ORANDO COMO JESUS ENSINOU - 31.03.19
Mateus 6.5-15
Por: Pr. João
Barbosa
Esta oração ensinada por Jesus faz parte do Sermão do Monte, onde Jesus
proclama o código do reino messiânico.
O Sermão do Monte está em Mt 5.1 – 8.1 e Lc 6.17-49. Todos os
aldeamentos antigos, como no período neolítico, têm sido explorados pelos
arqueólogos, no Oriente Próximo.
O local onde Jesus proferiu esse sermão, segundo o texto, foi em um
certo monte perto de Cafarnaum, em que havia um pequeno planalto, onde Jesus
podia sentar-se com os seus discípulos, para ouvir distintamente os seus
ensinos.
Este lugar era também acessível a uma grande multidão. No Sermão do
Monte Jesus proclama os princípios fundamentais do reino messiânico – o reino
de Deus dentre as quais destacamos três interpretações.
Primeiro, a interpretação espiritual da lei, segundo a reafirmação da
ética do Velho Testamento elevando o padrão moral, e terceiro, proclamação da
justiça do reino de Deus.
O Sermão do Monte tem por tema fundamental o reino de Deus e sua justiça.
Trata-se do reino espiritual exposto por Jesus aos seus discípulos. E no
sentido mais amplo o Sermão do Monte é a lei do Espírito.
Os mestres do judaísmo se haviam desviado dos ensinos espirituais do
reino de Deus, obscurecendo-os com seus ritos e tradições orais, para dominar
todos os povos.
Jesus rompe definitivamente com o sistema rabínico das tradições,
proclamando em seu código do reino os princípios de consciência e de liberdade
religiosa.
Como exemplo temos a quebra do sábado, atribuída a Jesus pelos rabinos.
Esta suposta transgressão da lei não era a quebra do verdadeiro sábado; o que
Jesus fez foi rejeitar a ridícula exegese rabina, apelando pelos princípios
fundamentais do sábado.
O reino de Deus estava no mundo antes mesmo de Deus revelar-se a Jesus
Cristo em carne. Havia sido gradualmente revelado o homem por Deus pelos
patriarcas e profetas.
Agora, o próprio filho de Deus, o próprio soberano do reino dos céus,
pessoalmente o estava revelando de modo completo, expondo aos seus discípulos a
natureza do reino divino (Lc 7.21).
E o reino de Deus continua sobre a terra até a consumação dos séculos,
mas a sua natureza é eterna. “O teu
trono, ó Deus, é pelos séculos dos séculos, e cetro de equidade é o cetro do
teu reino” (Hb 1.8).
E aos crentes em Cristo Jesus “Será
dada largamente a entrada no reino eterno de nosso Senhor e Salvador e Jesus
Cristo” (2Pe 1.11).
A oração modelo de Jesus, é uma espécie de paradigma para todas as
nossas orações a Deus. Nesta oração modelo de Jesus encontramos três partes
principais: Invocação, petição e conclusão.
a) Invocação: “Pai nosso que estás nos céus”.
Nesta invocação Jesus ensina a nossa parentela espiritual de filhos adotivos de
Deus; e sem esta filiação espiritual, não se pode, realmente orar ao Pai Celeste.
Ora, se somos filhos, muito podemos esperar de nossas petições. O
adjetivo possessivo “nosso” implica a fraternidade espiritual dos filhos
adotivos de Deus.
Somos irmãos, pela fé mútua em Cristo Jesus, que é o filho unigênito do
Pai Celestial. Por isso, podemos, pois, orar ao Pai e também interceder a favor
de nossos irmãos na fé.
Temos acesso ao Pai, em nome de seu Filho, Jesus Cristo, que nos fez
filhos de Deus, pela fé nele. “Mas, a
todos quanto o receberem, deu-lhes o poder de se tornarem filhos de Deus. Isto
é, aos que crerem no seu nome; os quais não nasceram do sangue, nem da vontade
da carne, nem da vontade do varão, mas de Deus” (Jo 1.12).
Agora consideremos os diversos aspectos da petição, na oração modelo de
Jesus:
b) Petição: “ Santificado seja o teu nome”.
