Subsídios para o
Ensino da Lição: Pr. João Barbosa
Texto da Lição: Êxodo 12.1-11
I - OBJETIVOS DE
APRENDIZAGEM:
1. Analisar o significado da Páscoa para os israelitas,
egípcios e para o cristão.
2. Saber quais eram os
elementos principais da Páscoa.
3. Conscientizar-se de que
Cristo é a nossa Páscoa.
II - CONTEXTUALIZAÇÃO
Com os lombos cingidos,
sapatos nos pés, e cajado à mão, o povo de Israel permaneceram em pé,
silencioso, com respeitoso temor, aguardando o mandado real que lhes ordenaria
sair do Egito. Antes que a manhã raiasse, estariam em caminho.
Durante as pragas, quando
a manifestação do poder de Deus ascendera a fé no coração dos escravos
israelitas, e lançara o terror no coração de seus opressores, os israelitas
haviam-se gradualmente reunidos em Gósen.
E, apesar da precipitação
da sua fuga, algumas disposições já haviam sido tomadas para necessária
organização e direção das multidões em movimento, sendo estas divididas em
grupos, sob dirigentes designados para isso.
“Assim, partiram os filhos de Israel de Ramessés para Sucote, coisa de
seiscentos mil de pé, somente de varões, sem contar os meninos. E subiu também
com eles uma mistura de gente e ovelhas, e vacas, uma grande multidão de gado.
E cozeram bolos asmos da massa que levaram do Egito, porque não se tinha
levedado, porquanto foram lançados do Egito; e não se puderam deter nem
prepararam comida. O tempo que os filhos de Israel habitaram o Egito foi de 430
anos” (Ex 12.37-40).
Nesta multidão havia não
somente os que eram movidos pela fé no Deus de Israel, mas também um número
muito maior dos que desejavam escapar das pragas, ou que seguiam o andar das
multidões em movimento, meramente levados pela curiosidade. Essa mistura de
gente é uma classe que a Biblia chama de vulgo.
O povo levou também
consigo, ovelhas e vacas e uma grande multidão de gado. Antes de deixar a terra
do Egito, por instrução de Moisés, o povo exigiu uma recompensa pelo seu
trabalho que não fora pago; e os egípcios estavam por demais desejosos de se
livrarem da presença dos israelitas.
Eles sairam do cativeiro,
carregados dos despojos de seus opressores (Ex 3.21,22; 11.2,3; 12.35,36). Para
se cumprir a palavra do Senhor a Abraão que quando saíssem da escravidão,
sairiam com grandes fazendas (Gn 15.13,14).
Os quatrocentos anos
haviam se cumprido. “E aconteceu naquele
mesmo dia que o Senhor tirou os filhos de Israel da terra do Egito, segundo os
seus exércitos” (Ex 12.40,41,51; 13.19).
Ao sairem do Egito os
israelitas levaram consigo um precioso legado, os ossos de José, que tanto
tempo esperaram o cumprimento da promessa de Deus, e que durante os anos
tenebrosos do cativeiro, havia sido uma lembrança para o livramento de Israel.
Cronologia dos Patriarcas
Ano
|
Evento
|
2.166 a.C
|
Nascimento de Abraão (Gn 11.26)
|
2.066 a.C
|
Nascimento de Isaque (Gn 21.5)
|
2.006 a.C
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Nascimento de Jacó (Gn 25.26)
|
1.991 a.C
|
Morte de Abraão aos 175 anos de idade (Gn
25.7)
|
1.915 a.C
|
Nascimento de José (Gn 30.23-24)
|
1.898 a.C
|
José é vendido ao Egito, com 17 anos (Gn
37.2-28)
|
1.886 a.C
|
Morte de Isaque, aos 180 anos (Gn 35.28)
|
1.876 a.C
|
Jacó muda-se para o Egito, aos 130 anos –
José estava com 39 anos de idade (Gn 47.9)
|
1.859 a.C
|
Jacó morre aos 147 anos – 17 anos depois de
entrar na terra do Egito (Gn 47.28)
|
1.805 a.C
|
José morre no Egito, aos 110 anos de idade
(Gn 50.26)
|
Da descida de Jacó para o
Egito em 1.876. a.C, até a saída dos filhos de Israel do Egito sob a liderança
de Moisés em 1.446 a.C., temos a contagem exata de tempo em que os filhos de
Israel permaneceram no Egito – 430 anos (Ex 12.40).
Obs: As
datas cronológicas variam de acordo com os cálculos dos eruditos que as
consideram de acordo com a forma de datação do tempo, considerando que só no
século VI da Era Cristã, um abade chamado Dionísio Exíguo, procurou corrigir
algumas distorções do tempo a fim de estabelecer com exatidão a data do
nascimento de Cristo.
Sabe-se porém, que aquele
abade deixou muitas falhas nos seus cálculos cronológicos. Embora, muitos
outros eruditos tenham procurado encontrar a data exata do nascimento de
Cristo, a fim de poder datar com exatidão os anos. Contudo, existem
divergências que podem variar em até 200 anos.
