ESTUDO 01.2T.2019 - O TABERNÁCULO -
UM TIPO DE CRISTO - 07.04.19
Exodo 25.1-9
Por: Pr. João
Barbosa
Um dos estudos mais proveitosos a que um crente pode se dedicar é o de
tipologia bíblica porque a tipologia é uma técnica, associada bem de perto à
alegoria, mediante a qual pessoas, eventos, instituições ou objetos de qualquer
espécie passam a simbolizar ou ilustrar a pessoa de Jesus Cristo, ou então
aspectos da fé, da doutrina, das práticas, das instituições cristãs, etc.
Os tipos bíblicos são “sombras” ou representações da realidade. Um
exemplo é a Lei de Moisés que era a sombra dos bens futuros mas não continha a
imagem exata das coisas (Hb 10.1).
Os tipos, em determinadas circunstâncias, podem aparecer associados aos
eventos relacionados ao povo de Deus.
Exemplos – A passagem de
Israel pelo Mar Vermelho, a caminhada no deserto, a água da rocha, a serpente
no deserto. Todas estas coisas são figuras ou símbolos para a igreja dos dias
atuais (1Co 10.1-11).
Um tipo assemelha-se a uma alegoria, mas visto que tem melhores bases
bíblicas tem ocupado um estudo maior, retendo um importante papel dentro da
interpretação cristã.
Há muitas alegorias nas páginas da Bíblia, mas no NT há um número muito
maior de tipos do que de alegorias. Os rabinos tinham mais interesse no estudo
dos símbolos, tipos, alegorias e parábolas.
A tipologia tem um pano de fundo judaico, e era extremamente popular
entre os rabinos. Os manuscritos do Mar Morto provêm ilustrações tanto da
interpretação alegórica quanto da interpretação tipológica.
Era natural que os autores do NT quase todos judeus, acostumados com o
estudo do VT, tivessem visto tipos claros no NT. É bom destacar que o antítipo
é sempre superior ao tipo. Exemplo – o cordeiro pascal (Ex 12.3-7, 21-29; Jo
1.29; 1Co 5.7).
Os tipos são alicerçados na história e na revelação sagrada (Mt 12.40).
São proféticos (Jo 3.14; Gn 14, comparado com Hb 7). Fazem parte integral da
história sagrada e da doutrina cristã, e não de pensamentos inventados por
rabinos e cabalísticos (1Co 1.10,11).
São todos cristocêntricos (Lc 24.24,44; At 3.24). São excelentes para
instrução e edificação. Cada tipo provê uma espécie de janela que permite a
entrada de luz sobre o assunto estudado. O maior desses exemplos é a carta aos
Hebreus. Vemos ali como funcionam e se aplicam os tipos bíblicos.
No estudo das divisões do tabernáculo podemos acompanhar o passo a passo
do crescimento espiritual do povo de Deus tomando por base a recomendação
apostólica:
“Antes crescei na graça e no
conhecimento de nosso Senhor e Salvador Jesus Cristo” (2Pe 3.18). O
crescimento na graça segundo as divisões daquele primeiro tempo israelita
relaciona-se de perto com as três pessoas da trindade.
Começando pelo Espírito Santo, prosseguimos na pessoa do Filho de Deus e
alcançamos em Deus Pai a medida da estatura da plenitude de Cristo.
Nessa ascensão espiritual estão as três principais virtudes do
cristianismo – a fé, a esperança e o amor – bem como as fases da nossa
frutificação: Trinta, sessenta, e cem por um (Mc 13.23), ou seja: fruto, mais
fruto e muito fruto (Mc 4.8; Jo 15.1-5; 1Co 13.13).
Os tipos são figuras, ou lições, pelas quais Deus tem ensinado ao seu
povo seu plano redentor e seus elevados propósitos para a vida cristã. São
amostras de coisas vindouras e não a verdadeira imagem destas coisas (Cl 2.17;
Hb 8.5;10.1).
A Bíblia usa diversas palavras para tipo, como: Sinal (Jo 10.25), figura
(At 7.43; Rm 5.14; 1 Co 10.11), forma (Rm 6.16,17),l parábola, alegoria (Hb
9.9), modelo (At 7.44; Hb 8.4,5), sombra (Cl 2.14; Hb 8.5), exemplo (Fp 3.17;
1Tm 4.12; 1Pe 5.3; 2Pe 2.6).
Existem também alguns nomes para os antítipos: verdadeira figura (1Pe
3.21), mesma imagem (Hb 10.1), coisas celestiais (Hb 9.23), verdadeiro (Hb
9.24), Espírito (2Co 3.6).