“Santificado seja o teu nome.” O primeiro objetivo de todas as nossas
petições deve ser a santificação do nome de Deus. Deus é santo. Seu nome é
santo. Deus existe por si. “O nome expressa seu divino Ser”. É um só.
Não há nem pode haver um nome igual. “Eu Sou O Que Sou” é o seu santo nome. E, como pode ser santificado
o nome de Deus? O terceiro mandamento do decálogo responde: “Não tomarás o nome do Senhor teu Deus em
vão.”
Como filhos adotivos de Deus, recebemos Dele o mandamento: “Sede santos, porque eu sou santo.” Lv 11:44,19:2.
E Jesus: “Sede vós, pois,
perfeitos como é perfeito vosso Pai que está nos céus” Mt 5:48. Diante da
santidade de Deus, o homem deve temer e tremer.
Por isso, os crentes devem evitar o uso constante de certas expressões e
interjeições, como: “Se Deus quiser; Meu Deus do céu!!!” E outras frases
semelhantes, em que se usa o nome Deus.
É preciso eliminar completamente, do vocabulário de um súdito do Reino
de Deus, expressões tais como: Puxa vida!
Outro aspecto da oração modelo é: “Venha
o teu reino.” O reino de Deus é a vinda de Jesus Cristo para governar a
vida do homem, pela graça de Deus, mediante a fé no filho do Deus vivo e único
Salvador e Senhor de nossa alma.
O reino de Deus estava no mundo; e, quando Adão e Eva se converteram e
se arrependeram dos seus pecados e creram e aceitaram o perdão e a salvação
pela fé Naquele que havia de nascer da descendência da mulher, o ungido de
Deus, o Messias, o Rei, que seria Jesus Cristo, eles entraram no reino eterno
de Deus, porque Cristo entrou em seus corações, pela fé Nele e neles fez
morada.
E o reino de Deus ainda está no mundo, e todos quantos se arrependem e
aceitam Cristo como Salvador, são pela graça de Deus, regenerados pela obra
exclusiva do Espírito Santo, na base do sacrifício de Cristo na cruz.
Sim, entrando no reino de Deus, porque Cristo entra no coração do crente
que se torna súdito do reino de Deus. E o reino de Deus está no mundo até a
consumação dos séculos, e de eternidade a eternidade, porque o reino de Deus é
eterno.
Infelizmente, os rabinos judeus, os doutores da lei e os intérpretes do
Velho Testamento por causa dos seus pecados e incredulidade não podiam compreender
o Espírito da revelação de Deus ao homem.
Por isso a mentalidade deles, em geral, era que o reino de Deus fosse
temporal e político, e que os judeus seriam os mentores do mundo, sob o comando
de um messias enviado de Jeová.
Mas, graças a Deus, que, mesmo entre os judeus, havia muitos crentes
verdadeiros, os quais, embora às vezes, estivessem um tanto confusos quanto ao
reino de Deus, contudo, chegaram a interpretar o espírito e a natureza do
mesmo.
Quanto a nós, o mestre nos ensina a orar: “Venha o Teu reino.” Pela
graça de Deus podemos compreender que, quando oramos: “Venha o Teu reino”, isto
significa:
Venha o Senhor Jesus Cristo entronizar-se no coração de todos os
pecadores que arrependidos, confessem seus pecados e creiam em Jesus como seu
Salvador, seu Senhor, seu Rei, e seu Deus.
Esta oração é uma súplica missionária para que o reino de Deus alcance
todos os quadrantes da Terra. É uma súplica para que o Senhor da seara
vocacione e envie obreiros para sua seara. É uma súplica para dedicação
completa da vida do crente ao serviço do mestre.
Quando os súditos do reino de Deus oram pela conversão de pecadores,
quando trabalham no serviço de evangelização, quando pregam o evangelho ou entregam
um folheto evangelístico ao pecador, quando contribuem financeiramente para a
causa do evangelho, estão orando: “venha o teu reino.” É a oração missionária.
“Seja feita a Tua vontade, assim na Terra como no céu.” Que significa
fazer a vontade de Deus? – É obedecer, de coração, aos seus santos mandamentos.
Para obediência é preciso submissão da vontade, é necessário “crucificar o
homem velho”, que quer dizer fazer a vontade da carne e fazer a vontade do
espírito.