III – DESENVOLVIMENTO
1. A Páscoa – Após o derramamento da nona praga – a das trevas (Ex
10.21-23), Moisés tinha sido proibido, sob pena de morte, a aparecer outra vez
perante Faraó; mas uma última mensagem da parte de Deus deveria ser proferida
ao rebelde monarca, e novamente Moisés veio perante ele, com o terrível
anúncio:
Assim o Senhor tem dito: À meia-noite
eu sairei pelo meio do Egito; e todo o primigênito na terra do Egito morrerá,
desde o primogênito de Faraó, que se assenta com ele sobre o seu trono, até o
primogênito da serva que está detrás da mó, e todo primogênito dos animais.
E haverá grande clamor em toda
a terra do Egito, qual nunca houve semelhante e nunca haverá; mas contra todos
os filhos de Israel nem ainda um cão moverá a sua língua, desde os homens até
aos animais, para que saibais que o Senhor fez diferença entre os egípcios e os
israelitas.
Então, todos estes teus servos
descerão a mim, e se inclinarão diante de mim, dizendo: sai tu, e todo o povo
que te segue as pisadas; e depois eu sairei (Ex 11.4-8).
Antes da execução desta
sentença, o Senhor por meio de Moisés deu instruções aos filhos de Israel
relativas á partida do Egito, e especialmente para sua preservação no juízo por
vir. Cada família, sozinha ou ligada com outra, deveria matar um cordeiro ou
cabrito “sem mácula”, e com um molho de isôpo espargir seu sangue “em ambas as
ombreiras, e na verga da porta da casa, para que o anjo destruidor, vindo à
meia-noite, não entrasse naquela habitação.
Deveriam comer a carne, assada,
com pães asmos e ervas amargosas, à noite, conforme disse Moisés, com “os vossos lombos cingidos, os vossos
sapatos nos pés, e o vosso cajado na mão: e o comereis apressadamente: esta é a
Páscoa do Senhor” (Ex 12.1-28).
Para os egípcios a Páscoa
significou o juízo divino final sobre o Egito, Faraó e todos os deuses
cultuados ali. Ela foi um duro julgamento de Deus para com as atrocidades
cometidas pelos egípcios contra os meninos hebreus (Ex 1.15-17). Muito antes de
qualquer praga cair sobre o Egito, Deus já havia advertido Faraó que mataria o
seu filho primogênito caso ele não deixasse Israel sair (Ex 4.22,23).
Faraó resistiu deixar o povo
sair até que finalmente veio o juízo de Deus sobre o Egito. E enquanto havia
choro nas casa egípcias, nas casas dos judeus havia alegria e esperança. O
Egito, a escravidão e Faraó ficariam para trás. Os israelitas teriam sua
própria terra e não seriam escravos de ninguém.
Se para os egípcios a noite da
Páscoa foi uma noite de desgraça, para os israelitas, a noite era de
expectativa em relação ao que Deus dissera por intermédio de Moisés, com
respeito a todo o processo apressado de celebração da Páscoa na noite de
deixarem o Egito. Para os israelitas a Páscoa era a passagem para a liberdade, uma
vida vitoriosa e abundante (Jo 10.10).
Para nós, cristãos, a Páscoa é
a passagem da morte dos nossos pecados para a vida de santidade em Cristo – “.....porque Cristo é a nossa Páscoa”
(1Co 5.7c). No Egito um cordeiro foi imolado para cada família. Na cruz morreu
o Filho de Deus pelo mundo inteiro (Jo 3.16). Foi para isto que Cristo veio ao
mundo, morreu e ressuscitou ao terceiro dia, para nos libertar do jugo do
pecado.
2. Os elementos da Páscoa – 1º. O pão: Deveria ser
assado sem fermento, pois não havia tempo para que o pão pudesse crescer (Ex
12.8; 11, 34-36). 2º. As ervas amargas: Simbolizavam toda
amargura e aflição enfrentadas no cativeiro – 430 anos. 3. O cordeiro:
Um cordeiro sem defeito deveria
ser morto e o sangue derramado nos umbrais das portas. O sangue era uma proteção e um
símbolo da obediência. A desobediência seria paga com a morte. O
cordeiro da Páscoa judaica era uma representação do “Cordeiro de Deus que tira
o pecado do mundo” (Jo 1.29).
3. Cristo nossa Páscoa – No Egito, a morte do cordeiro e
o seu sangue derramado sobre as vergas das portas só substituía o primogênito
dos israelitas, mas o sangue de Jesus, o nosso cordeiro pascal – derramado na
cruz do Calvário, proveu salvação não apenas dos judeus, mas também dos gentios
– todos nós.