O tipo é o objeto da lição, a revelação temporária de uma pessoa, um
acontecimento ou uma instituição vindoura. O antítipo é o cumprimento daquilo
que havia sido predito no tipo.
São necessários um ou mais pontos de afinidade entre o tipo e o antítipo
(Cl 2.14-17; Hb 10.1). O tipo precisa ser profético em todos os tipos de
semelhança com o antítipo, e precisa verdadeiramente prefigurar as coisas
vindouras (Jo 3.14; Rm 5.14; Hb 8.5; 9.23,34; 1Pe 3.21).
O tipo é sempre terrestre, o antítipo pode ser tanto terrestre como
celestial (Hb 8.5;9.24; 1Pe 3.21). Desde que tipo e antítipo, ou seja, figura e
cumprimento necessitem ser preordenados como parte de um mesmo plano divino,
nunca podem ser escolhidos pelo homem (2Tm 3.16).
Por isso, a autoridade dos tipos e sua aplicação provêm unicamente da
Bíblia, que exige o endosso de pelo menos três testemunhas para confirmar uma
verdade (2Co 13.1). Com estas observações, agora podemos considerar alguns
exemplos bíblicos de tipo e antítipo.
“Adão, como o primeiro homem na história da humanidade, é a figura
daquele que havia de vir” (Rm 5.14c). Cristo é o primeiro da nova criação. Pela
ofensa de um morreram muitos, muito mais a graça, o dom abundou por um só
homem, Jesus Cristo (Rm 5.15).
Adão foi feito alma vivente (Gn 2.7), Jesus Cristo é chamado “ o último Adão em espírito vivificante (1Co
15.45b). Pela desobediência de Adão muito foram feitos pecadores; pela
obediência de um, que é Jesus Cristo, muitos serão feitos justos (Rm 5.19).
O pecado de Adão impediu o caminho da árvore da vida porque um querubim
foi posto ali com uma espada inflamada (Gn 3.24). O Senhor Jesus Cristo abriu
um novo e vivo caminho para o santuário de Deus (Hb 10.20).
Ele disse: “Eu sou o caminho, a verdade e a vida, ninguém vem ao Pai
senão por mim” (Jo 14.6).
Abraão reconheceu que
Melquisedeque era sacerdote de Deus. Deu-lhe o dízimo e foi abençoado por ele.
Abraão sendo o pai do povo judeu foi abençoado por aquele a cuja ordem Jesus
pertence.
A exposição de Hebreus 7, é para provar que Jesus Cristo é superior ao
sumo sacerdote Arão, visto que antes de Arão aparece Melquisedeque, tipo de
Jesus.
Em Gn 14 é mencionado Melquisedeque, sem pai, sem mãe, sem genealogia.
Os judeus davam grande valor à genealogia. Só se podia exercer um cargo
importante se fosse conhecida a origem familiar.
Quando voltaram do cativeiro no tempo de Esdras e Neemias, alguns que
não provaram o registro das genealogias foram rejeitados, e considerados imundos
e proibidos de comerem das coisas sagradas (Ed 2.62,63; Ne 7.64,65).
Entendemos que Melquisedeque era um homem descendente de Adão e Noé; mas
sua genealogia nos dias de Abraão não era desconhecida e Deus não quer que
ninguém identifique quem era Melquisedeque.
Pela mentalidade dos rabinos, Melquisedeque não deveria se sacerdote de
Deus. Mas ele foi aceito por Abraão e de sua ordem provém Jesus.
Ele era o rei de Salem e rei de paz. Salem quer dizer paz e era o nome
de Jerusalém; Jesus Cristo, depois de destruir o reino do Anticristo, reinará
em Jerusalém como rei de paz.
Continuando os exemplos de tipo, podemos ver em José um dos mais
perfeitos tipos de Cristo no AT. José, amado por seu pai Jacó (Gn 37.3) –
Jesus, amado de Deus (Mt 3.17).
José foi odiado pelos seus irmãos (Gn 37.4) – Jesus, foi odiado pelos
judeus (Jo 15.24).
José foi enviado pelo seu pai para encontrar seus irmãos (Gn 37.13-24).
Jesus foi enviado por Deus para salvar a humanidade, mas foi traído e morto por
seus irmãos, os judeus e condenado (Jo 1.12; 1Jo 4.14).
José foi vendido por seus irmãos (Gn 37.28). Jesus foi vendido por um de
seus apóstolos (Mt 26.14,15). José foi tentado e venceu a tentação (Gn 39),
Jesus venceu a tentação do deserto (Mt 4.1-11).
