Subsídios para o
Ensino da Lição: Pr. João Barbosa
Texto da Lição: Êxodo 3.19,20; 7.4,5; 8.8,25;
10.8,11,24
I - OBJETIVOS DE
APRENDIZAGEM:
1. Analisar as pragas deferidas e a primeira proposta de
Faraó.
2. Saber que assim como
Faraó, Satanás não desiste facilmente.
3. Discutir a proposta
final de Faraó.
II - CONTEXTUALIZAÇÃO
Em seu insondável
conselho, o Senhor tinha, evidentemente, conduzido o mundo pagão daqueles dias
a concentrar toda a sua sabedoria, poder, intelecto e sofisticação no limitado
terrritório do Egito.
Ele próprio tinha
levantado o Egito. Ele próprio tinha levantado suas grandes dinastias, e, por
fim, levantado o Faraó, que, totalmente absorvido pela luxúria, poder e grande
majestade do Egito, era a personificação de tudo o que o mundo poderia opor a
Deus em um homem, e, portanto, um homem de pecado contra a majestade de Deus.
Esse altivo monarca
encerrou Israel nos laços de morte, e com ele, a esperança dos pais, a
preparação do Messias segundo a carne e a Igreja de Deus em seu estado
patriarcal. Faraó deveria ter honrado e abençoado os filhos de Israel, mas, ao
invés disso, ele os tratou cruelmente.
As ciências daqueles dias
floresciam no Egito. Eventos históricos eram entalhados sobre pedras em
hieróglifos e publicados sobre obeliscos e sarcófagos para a informação do
público.
Dessa forma, o Egito não
podia alegar ignorância quanto aos feitos de José no passado em pról daquela
terra, e na corte real, José ainda era lembrado em algumas esferas palacianas
como benfeitor do Egito, que o salvou da fome.
Portanto, mesmo séculos
depois os egípcios não poderiam plenamente ter se esquecido daquele vice
monarca hebreu. No entanto, Faraó tiranizava o povo e buscou até mesmo evitar o
seu crescimento demográfico, ordenando a destruição de todas as crianças do sexo
masculino (Ex 1.15-22).
Assim, Faraó ao escravizar
Israel, representava a potência maligna que manteria Cristo em prisão. Por isso
Deus disse: “Quando Israel era menino, eu
o amei; e do Egito chamei o meu Filho” (Os 11.1; Mt 2.15; Ex 4.22).
Isso lança alguma luz
sobre as intrigantes palavras: “Para isso
te hei mantido” (Ex 9.16). O mundo não podia manifestar seu poder
pecaminoso a não ser em um império grandioso e em manarcas individuais. Tal
manifestação não era fortuita, mas uma necessidade lógica divinamente
planejada, para que o poder divino pudesse triunfar sobre ele.
Por essa razão é repetido
várias vezes: “O Senhor, porém, endureceu
o coração de Faraó” (Ex 10.20). “Endurecerei
o coração de Faraó, para que os persiga, e serei glorificado em Faraó e em todo
o seu exército; e saberão os egípcios que Eu sou o Senhor” (Ex 14.4).
“O Senhor endureceu o coração de Faraó, rei do Egito, para que
perseguisse os filhos de Israel” (Ex 14.8; 8.17). “Porque a Escritura diz a Faraó: para isto mesmo te levantei, para
mostrar em ti o meu poder e para que o meu nome seja anunciado por toda a terra”
(Rm 9.17).
III – DESENVOLVIMENTO
1. As pragas enviadas e a primeira proposta de Faraó – As pragas enviadas sobre o
Egito é uma revelação do senhorio e do
poder de Deus sobre as nações. As pragas são importantíssimas para a fé
bíblica. A elas se apela em cada ação do cânon: Lei, profetas e Escritos. Por
exemplo, elas constituem parte integrante do apelo de Moisés a Israel (Dt.4.34;
7.19; 11.3).
Os Salmos exalça as pragas do
Egito e isto nos mínimos detalhes. O Salmo 78 recapitula os acontecimentos do
êxodo e relaciona 7 das 10 pragas, omitindo apenas as pragas 4, 6 e 9 – os
eventos concernentes às moscas, úlceras e trevas.
O Salmo 105 é o segundo de dois
salmos que detalham historicamente as pragas, relacionando 8 das 10 e omitindo
apenas as pragas 5 e 6 – os eventos das pragas nos animais e as úlceras. As
pragas foram constantemente interpretadas como sinais e maravilhas e traduzidos
como milagres na versão RSV.
As pragas testificam do poder e
dos atos redentores do Senhor (Sl 78.42), da peculiaridade da ação do Senhor em
favor de seu povo (Dt.4.32). E
apresentam uma evidência do triunfo do Senhor sobre Faraó e seus deuses, e sua
subsequente capacidade de conquistar outras nações através da vitória de Israel
(Dt.7.17; Js 2.8-11).
As pragas eram como evidência
de que nada é difícil para o Senhor, nem mesmo a libertação das mãos de um rei
opressor nacional (Jr 32.16). Assim sendo, as pragas foram acontecimentos mais
do que importantes, associados com a saída de Israel do Egito.
