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terça-feira, 19 de março de 2019

A IMPORTÂNCIA DA VIGILÂNCIA NA VIDA DO CRENTE - 24.03.19


A IMPORTÂNCIA DA VIGILÂNCIA NA VIDA DO CRENTE - 24.03.19
Mateus 26.36-46
Por: Pr. João Barbosa

Todos os aldeamentos antigos, como no período neolítico, têm sido explorados pelos arqueólogos, no Oriente Próximo. Esses aldeamentos exibem restos de posições elevadas e fortificadas, torres de vigias e outras construções feitas de pedra.

Assim, nas mais antigas aldeias do Iraque, ou nos níveis mais baixos do cômoro de Jericó têm sido encontrado estas formas de construção arquitetônica em uma época de grandes dificuldades de locomoção e comunicação e de contínuos ataques armados.

As torres de vigia eram uma necessidade imperiosa para a segurança das comunidades fossem elas grandes ou pequenas. Logo, tornou-se fácil transferir a ideia de uma torre de vigia literal, material, para uma postura mental de vigilância (Is 21.8).

No tocante ao crente, essa ideia quase sempre aparece vinculada à noção de oração, conforme se percebe, por exemplo, em Cl 4.2 – “Perseverai na oração, vigiando com ações de graça”.
As cidades antigas tinham muros, mas nem sempre eram suficientes. Por isso, era preciso ter guaritas com homens estacionados à procura de inimigos que poderiam atacar repentinamente.

Guaritas também eram colocadas nos morros, e nas torres construídas em postos militares avançados (2Sm 18.24-27; 2Re 9.17-20).

Havia também torres construídas em parreirais e plantações para protegerem de predadores humanos ou animais (2Cr 17.9; 20.14; Jó 27.18).

São vigias, profetas e ministros que cuidam do bem estar das nações e dos indivíduos (Is 21.6; 52.8; 62.6; Jr 6,17; Ez 3.17). Por outro lado havia também vigias falsos que faziam mal ao povo – atalaias cegos (Is 56.10).

O mandamento neotestamentário é obedecei aos vossos guias e sede submissos para com eles; pois velam por vossas almas, como quem deve prestar contas (Hb 13.17).

Nos dias do antigo testamento nas localidades mais precárias, era extremamente necessário “manter vigilância”, para que as comunidades fossem elas grandes ou pequenas pudessem sobreviver.

Por isto em muitos lugares havia os vigias, que tinham por função avisar ao resto da cidade, sobre a aproximação de qualquer pessoa, fosse ela amigável ou hostil.

Assim lemos: “Olharam pois, as sentinelas de Saul em Gibeá de Benjamim, e eis que a multidão se dissolvia, e fugia para cá e para lá.

Disse então Saul ao povo que estava com ele: Ora contai, e vede quem saiu de entre nós. E contaram, e eis que nem Jônatas nem seu pajem de arma estavam ali...” (1Sm 14.23).  

A menção ao ato de vigiar é extremamente comum no AT. Isso em sentido literal. Foi fácil passar do literalismo para a linguagem simbólica.

Conforme podemos exemplificar no Sl 127.1 – “Se o Senhor não edificar a casa, em vão trabalha os que a edificam; se o Senhor não guardar a cidade, em vão vigia a sentinela.”

No NT as mesmas noções de “vigilância” que encontramos no AT, são transferidas para o cuidado que a comunidade cristã deve ter para com a causa do Senhor e a sua vigilância quanto a parousia (segunda vinda de Cristo).

Lemos em 1Pe 1.13 – “Cingindo o vosso entendimento, sede sóbrios e esperai inteiramente na graça que nos está sendo revelada por nosso Senhor Jesus Cristo”.

Quando Jesus Cristo caminhava á sombra da cruz ainda no cenáculo, disse aos seus discípulos: “Assim como o Pai me ordenou, assim mesmo faço, para que o mundo saiba que eu amo o Pai” (Jo 14.31).

E então encaminharam-se “para o outro lado do ribeiro de Cedrom, onde havia um jardim.” Cremos, que Jesus continuou a falar com seus discípulo as palavras preciosas que estão escritas nos capítulos 15 e 16 do evangelho de João.

“Então chegaram a um lugar chamado Getsemani, e disse aos seus discípulos: sentai-vos aqui, enquanto eu vou ali orar”.

Getsemani é o símbolo da expectativa agonizante do sofrimento de Jesus. Era um pequeno jardim nas imediações de Jerusalém, para onde Jesus muitas vezes se havia retirado, fugindo do burburinho da cidade, para descansar, na solidão e silêncio da noite, a comunhão íntima e santa com o Pai.

Neste recanto solitário havia recebido força, coragem e energias espirituais para enfrentar as lutas tremendas que lhes sobrevinham no seu santo ministério.

Como acabara de ter com os seus discípulos a tocante despedida do cenáculo, onde instituíra o monumento comemorativo de sua morte – a ceia do Senhor.

