que era móvel, com toda a sua estrutura desmontável. O altar era
oco (Ex 27.8).
Havia também no Pátio do Tabernáculo a Pia de
Bronze. Ela era utilizada para o sacrifício de purificação (Ex 30.27-31). Essa
lavagem cerimonial era feita com água constantemente substituída, já que não
havia sistema de torneiras ou bicas naquela época nem algo parecido é
mencionado no texto bíblico. Os sacerdotes deveriam se lavar sempre nele antes
de ministrarem no interior do Tabernáculo ou no Altar dos Holocaustos.
3. O lugar
da habitação de Deus – Dentro do chamado “lugar da Habitação de Deus”,
que era a parte interior da tenda do Tabernáculo havia dois ambientes: o primeiro é
o Lugar Santo, onde ficava o castiçal de ouro, a mesa dos pães das proposição e
o altar do incenso; e o segundo é o Santo dos Santos, onde estava a Arca da
Aliança, única peça desse ambiente. Estima-se que o Lugar Santo media 9m de extensão,
e o Santo dos Santos, 4,5 m.
O castiçal de ouro (Ex 25.31-40) era o que
iluminava o interior da tenda, já que não havia janelas ali. Ele era feito com
puro ouro batido e seu fogo, mantido aceso com azeite. Essa peça nos fala
prioritariamente, de Cristo, que é a Luz do Mundo (Jo 8.12), e por extensão, da
igreja, que também é simbolizada pelo castiçal de ouro (Ap 1.12,13,20). O
azeite, por sua vez, é símbolo do Espírito Santo. Para que o castiçal
permanecesse aceso, era preciso que seu azeite fosse renovado todos os dias.
A mesa dos pães da proposição tinha 90 cm de
comprimento, 75 cm de altura e 45 cm de largura (Ex 25.23-30) e falava de Cristo
como o Pão da Vida, o pão vivo que desceu do céu (Jo 6.35). Eram sempre doze
pães, um para cada tribo de Israel, e eles eram sempre trocados aos sábados e
protegidos ao redor da mesa por uma beira de ouro, para que não escorregassem
até o chão pela borda da mesa.
Doze pães, um para cada tribo, trocados
semanalmente e protegidos por uma beira dourada, falam da suficiência, permanência
e garantia de Cristo para todo o seu povo como o Pão da Vida. O altar do
incenso (Ex 30.1-10) era um lugar destinado à adoração e à oração. Ele tinha o
mesmo formato do altar dos holocaustos, só que era menor, medindo 45 cm quadrados
por 90 cm de altura. Também era de madeira de cetim (acácia), só que revestida
com puro ouro em vez de bronze. Seu transporte também era feito com varas
encaixadas em argolas de ouro laterais do altar (Ex 30.4,5).
O altar do incenso era a peça que ficava mais
próximo da entrada do Santo dos Santos, separando-se da Arca da Aliança apenas
pelo véu de entrada para esse último ambiente. O incenso deveria ser queimado
diariamente (Ex 30.1-10). O incenso simbolizava a adoração, o louvor e a
oração, como podemos ver claramente no (Sl 41.2; Ap 5.8; 8.3,4).
Finalmente no Santo dos Santos, chamado também
de lugar santíssimo estava a Arca da Aliança (Ex 25.10-22), a peça mais
importante de todo o Tabernáculo. No Santo dos Santos, só o Sumo Sacerdote
podia entrar, e apenas uma vez ao ano (Hb 9.7) para aspergir sobre o
propiciatório – isto é, a tampa da arca – o sangue que havia sido derramado do
sacrifício anual, feito pela expiação dos pecados de todo o povo (Lv 16.14,15;
17.11).
A Arca da Aliança representava a própria
presença de Deus entre o povo, de maneira que os israelitas, em determinado
momento de sua história, chegaram até mesmo a usá-la como se fosse um amuleto,
no episódio em que ela foi levada pelos filisteu em uma batalha em que Israel
por causa dos seus pecados, teve que fugir de diante dos seu inimigos (1Sm
4.1-22).
A arca era chamada de “Arca do Testemunho” (Ex
25.22), “Arca do Concerto do Senhor” (Dt 10.8), “Arca de Deus” (1Sm 3.3) e
“Arca do Senhor” (1Sm 4.6). Sua designação “Arca do Testemunho” se devia ao
fato de que carregava o “Testemunho” (Ex 25.16), que era o nome dado as duas
Tábuas de Pedra contendo o Decálogo, isto é, os Dez Mandamentos escritos pelo
dedo de Deus (Ex 31.18).
IV – CONCLUSÃO
Simbolismios
do Tabernáculo:
1. Da igreja como
a habitação de Deus através do Espírito (Ex 25.8; Ef 2.19-22).
2. Do crente (2 Co 6.16)
3. Uma figura das
coisas nos céus (Hb 9.23,240.
4. O propiciatório,
o trono de Deus, seu lugar de manifestação (Gn 3.24; Ez 1.16; Rm 3.15).
5. A encarnação de
Cristo (Cl 1.19; Jo 1.14).
6. Graus de
acesso a Deus, simbolizado por suas três cortinas e compartimentos internos. As
divisões foram anuladas em Cristo (Hb 10.10)
7. A
auto-revelação divina e o progresso em revelação (Ap 21.3). A revelação traz a
salvação como seu maior benefício.
8. O Tabernáculo
era o centro da vida de Israel. As tribos acampavam-se ao redor dele. Quando
substituiu o Tabernáculo, o templo se tornou o centro da atenção de Israel. Na
época do NT, o Espírito transforma cada pessoa em templo e ali habita (1 Co
3.16,17).
Consultas:
Lições Bíblicas EBD-CPAD - 1º. Trimestre 2014 –
(Comentarista: Pr. Antônio Gilberto).
REIFLER, Hans Ulrick. A Ética dos Dez Mandamentos.
São Paulo, 1992. Sociedade Religiosa Edições Vida Nova.
COELHO, Alexandre e DANIEL, Silas Moisés, o Êxodo e
o Caminho à Terra Prometida. Rio de Janeiro, 2013. Editora CPAD.
GEISLER. Norman L. Ética cristã – Opções e Questões
Contemporâneas. São Paulo, 2010. Edit. vida Nova
CHAFER. Lewis Sperry. Teologia Sistemática – Vl 7 e
8. São Paulo,2003. Editora Hagnus
BROADMAN. Comentário Bíblico –Vol.1 Gênesis-Êxodo. Rio de Janeiro, 1986
– 2ª.Edição. JUERP
SOARES, Antonio Ribeiro. A Santa Ceia. São Paulo, 2005 – 1ª. dição -
Editora SOCEP
O Catecismo Maior de Westminster. São Paulo, 2002 – 12ª. Edição – Editora
Cultura Cristã
VOS, Geehardus. Teologia Bíblica do Antigo e Novo
Testamentos. – São Paulo 2010. Editora Cultura Cristã.
READMACHER. Early D. O Novo Comentário do Antigo
Testamento. Rio de Janeiro, 2010. 1ª. Edição
DAVIS, John. Novo Dicionário da Bíblia – Ampliado e
Atualizado. São Paulo 2005 – 1ª Edição. Editora Hagnos.
CHAMPLIN. R. N. O Antigo Testamento Interpretado
Versículo por Versículo – Vol.1 Editora Hagnus