Foram uma fonte contínua de
confiança permanente das gerações sucessivas, na capacidade e no poder do
Senhor, tanto para remir como para libertar.
Deus havia dito a Faraó, por
meio de Moisés e Arão que deixasse seu povo ir embora daquela terra (Ex
6.10-12). Faraó portanto, fora advertido de que deveria libertar os israelitas,
mas preferiu resistir à voz de
Deus.
“E, depois, foram Moisés e Arão e disseram a Faraó: Assim diz o Senhor,
Deus de Israel: Deixa ir o meu povo, para que me celebre uma festa no deserto.
Mas Faraó disse: Quem é o Senhor, cuja voz eu ouvirei, para deixar ir Israel?
Não conheço o Senhor, nem tampouco deixarei ir Israel (Ex 5.1,2).
Do princípio ao fim, o coração
de Faraó manteve-se aprisionado numa camada de indiferença. É fato que, sob a pressão de sua corte, ele
determinou dizendo: “Deixe o povo ir”. Mas o seu coração permaneceu inflexível
até o final. Ele manteve sua obstinação.
Após ser castigado com a praga
das águas do Nilo transformadas em sangue (Ex 7.15-19, 22,23), a praga das rãs,
que cobriu toda a terra do Egito (Ex 8.2-6), a praga dos piolhos (Ex 8.16-19),
Faraó continuava com o seu coração endurecido.
Mas, com a praga das moscas (Ex
8.20-24), Faraó decidiu chamar Moisés e Arão e fez-lhes a primeira proposta
como negociação: “Ide e sacrificai ao
vosso Deus nesta terra” (Ex 8.25). A terra seria a de Gósen, onde os
israelitas viviam, eles não deveriam adorar fora daquele território.
A primeira proposta exigia que
Israel cultuasse a Deus no próprio Egito, em meio aos falsos deuses, o que
seria abominação para os egípcios, além de não atender a ordem de Deus que era
tirar o povo do Egito. Moisés não poderia concordar e diante da resistência de
Faráo novas pragas foram derramadas sobre o Egito.
A proposta que Faraó fez a Moisés é o mesmo
apelo que Satanás faz ao ego do homem. Ela é aparentemente boa, mas na
realidade não passa de um engano. Ela é semelhante a proposta que o rei de
Sodoma fez a Abraão, procurando ardilosamente enganá-lo depois da vitória sobre
Anrafel – rei de Sinar, Arioque – rei de
Elasar, e Quedorlaomer – rei de Elão, e Tidal – rei de Goim; os reis
confederados que tinham levado Ló, sobrinho de Abraão como escravo.
Abraão liderou essa guerra, mas
o rei de Sodoma depois da vitória tentou tomar toda honra para si e enganar a
Abraão, ao dizer-lhe: dá-me a mim as almas, e fica com a fazenda para ti (a
prata, o ouro, etc).
Mas Abraão disse ao rei de
Sodoma: Levantei a minha mão ao Senhor, o Deus Altíssimo, o possuidor dos céus
e da terra, que não tomarei coisa alguma desde um fio até a correia de um
sapato. Salvo o que os rapazes comeram. (Gn 14.1-4, 21-24).
Josué foi enganado com uma
proposta semelhante a esta – a proposta dos gibeonitas (Js 9.1-19). As
propostas de Faraó também podem ser comparadas às propostas que Satanás fez a
Cristo – (Mt 4.3,4,6,8-10)
2. Faraó não desiste – No decorrer das negociações,
mais três propostas foram feitas por Faraó (Ex 8.28; 10.7-24).
3. A proposta final de Faraó – A quarta e última proposta de
Faraó veio depois da nona praga – a das trevas (Ex 10.21-23), em situação tão
caótica para o Egito que o próprio Faraó procurou Moisés e fez sua proposta: “Ide, servi ao Senhor; somente fiquem vossas
ovelhas e vossas vacas” (v.24).
A ovelha e a vaca eram animais
cerimonialmente “limpos” para oferendas de sacrifícios a Deus na época da Lei
(1Pe 2.5; Hb 13.15,16). Sem ovelhas e sem vacas não haveria sacrifícios – não
havendo portanto, entrega ao Senhor. Consequentemente, não houve aceitação de
Moisés e Arão o que por intervenção de Deus mais uma vez Faraó tornou o seu
coração endurecido. Moisés manteve a determinação de ir.
“E Faraó disse a Moisés : Vai-te de mim e guarda-te que não
mais vejas o meu rosto; porque no dia em que vires o meu rosto morrerás. Disse
Moisés: Bem disseste; eu nunca mais verei o teu rosto” (Ex 10.28,29).
Embora sabemos que depois da
morte dos primogênitos dos egípcios entre os homens e os animais – a 10ª. praga, ambos voltaram a se encontrar e
Faraó libertou Israel de forma incondicional após séculos de servidão (430
anos).
Linha do tempo: Cronologia em
Êxodo
Obs: As datas citadas são aproximadas e podem de diferenciar de outras datas
de acordo com a cronologia e a forma de datação dos anos. Vale salientar que os
judeus não usam estas datas a.C. Eles determinam os anos por força de
circunstância citando AEC – “Antes da
Era Comum” ou EC – “Era Comum”. Antes de Cristo e Depois de Cristo.