Nossa natureza pecaminosa, nosso temperamento irritável ou impulsivo,
medroso ou covarde, o orgulho, a vaidade, os vícios de toda sorte de fraquezas
humanas devem submeter-se à vontade soberana de Deus.
O exemplo perfeito da submissão da vontade humana à divina nos é dado
por Jesus no Getsêmani: “Meu Pai, se é possível, passe de mim este cálice,
todavia, não seja como eu quero, mas como tu queres.”
“O pão nosso de cada dia nos dá hoje.” Tudo que somos, tudo que julgamos
possuir, tudo quanto existe é de Deus. E o “pão de cada dia” também vem de
Deus, porque é de Deus.
O trabalho para ganhar o pão cotidiano é ordenado por Deus e enobrece o
homem; e Deus, portanto, tem prazer em que o homem lhe peça.
c) Conclusão: “E perdoa-nos as nossas dívidas,
assim como nós temos perdoado aos nossos devedores”. O perdão de Deus ao
pecador está condicionado pelo perdão do pecador ao seu semelhante.
Deus é misericordioso em perdoar. O homem deve também usar de misericórdia
para com o seu próximo que peca conta ele.
Segundo o ensino de Jesus, nenhum pecador pode esperar o perdão de Deus
se não tiver o espírito de perdoar seu semelhante.
Digo: Espírito de perdão, porque, muitas vezes, o ofendido está pronto a
perdoar o ofensor, mas este não se arrepende de seu erro.
Neste caso, o ofendido deve permanecer no espírito de perdão, amando o
seu inimigo, mas o ofensor é responsável diante da justiça divina por não se
haver arrependido e pedido perdão ao ofendido.
“E não nos deixe cair em tentação”. Toda tentação tem sua origem no mal
e no príncipe das trevas, Satanás. A provação, porém, pode vir de Deus.
O ser tentado não é propriamente pecado, mas o cair na tentação é
pecado. Jesus foi tentado em tudo que o homem é tentado, mas não pecou.
Então, o que fazer, quando tentados? Simplesmente, não dá atenção alguma
à tentação, e enfrentá-la refugiando-se em Deus pela fé e pela oração.
E, quando o crente tem a infelicidade de cair na tentação, somente lhe
resta uma coisa a fazer: arrepender-se imediatamente e pedir perdão a Deus de
seus pecados.
“Mas livra-nos do mal”. Constantemente, a nossa oração deve ser: Senhor,
“livra-nos do mal”. Estamos cercados, em nossa vida cotidiana por um sem número
de tentações e se faz necessário que estejamos constantemente vigiando e orando:
“Vigiai e orai, para que não entreis em tentação”. E muito mais do que
isso, constantemente nossa oração deve ser elevada ao trono da graça, em ações
de graças pelas inumeráveis vezes que o |Senhor nos tem livrado do mal e que nós
nem mesmo nos apercebemos. Quanto as palavras de Jesus nos vers. 14 e 15 de 6
de Mateus, “porque, se perdoardes aos homens as suas ofensas, também vosso Pai
Celestial vos perdoará a vós. Se, porém, não perdoardes aos homens, tão pouco
vosso Pai perdoará as vossas ofensas”.
Não é propriamente a conclusão da oração modelo, mas, uma série de
advertências aos súditos do reino de Deus sobre o perdão que devemos aos nossos
ofensores. Sem a qual nossas orações não serão atendidas e nossos pecados também
não nos serão perdoados. Essa é a batalha espiritual do crente em sua luta
contra a carne e o sangue e contra as hostes espirituais da maldade nos lugares
celestiais.
OLIVEIRA Miqueias. Batalha Espiritual
por Princípios Bíblicos. BV Films Editora Eireli, Rio de Janeiro, 2016
GIOIA, Egídio. A Harmonia dos
Evangelhos. Editora Juerpe. Rio de Janeiro, 1981
BARCLAY Willliam. As Obras da Carne e
o Fruto do Espírito Vol.2. Editora Vida Nova São Paulo, 2010
BUBECK Mark I. O Adversário. Edições
Vida Nova. São Paulo, 1993
CHAMPLIIN. Novo Dicionário Bíblico.
Editora Hagnus. São Paulo, 2018