José foi preso junto com dois criminosos, um foi salvo, o outro
condenado (Gn 40) – Jesus foi preso e crucificado entre dois malfeitores, um
foi morto o outro foi salvo (Lc 23.32,33).
José foi levantado e exaltado no Egito (Gn 41.14,43,44) – a Jesus foi
dado todo poder, tanto no céu como na terra (Mt 28.18). Com trinta anos José
começou a sua missão no Egito (Gn 41.46) – Com trinta anos Jesus começou o seu
ministério (Lc 3.23). José teve uma noiva não hebreia (Gn 41.45) – De igual
modo, Jesus (Ef 5.25,27).
A tribulação obrigou os irmãos de Jesus a procura-lo (Gn 42) – O mesmo
acontecerá com o povo judeu que vai procurar Jesus durante a Grande Tribulação e
reconhece-lo como Messias (Mt 24.21; Zc 12.10; Is 26.16).
Através de José vieram reconciliação e bênçãos para seus irmãos (Gn 45 –
46) – Jesus trará a paz para o seu povo (Is 11.12; 35).
No tempo de José todos os povos foram abençoados por causa do seu
trabalho (Gn 41.57). Através de Jesus todos os povos serão alcançados (Is 2.1-5;
4.2-6; 11.10). Moisés é o personagem referido em maior número de livros da Bíblia.
Seu nome aparece em trinta e um dos livros do volume sagrado.
É chamado: servo do Senhor (Ex 14.31); fiel em toda casa (Nm 12.7; Hb
13.5); homem de Deus (Dt 33.1); o maior dos profetas (Dt 34.10.11); foi o
escolhido de Deus (Sl 106.23).
Moisés tinha muitos pontos semelhantes a Jesus: ameaçado de morte e
preservado por Deus (Ex 2.2-10;Hb 11.23); Jesus também foi preservado por Deus
(Mt 2.13-15).
Moisés dominou as águas do mar (Ex 14.21); Jesus acalmou a tempestade
(Mt 8.26). Moisés alimentou uma multidão (Ex 16.15-16; Jo 6.31); Jesus também
alimentou multidões (Jo 6.12).
Moisés teve seu rosto iluminado (Ex 34.35); Jesus foi transfigurado (Mt
17.1-5). Os irmãos de Moisés estiveram contra ele (Nm 12.1); Jesus também teve
seus irmãos contra ele (Jo 7.5).
Moisés intercedeu pelo povo (Ex 32.32); Jesus intercedeu pelos seus apóstolos
(Jo 17.9). Moisés escolheu setenta auxiliares (Nm 11.16); Jesus enviou setenta
discípulos (Lc 10.1). Moisés esteve a sós quarenta dias em jejum (Ex 24.18);
Jesus jejuou quarenta dias no deserto (Mt 4.2).
Moisés andava com as doze tribos de Israel, Jesus andava com doze apóstolos.
Moisés apareceu depois da sua morte (Mt 17.3); Jesus também apareceu depois da
sua morte (At 1.3).
Temos ainda outros tipos:
Eva – tipo da igreja; Caim – tipo os que confiam nas suas obras; Enoque –
tipo do arrebatamento da igreja; Moisés – tipo dos santos ressuscitados; Noé –
tipo dos que habitarão à nova terra.
Abraão – tipo dos crentes que andam pela fé; Ló – tipo dos crentes que
andam pela vista; Ismael – tipo do crente carnal; Isaque – tipo do crente espiritual;
Esaú – tipo da velha natureza.
Jacó – tipo do crente transformado; no casamento de Isaque, Abraão – tipo
de Deus o Pai; Sara – tipo de Israel; Isaque – tipo de Jesus Cristo; Rebeca –
tipo da igreja; Eliezer – tipo do Espírito Santo; Quetura – tipo do Israel
restaurado.
BIBLIOGRAFIA:
CABRAL, Elienai. Livro e Lição EBD do
Segundo Trimestre 2019. O Tabernáculo –
Símbolo da Obra Redentora de Cristo. Editora C PAD. Rio de Janeiro 2019
HABERSHON Ada. Manual de Tipologia Bíblica.
Editora Vida. São Paulo, 2003
OLIVEIRA, Raimundo F. de. Como
Estudar e Interpretar a Bíblia. Editora CPAD, 1986
ALMEIDA, Abraão O Tabernáculo e a
Igreja. Editora CPAD. Rio de Janeiro, 2018
MELO, Joel Leitão de. Sombras, Tipos e Mistérios da Bíblia. Editora
CPAD, 1989
Bíblia Tradução Revista e Atualizada.
SBB
CHAMPLIIN. Enciclopédia de Bíblia
Teologia e Filosofia – Vl. Editora Hagnus.
São Paulo, 2006