Ano
|
Eventos
|
1915 a.C
|
Nasce José – Jacó e Raquel
são seus pais
|
1898 a.C
|
José é vendido como escravo
|
1876 a.C
|
Jacó e sua família mudam-se
para o Egito e se estabelecem na terra de Gósen
|
1730 a.C
|
Começa o cativeiro dos
israelitas no Egito – os hicsos começam a dominar o Egito
|
1527 a.C
|
Nasce Moisés e é escondido
por três meses antes de ser lançado nas águas do Nilo
|
1446 a.C
|
Moisés lidera a saída dos
israelitas no Egito depois da morte dos primogênitos. Os israelitas saem com
grandes riquezas
|
1445 a.C
|
A Lei é outorgada por Deus no
monte Sinai
|
1406 a.C
|
Acabam-se os 40 anos de
peregrinação de Israel no deserto
|
1405 a.C
|
Conquista de Canaã
|
IV – CONCLUSÃO:
Demonstrativo das 10 pragas do
Egito
Primeiro Ciclo
Pragas
|
Advertências
|
Divindades atacadas
|
Reações
|
01 – O Nilo torna-se em sangue
|
(Ex 7.15-19)
|
Àpis (deus boi) e Isis (deusa do Nilo)
|
Recusa de Faraó (Ex 7.22.23)
|
02 – Praga das rãs
|
(Ex 8.2-6)
|
Hequet – deusa do nascimento,
que tinha a cabeça de rã
|
Promessas falsas (Ex 8.8)
|
03 – Praga dos piolhos
|
(Ex 8.16-19)
|
Set – deus do deserto
|
Recusa de Faraó (Ex 8.19)
|
Segundo Ciclo
Pragas
|
Advertências
|
Divindades atacadas
|
Reações
|
04 – Praga das moscas
|
(Ex 8.20-24)
|
Rã (deus-sol) o Atchit,
simbolizado pela mosca
|
Promessas falsas de sacrifício (Ex 8.25)
|
05 – Morte do gado
|
(Ex 9.1-6)
|
Hactor (deusa com cabeça de
vaca)
|
Recusa de Faraó (Ex 9.7)
|
06 – Praga das úlceras
|
(Ex 9.8-12)
|
Àpis (deus boi) e Sekhmet
(deusa das doenças) e Sunu (deus da peste)
|
Recusa de Faraó (Ex 9.12)
|
Terceiro Ciclo
Pragas
|
Advertências
|
Divindades atacadas
|
Reações
|
07 – Praga da saraiva
|
(Ex 9.22-35)
|
Nut (deus-céu) e Osiris (deus da agricultura)
|
Promessas falsas (Ex 9.
28,34,35)
|
08 – Praga dos gafanhotos
|
(Ex 10.3-13)
|
Nut (deus-céu) e Osiris (deus da agricultura)
|
Promessas falsas – os homens
podiam ir (Ex 10.7,
11)
|
09 – Praga das trevas
|
(Ex 10.21-29)
|
Rã (deus-sol) e Nut
(deus-céu)
|
Promessa – vão as pessoas mas
fiquem os animais (Ex 10.24)
|
Juízo Definitivo
Pragas
|
Advertências
|
Divindades atacadas
|
Reações
|
10 – Morte dos Primogênitos
|
(Ex 11.4-8)
|
Min (deus da reprodução),
Hequet (deusa do nascimento) e Isis (protetora das crianças)
|
Faraó ordena que o povo vá
embora (Ex 12.31,32)
|
Consultas:
Lições Bíblicas EBD-CPAD - 1º.
Trimestre 2014 – (Comentarista: Pr. Antônio Gilberto).
COELHO, Alexandre e DANIEL, Silas
Moisés, o Êxodo e o Caminho à Terra Prometida. Rio de Janeiro, 2013. Editora
CPAD.
Bíblia de Estudo Pentecostal
BROADMAN. Comentário Bíblico –Vol.1 Gênesis-Êxodo. Rio de Janeiro, 1986
– 2ª.Edição. JUERP
GRONINGEN. Gerard van. Revelação
Messiãnica no Antigo Testamento – A origem divina do conceito messiânico e o
seu desdobramento progressivo. São Paulo, 1995. Editora Cultura Cristã.
KUYPER. Abraham. A Obra do espírito
Santo – O Espírito Santo em ação na Igreja e no Indivíduo – São Paulo 2000.
Editora Cultura Cristã.
VOS, Geehardus. Teologia Bíblica do
Antigo e Novo Testamentos. – São Paulo 2010. Editora Cultura Cristã.
READMACHER. Early D. O Novo
Comentário do Antigo Testamento. Rio de Janeiro, 2010. 1ª. Edição
DAVIS, John. Novo Dicionário da
Bíblia – Ampliado e Atualizado. São Paulo 2005 – 1ª Edição. Editora
Hagnos.
CHAMPLIN. R. N. O Antigo Testamento
Interpretado Versículo por Versículo – Vol.1 Editora Hagnus
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