Ao imolar o cordeiro pascal, o
sangue era derramado em uma bacia (Ex 12.22). O sangue do cordeiro na bacia era
um “tipo” da graça de Deus para com cada israelita. Molhar o isôpo com o sangue
do cordeiro da bacia e levar ás vergas e umbrais das portas era lançar mão da
graça de Deus disponível à cada israelita. Doutra sorte seria mortos. De igual
modo hoje, a morte de nosso Senhor Jesus Cristo é a graça de Deus dispensada
para cada pecador, cabe a este aceitar o sacrifício de Cristo para o seu livramento
da morte eterna. E assim cumprir-se-á o que diz o apóstolo: “Porque a graça se há manifestado, trazendo
salvação a todos os homens” (Tt 2.11) – “Porque pela graça sois salvos, por meio da fé; e isso não vem de vós; é
dom de Deus. Não vem das obras, para que ninguém se glorie (Ef 8.9).
O sacrifício de Cristo
substituiu a humanidade desviada de Deus (Rm 3.12,23). “.....porque
Cristo é a nossa Páscoa” (1Co 5.7c). A morte de Cristo ocorreu exatamente
no período da Páscoa, que sempre foi considerada pelos primeiros cristãos um
evento capital, e daí por diante, durante todo o cristianismo. A Páscoa deu
origem à nação israelita.
Cristo, portanto, comeu a
última refeição pascal e antes de sua morte instituiu a Santa Ceia –
Encontramos em Lc 22.14-18 a refeição onde Jesus comeu a Páscoa com os seus
discípulos e a partir dos vs. 19-22, Jesus institui a Santa Ceia.
A Santa Ceia e o Batismo são os
dois únicos sacramentos outorgados pelo Senhor Jesus Cristo à sua Igreja. A
antiga aliança feita por Deus com o povo de Israel era marcada pelos símbolos
da Circuncisão e da Páscoa. O Batismo substitui a Circuncisão e a Santa Ceia
substitui a Páscoa para o cristão.
IV – CONCLUSÃO:
A Páscoa era tanto comemorativa
como típica, apontando não somente para o livramento do Egito, mas, no futuro, para
o maior livramento que Cristo cumpriria libertando o seu povo do cativeiro do
pecado. O cordeiro pascal representa em tipologia bíblica o Cordeiro de Deus
que tira o pecado do mundo (Jo 1.29). Diz o apóstolo Paulo, Cristo, nossa
Páscoa foi sacrificado por nós.
Não bastava que o cordeiro
pascal, fosse morto. Seu sangue devia ser aspergido nas ombreiras e nas vergas
das portas da casa de cada israelita que estava em Gósen. Eles não eram
obrigados a fechar a porta, mas não poderia estar do lado de fóra da casa.
Pois o sangue do cordeiro era
derramado em uma bacia e com o hissôpo o sangue era tirado da bacia e aspergido
nas umbreiras e vergas das portas por fora, garantindo assim a proteção de
todos os que estavam na casa, o livramento pelo sangue do cordeiro pascal, que
em tipologia bíblica, era um “tipo” do cordeiro de Deus que tira o pecado do
mundo.
O cordeiro devia ser preparado
em seu todo, não lhe sendo quebrado nenhum osso; assim, osso algum seria
quebrado do Cordeiro de Deus que por nós devia morrer (Ex 12.46; jo 19.36).
Consultas:
Lições Bíblicas EBD-CPAD - 1º.
Trimestre 2014 – (Comentarista: Pr. Antônio Gilberto).
COELHO, Alexandre e DANIEL, Silas
Moisés, o Êxodo e o Caminho à Terra Prometida. Rio de Janeiro, 2013. Editora
CPAD.
Bíblia de Estudo Pentecostal
BROADMAN. Comentário Bíblico –Vol.1 Gênesis-Êxodo. Rio de Janeiro, 1986
– 2ª.Edição. JUERP
SOARES, Antonio Ribeiro. A Santa Ceia. São Paulo, 2005 – 1ª. dição -
Editora SOCEP
O Catecismo Maior de Westminster. São Paulo, 2002 – 12ª. Edição –
Editora Cultura Cristã
GRONINGEN. Gerard van. Revelação
Messiãnica no Antigo Testamento – A origem divina do conceito messiânico e o
seu desdobramento progressivo. São Paulo, 1995. Editora Cultura Cristã.
KUYPER. Abraham. A Obra do espírito
Santo – O Espírito Santo em ação na Igreja e no Indivíduo – São Paulo 2000.
Editora Cultura Cristã.
VOS, Geehardus. Teologia Bíblica do
Antigo e Novo Testamentos. – São Paulo 2010. Editora Cultura Cristã.
READMACHER. Early D. O Novo Comentário
do Antigo Testamento. Rio de Janeiro, 2010. 1ª. Edição
DAVIS, John. Novo Dicionário da
Bíblia – Ampliado e Atualizado. São Paulo 2005 – 1ª Edição. Editora
Hagnos.
CHAMPLIN. R. N. O Antigo Testamento
Interpretado Versículo por Versículo – Vol.1 Editora Hagnus
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