Agora chegou a hora final em que se havia de oferecer em holocaustos a Deus. Era alta noite. Atravessando o ribeiro de Cedrom, com seus discípulos, ali entrou. Jesus, sob a expectativa da cruz, luta com o Pai em oração:

“E disse Jesus aos seus discípulos: sentai-vos aqui enquanto eu vou ali orar. E levou consigo a Pedro, a Tiago e a João, e começou a ter pavor e angustiar-se; e disse-lhes: a minha alma está triste até a morte; ficai aqui e vigiai”.

Porque o Senhor tomou somente os três discípulos mencionados, não nos foi declarado, mas cremos que o Senhor conhecendo-lhes o coração achou por bem agir assim. Era a tremenda e angustiosa expectativa de beber o cálice de pecado do mundo no sofrimento e morte na cruz.

Pecado que envolvia com o seu manto negro e frio os torturantes e angustiosos momentos que precedem qualquer drama da vida humana. No Getsemani, o mestre viu a negra nuvem da tormenta que se aproximava ao seu encontro.

Tão aterrorizantes eram os seus prenúncios, que o Senhor na sua natureza humana, sentiu até necessidade da companhia e simpatia dos seus queridos discípulos, a quem disse: “Ficai aqui, e vigiai comigo”.

Quantas vezes Jesus havia ficado com os seus discípulos para os animar e ajudar nos seus temores, nas suas lutas e nas suas tentações, mas agora é Jesus que lhes pede: “Ficai aqui, e vigiai comigo”.

A essência desta profundíssima tristeza de Jesus estava no seu extremo horror ao pecado.
Sentia que a pureza imaculada de sua alma ia ser manchada e enegrecida pelo pecado, não dele, mas do mundo.

Sentia a realidade da maldição da cruz. Sentia que ia ser maldito pela justíssima lei de Deus: “Maldito todo aquele que for pendurado no madeiro”. (Gl 3.13; 1Pe 2.24).

Sentia que a espada da justiça divina ia cair sobre ele, transpassando-lhe o coração. Prostrou-se sobre o seu rosto, refugiou-se no seio do Pai e orou:

“Meu Pai, se é possível, passe de mim este cálice”; “Aba Pai, tudo te é possível, afasta de mim este cálice, todavia, não seja o que eu quero, mas o que tu queres”.

Jesus, como filho de Deus que se fez homem, faz ao Pai essa pungente rogativa. Mas ao mesmo tempo, deixa de modo absoluto a resposta com, a vontade soberana do Pai, porém, continuando prostrado em oração.

Em dado momento levanta-se e vai para junto de seus discípulos – achou-os dormindo. A angústia do mestre se agravou e então disse a Pedro: “Simão, dormes? Não pudeste vigiar uma hora?”

E exortou-os: “Vigiai e orai para que não entreis em tentação; o espirito, na verdade está pronto, mas a carne é fraca”.

Esta solene advertência do mestre aos seus discípulos deve também alcançar o coração de todos nós que lhe seguimos.

Cada crente tem em sua vida um conflito. Este conflito é entre a carne e o espírito. Entre o bem e o mal, entre a pureza e o pecado, entre a justiça e a iniquidade.

A tentação para o pecado está constantemente nos assaltando. Devemos atentar para a exortação do Senhor: “Vigiai e orai para que não entreis em tentação”.

Parecia que Jesus não fora atendido na primeira vez que orou. Mas sabendo que devia beber o cálice da amargura e da morte continuou a orar:

“Pai meu, se este cálice não pode passar de mim, sem que eu o beba, faça a tua vontade”. O Pai sabendo o que o seu Filho necessitava, enviou um anjo para confortá-lo (Lc 22.43).

Em sua agonia espiritual, pela terceira vez Jesus fez a mesma oração. E tão intensa foi esta terceira oração, que “o seu suor se tornou em gotas de sangue, que caia pelo chão” (Lc 22.44).

A ciência médica considera este fenômeno de “diapédese” ou seja a passagem dos leucócitos do sangue para o tecido conjuntivo e faz-se atravessando os vasos capilares.

Este processo ocorre geralmente quando uma parte do organismo fica lesionada, pelo que o processo de inflamação é necessário.

Também pode ocorrer a passagem de hemácias (ou glóbulos vermelhos) em casos patológicos como a diátese hemorrágica.

Resumidamente, a diapédese é a saída dos glóbulos brancos dos vasos sanguíneos, conforme descreve a “Wikpédia – a enciclopédia livre”.
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“Ao voltar terceira vez disse-lhes: dormi agora e descansai – basta, é chegada a hora. Eis que o Filho do Homem está sendo entregue nas mais dos pecadores. Levantai-vos, vamo-nos; eis que se aproxima aquele que me trai”.


OLIVEIRA Miqueias. Batalha Espiritual por Princípios Bíblicos. BV Films Editora Eireli, Rio de Janeiro, 2016
GIOIA, Egídio. A Harmonia dos Evangelhos. Editora Juerpe. Rio de Janeiro, 1981
BARCLAY Willliam. As Obras da Carne e o Fruto do Espírito Vol.2. Editora Vida Nova São Paulo, 2010
BUBECK Mark I. O Adversário. Edições Vida Nova. São Paulo, 1993
CHAMPLIIN. Novo Dicionário Bíblico. Editora Hagnus. São Paulo, 2018
BUBECK Mark I. O Reavivamento Satânico. Edições Vida Nova. São Paulo, 1993

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